Potter era um nome famoso na tradicional Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, e Harry sempre se preocupara em como seus filhos lidariam com isso. Desde que Tiago entrou para Hogwarts, cada novo ano começava cheio de expectativas.

Aquele seria o primeiro ano de Alvo, e foi com profunda ansiedade que se despediu dos dois na plataforma 9 e ¾, e esperou, ao lado de Giny e Lilian que o Expresso de Hogwarts desaparecesse ao longe.

Os dois Potter entraram juntos no trem, mas logo que a imagem dos pais na plataforma desapareceu, se separaram. Tiago sentou em uma cabine, onde já estavam outros dois rapazes de sua casa, Sonserina, e embora houvesse um espaço vago na cabine, Tiago não manifestou nenhum desejo de que seu irmão sentasse ao seu lado.

Alvo estava ansioso, era o seu primeiro dia em Hogwarts e, como se não bastasse o fato de ser filho do lendário Harry Potter, tinha que lidar com a pressão de ser irmão de Tiago Potter — o melhor jogador de quadribol de todos os tempos, o aluno mais popular de Hogwarts, “tão talentoso quanto o pai!”. Ele se afastou da cabina onde o irmão estava e começou a andar pelo trem a fim de achar um lugar pra se sentar; felizmente encontrou Rose Weasley.

— Alô, Alvo! — a garota deu um súbito abraço que deixou Alvo encabulado.

— Ah, alô, Rosinha, ahm, como você está?

— Ótima. E você, muito ansioso? Nossa, no meu primeiro dia eu fiquei muito ansiosa, mas não se preocupe, tudo vai dar certo! A propósito, espero que você fique na Grifinória, ninguém, a não ser o Tiago, ia querer ficar na Sonserina, pobre do tio Harry, não merecia um filho como o Tiago, e falando nele, onde ele está? Ah, já deve ter encontrado os amigos idiotas — Alvo estava ouvindo admirado com o modo que Rose falava, e lembrou divertido do que seu pai disse sobre a mãe de Rose, Hermione. — Bom, vamos, você não quer ficar com a gente na nossa cabine?

—Claro — Alvo seguiu Rose pelo trem e os dois entraram numa cabine.

Havia três pessoas sentadas, duas das quais, Alvo já conhecia, Teddy Lupin e Louis Weasley. O terceiro ocupante era desconhecido para o jovem bruxo. Um garoto loiro, de olhos azuis brilhantes, expressão inteligente; ele pareceu perturbado quando Rose e Alvo entraram; a moça deu um sorriso sem vontade, e sentou ao lado de Teddy deixando o espaço ao lado do garoto para Alvo.

A viagem até Hogwarts pareceu eterna para o jovem Potter; dentro da cabine reinava o silêncio. Rose logo se concentrou numa leitura, Teddy saiu à procura de sua namorada, e Louis pegou no sono; o garoto loiro tentou começar uma conversa com Alvo, mas não houve sucesso, e eles permaneceram em silêncio durante toda a viagem. Ao longe, Alvo pôde distinguir a risada sonora e prepotente do seu irmão.

— Alvo, — Rose pegou no braço de Alvo quando eles estavam saindo da cabine, — sabe o garoto que estava sentado aqui? — o garoto balançou a cabeça. — Fique longe dele.

— Por quê?

— Ele é James Malfoy. — Alvo não precisou de mais nada pra entender; conhecia muito bem a história do seu pai, e sabia o quanto os Malfoy tinham participado de tudo, no mesmo instante sentiu repulsa pelo garoto, embora esse sentimento não lhe fosse comum.

Durante a cerimônia de seleção, Alvo começou a se acalmar, depois que encontrou-se com outros alunos que estavam em Hogwarts pela primeira vez. Foi escolhido para a casa de Grifinória e sentou ao lado de Rose e Teddy; à sua frente estava James Malfoy, que deu um sorriso bondoso ao mais novo aluno, mas o garoto não retribuiu; logo depois olhou em direção à mesa de Sonserina. Tiago estava sentado, com o ar de majestade tão característico dele, abraçado a uma bruxa loirinha, que Alvo tinha conhecido no verão passado, e sabia que os pais não aprovariam se vissem aquilo. Tiago deu um sorriso zombeteiro para o irmão, e voltou a atenção para os colegas.

A cabeça de Alvo estava confusa. Sua tia Hermione sempre tinha sido ótima em explicar a história de Hogwarts, de seu pai, da grandiosidade dos bruxos de Hogwarts, em especial de Alvo Dumbledore — de quem ele desejava não ter em comum apenas o nome —; ela também tinha contado tudo sobre Lorde Voldemort, e seus Comensais da Morte, enfim; mas depois que chegou a Hogwarts aquelas histórias não pareciam reais. Tudo que Alvo conseguia ver eram jovens bruxos, em plena adolescência, vivendo as mesmas histórias que os adolescentes trouxas viviam.

Para a cabeça de Alvo era demais imaginar algum daqueles bruxos lutando para combater um lorde das trevas, e muitas vezes ele se pegava imaginando que a vida de seus pais tinha sido bem mais difícil que a deles, e era por isso que ele tinha tanto orgulho de ser filho de Harry Potter.

Também não conseguiu manter a distância de James Malfoy; o rapaz — que era descendente direto de um Comensal da Morte — estava na casa de Grifinória e era monitor. Logo nos primeiros dias, Alvo precisou da ajuda de James, já que se perdia com frequência nos corredores de Hogwarts; além disso, ele estava sempre disposto a ajudar um colega com alguma disciplina — e Alvo encontrou bastante dificuldade com algumas. Não era à toa que seus pais insistiam que ele estudasse mais o mundo dos bruxos quando ele demonstrava um interesse exagerado pelo mundo dos trouxas, e não por acaso, seu irmão Tiago — excelente em todas as matérias — lhe chamava de aborto, em tom de brincadeira, mas não deixava de causar medo em Alvo.