Era segunda feira de manhã quando eu o vi atravessar a porta da minha sala de aula correndo, praticamente arrastando duas menininhas idênticas que seguravam em suas mãos.

Alarmada, corri até a porta antes que ele tirasse a atenção recém conseguida dos outros alunos.

— Bom dia. – saudei, meus olhos inspecionando o homem que tinha o rosto vermelho pela recente corrida.

— Bom dia, professora. Me desculpe pelo atraso, tive alguns imprevistos. – ele olhou para cada uma das meninas, uma mais acanhada que a outro, com o rosto quase escondido atrás da perna dele.

— Sem problemas. – murmurei, mesmo que tivesse, eu relevaria por ser o primeiro dia de aula e eu não gostaria de logo no inicio criar conflitos com os pais. 15 minutos não fariam tanta diferença. – Sou Isabella Swan, professora da turma. Seja bem vindo a escola. – ele assentiu, com pressa.

— Edward Cullen, muito prazer. – me estendeu a mão e a apertei. – Essas são Sara e Emma, minhas filhas. – me abaixei para ficar na altura das meninas, uma estava mais acanhada que a outra, com o rosto quase escondido atrás da perna do pai.

— Oi, meninas. – lhes disse sorrindo, uma por vez, coloquei uma mexa do cabelo claro para trás da orelha. Elas sorriram ainda tímidas e me deram um oi quase inaudível.

Elas eram idênticas, não havia forma alguma de diferenciá-las, o mesmo cabelo liso, os olhos verdes e os rostinhos redondos, o uniforme azul marinho da escola que usavam as deixavam ainda mais adoráveis. A única diferença, porém, estava no acessório do cabelo. A da esquerda usava uma tiara com uma pequena coroa prateada, e a da direita tinha um laço azul combinando com o uniforme. Eram realmente muito parecidas com o pai.

O resto da turma se agitou atrás de mim, claramente terminando de fazer a tarefa que eu tinha pedido, decidi que era hora de ser mais rápida.

Pedi que Sr. Cullen se despedisse das meninas para que eu pudesse seguir com a aula e lhe confirmei o horário da saída, elas se agitaram no momento de dar tchau para os pais, mas me abaixei e fiquei ajoelhada ao lado delas.

Em pouco tempo, eu estava levando-as para seus lugares no meio da sala, por ser primeiro dia, permiti que sentassem uma ao lado da outra.

Uma das coisas que pude notar no decorrer do dia, foi que Emma, a que usava o laço azul, era muito protetora, cuidava da irmã com afinco, já que Sara era muito insegura.

Conheci cada uma das crianças, sentando do lado, perguntando das férias, ajudando no dever. Nossa tarde foi realmente agradável para um primeiro dia de aula na 1ª série.

Porém, foi na hora da saída que tivemos problemas.

Vendo os pais levarem as outras crianças para casa, Sara começou a ficar muito nervosa, nem mesmo a irmã conseguiu acalmá-la.

— Hey, boneca. O que acontece? – perguntei.

— O meu pai não chega nunca, profe. – ela fungou, sem lágrimas, claramente tentando se controlar.

Mais um pai chegou e não era o dela, entreguei o garotinho que estava brincando no fundo da sala, ficando assim sozinha com as meninas.

— Ele já está chegando, com certeza em alguns minutos.

Eu só não sabia que o “alguns” se tornaria 40 minutos.

Até a diretora foi na minha sala perguntar o que estava acontecendo e tentou entrar em contato com o pai delas e nada.

Para entretê-las, deixem que desenhassem em folhas coloridas e me sentei ao lado delas para esperar, afinal, não me restava alternativa, e eu precisava deixar claro que estávamos em uma escola, e não com babás de luxo. Odiava quando os pais confundiam minha profissão, jamais desmerecendo outra, mas não era porque eles pagavam a escola que podiam fazer comigo o que bem entendessem.

— Gostaram da aula de hoje? – indaguei a elas.

— Sim. – respondeu Emma, me olhando. – Eu queria levar o desenho das férias para casa, tem certeza que não pode? – eu ri e toquei na sua bochecha.

— Desculpa, querida, mas ainda não pode, no fim do ano eu dou para você. – ela fez um barulho engraçado, mas não me contrariou.

Saram já mais calma, levantou da cadeira e subiu no meu colo, me surpreendendo.

— To com fome, o meu pai nunca demorou tanto. – sorri, fazendo carinho no cabelo comprido.

— Aposto que não, eu tenho um biscoito na minha bolsa, podem ficar se quiseram. – ambas assentiram, levantei e entreguei a elas o que eu tinha.

Enquanto comiam, um barulho na porta me chamou atenção. Lá estava ele, mais uma vez vermelho e apressado.

— Me desculpe. – entrou dizendo. – Eu não consegui vir antes e ninguém atendeu para vir busca-las.

— PAPAI! – as duas levantaram correndo assim que ouviram a voz dele, me impedindo de dizer o que eu precisava.

Esperei que ele as abraçasse e beijasse, mas quando me deu tchau, pedi que conversasse comigo alguns minutos no fim da sala.

— Me desculpe dizer isso – comecei, em pé de frente para ele, a cabeça erguida por causa da diferença de altura. – Mas o senhor não pode se atrasar assim outras vezes, esperei hoje por notar o quanto elas estranharam a nova escola, mas não posso fazer isso com frequência.

Ele respirou fundo e colocou aos mãos no cabelo.

— Sinto muito por isso, de verdade, mas eu...

— Tudo bem. – falei, sorrindo para que ele não se sentisse tão constrangido.

Sr. Cullen suspirou.

— Estou sozinho com elas, tem sido complicado, mas não se preocupe, vamos dar um jeito.

Balancei a cabeça positivamente enquanto voltávamos para a frente da sala, não queria ser indelicada e perguntar sobre a esposa.

Ele segurou ambas pela mão, pegou as mochilas – uma da Barbie e a outra da Pequena Sereia – e se dirigiu para a porta.

— Tchau, profe Bela. – Emma gritou e acenou.

Beijei a bochecha das duas.

— Tchau, amores, espero vocês amanha com uma surpresa. – pisquei, recebendo risadinhas.

Acenei para o senhor Cullen enquanto ele fazia o mesmo.

— Amanha estaremos aqui, sem atraso. Prometo.

Eu ri, assentindo.