Abstrato escrita por roux


Capítulo 1
Prelúdio




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Eu sempre quis ser capaz de prever o futuro. Ou quem sabe poder ser um super herói e proteger todos que eu amo de todas as pessoas ruins do mundo. Talvez, ter o dom de ficar invisível. É acho que esse se encaixa melhor em que eu sou. O garoto que sempre se escondeu do mundo. O garoto que sempre teve medo do mundo. O veadinho da escola e da rua. O único a nunca ser chamado para o time de futebol. O primeiro a ser tachado de otário quando perguntavam quem era o mais lesado da escola. Eles sempre escrevem meu nome nos banheiros do colégio, é por isso que deixei de ir lá. Carlos Eduardo. Era isso que quase sempre estava escrito. Às vezes eles completavam com “Adoro chupar. Aqui está meu número!” Eu sempre agradeci por nunca ter dado meu número para me colocarem no grupo de whatsapp da classe, ou nesse momento não estaria aqui contando isso, provavelmente estaria recebendo um trote, ou quem sabe dois, porém provavelmente creio que estaria numa loja de telefones comprando um novo número.

Eu tenho dezessete anos. Há dois anos, eu tentei me matar. Foi como qualquer outra pessoa. Eu apenas tentei morrer. E desde então, sei lá. Às vezes, a maioria das vezes, eu sinto como se não estivesse vivo. É como se eu realmente tivesse conseguido morrer aquele dia. É como, é como realmente, como se eu não estivesse mais vivendo. Garotos de dezessete anos, eles namoram, beijam na boca, vão a festas, se drogam, dançam e são populares. Vivendo seu último ano de colégio. Porém eu não me encaixo em nada disso.

Estou sempre deslocado. No fundo da escola me escondendo atrás do grande carvalho só para que os garotos não me encontrem. Pelo menos essa semana meu esconderijo é o grande carvalho velho. Eles vão descobrir e eu terei que procurar um novo lugar para ficar.

Eu passo todo o intervalo ouvindo todos conversarem com seus amigos. Mas eu não tenho amigos. Ou melhor, eu não tenho amigos aqui nesse lugar. Estou preso nessa droga de litoral. E os meus amigos estão lá em cima na capital. Vivem na cidade grande. Conversamos apenas por internet. Meus pais não me deixam sair daqui. E são nessas atitudes que eu percebo as suas contradições.

— Você está um homem, Carlos Eduardo. Está na hora de passar a dormir mais cedo, levantar mais cedo e procurar um emprego. Na sua idade eu já trabalhava em dois empregos para ajudar em casa. — Diz meu pai entrando no quarto. Ele tem mania de fazer isso. Ele caminhava pelo pequeno quarto e abre a janela. — Que horas você foi dormir?

Eu não respondo. Não darei motivo para ele ficar por três horas e três minutos me dando sermão que eu não preciso ouvir. Faço melhor. Mudo de assunto e procuro um assunto que vai fazer com que ele fuja.

— Pai o senhor pensou no que lhe pedi? Eu posso ir para casa de um amigo lá na cidade? É uma festa e eu vou dormir na casa dele, será tudo seguro. O senhor pode até falar com os pais dele. — Eu falo entre alguns bocejos.

— O que? Eu já disse que não Eduardo. Você ainda é uma criança. Não pode sair para festas na cidade, e ainda por cima indo sozinho. Eu não seria um bom pai se permitisse isso. Eu não seria! — Ele completa batendo o pé e saindo do meu quarto.

Eu me deito na cama novamente e rio. É tão fácil.

Porém ele volta.

— Está um dia lindo. Que tal sair um pouco para aproveitar a praia? A Hassel precisa passear. Aquela cachorra nunca sai de casa. Não estamos criando um animal. — Ele diz irônico. Então sai novamente.

Eu tento me lembrar. Quanto tempo faz que eu não saio com nossa cachorrinha para passear, ela adora praia. Eu sou mesmo um péssimo dono. Olho as horas no celular. Já passa das quinze e cinquenta. Eu vou sair para passear com ela hoje. Ela merece.

Levanto da cama e olho meu quarto. O meu refúgio. É tão pequeno e bagunçado, mas isso me deixa feliz. Eu me sinto seguro ali naquele cantinho. Os pôsteres de bandas coreanas é a única coisa que me incomoda um pouco, porém não consigo me livrar deles. Eu sou viciado demais. Rio sozinho e arrumo minha cama.

Estou com um bafo enorme na boca, e talvez seja por isso que eu não namore ninguém, Deus sabe que se colocar alguém na minha vida, eu matarei com meu bafo assassino na primeira manhã em que acordarmos juntos.

Caminho em direção ao banheiro, porém ouço minha família fazer uma festa na cozinha.

— Não consigo acreditar que você levantou antes das vinte e duas horas da noite, é incrível isso. — Grita minha mãe que deve estar fazendo algum bolo. Ela faz bolos todos os sábados, e isso é meio que uma tradição comer bolos nas noites de sábado aqui em casa. Eu sempre achei que seria mais fácil pedir pizzas, mas ninguém me ouve. — Para onde vai? — Ela grita rindo.

Marcela a bebê está sentada em uma cadeira para bebês e ri e bate palminhas como se estivesse entendendo tudo que está acontecendo. Como se soubesse a razão para os pais estarem rindo. Como bebês são idiotas.

— Eu vou à praia. Levar a Hassel para passear. — Eu comento baixo. Para ser sincero não queria que soubessem, vão falar disso pelo menos até o próximo milénio. — E espero que eu não seja criança demais para isso. A praia fica do outro lado da avenida não é mesmo?

Eu não espero resposta. Entro no banheiro e me olho no espelho. Estou como sempre. Eu tinha tudo para ser bonito. Os olhos verdes, poucas sardas, os cabelos num louro meio laranja. O corpo magro, porém atlético. Ombros largos por causa dos anos na natação. Porém nada disso me deixa bonito. Eu sou apenas eu. Fico me olhando por um tempo. Balanço a cabeça em negativa e fecho os olhos. “Eu sou idiota!” Penso e sorrio me olhando novamente. O que eu esperava? Que só por causa dos meus olhos fosse me encaixar no padrão de beleza? Puxei minha escova de dente e enchi com creme dental. Eu sempre demorei escovando os meus dentes, mas não hoje. Eu só queria mesmo sair de casa um pouco. Havia coisas para pensar.

Voltei para o quarto e vesti a primeira roupa que encontrei. A mesma que tinha usado no dia anterior para ir ao super mercado com o papai. A calça jeans estava rasgada em vários pontos e a xadrez que eu vesti estava tão surrada que poderiam confundir com uma peça usada por alguém antes de cristo. Não liguei. Estava só indo correr com a Hassel na praia.

Sai do quarto com um disco na mão e chamei por ela. Meu bebê veio correndo até mim abanando o rabo. Passei a corrente. Eu odiava colocar corrente em sua coleira. Ela sempre odiou. Fica tão agoniada que dá realmente muita dó. Porém hoje era preciso, só a soltaria na praia. Na última vez em que saímos ela correu pela avenida e quase foi atropelada. Meu pai tem razão. Se ela saísse mais essas coisas não iriam acontecer. Eu era mesmo um péssimo dono.

— Mãe, eu estou indo! — Eu gritei para minha mãe, porém não esperei sua resposta. Passei pela porta e fechei a mesma. O ar fresco da brisa da praia bagunçou os meus cabelos. — Então, vamos sua sai tica. — Eu falei sendo puxando pela minha cachorra.

Hassel sempre gostou de correr. Eu que sempre tive preguiça de levá-la para fazer isso. Ela estava correndo na frente e puxando toda a corrente. Eu até fiz umas aulas de condutor e adestrador de cães, porém foi apenas dinheiro jogado no lixo. Eu não aprendi nada.

Atravessei a rua. Por sorte o farol estava aberto para mim, porque sinceramente eu não iria conseguir pegar Hassel a tempo no colo, e ela iria tentar se jogar na frente dos veículos. Está bem, não vamos imaginar essa cena. Enquanto atravessava a rua senti os olhos dos motoristas dos carros me olhando. Eu não olhei, mas sentia como se eles me repreendessem. “Olha o veadinho!” “Ele tentou realmente se matar!” “Ele é tão fracassado que não conseguiu nem morrer.” Eu apressei o passo a atravessei para orla da praia.

 Passei em frente à banca de revista do tio Juca. Eu o chamo de tio, porque o conheço desde que sou pequeno. Muitas vezes enquanto voltava da escola, foi tio Juca que me salvou de apanhar de alguns garotos.

— Fala Edu. — Disse tio Juca atrás do balcão. Ele apontou dois dedos para mim e balançou a cabeça em um cumprimento. — tá bonzinho, filho?

Eu olhei para ele e sorri. — Estou sim, tio Juca. E como vão as coisas por aqui? Quais as novidades? — Eu perguntei tentando controlar Hassel de me puxar com tanta força.

— Então chegou uma revista nova dessa com aqueles japonês que você gosta! — Ele falou rindo. E sim, ele falou no singular mesmo. Eu ri, e ele sorriu para mim.

— Eu dou uma olhada depois. A Hassel está mesmo animada para passear na praia. Faz um tempo que não vem, e está eufórica. — Eu disse uma oitava acima para que tio Juca ouvisse.

Ele apenas gargalhou.

Eu caminhei para a areia. O mar logo a nossa frente. Não a muitos metros, continuei sendo puxado pela cachorrinha, eu sorri quando vi ela se assustar por nos aproximarmos demais da água. Ela morria de medo, sempre foi uma medrosa. Realmente ladra, mas não morde. Voltou correndo para os meus pés. E eu soltei sua coleira.

Ela me olhou com aqueles olhos medrosos, se falasse eu sei que ela diria. — Não papai, não me deixe solta. Estou com medo. – Então eu ri e imitei minha melhor voz de cachorro.

— Vem, vamos brincar, que tal? Vamos brincar meu amor! — Eu falei balançando o disco. Ela começou a balançar o rabo e eu vi que estava começando a se animar. — Então, vai lá pegar. Vai meu amor!

Eu joguei o disco para longe e vi Hassel correr para buscar. Eu fiquei assistindo. Ela é mesmo rápida. Eu sabia que ela iria pegar o disco antes mesmo dele atingir a areia. É um labrador retriever. Amarelo. É linda. Meu xodó.

Eu fiquei triste quando não consegui morrer. Fiquei arrasado quando acordei vivo no hospital. Mas depois de lembrar-me de Hassel, eu senti que não tinha ido por ela. Provavelmente foi ela que ficou latindo e chamou ajuda para não me deixar afogar aquele dia.

Estava perdido em pensamentos quando senti o peso da minha cadela me derrubar na areia. Ela estava sorrindo e balançando o disco na minha cara. O rabo balançando freneticamente. Eu ri.

— Boa menina. Mas que menina muito esperta. Quem é a garotinha do papai? — Eu perguntei rindo e peguei o disco dela. Ela continuou em cima de mim, pulando em cima da minha barriga e das minhas bolas. Eu comecei a gritar e rir. Ela estava me machucando. — Não, Hassel. Para! Ai... Para sua safada. Socorro. — Eu gritei, então depois ri.

— Está tudo bem? — Eu ouvi uma voz masculina perguntar.

Meu coração deu um salto. Era uma voz bonita. Porém me assustou. Eu levantei e sentei na areia. Hassel ficou olhando o garoto a nossa frente então caminhou até ele e começou a cheirar. Eu nunca o tinha visto por aqui. Cabelos cacheados e de cor escura, bronzeado, olhos azuis. Estava sorrindo sem jeito. O peitoral de fora e uma bermuda jeans rasgada embaixo dos bolsos. O garoto se abaixou e começou a brincar com Hassel.

— Ei, garotão, tudo bem? — Ele falou se dirigindo a minha cadela. Estava sorrindo e alisando o pelo dela.

— Ela é fêmea. — Eu disse sério. Encarando o garoto. Não queria parecer brigão. Ele era forte. Poderia me bater, mas não deixaria ninguém tratar minha cadela pelo masculino.

— Oh me desculpe. Eu errei garota! — Ele riu e beijou o focinho de Hassel. Eu não pude evitar sorrir. Ele gostava mesmo de bichos, a maioria das pessoas não iriam fazer isso, e muito menos com um cachorro desconhecido. Então eu vi que um grande cachorro preto veio correndo em nossa direção. — Ei garoto, ele pegou a bolinha babada da boca do cachorro. Ele se virou para mim e fez cara de nojo, sabia que estava zoando. Ele me pegou sorrindo. Sorriu de volta. — Eu sou Guilherme e esse é o Lutel, e vocês?

— Eu sou o Edu. — Eu disse meu apelido. Não queria que ele já conhecesse o Carlos Eduardo. O garoto que tentou se matar. — E essa é a Hassel! — Eu respirei fundo, não sei por que, mas quando vi já havia dito. — Eu nunca o vi por aqui antes.

Eu fui tão idiota. Eu mal vinha à praia desde o meu quase suicídio, como iria vê-lo, ou a qualquer outra pessoa?

— Eu mudei faz pouco tempo. Cheguei aqui há uma semana. — Ele falou sorrindo e me estendeu a mão.

Eu segurei a mão e apertei meio sem jeito.

— É um prazer! — Ele disse sorrindo.

— É! — Eu disse sério e olhei nos olhos. Eram tão azuis. Nunca tinha visto olhos assim antes.

— Você vem sempre aqui? — Ele perguntou sorrindo e soltou a minha mão.

— Não. — Eu disse rápido demais. — Eu não costumo vir muito até a praia!

— Eu percebi você é branco por demais. Eu só perguntei para puxar assunto. Eu não tenho amigos aqui ainda. — Ele falou rindo.

Eu ri junto. — Não sei se eu sou a pessoa certa para ser seu amigo! — Eu disse sério. E muito sincero. Ele iria descobrir. Algo nos meus trejeitos me denunciava.

— Por que não? — Ele perguntou me encarando. Eu me senti desconfortável. Era como se ele pudesse me ler por completo.

— Eu sou o loser daqui. Os garotos me odeiam, as garotas riem de mim, e os adultos sentem pena. Eu sou ótimo, não é? — Eu falei e então sorri sem graça.

Ele riu alto.

— Eu gostei de você. É tão espontâneo. Então eu vou lhe confessar uma coisa. Eu era um loser de onde eu vim, pretendia mudar isso aqui. Porém não me importarei em ser loser se isso significar que eu vou precisar ser seu amigo. — Ele falou sorrindo e piscou o olho esquerdo em minha direção.

Eu não pude evitar sorrir. Ele estava sendo maneiro comigo. Geralmente as pessoas não faziam isso. Não comigo, pelo menos.

— Quantos anos você tem, Edu? — Ele perguntou sentando na areia de frente para mim. Os nossos bichos brincando juntos atrás dele. Hassel parecia muito feliz, ela não tinha contato com outros cachorros.

— Eu tenho dezessete e você? — Perguntei olhando para seu peito nu. Então desviei o olhar. Não queria que ele percebesse.

— Eu estou quase fazendo dezenove. — Ele sorriu. — Já tenho carta de motorista e posso lhe dizer, isso é o máximo.

Eu ri, porém estava triste. Era legal o novo vizinho. Pelo menos a primeira vista, porém não estudaria no colégio. Eu continuei sustentando o sorriso.

— O que tem de legal para fazer por aqui? — Ele perguntou. — Festas, baladas, locais bacanas para beber...

— Eu realmente não faço ideia. Eu não saio. — Respondi e então olhei para baixo.

Ele riu.

Eu sabia. Eles sempre me achavam babaca à medida que iam me conhecendo.

— Você está falando sério? — Ele perguntou e eu balancei a cabeça em afirmativa. Ele riu de novo. — Pois saiba que a partir de hoje você vai começar a sair. Eu vou falar com a minha prima, a Débora também é gay. Ela vai saber lugares bacanas com essa temática por aqui!

Eu olhei para ele, assustado.

— O que? Você tem vergonha? Eu não sabia, desculpa. Eu achei que você era resolvido com si mesmo. Eu sou... E... Ah cara desculpa! — Ele falou rápido. E eu senti que ele estava mesmo preocupado em ter me ofendido. — Aliás, você é mesmo gay? Às vezes eu sou babaca e vejo os jeitos das pessoas e acabo sendo otário com esse lance de estereótipos. Foi mal...

— Eu sou. Eu só achei que iria me julgar por isso. — Eu falei, totalmente sem graça, mas falei.

— Eu também sou. E mesmo que eu não fosse. Você é o meu novo amigo. E eu não julgo os meus amigos. — Ele falou rindo.

— Eu... Eu acho. Que dizer que ótimo. — Eu disse o olhando. Ele falou de uma forma tão resolvida. Não tinha problemas com ser gay e nem ligava para isso. O admirei por isso. Porém para ele deveria ser fácil. Veio de outra cidade. Era forte, bonito. Másculo, ninguém iria o julgar porque ele comia garotos.

— Eu gostei mesmo de você, acho que poderemos ser bons amigos. — Ele falou sorrindo.

— Eu espero que sim. — Eu disse tentando segurar o sorriso. — Até porque vai ser legal ter alguém para conversar sobre isso, e para ter para onde sair.

— Você nunca saiu mesmo? — Ele perguntou.

— Não! — Respondi.

— É bv? — Ele perguntou rindo.

Eu o encarei.

— É bv? — Ele repetiu segurando o riso e tentando me encarar sério. Estava sendo um fracasso em não ri.

— Eu sou! — Eu respondi baixo e corei.

— Eu garanto que você vai beijar na primeira vez que irmos a uma balada LGBT ou em um bar. Você é bonito, vão cair matando em cima de você. E eu como amigo mais velho e responsável vou precisar cuidar de você. — Ele falou sorrindo carinhosamente.

Eu sorri também.

Ficamos ali conversando por mais um tempo. Falamos sobre tanta coisa. Ele era mesmo divertido. Eu só precisava ser eu. Rimos e nem vimos à hora passar. Quando notei vi que a noite já começa a cair.  O crepúsculo já estava ali. Eu levantei.

— Eu preciso ir. Os meus pais devem estar preocupados. — Eu disse sério chamando Hassel. Precisava coloca a coleira nela.

— Mas por quê? Você não disse que mora aqui perto? — Ele perguntou levantando também, parecia estranho. Ele me olhava confuso.

— É que a última vez que isso aconteceu, eles me acharam apenas no hospital. — Eu disse baixo. Se eu realmente queria mesmo ser amigo daquele cara. Eu precisava ser sincero com ele. — Eu tentei me matar afogado da última vez.

Ele me olhou sério e coçou a nuca. Respirou fundo. Eu havia estragado tudo. Então virei de costas para ele passei a coleira na Hassel e comecei a caminhar em direção a minha casa. Essa tinha sido a amizade mais curta que eu tinha feito. Era por isso que preferia mil vezes a internet.

— Ei aonde você vai? — Ele perguntou alto. Eu virei. — Eu não ligo para isso, eu também tenho um passado que não me orgulho muito. Você não vai me passar seu telefone? Não vamos mais ser amigos? Eu quero... — Ele disse.

Eu tentei segurar o sorriso. Porém não consegui.

— Eu preciso admitir uma coisa se a gente for ser mesmo amigos. — Eu falei.

— O que? — Ele perguntou.

— Você é a pessoa mais estranha que eu já conheci. — falei rindo.

Então ele riu de volta. Nós trocamos telefones e eu fui para casa. Dessa vez tendo a certeza que tinha feito um amigo. Não sabia quanto tempo essa amizade iria durar, e nem se ela iria dar certo. Mas eu estava feliz.


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