POV BELLA

 

   - Hum... Er, oi. - Meu pupilotário cumprimentou os policiais, desconcertado. Se eu não estivesse metida no problema, com certeza o sacanearia.

 

   - Recebemos uma denúncia anônima de que vocês estariam explodindo bombas aqui dentro, e acabando com a paz da vizinhança.

 

   - Sério? Deve ter sido engano então, eu acho... - Ele fingiu pensar. - Não, nunca tivemos bombas aqui - declarou, por fim.

 

   No mesmo instante uma bomba explodiu. Um grito involuntário foi solto pela minha boca, a mesa começou a tremer revelando um Jasper apavorado e uma Alice chorosa, enquanto Rosalie rezava com mais fervor e Emmett secava seu busto.

 

   Entreolhamos-nos e sorrimos amarelo. Com certeza estávamos bem ferrados agora!

 

   - Eu posso explicar! - Ed-boy tentou intervir para concertar o próprio erro.

 

   Os policias não quiseram saber de explicações e obrigaram-nos a acompanhá-los até a delegacia.

 

   ...

 

 

   Tem coisa pior do que andar na viatura da policia? Tem mico maior que esse? Ah, fala sério, esse castigo é tão grande que eu precisaria ter jogado pedra na cruz para merecê-lo.

 

   Estávamos sentados - exprimidos - em um sofá preto de couro, enquanto aguardávamos com certo nervosismo a ordem policial.

 

   Jamais imaginaria que no meu primeiro dia na terra já pararia em uma delegacia, que, segundo meu manual, era o local onde os transgressores das leis eram punidos. Eu definitivamente - ainda - não era uma violadora de leis humanas, portanto, não iria permitir que me prendessem sem motivos justos. 

 

   Fitei meu pupilotário com rancor. Aquilo tudo era culpa dele e daquelas bombinhas malditas... Por que tudo tinha que dar errado para mim aqui nesse mundo?

 

   Eu sabia que Edward Cullen era um garoto problema e que a missão não seria fácil desde que a aceitei. Mas não sabia que meu pupilotário não era só um problema... Ele era pior que todos os problemas juntos.

 

   Como sempre, Bella, a aprendiz de anjo desinformada. Sempre a última a saber das coisas! Revirei os olhos mentalmente... Estava claro que fariam de tudo para que eu não voltasse ao céu.

 

   E do jeito como as coisas estavam acontecendo no meu primeiro dia, certamente tal desejo seria realizado. Por que era tão dificil fazer alguém parar de cometer erros?

 

   Por um momento mentalizei minhas várias advertências... Não, eu não podia ser tão problemática assim. Estava claro que Ed-boy era mil vezes pior do que eu... Afinal, desde quando uma pessoa que possui tantos defeitos quanto à outra pode ensiná-la a se tornar uma pessoa melhor?

 

   Nunca!

 

   Fui tirada dos meus devaneios quando ouvi alguém pirraguear, chamando a atenção de todos nós.

 

   - A casa será interditada por três dias para revistação e uma análise minuciosa. - O policial nos informou. - Quanto a vocês, estão liberados... Desde que não apareçam naquela casa durante o período de três dias - completou.

 

   - Três dias? Isso é muito! Olha aqui, seu policial, nossas aulas na faculdade CONCEITUADÍSSIMA Forks irá começar em DOIS dias... Traduzindo: NÃO POSSO FICAR SEM MINHAS ROUPAS! - Alice berrou, frustrada.

 

   - Sinto muito, srta. Cullen, mas o caso de vocês não pode ser revertido já que presenciamos a explosão das bombas - anunciou friamente, enquanto observava a anã afinar os olhos.

 

   - Já perdi as contas de quantas vezes repeti que a causa das explosões foram bombinhas juninas... Nada que possa ameaçar a segurança de algum cidadão indefeso - Edward interrompeu, revirando os olhos.

 

   - E por que vocês, jovens de idades que alternam entre dezessete e dezoito anos, estourariam bombinhas juninas dentro de uma casa, sr. Cullen? - O policial o indagou.

 

   - Simples - ele abriu um sorriso perverso. - Utilizamos as bombinhas para sinalizar o inicio do show da Floribella... Você sabe, temos que animar o público! Que nesse caso, eram nossos amigos.

 

   O encarei boquiaberta.

 

   Que grande mentiroso!

 

   Porque primeiramente: aquela coisa de show era o mico que eu pagaria em troca da parada de explosões devido as bombinhas. E, dois: NÃO EXISTIA PORCARIA DE SHOW ALGUMA!

 

   - Pois bem, e quem me garante que seu depoimento é verdadeiro, sr. Cullen? - O policial perguntou, franzindo o cenho.

 

   - Ora essa, a própria Isabella! - Ed-boy respondeu prontamente.

 

   O fuzilei com o olhar. Ele estava mesmo tentando infernizar minha passagem de noventa dias na terra! E olha que esse era só o começo!

 

   - Então, - ele deu uma olhada em uma prancheta que estava em suas mãos - Srta. Stewart pode averiguar os argumentos do seu amigo? - Perguntou, me encarando.

 

   ELE NÃO É MEU AMIGO! É SÓ... MEU PUPILOTÁRIO! Eu gritei mentalmente.

 

   Estava paralizada quando Ed-boy se aproximou de mim e sussurrou discretamente para que só eu ouvisse:

 

   - Nosso acordo ainda não foi sanado... Eu conti as bombas, mas você não dançou... Vamos, Floribella, ou não é uma mulher de palavra? - Me testou.

 

   Ele parecia conhecer perfeitamente meu ponto fraco: orgulho. E, nesse momento, eu estava sendo desafiada a provar minha dignidade e palavra. Isso era algo perigoso e... Sedutor. Eu tinha de cumprir. Era uma questão de honra!

 

   - Vou mostrar para você, Ed-boy - falei com firmeza.

 

Todos juntos vamos lá Vem dançar no mesmo compasso Para frente e para trás Para pra baixo e para o ar Pela praia, e na montanha Pelo campo e na cidade Quando Flor tira o sapato Começa a nossa dança 1,2,3 pra cima 1,2,3 hey direita 1,2,1,2,3 requebra 1,2,1,2,3 bam bam bam 1,2,3 uh pra baixo 1,2,3 esquerda 1,2,1,2,3 arriba 1,2,3 bam bam E agora que sabe dançar Vamos juntos conquistar O mundo inteiro é pra você É sua hora de sonhar Pela rua e no escritório Pela praça, em cada esquina Quando Flor tira o sapato Começa a nossa dança 1,2,3 pra cima 1,2,3 hey direita 1,2,1,2,3 requebra 1,2,1,2,3 bam bam bam 1,2,3 uh pra baixo 1,2,3 esquerda 1,2,1,2,3 arriba 1,2,3 bam bam

 

(Fonte: http://vagalume.uol.com.br/floribella/floribella.html)

 

   Dancei e cantei a música ridicula como se fosse questão de vida ou morte. Na verdade eu gritava e pulava como se estivesse com fogo no rabo. O que mais me enfurecia era ver meu pupilótario morrendo de rir. E de mim.

 

   Inesperadamente, Emmett e Alice se juntaram a mim, cantando e dançando divertidamente, como se estivessem abalando e gostando daquilo.

 

   Estranhos. Muito estranhos.

 

 

   ...

 

 

   - E então? - Perguntei, arfando, com as mãos no joelho.

 

   - Ah, desculpem - o policial explodiu em gargalhadas. - Isso não iria mudar em nada a ordem para vocês, eu só queria sacaneá-los! - Declarou, abrindo um largo sorriso malicioso.

 

   - O QUÊ? - Gritei, fazendo escândalo, chocada com aquilo.

 

   - OTÁAAAAAAAAAARIOS, CAIRAM NA PEGADINHA! - Alguns presos gritaram da cela mais próxima.

 

   Fechei o punho imediatamente bem afim de descontar minha raiva em alguém.

 

   - Calma, Bellinha, até que foi legal dançar Floribella! - Alice abriu um sorriso amarelo nada convincente.

 

   - Não, não foi - resmunguei.

 

   O policial continuava rindo. Minha raiva aumentou.

 

   - Podemos ir embora? - Questionei, sem olhar para ele.

 

   - Podem sim, mas só poderão passar naquela casa para pegar os pertences necessários pra os três dias de interditação. - Nos informou. - E alguns policiais os acompanharão.

 

   Ah, que ótimo, andar na minha queridissima viatura mais uma vez. Parecia até praga!

 

 

   ...

 

 

   Revirei os olhos ao constatar que Alice e Ed-boy continuavam brigando para ver como distribuiriam os três quartos da casa dos garotos.

 

   Ah, sim, pura decadência... Sem termos onde dormir, era ou a casa do meu pupilotário, ou na rua. Logicamente preferimos um local confortável e sem o risco de sermos roubadas por CERTOS MENDIGOS DO ARROCHA.

 

   A casa dos garotos possuía todas as paredes pintadas de marfim, com exceção da cozinha, e provavelmente dos quartos, que eram decorados segundo o gosto de cada um. Tremi ao cogitar como seria o quarto do meu pupilotário...

 

   Provavelmente todo preto, com acessórios restritamente punks. Mas esse não parecia ser o estilo de Edward... Talvez um quarto todo bagunçado, cheio de fotos com mulheres peladas... Não, ainda não parecia ser o estilo do meu pupilotário... Talvez um...

 

   - Bella! Morreu? BEEEEEEEEEEEELLA! - Alice gritou, quase me deixando surda.

 

   - Oi! - Rosnei.

 

   - Ah, desculpe, você estava voando e... - Ela pensou por um tempo. - Deixa pra lá! Então, o que você escolhe, fazer um sorteio e nos distribuirmos em casais para cada quarto, - ela deu uma olhada significativa para Jasper, que por sua vez pareceu não notar - ou os garotos dormem na sala e nós nos quartos? - Fez uma careta.

 

   Nem morta ou no inferno eu iria votar na minha possivel morte: a possibilidade de dormir no mesmo quarto que meu pupilotário.

 

   - Prefiro garotos na sala, e nós nos quartos - sorri.

 

   - Ah... - Ela disse, desanimada.

 

   - E você, Rose? - Olhou com o mesmo fervor para a irmã.

 

   - Mesma opção que a Bella. - A ex-freira sorriu amistosamente para mim.

 

   - Droga... - A anã sussurrou, desanimada.

 

   De repente, algo iluminou o rosto de Alice, que declarou, logo em seguida:

 

   - Ainda não pegamos os votos dos donos dos quartos. E isso é muito importante, afinal, a casa não é nossa.

 

   Maldita anã esperta! Se eu fosse obrigada a dormir no mesmo local que Edward, eu juro que mudaria todas as minhas opiniões favoráveis com relação a ela!

 

   - Eu voto a favor dos casais. - Emmett piscou para Rosalie, que virou o rosto.

 

   - Eu não quero dormir na sala, minhas costas iriam amanhecer péssimas! - Jasper justificou. E logo em seguida declarou em alto e bom som: Prefiro os casais.

 

   - Não vou dormir na sala. - Meu pupilotário decidiu.

 

   Droga. Droga. Droga. 4x2!

 

   - Ah, fico tão feliz que vocês concordem comigo! - A anã bateu palminhas, feliz. - Então, vamos para o sorteio... Papel e caneta, por favor - Pediu impacientemente.

 

 

 

   CÉU POV

 

   - Ande logo seu imprestável! - O diretor exigiu. - Tempo é audiência!

 

   Arfando, o assistente adentrou o escritório acompanhado por dois arcanjos altos e fortes.

 

   - Os influenciadores, aqui senhor - anunciou.

 

   - Muito bem, pode se retirar. - Expulsou o assistente.

 

   Bufando, ele saiu indignado.

 

   - Então... Quero que façam um trabalhinho para mim... - Revelou, esfregando as mãos perversamente.

 

   - O que deseja, senhor? - Um dos arcanjos perguntou.

 

   - Quero que façam com que, nesse sorteio - apontou para a tela onde a trajetória de Bella era filmada -, Bella e Edward tenham de dividir o mesmo quarto. - Mordeu os lábios.

 

   - Ah, esse ai é o reality da aprendiz de anjo que foi para a terra? Não acredito! Eu não perco um só segundo, ele teve que me arrastar para eu vir aqui e... - O segundo arcanjo recebeu um chute do primeiro, e se calou.

 

   - Já ordenei o que queria, podem me deixar sozinho agora. E eu quero resultado imediato! - Exigiu.

 

   - Pode contar conosco, senhor. Vamos. - O primeiro arcanjo puxou o outro, que assistia o reality pela tela do escritório.

 

   O diretor do reality massageou as temporas... Trabalhava tanto!

 

   - Ei, cara, nem acredito que eles vão ter de dormir no mesmo quarto, isso vai ser muito legal e... - Escutou a voz do segundo arcanjo, já longe, e sorriu ao saber que seu reality já era um sucesso.

 

 

   BELLA POV

 

 

   Cruzei os dedos enquanto Alice chacoalhava as bolotinhas de papel amassadas, nas quais, haviam nossos nomes.

 

   Ela parou e puxou dois papéis. Abriu-os em seguida.

 

   - Aqui temos Rosalie e aqui... - Ela sorriu maliciosamente. - Emmett.

 

   Emmett ficou feliz e Rosalie receosa.

 

   A piloto de baratinha puxou mais dois papéis.

 

   - Aqui temos Jasper... - Anunciou e começou a ficar nervosa, me encarando. - E aqui...

 

   Apertei os dedos, já cruzados, com mais força. Tinha que ser eu, tinha que ser eu e TINHA QUE SER EU!

 

   Afinal, um loiro medroso era mil vezes mais aceitável do que um pupilotário.

 

   Vamos lá papelzinho, vamos lá, faça esse dia ficar melhor... Pedi com fervor.

 

    - Bel... - Mal ela começou a falar e eu gritei de felicidade. Algo pareceu acertar a anã e ela piscou umas mil vezes.

 

   Felicidade de pobre, e de aprendizes de anjo acabam rápido. Rápido até demais.

 

   - Espera, espera, espera! - Ela falou, agora alegre. - Aqui tem Alice! Isso mesmo, A-L-I-C-E! - Soletrou, feliz da vida. Jasper parecia... Normal, com esse resultado.

 

   - Confere isso, Alice, você ia começando a ler meu nome... - Pedi. Não podia ser! Me recusava a acreditar que aquilo estava acontecendo!

 

   - Eu devo ter me confundido, aqui tem Alice - ela continuou sorrindo.

 

  - Abre os outros dois papéis. - Eu quis conferir para me certificar de que ela não havia trapaceado.

 

   - Abre você - ela me jogou os papéis e foi abraçar - feliz da vida - seu novo companheiro de quarto. Por três dias.

 

   Respirei fundo e decidi abrir de uma só vez.

 

   - Aqui tem Bella - lamentei. Mas ainda haviam esperanças. - E aqui tem... Edward. - Murmurei, por fim.

 

   AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH, EU VOU FICAR LOUCA!

 

   Eu? Ter que dormir no mesmo quarto que meu pupilotário durante três dias? Isso só pode ser uma pegadinha!

 

   Encarei Ed-boy, que também não parecia estar satisfeito com aquilo.

 

   - Não acredito que vou ter de dormir com você! - Bufamos em uníssono.