Quando o Amor acontece escrita por Lizzy Darcy


Capítulo 43
Capítulo 43




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/714874/chapter/43

Quadragésimo Terceiro Capítulo ❣️

Shirlei abriu a bolsa e vasculhou-a procurando a chave que Giovanni tinha dado a ela caso algum dia ela pudesse precisar entrar no apartamento sem avisa-lo previamente. Ao encontrar, destrancou a porta e entrou sorrateiramente.

– Giovanni. - Chamou. - Cê tá aí? - Perguntou, olhando de uma lado para o outro, ao mesmo tempo em que fechava a porta. - Giovanni. - Insistiu com o tom de voz um pouco mais alto.

– Não. Mas eu estou. - Um voz grave respondeu, fazendo Shirlei levar a mão ao coração instintivamente e arregalar o olhar para figura alta e imponente a sua frente.

– Ai, Adônis! Quer me matar de susto? - Reclamou Shirlei, o coração disparado. Teve até vontade de dizer que não podia levar um susto como aquele por causa da gravidez, mas achou melhor evitar, pois aquele assunto era um pouco delicado para ser discutido assim, de supetão. - E como você entrou aqui, posso saber?

– Com a minha chave. Esqueceu que eu já morei aqui com o seu irmão, Shirlei. - Adônis respondeu de forma natural.

Shirlei deu um sorrisinho, desconcertada.

– Ah. É. Claro. Como eu pude me esquecer disso. - Olhou para o lado, desconfiada para em seguida voltar a encara-lo. - Então, o que cê veio fazer aqui tão cedo?

– Como o que eu tô fazendo aqui, Shirlei? Fiquei preocupado com você, claro. Liguei no seu celular uma par de vezes ontem e só dava na caixa postal. E agora eu chego aqui e vejo que você não só chegou agora como tá vestida com a mesma roupa de ontem à noite. Posso saber onde você passou a noite? Ou melhor, com quem?

Shirlei engoliu a seco. E agora? Como sairia daquela saia justa? Contar a verdade naquele momento a Adônis Ainda não estava em seus planos, no entanto...

– Estava comigo. Na minha humilde residência. Por quê? Algum problema com isso? - Uma voz respondeu por detrás de Shirlei logo depois dos dois escutarem a porta se abrindo e fechando.

Adônis fechou a cara e revirou os olhos.

– Eu já devia imaginar que ela estivesse com você...

– Ai amiga, desculpa a demora, mas é que eu não encontrava estacionamento em lugar nenhum. - Manu explicou para Shirlei depois de lhe dar uma piscadela disfarçada. - E quanto a você... - Virou para Adônis que já esperava seu veredicto - Pode se retirar. Sabe muito bem o quanto sua presença me incomoda, não sabe? Vamos, xô, xô! - Fez um gesto com a mão como que o enxotando. - Desinfeta daqui!

Adônis estreitou o olhar e se aproximou de Manu, ameaçadoramente.

– Eu te incomodo agora, mas bem que você um dia gostou de usufruir desse corpinho aqui, né?! - Deu um sorrisinho malicioso.

– É. - Concordou ela sem pestanejar - E se arrependimento matasse, meu bem, eu estava mortinha. Mas sabe como é? A gente quando é adolescente costuma fazer muita besteira na vida. - Sorriu, vitoriosa pela expressso de raiva que Adônis lhe lançou - Enfim... Quer que eu chame um táxi, metrô? Aaaaahhh, pode ser uma ambulância também, né? Soube que ultimamente você costuma dar umas voltinhas nela, mas quer saber, pra quem é quase um moribundo, você, ao meu ver, tá bem saudável. Mas como eu não sou médica nem nada...

Diante daquelas ironias, Adônis se enfureceu de uma forma com Manu que fez menção de estrangula-la com as próprias mãos.

– Olha só, Manuela, você não sabe nada da minha vida, então fica na sua pra não se machucar! - Esbravejou Adônis, punhos fechados, pois sua vontade era que eles estivessem fechados no pescoço dela.

– Ui ui ui, é pra ficar com medo, é? - Manu provocou e Shirlei achou melhor intervir, aquilo já estava indo longe demais.

– Ow, Ow, Ow, vocês dois! Parecem duas crianças! Será que dá pra vocês pararem? - Pediu Shirlei.

– Foi ele/ela que começou! - Os dois falaram ao mesmo tempo, apontando de um para o outro.

Shirlei teve de segurar o riso.

– Olha só, Adônis, como você mesmo ouviu, eu dormi na casa da Manu, portanto não há nenhum motivo com que se preocupar, então... Acho melhor mesmo você ir porque... ja já o Giovanni pode aparecer por aí e não vai gostar nada nada de te ver por aqui. Sabe como ele é.

Sem remédio, Adônis teve de concordar.

– Tudo bem. Eu vou indo então. Mas... Eu queria saber... Você vai poder ir comigo ao médico hoje?

Shirlei fez uma careta. Tinha se esquecido completamente daquela consulta marcada a duas semanas.

– Er... Adônis, eu... tinha me esquecido completamente e acabei marcando um compromisso com... - Olhou com os olhos arregalados para a amiga em busca de apoio.

– Comigo. - Manu completou pois entendeu direitinho o recado. E a angústia da amiga em ter que inventar uma desculpa. - Pois é, a Shirlei marcou um compromisso comigo. Muito importante. Inadiável. Totalmente e completamente inadiável.

Adônis fechou a cara e cruzou os braços.

– Tá. E eu posso saber o que pode ser tão inadiável assim?

– Não é da sua conta! Coisa de mulher. Ou você também deseja saber a data da minha última menstruação ou o dia em que vou a minha manicure ou o que é melhor, quantas vezes no mês eu depilo a minha...

– Manu! - Sibilou Shirlei antes que a amiga completasse aquela frase constrangedora. - Chega! Acho que o Adônis já entendeu.

Entendeu mesmo. Tanto que bufou de raiva e sem mais dizer nada, saiu, batendo a porta com força atras de si.

– OW! Tem geladeira em casa não? - Manu gritou para Adônis, mas ele já estava bem longe para escutar. Então as duas riram, divertidas.

Depois disso, quando se viram sozinhas, Shirlei e Manu se sentaram no sofá, uma de frente pra outra.

– Nem vem me olhar com essa cara porque esse ogro bem que precisava de uma liçãozinha. - Explicou Manu diante da expressão repreensível de Shirlei. - E agora vamos deixar isso pra lá por que o que eu quero saber mesmo é onde a senhorita estava até agora? Vai, me conta, amiga! - Pediu Manu toda animada para em seguida seu sorriso morrer. - Porque eu preciso de alguma coisa pra me animar porque ontem eu fiquei sabendo de uma coisa, amiga, que me deixou arrasada.

Shirlei Franziu a testa, curiosa.

– E o que foi que você soube, Manu, que te deixou assim?

– Ai, amiga, nem te conto - Deu um tapinha na mão de Shirlei - Sabe aquele amigo do gato da festa. Aquele que eu armei pra te apresentar. Não ele. Mas o amigo dele. - Shirlei teve vontade de rir, mas se deteve em apenas balançar a cabeça assentindo. - É gay, amiga. - Manu fez uma expressão de decepção.

E Shirlei teve de se segurar para não explodir numa gargalhada.

– Não???? Sério? Como você soube disso? Quem te contou?

– A amiga de uma amiga minha. Disse até que ele deu em cima de um dos convidados. Acredita? Nada contra, amiga. Longe de mim. Mas que é um desperdício é. Aí eu fiquei pensando cá com meus botões da Ralph Lauren... E o gato?

– O que tem ele? - Shirlei perguntou com dificuldade já que estava prestes a explodir numa gargalhada.

– Ah, amiga, cá pra nós... Se ele anda com ele... Vai que ele também é. E... Eu vou te confessar que esse é que seria um grande desperdício, viu? Porque o porquinho que não me escute, mas aquele ali deve ter uma pegada que... - Começou a se abanar - ui ui ui... Olha aqui meu braço, amiga... - Mostrou o braço para Shirlei com os pelos todos eriçados - Viu? Todo arrepiado.

A partir daí, não deu mais pra segurar e Shirlei explodiu numa gargalhada que até lágrimas vieram aos seus olhos.

Manuela encarava a amiga sem compreender absolutamente nada, imaginando que ela pudesse estar completamente louca.

– Que foi, amiga? O que foi que eu disse de tão engraçado? - Manu perguntou, perplexa, pois na cabecinha dela, tudo que ela tinha dito era trágico e não engraçado.

Shirlei teve que conter o riso com dificuldade para poder responder.

– Desculpa, Manu, mas é que você é muito engraçada. E quando eu te contar uma coisa que eu estou querendo te contar desde ontem, você vai tomar um pequeno susto em relação a esses dois rapazes em questão. - Manu Franziu a testa, curiosa, esperando ansiosa que Shirlei concluísse. - Pra começar... - Shirlei segurou o ventre - Eu estou grávida. - Manu arregalou o olhar, sorrindo, feliz pela amiga. - E o filho é do Felipe.

Manu piscou os olhos repetidas vezes, incrédula. Depois segurou a mão de Shirlei.

– Ai, amiga, lição número um: Quando você quiser aplicar o golpe da barriga, escolha um homem que você tenha dormido a pelo menos um mês atras, não um que você conheceu a um dia. Não que eu tenha muita experiência nisso, mas fica a dica.

Shirlei a encarou sem acreditar no que tinha acabado de ouvir.

– Como é que é? Tá maluca, Manu? Eu num tô dando golpe da barriga coisa nenhuma. Ai meu Deus! De onde você tira essas coisas, hein? O Felipe e eu somos namorados. Nos conhecemos a um tempo e nos amamos muito. E agora eu estou esperando um filho dele. Simples assim. Ter visto ele ontem na sua festa foi coincidência porque nós estávamos separados por força das circunstâncias. Longa história. Mas enfim... Se você quer mesmo saber, ele tem pegada sim. Mas é meu! Só meu. - Shirlei sorriu com malícia. E Manu ficou extremamente constrangida.

– Ai, amiga, quero um buraco bem fundo. De preferência em Paris.

– Tudo bem. Não tinha como você saber. E só mais uma coisinha... O Henrique não é gay. Ele só fingiu ser um com o Adônis só para me dá o endereço do Hotel do Felipe. Ele namora a minha irmã Tancinha.

– Huuuuuuuum fingiu ser gay com o Adônis. Daria tudo pra ter visto essa cena. Já gostei desse Henrique. Com certeza é dos meus!

Shirlei deu um sorriso de concordância.

– Ah disso eu não tenho a menor dúvida.

– Mas e aí, me conta tudo, quero saber todos os detalhes desse seu namoro com o ga... quer dizer, Felipe.

Shirlei riu do quase erro da amiga e a partir daí, dividiu com ela toda sua história de amor com Felipe. Claro que Manu ficou encantada e até começou a acreditar em conto de fadas.

***************************************

– Oi, princesa. - Felipe cumprimentou a namorada com um beijo apaixonado em seus lábios. Ela tinha acabado de entrar dentro do carro dele, que estava estacionado em frente ao apartamento do irmão dela, pois os dois haviam combinado de se encontrar ao final da tarde para irem ao ginecologista. E esse era o tal compromisso importante que Shirlei tinha mentido para Adônis. - Já tava morrendo de saudade de você e do nosso filho. - Ele disse, passando a mão de leve no ventre de Shirlei que ainda nem despontava.

Shirlei segurou a mão dele que acariciava seu ventre e sorrindo com ternura, encarou-o, apaixonada.

– A gente também já estava com muita saudade.

Felipe sorriu e segurando a nuca dela, trouxe seu rosto até o dele, encostando sua testa na dela e sua ponta do nariz no nariz dela.

– Te amo. - Sussurrou com os olhos fechados, sentindo o cheiro e a maciez da mão pequena dela em sua barba por fazer. Era inebriante. - Vamos? - Perguntou, depois de tascar um beijinho singelo em seus lábios.

– Vamos sim. - Concordou ela, puxando o cinto para trava-lo. Felipe olhou pra ela, aflito. - Que foi, príncipe?

– Num vai apertar muito? Quer dizer... a sua barriga?

Shirlei deu uma risadinha linda.

– Não, príncipe. Pode ficar tranquilo. Mas já que a gente tá indo pra ginecologista, acho bom você aproveitar pra tirar algumas dúvidas com ela, tá certo?

Felipe concordou, coçando a nuca, constrangido, afinal, era normal um pai de primeira viagem pagar alguns micos de vez em quando, ou não?

A ida até o Consultorio da ginecologista foi tranquila. Com Felipe segurando a mão de Shirlei e beijando-a sempre que podia entre um sinal e outro. Entretanto, Shirlei aproveitou o caminho para os dois conversarem sobre um assunto que estavam tentando evitar desde que se reencontraram... Adônis.

– Príncipe - Shirlei chamou a atenção do namorado que virou o rosto na direção dela. - Eu sei que é difícil, mas uma hora ou outra, a gente vai ter que... conversar sobre o Adônis.

Felipe, que segurava a mão de Shirlei em seu colo, apertou-a, e fechou a cara.

– Eu sei. Ou você acha que eu não quero saber o motivo de você ter me largado pra vir pra cá. Ficar com ele.

– Eu não te larguei, príncipe. E muito menos pra ficar com ele. Eu só estou aqui porque... O Adônis tá doente. - Felipe Franziu a testa. - Ele tá com Câncer.

Por alguns segundos que pareciam sem fim, Felipe ficou mudo. Estático. E Shirlei ficou esperando sua reação que parecia não vê nunca. Até que...

– Princesa, sinceramente... Eu não sei o que dizer. Mas... Você não acha que é a família dele quem deveria está cuidando dele? Bom, pelo menos, isso seria o mais óbvio, ou não?

– É, você tem razão. Mas aí é que tá o problema. O Adônis não quer que ninguém da família saiba. A Dona Nair morreria se soubesse de uma coisa dessa e a Larissa, bom, ela é muita apegada ao irmão, então...

– Então o que resta é a ex noiva dele. - Completou Felipe, chateado. - Muito conveniente, não?

Shirlei fez uma careta, incrédula.

– Príncipe, o que você tá pensando?

– Quer mesmo saber o que eu tô pensando? Que o Adônis tá se aproveitando da situação pra se reaproximar de você. É isso que eu tô pensando.

– Príncipe, pelo amor de Deus, o Adônis pode ser tudo, mas ele tá realmente doente. Eu já fui a diversas consultas com ele e... - Pausou e segurou o rosto do namorado entre as mãos quando o carro parou em um sinal - Mesmo que fosse assim, o que importa de verdade é que eu tô aqui, num tô? Com você. E você é o único que eu amo e que vou amar pra sempre. Ponto.

– Eu sei disso. Você sabe disso. Mas eu quero muito é que aquele imbecil do seu ex noivo também saiba, sabe por quê? Pra nunca mais acontecer o que aconteceu aquele dia no shopping quando ele tirou você dos meus braços. - Agora foi a vez dele segurar o rosto dela entre as mãos, olhos fixos nos dela - Princesa, você não tem noção do quanto aquilo me doeu!

Shirlei engoliu a seco.

– Príncipe, o Adônis pode até ter conseguido me tirar dos seus braços, mas ele nunca vai conseguir arrancar você do meu coração e nem eu do seu.

Felipe sorriu diante da declaração, então os lábios dos dois se procuraram com desespero e o beijo foi intenso, com direito ao gosto Salgado das lágrimas que desciam sorrateiras em seus rostos. Uma pena é que os dois tiveram que parar quase que de imediato por causa do barulho ensurdecedor das buzinas dos carros atras, avisando que o sinal havia aberto naquele momento.

***************************************

– Então, doutora, tá tudo bem com o nosso filho? - Felipe perguntou, apreensivo. Ele e Shirlei naquele momento já se encontravam sentados, um ao lado do outro, e à frente da mesa da ginecologista.

A ginecologista deu um sorriso terno para Felipe. Adorava ver um pai participante.

– Pelo exames que eu fiz na sua namorada, pode ficar tranquilo que está tudo bem com o filho de vocês sim. - Felipe segurou na mão de Shirlei e apertou com carinho e os dois nesse momento trocaram olhares e sorrisos com tanta cumplicidade e amor que acabou sensibilizando até mesmo a ginecologista. - Mas... Será que agora você vai querer fazer o ultrassom, Shirlei?

Shirlei sorriu, infinitamente alegre.

– Quero sim, doutora Carina, agora sim com o Felipe aqui, eu quero muito.

Felipe olhou de Shirlei para a médica, com a testa franzida.

– Como assim? Num entendi.

– É que na primeira consulta, a sua namorada se recusou a fazer o ultrassom. Disse que só faria se você estivesse com ela. - Carina explicou para Felipe que voltou a encarar Shirlei.

– É que... Eu queria viver cada momento dessa gravidez com você, príncipe.

Os lábios de Felipe se inclinaram em um sorriso, apaixonado. Então, tocando de leve o rosto dela, com os dedos, ele sussurrou:

– E nós vamos viver, princesa. Pode ter certeza disso.

– Ótimo. - A ginecologista falou, interrompendo o momento. - Se é assim... Shirlei, você já pode se dirigir até a outra sala que a enfermeira irá preparar você para o exame. E você, papai, pode vir junto.

Shirlei se levantou, sendo seguida de perto por Felipe. Os dois parecendo duas crianças animadas com o brinquedo que acabaram de ganhar.

Lá dentro da outra sala, Shirlei se deitou em uma cama diante de um grande monitor, enquanto Felipe ficou sentado bem ao seu lado. Já a médica se encontrava um pouco mais para a lateral dela, na altura de sua barriga.

Minutos depois, a enfermeira entrou, levantou um pouco o vestido de Shirlei, deixando seu ventre bem a mostra e despejou nele uma espécie de gel bem geladinho, que levou Shirlei a sorrir.

Então foi aí que tudo começou. Diante do olhar atento de Felipe, que segurava a mão de Shirlei com todo carinho, a médica começou a passar um aparelhinho sobre o ventre de Shirlei, deslizando-o com a ajuda do gel.

– Felipe, é bom que você fique olhando para o monitor porque é lá que você poderá ver o filho de vocês. Tudo bem que nas primeiras semanas, ele ainda é muito pequeno, então tudo que vocês irão enxergar é um pequeno grão de feijao, mas isso não importa porque isso significa que o filho de vocês está aí dentro e está crescendo.

Felipe sorriu e passou a presta atenção no monitor que mais parecia para ele um grande borrão já que ele não entendia nada, mas só de imaginar que seu filho e de Shirlei estava ali, aquilo já o emocionava de uma maneira que ele jamais conseguiria explicar com palavras.

– Estão vendo esse grãozinho mais clarinho dentro dessa parte mais escura? - Os dois se entreolharam, e apesar de não estarem vendo nada, assentiram com a cabeça. - Pois é, esse grãozinho clarinho é que é o filho de vocês. - Felipe trocou um sorriso de ternura com Shirlei que se emocionou.

Então de repente, um barulho alto foi escutado por ambos. Um barulho diferente que eles nunca tinham escutado em suas vidas. Um barulho que fez com que o coração de ambos disparassem e que lágrimas viessem aos seus olhos.

– E esse barulho, doutora? - Felipe perguntou já com a voz embargada.

A médica sorriu, emocionada, pois sempre ficava assim diante da carinha dos pais ao ouvirem pela primeira vez aquele som.

– Vocês nem conseguem imaginar? - A médica provocou. Os dois sorriram, as lágrimas descendo, pois eles já imaginavam, só precisavam da confirmação. - É o coraçãozinho do filho de vocês.

O sorriso de ambos se alargou e as lágrimas vieram em cascata. Felipe se levantou e beijou a testa de Shirlei demoradamente com todo o amor, paixão e devoção que tinha por aquela que agora seria a mãe de seu filho ou filha. E tudo que se ouvia naquela sala eram as batidas de três corações no mesmo compasso.

– Tá ouvindo, princesa? É o coraçãozinho dele. - Felipe falou, a voz façanhas de tão emocionado que estava.

– É meu amor. O coraçãozinho do nosso filho... Bate tão rápido, né? - Shirlei questionou, contente.

De repente, Felipe se tocou daquilo. Então de imediato, encarou a médica.

– Isso é normal, doutora? Bater tão rápido assim? É normal?

A médica deu uma risadinha. Pai de primeira viagem faz cada pergunta.

– É sim, não se preocupe. Seu filho está ótimo. E com as medicações que vou prescrever para sua namorada vai ficar melhor ainda. Vamos pra outra sala?

– Vamos sim. - Shirlei levantou de supetão, levando Felipe a tomar um susto.

– Cuidado, Princesa! Levanta devagar. - Felipe repreendeu a namorada.

Shirlei riu, mas então aproveitou a deixa para falar com a médica.

– Doutora, acho bom você dá umas aulinhas a esse meu namorado aqui de que gravidez não é doença.

– É, eu percebi. Venham comigo.

E as duas riram, deixando Felipe um pouco constrangido. Entretanto mesmo com muitas explicações, Felipe ainda iria ter muito o que aprender...

***************************************

A noite para comemorar e claro para passar mais tempo com a namorada, Felipe a convidou para um jantar a dois em um restaurante que servia um dos pratos típicos do Chile: Ceviche chileno.

Aquela época do ano já era inverno e mesmo que tímida a neve caia, então os dois tiveram de usar um sobretudo, só retirando minutos antes de entrarem no restaurante que possuía aquecedor.

– Tá frio, príncipe. - Shirlei reclamou, esfregando uma mão na outra repetidamente, quando os dois se sentaram à mesa reservada por Felipe antecipadamente.

Imediatamente Felipe pegou as mãos de sua namorada entre as suas e esfregando-as, começou a soprar e a beijar.

– Pronto, pronto, passou, passou! Frio chato, para de incomodar minha princesa! - Ele falou, voz manhosa quase infantil. - Passou?

Shirlei sorriu, encarando-o com amor.

– Passou sim. Eu já te disse hoje que te amo? - Shirlei questionou, sorrindo com os olhos.

Felipe olhou pra cima, fingindo pensar.

– Deixe-me ver. Hoje ainda não. Mas eu posso ter me esquecido, então... Se você repetir... Não vai ser minha culpa.

Shirlei riu, divertida. E segurando o rosto do namorado entre as mãos, trouxe os lábios dele em direção aos dela.

– Eu te amo. - Beijou-o uma vez - Te amo - Mais uma vez - Te amo - Mais uma - Te amo - Mais uma - Te amo, te amo, te amo, te amo e te amo.

Felipe sorriu, feliz.

– Também te amo, princesa. E... Só pra você saber, caso eu ainda não tenha dito, cê tá linda.

E tava mesmo. Shirlei tinha colocado um vestido rosa bebê que tinha um decote que valorizava seus seios com costas nuas e a maquiagem discreta estava de tirar o fôlego.

– Você também tá lindo, cheiroso... - Shirlei disse, e enfiando o nariz no pescoço do namorado aspirou o perfume que ele usava - huuuuuummm! Adorei esse. Só quero que use quando estiver comigo.

– Isso é ciúme é?

– Se não me obedecer, vou usar esse vestido em outra ocasião... - Shirlei provocou, chegando bem perto pra que Felipe desse uma olhada devoradora em seu decote.

– Mas nem morto que eu deixo você usar esse vestido com outra pessoa! - Felipe exclamou e passando a mão em volta da cintura dela, puxou para si com ímpeto, olhos em brasa para o decote.

– Príncipe, aqui não! Tá maluco? - Shirlei reclamou, tentando se desvencilhar do namorado que já passeava com seus lábios desde seu pescoço, lóbulo da orelha e se Shirlei deixasse, a parte dos seus seis a mostra era o seu próximo passo. - Príncipe, não!

– Provocou, agora foge, né? - Felipe disse, mordendo o queixo de Shirlei, deixando seu corpo em chamas. - Tudo bem. Vai ficar me devendo... Com juros viu, mocinha! - Felipe disse, sorrindo de lado, extremamente malicioso.

Shirlei ruborizou, mas quase disse para eles irem pra casa, já que também não via a hora de pagar a ele sua dívida, se não fosse o garçom ter chegado.

Minutos depois de Felipe ter feito o pedido, ele pegou a carteira diante do olhar de estranhamento de Shirlei. E de lá retirou uma folhinha seca, mostrando pra ela em seguida.

– Lembra disso? - Ele questionou.

Ela segurou a folhinha, com a testa franzida, tentando relembrar alguma coisa que remetesse àquela folhinha mas nada lhe vinha a mente.

– Desculpa, mas não.

– Lembra de um passeio de moto que a gente fez? - Ela assentiu com a cabeça - Então você deve lembrar que eu peguei uma folhinha pra fazer carinho no seu rosto.

Shirlei abriu um sorriso, fascinada.

– Ai meu Deus! Não me diga que... Essa é a folhinha...? - Felipe assentiu sorrindo. - Príncipe, você não existe!

– Naquele dia eu pensei que eu queria guardar o máximo de coisas que me fizesse lembrar dos momentos felizes com você. Aí eu acabei guardando essa folhinha. Eu sou um bobo, né? Pode dizer.

– O bobo mais lindo e apaixonante do mundo. - Shirlei disse, com lágrimas no olhos e abraçando-o, beijou-o com sofreguidão.

Após isso, os dois conversaram sobre a vida, trocaram carinhos e comeram o Ceviche Chileno regado a suco de uva já que Shirlei não podia beber.

Quase duas horas depois, Felipe levantou a mão para chamar o garçom para pedir a conta quando Shirlei falou:

– Príncipe, enquanto você pede a conta, eu vou ao banheiro rapidinho, tá?

Felipe assentiu com a cabeça e depois de receber um beijinho os lábios, Shirlei partiu em direção ao banheiro.

O problema foi que no caminho, Shirlei acabou, sem querer, esbarrando em uma pessoa, um homem para ser mais específica, e derrubando toda sua bebida em sua camisa.

– Ai meu Deus, me desculpa! Como eu sou desastrada! Molhou muito? - Shirlei questionou tentando limpar com a própria mão, tentando amenizar o que fez, como se adiantasse alguma coisa.

– Não, não! Deixa isso pra lá. Não foi sua culpa! Eu que acabo não olhando pra onde ando e... - O homem disse sem olhar para a garota a sua frente até que quando levantou a cabeça e seu olhar se cruzou com o dela, seus olhos arregalaram e ele ficou branco como um giz - Shirlei??? Mas como? Você? Aqui?

Shirlei piscou várias vezes tentando reconhecer aquele homem que parecia conhecê-la muito bem.

– Espera. Você me conhece?

O homem que tinhas olhos claros, pois só agora Shirlei havia reparado, ficou paralisado por alguns segundos até que saiu do transe.

– O quê??? S...Sim. Quer dizer, Não! Não. Eu não te conheço. Eu nunca te vi na vida! - Shirlei Franziu a testa e diante daquilo, o homem passou por ela correndo como um louco, desaparecendo como num passe de mágica da sua frente.

– Tá tudo bem, princesa? - Felipe perguntou, segurando o ombro de Shirlei por trás.

Shirlei respirou aliviada e se virando para o namorado, se jogou em seu braços, que a a aconchegou, preocupado.

– Tá, príncipe. Só me abraça. Por favor. Me abraça.

Shirlei estava assustada. Quem era aquele homem afinal? E de onde ele a conhecia?


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Quando o Amor acontece" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.