Quando o Amor acontece escrita por Lizzy Darcy


Capítulo 36
Capítulo 36




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Trigésimo Sexto Capítulo ❣️

Shirlei se levantou, ficando de frente para o namorado enfurecido. Ela estava linda, e esse acabou sendo mais um detalhe que o deixou ainda mais possesso, pensar que sua namorada teve o descaramento de se arrumar para outro homem que não fosse ele.

– Fica calmo, príncipe! - Ela disse, olhos arregalados, com as mãos espalmadas no tórax dele. - Não é nada disso que você tá pensando.

Ele se afastou dela e emitiu uma risada sarcástica, levando-a a franzir o cenho.

– Engraçado isso, né, princesa?! Você já percebeu que todas as vezes que alguém tá fazendo alguma coisa errada, essa é a primeira frase que ela tem coragem de dizer?

Shirlei respirou fundo, buscando se acalmar.

– Príncipe, eu não estou fazendo nada de errado. E sinceramente, ironia não combina muito com você, então... Se você puder me deixar explicar, eu...

– Você o quê? - Felipe perguntou interrompendo-a e fuzilando-a com o olhar, braços cruzados.

– Olha só, vocês dois - Tarcisio falou, chamando a atenção dos dois que até já tinham se esquecido de sua presença ali. - Já tá ficando tarde e eu tenho mesmo que ir, então se me derem licença, vou deixá-los a sós para que possam resolver seus... Probleminhas. - Tarcisio se levantou, colocando uma certa quantia de dinheiro em cima da mesa suficiente para pagar toda a conta, mas antes de se retirar, ainda dirigiu algumas últimas palavras a Shirlei: - Ah, e quanto ao que conversamos, não se preocupe, não mudei de ideia, você me convenceu, nos falaremos depois para acertarmos os detalhes. Boa noite, Shirlei, foi um imenso prazer jantar com você essa noite.

Felipe estreitou os olhos e apertou os punhos diante dessa ultima frase e já ia partindo para cima de seu rival se não fosse Henrique ter chegado e segurado seus braços.

– Eu vou te mostrar o imenso prazer de jantar com a minha namorada e... Me solta, Henrique! Me larga, droga!

– Cara, relaxa aí, que eu só quis ser educado. - Explicou Tarcisio. - E, se serve de conselho, larga mão de ser ciumento, cara, porque você não faz ideia da sorte que tem! - Concluiu e ajeitando o colarinho, deu um sorriso formal para Shirlei e foi embora.

Henrique ainda segurou o amigo por alguns minutos e só o soltou quando teve certeza de que Tarcisio tinha atravessado a porta do barzinho e dado partida em seu carro.

– Pronto, amigão, agora você pode se resolver aí com a sua namorada enquanto eu vou ali beber o resto do meu chope, mas oh - Henrique baixou um pouco a voz, falando apenas com o amigo - vê se se acalma e não fala nada de que se arrependa depois. - Deu duas batidinhas no peito do amigo e depois de dar um meio sorriso para Shirlei, saiu, deixando o casal sozinho.

– Será que agora a gente pode conversar? - Shirlei pediu, calma, quebrando o pequeno silêncio que se seguiu à saída de Henrique.

– Claro, se você prometer que não vai mais mentir pra mim.

Shirlei revirou os olhos, impaciente.

– Mas, príncipe, será que dá pra você me dizer em que momento em menti pra você?

Felipe pousou as mãos na cintura, também demonstrando impaciência.

– No momento em que me disse que tinha um compromisso.

– E o que você acha que era isso?

– Tá certo. Isso era o seu compromisso. Ok. Então por que você não me disse que era com esse cara?

Shirlei respirou fundo.

– Por que você não me perguntou? - Respondeu ela como se fosse o óbvio.

Felipe estreitou os olhos, começando a se irritar com o rumo daquela conversa.

– Quer dizer que se eu tivesse perguntado você teria me dito?

– Talvez não. - Respondeu na lata, levando Felipe a arregalar os olhos.

– Ah, então agora você admite que mentiu pra mim? Que me escondeu esse seu compromisso e...

– Eu não disse isso. - Shirlei falou, interrompendo-o. - Eu talvez não dissesse porque eu sabia que você reagiria dessa forma quando eu dissesse. E também porque eu não acho que só porque somos namorados eu tenha que dar satisfações de tudo que eu faça ou deixe de fazer na minha vida.

– É, mas bem que eu te disse que eu vinha tomar um chope com o Henrique hoje a noite. Você ia gostar se eu não tivesse dito?

– Príncipe, você não precisava ter dito. Você e o Henrique são amigos bem antes de nos conhecermos, claro que em algum momento, vocês vão querer ter um momento de vocês e eu não vou interferir... Você é livre, príncipe, assim como eu também sou. E é essa liberdade que eu quero que nos una, não a obrigação de ficarmos juntos. Isso nunca!

– Princesa, você se sente obrigada a ficar junto de mim, é isso? - Felipe perguntou, preocupado.

Shirlei sorriu e se aproximando dele, fez um carinho em seu rosto com uma das mãos.

– Claro que não, príncipe. Os nossos momentos juntos são os melhores pra mim, os mais perfeitos... O que eu tô querendo dizer é que a gente tem uma vida juntos, mas também tem uma vida separados. E ambas devem ser administradas de forma saudável para que uma delas não atrapalhe ou sufoque a outra, entende?

Felipe baixou o olhar, envergonhado.

– Entendi. Mas é que... Princesa, logo com esse cara? Um cara que você mal conhece. - Pausou, tomando fôlego - O que você tinha de tão importante pra falar com ele? Aliás, você tem algum assunto pra tratar com ele? Que detalhes são esses que vocês têm que acertar, será que eu posso saber?

Shirlei olhou de lado. E agora? Como sair dessa? Não iria estragar a surpresa, mas não iria mesmo!

– Príncipe, você não entendeu nada mesmo, né?! - Teve de dizer isso. Se fosse outra coisa, teria dito para o namorado sem problemas, mas tratava-se de uma surpresa para ele, então o melhor era recomeçar a briga, infelizmente.

– Princesa, tenta se colocar no meu lugar. Imagina se você chegasse aqui e ao invés do Henrique, você me visse com a Helô... Você ia gostar?

– Não iria gostar. Mas... Eu não estaria brigando com você e nem perguntaria nada do que vocês conversaram ou deixaram de conversar. Sabe por quê? Porque eu confio em você.

Felipe fez uma careta, incrédulo.

– Ah tá, com certeza você faria isso...

– Você quer uma prova disso? Então lá vai uma... Lembra quando você me perguntou o que eu tinha dito a Helô que a fez calar a boca e sair lá da minha casa frustrada? - Felipe esperou a resposta, curioso. - Eu disse a ela que eu te amava tanto ao ponto de confiar e me sentir segura o suficiente para, mesmo que eu a visse nua em sua cama, eu acreditar em você e não nos meus olhos. E você sabe o quanto isso foi difícil pra mim, não sabe? - Felipe arregalou o olhar se sentindo um lixo diante daquela declaração. - Mas... Pelo que eu tô vendo o pensamento não é reciproco. Você não confia nem um pouquinho em mim, mesmo que eu nunca tenha te dado motivos para duvidar. - Concluiu Shirlei e Felipe preferia ter levado um tapa na cara a ouvir aquelas palavras.

Felipe ficou em silêncio por alguns segundos, com os olhos vidrados no chão, tempo suficiente para Shirlei pegar a sua bolsa que estava pendurada na cadeira e posicionar no ombro.

– Princesa, eu... - Felipe levantou o olhar e começou a falar, quando percebeu Shirlei passando ao seu lado para ir embora. Imediatamente segurou seu braço sem machuca-la, impedindo-a. - Não! Espera! Cê tá indo pra onde?

Shirlei olhou pra mão dele que segurava seu braço, para em seguida voltar seu olhar para os olhos dele que estavam completamente sem graça. Seu coração disparou. Teve vontade de abraçá-lo e beija-lo ali mesmo, mas precisava ser firme senão ele voltaria a perguntar sobre a conversa com Tarcisio.

– Pra... Pra casa. - Foi só o que respondeu, a voz quase falhando pela vontade de ficar ali com ele.

– Tá... Eu te deixo lá. Só vou ali falar com o Henrique e...

– Não. - Ela falou, interrompendo-o. - Eu vim com meu carro. - Ele nunca se arrependeu tanto de ter dado aquele maldito carro pra ela. - Além disso, eu quero... Ficar sozinha.

A adrenalina ganhou o sangue de Felipe, fazendo seu coração dar um pulo e sua respiração aumentar o ritmo.

– Princesa, você não tá pensando em... - Ele engoliu a seco, tentando esconder a emoção que começava a querer transbordar através de seus olhos - Terminar comigo, tá?

Shirlei engoliu a seco, encarando-o com intensidade, então se aproximando dele, pousou a mão em sua nuca, fazendo um carinho de leve ali que fez sua espinha se eletrizar.

– Claro que não, príncipe. Eu te amo demais pra fazer isso, mas nesse momento tô bem chateada. Então acho melhor a gente se falar amanhã com a cabeça no lugar, tá certo?

Mesmo não concordando, Felipe concordou com a cabeça. Então Shirlei, surpreendendo-o, puxou-o pela nuca e encostando seus lábios nos dele, beijou-o, permitindo que sua língua acariciasse a sua bem devagar. Em resposta, Felipe segurou o rosto dela entre as mãos, numa tentativa de aprofundar o beijo e prendendo-a para que ela não parasse. Em vão, pois Shirlei retirou as mãos dele do rosto dela e descolou os lábios com dificuldade. Muita dificuldade. E ele nem imaginava o quanto.

– Er... Eu... tenho que ir... - Shirlei falou, a voz ofegante. Os olhos dizendo completamente o contrário.

– Não, princesa, fica. - Felipe pediu, a voz falhando, quase implorando, segurando a mão dela e encarando seus olhos com intensidade, com desejo...

Diante daquele olhar, Shirlei ainda deu um passo na direção dele, que ficou esperançoso, mas refletindo melhor, balbuciou suas últimas palavras, se soltou dele, e saiu sem olhar pra trás antes que se arrependesse.

– Boa noite... Felipe.

Felipe ainda deu alguns passos na direção dela, mas foi impedido por Henrique que segurou seu punho.

– Deixa, amigão. Amanhã é outro dia. - Henrique falou, numa tentativa de consolar o amigo.

– Você ouviu? Ela me chamou de Felipe. - Ele falou, aqui nada olhando para porta por onde sua namorada tinha atravessado sem olhar pra trás. Aquilo doeu com um lança atravessando o coração dele.

– Foi, cara. Ouvi sim. - Henrique concordou, segurando o ombro do amigo, solidário a sua dor. - Então pelo visto hoje cê vai ter que se conformar em dormir sozinho. Quer que eu vá dormir com você? Só num prometo dormir de conchinha.

Felipe olhou o amigo de esguelha, fuzilando-o.

– Henrique, vai ver se eu tô na esquina, vai! - Resmungou e empurrando o amigo, saiu batendo o pé ainda nem sabendo pra onde. Henrique foi atras dele, pois apesar das brincadeiras, estava com o amigo para o que der e vier. Não sairia do lado dele por nada.

***************************************

Três horas depois do ocorrido no barzinho, Shirlei já estava dormindo depois de muita dificuldade, quando escutou o barulho de pedrinhas sendo jogadas em sua janela. Despertou, chateada, com Carmela resmungando.

– Droga de moleques chatos! Por isso que eu odeio morar nessa vila chinfrim Vê se no jardins a gente ia acordar à meia noite com um bando de moleques jogando pedrinha na nossa janela...? - Carmela resmungava, usando um dos travesseiros para tapar os ouvidos.

Shirlei acendeu o abajur, piscando os olhos que ardiam para se adaptar à luz quando viu um travesseiro voando em sua direção, com certeza lançado por Carmela.

– Ai, Carmela, tá maluca?! - Reclamou Shirlei quando o travesseiro bateu nela.

– Não! Mas vou ficar se esses moleques não pararem de jogar essas porcarias de pedrinhas na janela. Vai lá, vai! E pede pra eles pararem!

– Eu??? - Shirlei questionou, indignada. Mas ao perceber que discutir com sua irmã só a faria se estressar, Shirlei se sentou na cama, vestiu seu rob, calçou suas pantufas e foi até a janela pronta para dar um passa fora nos tais moleques. Mas qual não foi sua surpresa ao vir que quem atirava as pedrinhas não era moleque nenhum e sim... seu namorado, Felipe. Abriu a janela, olhando para ele, indignada. - Tá ficando doido? O que cê tá fazendo aqui? - Shirlei perguntou, a voz saindo um pouco mais baixa do que o normal para que Carmela na desconfiasse.

– Desce pra gente conversar. - Felipe respondeu de forma natural.

– E qual foi a parte do "a gente conversa amanhã" que você não entendeu?

– Princesa, entende uma coisa, eu só vou sair daqui quando a gente conversar, então acho melhor você descer... ou você gosta de dormir escutando o som de pedrinhas batendo em sua janela?

Shirlei bufou, impaciente.

– Tá certo, você venceu. Vai pra porta que eu chego já lá.

Felipe sorriu meio de lado e saiu. Ao mesmo tempo, Shirlei revirou os olhos e fechando a janela foi saindo do quarto quando escutou a voz de sua irmã.

– Quê que foi? Tá indo pra onde?

Shirlei parou quase que instantaneamente, começando a ficar nervosa.

– Er... Na cozinha. Beber água. Com tudo isso, acabou me dando sede.

– Tá bom então. Agora pelo amor de Deus quando voltar vê se não faz barulho porque eu não sei se você sabe mas a sua querida irmãzinha Tancinha inventou de viajar e me deixou encarregada daquela maldita Cantina.

– Maldita Cantina essa que paga essas roupas, sapatos e perfumes caríssimos que você compra!

– Ah, num enche, Shirlei! - Resmungou Carmela, virando para o outro lado, o que deu espaço para que Shirlei pudesse finalmente sair do quarto.

Chegando lá em baixo, Shirlei abriu a porta e se deparou com um Felipe que lhe pareceu mais jovial do que de costume, vestido com uma calça de moletom cinza, uma regata preta e uma casaco moletom também cinza por cima. Ele estava com as mãos enfiadas nos bolsos do casaco e os cabelos estavam desgrenhados, dando a impressão de que ele tivesse tentando dormir, mas até então não tivesse ainda conseguido e passara a noite inteira se revirando na cama. Ela estava certa.

– Oi, princesa. - Ele cumprimentou e deu um beijo no rosto dela, lábios quente e úmidos. - A gente pode conversar? - Pediu, expressão quase que infantil.

Shirlei deu um suspiro profundo e apertou o laço de seu rob antes de responder.

– Felipe, eu achei que tivesse sido muito clara quando...

– Não, não! - Felipe exclamou, interrompendo-a e gesticulando com as mãos, agoniado. - Não me chama de Felipe, por favor! Isso é demais pra mim. Sério. Me chama de príncipe, por favor?! - Felipe pediu, as mãos fechadas em oração na altura de seus lábios.

Shirlei deu uma risadinha. Nunca imaginou que aquilo pudesse afeta-lo tanto.

– Tá certo. Príncipe. Tá bom assim? - Ele sorriu, um sorriso que fez o coração dela se derreter. - Mas... Enfim, o que eu tô tentando dizer é que a gente combinou de conversar amanhã, não foi?

– Não senhora. Você quis conversar amanhã. Eu só concordei porque você quase não me deu escolha. Mas a verdade é que... Eu num vim aqui pra conversar... - Felipe coçou a nuca sem graça.

Shirlei engoliu a seco e apertou outra vez o seu rob. Aquilo estava se tornando um tic ou ela estava com medo de que a qualquer momento ele fosse retirá-lo dela?

– Ah não...? E veio pra quê?

– Eu vim porque... Princesa, eu não consigo dormir sem você.

Shirlei engoliu a seco e se coração disparou. Não podia mentir para si mesma que achava lindo o fato de seu namorado ter esse problema de não conseguir dormir sem ela. Mas e Dona Vitória? Credo!

Cruzou os braços para deixar bem clara sua posição em relação ao que ia dizer.

– Príncipe, eu não vou dormir na sua casa com sua mãe lá. Mas não vou mesmo! Dessa vez não!

– É, eu imaginei que você fosse dizer isso. Então eu pensei que... Eu pudesse dormir aqui... Com você.

– Príncipe, eu já te disse um milhão de vezes que eu durmo com a Carmela e...

Antes que Shirlei pudesse continuar, Felipe pegou a mão dela, com carinho, interrompendo-a.

– Eu sei, eu sei, você já disse isso. Mas se você deixar, eu... Prometo que eu fico bem quietinho. Que eu me comporto e a Carmela nem vai notar que tô lá com você. - Pausou para tomar fôlego e nesse intervalo, ele aproveitou para fazer um carinho com o polegar na mão dela. O danado sabia mesmo como seduzi-la - Tudo que eu quero é dormir do seu lado, sentir teu cheiro... Pra ter certeza que nada mudou entre a gente. Por favor.

O tórax de Shirlei começou a subir e a descer por conta da respiração que se acelerou um pouco mais. Como dizer não a aquele homem, como?

– Eu não sei quem é mais louco aqui se é você que veio bater aqui na minha porta pra me pedir pra dormir comigo aqui ou se sou eu que vou aceitar.

Felipe deu um sorriso bem aberto. Não conseguiu esconder sua satisfação.

– Mas que fique bem claro - Continuou ela e Felipe fechou os lábios para disfarçar um pouco - Que hoje a gente só vai dormir. Não só por causa da Carmela, mas também porque eu continuo chateada com o que houve hoje. Tudo bem pra você?

Felipe olhou de lado, depois deu um meio sorriso, sabendo que aquela promessa seria uma das mais difíceis de se cumprir de toda a sua vida.

– Por mim será como você quiser, princesa.

– Ótimo. Agora... Vem comigo. Mas em silêncio pelo amor de Deus! - Shirlei instruiu e foi na frente seguida de perto por Felipe.

Os dois subiram as escadas quase na ponta dos pés e tiveram de se segurar para não dar uma bela risada quando um dos degraus fez um barulho estranho.

Ao atravessarem o corredor e antes de entrarem no quarto, Shirlei parou para dar umas últimas instruções para Felipe.

– Príncipe, acho melhor você tirar esse casaco. É que meu quarto é bem simples e... bom... a gente não tem ar condicionado, então pode ser que esteja quente, enfim...

Felipe sorriu com ternura.

– Sem problema, princesa. - Ele disse e após descer o zíper do moletom, retirou-o, ficando apenas com a regata preta. Entretanto ao vir o olhar de desejo que sua namorada lançou para os seus músculos, puxou a regata abruptamente, deixando seu tórax nu a mostra. Shirlei arregalou o olhar, engoliu a seco e passou a mão na nuca como que enxugando um suor invisível. - Vai que tá calor demais, né?

Shirlei demorou um pouco a responder, pois sua mente estava presa ao desejo de estar nos braços musculosos de seu namorado.

– Hã? Ah, é. - Fez um ruído na garganta, limpando-a - Tá calor sim, quer dizer... Vai que tá.

– Melhor você tirar o seu rob também. - Sugeriu ele, olhar malicioso.

– Cl-claro. - Gaguejou ela, começando a desatar o nó do rob que, para sua surpresa, de tanto apertar não conseguia desfazer. - Droga! Parece que num quer sair! - Reclamou ela.

– Deixa que eu faço isso pra você. - Felipe disse e antes que ela pudesse protestar, ele segurou o nó do rob e puxou, fazendo Shirlei dar alguns passos em sua direção, atrapalhada, colando seus seios ao tórax dele, que se acenderam automaticamente, ficando túrgidos. Ela ficou o tempo todo olhando as mãos habilidosas dele tentando retirar o nó porque se olhasse para ele sabia que não resistiria e cairia em tentação. Não era de aço. Felipe, por sua vez, depois de terminar seu serviço, ainda segurou as lapelas do rob e puxando-as lentamente, deslizou-as pelos ombros da namorada, fixando seu olhar abrasador no dela. - Prontinho, mocinha. - Começou a sussurrar ele, lábios entreabertos - E agradeça por eu ser bem obediente, senão... Não tinha Carmela ou promessa que me segurasse, se é que você me entende... - Finalizou, roçando o nariz numa das faces de Shirlei, que ficou com as pernas tão moles que Felipe teve de segura-la pra que ela não caísse. Ele sorriu de lado e ela ficou extremamente vermelha.

Por fim, com o dedo nos lábios pedindo silêncio, Shirlei entrou no quarto junto com Felipe e os dois deitaram na cama de solteiro dela e se cobriram bem com o edredom. Ao contrário do que imaginaram, estava frio. Como combinado, Felipe ficou no seu lugar sem toca-la. Mas ela não falou nada sobre olhar, então durante alguns minutos ele ficou observando-a dormir ou fingir que estava dormindo já que ninguém consegue dormir em segundos. Até que ela abriu os olhos e seus olhares se encontraram, fazendo seus corações dispararem. Ele sorriu. Então agoniada, ela se virou para o outro lado, ficando de costas para ele. Suspirando, Felipe ensaiou diversas vezes levar a mão até os cabelos dela e fazer um carinho, mas todas as vezes que levantava a mão, lembrava do que ela dissera lá embaixo e desistia. Então sem remédio, pousou o braço sobre o olhos e tentou dormir, pois pelo menos o cheiro dela, ele podia sentir e isso não tinha preço.

Uma hora depois, o celular de Carmela vibrou em sua cama insistentemente. Por mais que ela não quisesse ver de quem se tratava, ficou curiosa e acabou abrindo um de seus olhos para dar uma rápida espiada. Vai que fosse importante! E era. Abriu o outro olho. E se sentou na cama, colocando o celular no ouvido.

– Alô! Espera um pouco que eu tô no quarto e não posso atender aqui, mas fica na linha... Não desliga! - Carmela disse, com os lábios colados no bocal do celular para que sua irmã não escutasse. Então se levantando, nem olhou para cama de Shirlei e saiu correndo do quarto.

Felipe, que ainda não estava em seu sono profundo, não escutou o que Carmela disse no celular, mas sabia muito bem que ela tinha saído e viu aquilo como uma chance. Uma ótima chance.

– Princesa. - Sussurrou ele, cutucando a namorada na cintura, de leve. - Ow princesa.

Shirlei se remexeu, incomodada e sem se virar pra ele ou abrir os olhos, repreendeu-o com a voz extremamente baixa:

– Ssshhh, príncipe! Desse jeito vai acabar acordando a Carmela.

– A Carmela saiu. Parece que foi atender o celular. Estamos sozinhos. - Felipe fez questão de dizer essa última frase para que ela sentisse algo. E ela sentiu um frio na barriga inexplicável. Mesmo assim não se atreveu a se virar para ele. Então foi aí que sentiu quando ele começou a enroscar os pés dele nos dela, friccionando-os.

– Quê que cê tá fazendo, príncipe? - Ela questionou, já imaginando onde aquilo poderia parar se ela não desse um basta, pois seu corpo começava a responder a cada toque dele, inflamando-se.

– Tô com frio. - Foi só o que ele respondeu, voz maliciosa.

Shirlei revirou os olhos, sorrindo.

– Quer mais lençol pra se cobrir? - Perguntou, mas até já imaginou qual seria a resposta de seu namorado que veio logo em seguida rente ao seu ouvido, lábios tocando sua orelha, causando um arrepio em sua espinha.

– Não, princesa. Eu quero você.

– Príncipe, cê sabe que a gente não pode. A Carmela saiu, mas pode chegar a qualquer momento e... - Pausou instantaneamente, tendo que morder o lábio inferior quando sentiu a mão de Felipe acariciar a sua coxa e subir até a altura de seu ventre e seios, parando ali para tocar e acariciar cada um deles de uma maneira que só ele sabia fazer. Enquanto com a outra mão, ele afastou os cabelos dela de seu pescoço e roçando seus lábios ali levou-a a loucura. - Che-chega, príncipe! Aqui... não! Por... favor! - Pedia ela, ofegando.

– Não? Tem certeza? Vai dizer que você não gosta? - Sussurrou ele no ouvido dela, levando-a a morder o lábio inferior com mais força ainda. - Quer que eu pare? Eu paro. Mas é você quem tem de dizer.

Mas quem disse que a essa altura, Shirlei conseguia dizer alguma coisa, se ela soubesse o nome dela já era de grande ajuda. Ainda mais quando ele começou a descer a mão do ventre dela e adentrou sua calcinha, encontrando seu recôndito escondido e começou a acaricia-lo. Shirlei se retesou inteira e já começava a gemer mesmo sem querer.

– Melhor ficar quietinha, mocinha. Você não quer que a Carmela ouça, quer? - Felipe provocou, sorrindo malicioso e Shirlei teve vontade de matá-lo, pois se era ela quem estava levando-a a loucura, ainda era repreendida. - Vira pra mim, vai! Quero você e quero agora!

Aquilo foi quase que uma ordem e Shirlei não resistiu, afinal já estava mais do que preparada para recebê-lo. Então se virou para ele, olhos de puro desejo que se encontraram com os dele que estavam tanto quanto os dela.

– Príncipe, não sei se é uma boa ideia... - Shirlei ainda tentou argumentar, mas Felipe não estava pra brincadeira e se posicionando em cima dela, primeiramente rasgou sua calcinha com os dentes, depois se livrou de sua calça e cueca. Então segurando seus punhos ao lado de sua cabeça, encaixou seu membro dentro dela de modo perfeito como sempre.

– É sempre uma boa idéia, princesa. A única diferença dessa vez é que não tem preliminares, e... É bom gritar um pouco baixinho dessa vez... - Ele instruiu e começando a dança erótica dentro dela, sabia que ela não ia aguentar, então tentava sufocar os gritos dela com beijos e também algumas vezes permitindo que ela mordesse sua mão. Nesse joguinho, seus corpos ficaram mais suados do que o normal, pois além do tesão, existia a tensão de a qualquer momento serem pegos por Carmela.

Enquanto isso, no andar de baixo, Carmela continuava sentada no sofá falando ao celular avessa a tudo que acontecia no andar de cima.

– Então, será que você conseguiu entender tudo direitinho ou quer que eu desenhe? Você só tem que conseguir os exames que eu te falei. Mas é claro que o Giovanni também tem que acreditar, né, sua anta! Mas, oh, o principal é a mosca morta da minha irmãzinha acreditar... E lembre-se, você tem um grande trunfo nas mãos que é a dívida de gratidão que ela tem com você e... Espera um minutinho aí - Carmela pediu para Adônis e tirou o celular do ouvido porque teve a leve impressão de ter ouvido um ruído estranho, aliás estranhíssimo vindo de seu quarto. De repente, o ruído parou e ela voltou a falar ao telefone. - Sim, onde a gente estava? Não, eu achei que tinha escutado um barulho de... Enfim, deixa pra lá, a mosca morta não seria maluca de... Enfim... Ai Adônis, eu chamo a minha irmãzinha do jeito que eu quiser, larga mão de ser insuportável! Agora... O importante é que você tenha entendido tudo, mas tudo mesmo e o resto pode deixar comigo que eu sei bem como conseguir a primeira parte do plano. Entendeu né? Agora para de me ligar porque tá dando muito na cara! Imagina se ela desconfia... Tá certo? Não sei pra quando? Mas é pra breve. Não se preocupe que eu te aviso quando a ave bater asas. Outro pra você! Tchau! - Desligou o celular e depois de dar um sorriso maquiavélico, subiu as escadas de volta para o quarto.

O ruído do degrau velho fez com que Shirlei e Felipe soubesse que Camela estava de volta, então imediatamente e ao mesmo devagar, depois de vivenciarem um belo orgasmo, Felipe foi saindo de dentro da namorada logo depois de dar um beijinho em sua testa molhada de suor.

– A gente só pode ser louco... - Shirlei balbuciou para o namorado, aconchegada nos braços dele.

– Um pelo outro. - Ele balbuciou de volta, os lábios ainda tremendo.

Carmela entrou no quarto e antes de deitar na cama, deu uma espiada na cama da irmã que parecia ter um volume maior como se houvessem duas pessoas ali, mas sua Shirlei não seria maluca de... Ou seria? Balançou a cabeça, negando para si mesma e se enfiando debaixo dos lençóis se entregou ao sono assim como o casal que dormiu bem agarradinho, até mais agarradinho do que de costume, pareciam um só. E a verdade é que era um só.

***************************************

No dia seguinte, Carmela foi a primeira a acordar e levantar, pois queria ser a primeira a usar o banheiro para sorte de Shirlei.

– Acorda, Príncipe! - Shirlei cutucou o namorado assim que viu a irmã saindo do quarto. - Acorda! Rápido!

– Huuuuuum - Gemeu ele, protestando. - Agora não, princesa. Vem cá, vem! - Ele disse, puxando-a de volta para seus braços.

Shirlei teve bastante dificuldade para se livrar daqueles braços musculosos, mas enfim conseguiu.

– Príncipe, é sério! Acorda! A Carmela saiu para o banheiro e não deve demorar então é o tempo que você se veste e vai embora sem que ela te veja!

Felipe abriu os olhos com dificuldade e se espreguiçou então se sentou na cama todo preguiçoso. Mas antes de levantar, puxou-a para seu colo, que deu um gritinho de susto.

– Eu vou, mas antes... Cadê meu beijinho de bom dia, hein? - Shirlei deu um selinho rápido nele e já ia saindo do colo dele quando sentiu Felipe segurando-a firme - Beijo xoxo esse. Quero um beijo pra acordar... Beijo revigorante!

– E existe esse? - Shirlei questionou, a testa franzida.

– Existe. - Respondeu ele, a voz maliciosa. - Quer experimentar? - E antes que ela pudesse responder, ele já abocanhava os lábios dele, sugando a língua dela e tomando todo o ar que havia em seus pulmões. - Viu? Beijo revigorante.

Shirlei ficou com os lábios entreabertos e entumecidos por alguns segundos e meio aérea até que se lembrou de onde estava, então se levantou de supetão.

– Tá bom. Já deu beijo revigorante. Então veste sua roupa e vai embora antes que a Carmela volte pelo amor de Deus!

Felipe riu da agonia da namorada, então vestiu a roupa e como se estivesse nas nuvens, deu um último beijo na namorada e se despediu.

– Pela janela ou pela porta?

– Pela porta. Mas toma cuidado pra ninguém te vê. Por favor! - Implorou a namorada com as mãos em oração.

– Ninguém me vê. Entendido. - Felipe brincou e foi saindo pela porta - Bom dia, Dona Francesca!

Shirlei arregalou o olhar para mãe e para o namorado, que deram uma risadinha ao mesmo tempo.

– Bom dia, Felipe! Ma você não vai tomar café com a gente?

– Não posso. Sabe o que é? A Shirlei falou pra eu sair sem que me visse, então... Melhor obedecer, né?

– Verdade, meu filho. Tenha um bom dia!

– A senhora também. - Felipe disse e dando um beijo no rosto da sogra saiu todo sorridente, indo embora.

– Mãe, eu posso explicar... - Shirlei começou a falar, mas foi logo interrompida pela mãe.

– O quê? Que o seu namorado dormiu aqui? Ma já não era sem tempo, né? Toda vez era você quem dormia lá. Café tá na mesa, avisa Carmela. - Disse e depois de piscar um olho para filha, acrescentou - Esse é o fogo que eu te falei que eu tinha com o meu Guido. Agora eu acho que você entende, né?

Shirlei sorriu, concordando. Então sua mãe saiu e quem entrou foi Carmela com uma toalha branca amarrada no corpo.

– A mãe falou que o café tá na mesa. - Shirlei avisou e pegando uma toalha se dirigiu para fora do quarto - Minha vez de tomar banho.

Sozinha no quarto, Carmela estava enxugando os cabelos que ando seus olhos foram atraídos por um tecido preto no chão perto da cama de Shirlei. Foi até lá e pegando a peça, percebeu perplexa que se tratava de uma cueca bóxer. Irritada, ainda viu na cama a calcinha rasgada de Shirlei. E só podia concluir que aquele ruídos da noite anterior eram exatamente do que ela estava pensando. Ficou tão furiosa, mas tão furiosa por ter sido enganada debaixo do próprio nariz que segurando o abajur, jogou-o contra a parede, estilhaçando-o em milhares de pedaços.

– Você me paga, mosca morta! Eu juro que você me paga! - Esbravejou fungando como um animal selvagem que acabara de ser ferido.

***************************************

– Então, príncipe, qual é a minha surpresa do décimo quarto dia? - Shirlei perguntou quando ela e Felipe chegaram no lugar onde Felipe a levou naquela tarde. Os olhos dela estavam fechados pelas mãos dele.

– Isso aqui. Espero que goste. - Felipe disse, retirando as mãos dos olhos dela, que se depararam com duas bicicletas. Eles estavam em um parque lindo e arborizado. - Isso é para que você saiba que eu faço tudo com você. Desde a coisa mais incrível, como uma viagem a Paris como a mais simples que é andar de bicicleta em um parque. Porque o que importa pra mim não é o lugar nem o que a gente vá fazer, o que importa é que seja com você.

Shirlei sorriu, apaixonada pelas palavras e jogando-a os braços ao redor do pescoço dele o abraçou com força, enchendo-nos de beijos por todos os lados. Em resposta, ele enlaçou a cintura dela.

– Eu já disse que te amo hoje?

– Hoje não. - Ele respondeu, manhoso.

– Pois eu te amo hoje.

– Só hoje? - Provocou, ainda mais manhoso.

– Hoje e sempre.

– Ah... Melhorou! - Eles riram e se beijaram apaixonadamente.

– Huuuuum, aposto que você não me vence em uma corrida de bicicleta? - Shirlei provocou.

– Aposto o dobro. Mas antes... Seu berloque. - Era uma bicicletinha, que ele encaixou em sua pulseira para em seguida os dois se darem as mãos e correrem para pegarem suas bicicletas e se divertirem, apostando corridas e trocando beijinhos.

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Já eram três e meia da tarde quando o casal, cansado de andar de bicicleta, sentou em uma cadeira dessas de pracinha, abraçadinhos, para tomar um sorvete. E foi nesse climinha que o celular de Shirlei vibrou.

– Ah, espera, preciso ver essa mensagem que chegou. - Shirlei se levantou abruptamente e pegou o celular, então depois de ler a mensagem, encarou o namorado, sorrindo com os olhos - Você pode me levar em um lugar?

Felipe Franziu a testa.

– Claro, princesa. Mas tem que ser agora? E que lugar é esse?

Shirlei se levantou e pegando a mão dele, puxou-o, tal qual uma criança sapeca.

– Agora. E não. Você não pode saber onde é.

– Tá. E como eu vou saber como chegar lá?

– Eu vou te guiando. - Shirlei disse, o sorriso estampado em seu rosto.

– Por que eu acho que isso tá super estranho? - Felipe questionou quando se levantou, já caminhando com ela em direção ao carro.

– Porque você é muito desconfiado. Mas... Agora é minha vez de dizer, larga mão de ser curioso e só confia em mim, tá bom?

Felipe Franziu a testa, cada vez mais confuso com o que estava acontecendo, mas a alegria da sua banho rada era tão contagiante que ele não quis mais questionar e dando partida no carro, o casal seguiu rumo a seja lá o que fosse que Shirlei estava escondendo dele.

Uma hora e meia depois, o carro de Felipe estava atravessando uma estrada de barro para finalmente chegar ao seu destino final, pelo menos foi o que sua namorada gritou quando eles chegaram.

– É aqui! - Shirlei falou, entusiasmada. depois virou a cabeça de lado e acrescentou: - Quer dizer, eu acho.

– É aqui ou não, princesa? - Felipe questionou um pouco sem paciência, afinal ele não fazia a menor ideia de onde estava se metendo.

Mas então cinco minutos depois alguém apareceu para abrir o grande portão do que parecia ser um sítio, ou fazenda ou coisa parecida. Era um homem que por estar portando um chapéu de caubói, no início foi difícil de identificá-lo, mas a medida que o carro entrava na propriedade, a silhueta e semblante se tornavam cada vez mais nítidos. Felipe apertou o volante e só não deu meia volta porque o portão fechou quase de imediato quando eles atravessaram a droga do lugar. Uma armadilha, ele pensou.

– Tarcisio?! Tá de brincadeira, né?! Você me trouxe pra casa do seu amiguinho, Shirlei? Que foi? Deu saudade? - Esbravejou ele em forma de perguntas.

Shirlei arregalou o olhar.

– Príncipe, não começa! E primeiro escuta o que a gente tem a falar pra depois tirar suas próprias conclusões. Você não queria saber o motivo porque eu fui me encontrar com o Tarcisio. Pois então... Agora você vai saber.

Felipe puxou o freio de mão e retirou o cinto, pensando se queria ou não escutar o que eles tinha a dizer a ele. Será que sua Shirlei queria deixá-lo? Não. Ela não seria tão fria ao ponto de tê-lo trazido a um lugar como aquele só pra terminar com ele e... Droga! Como era ruim ser inseguro!

– Boa tarde, Tarcisio! - Shirlei cumprimentou, o sorriso aberto.

– Como vai, Shirlei? E você, Felipe, tá mais calmo? - Ele questionou, sendo interrompido pelo latido de um cachorrinho pequenininho é lindo que ele segurava nos braços. - Ôpa, calma, garota! Eles são amigos! - Tarcisio falou com o cachorro para em seguida se dirigir para o casal - Desculpa, essa daqui é a Bel, ela é a mais nova hóspede do sítio. Ainda não aprendeu a se comportar, então... - Pausou, quando a cachorrinha se agoniou nos braços dele, se libertando e correndo no chão até onde estava Felipe - Olha só, parece que ela gostou de você!

Felipe se agachou e pegando a cachorrinha nos braços, recebeu dela muitas lambidinhas no rosto como prova de amor.

– Oi, garota. Meu nome é Felipe. Também gostei de você, sabia? Muito prazer. - Felipe dizia, fazendo carinho na cachorrinha, que se deleitava. Shirlei sorriu com a amizade dos dois recém adquirida.

– Mas então, Tarcisio, acho que agora tá na hora de contar a esse cabeça dura aqui o motivo da nossa conversa de ontem. - Tarcisio riu e Felipe enrubesceu.

– Bom, Felipe, antes de mais nada, quero que conheça o meu sítio. Tenho certeza que irá gostar muito.

Felipe concordou com a cabeça, então seguindo Tarcisio, ele fez um tour por todo o sítio. Conheceu toda a extensão, as plantações, todos os animais e o casarão. Ficou fascinado. Seus olhos brilhavam a cada passo que dava e seu sorriso era iluminado. Fazia tantas perguntas que muitas vezes achava que estava sendo repetitivo, mas Tarcisio fez questão de responder a todas sem excessão.

Por fim, exaustos, os três se sentaram em cadeiras na varanda do casarão que ficava de frente para o horizonte que dava vista para tudo que tinha no sítio. Era maravilhoso.

– Cara, que demais! Eu nunca vi lugar tão lindo como esse! - Felipe dizia, entusiasmadíssimo - Sério. É maravilhoso! Cara, você tem muita sorte! Eu tô até pensando em, sabe, no futuro, ter um lugar como esse...

– Eu sei disso. A Shirlei me contou. - Tarcisio falou, pegando Felipe completamente de surpresa. Ele olhou para namorada, depois voltou a olhar para Tarcisio.

– Como assim a Shirlei te contou?

– Cara, é o seguinte, eu tô indo realizar um sonho... Dar a volta ao mundo, sabe?! Quero conhecer cada canto desse mundo com uma mochila nas costas. Mas pra isso eu precisava de uma grana, e só vendendo esse sitio, né? Só que claro que eu não iria vender nunca pra qualquer um. Aqui tem um pedaço da minha vida, cara! E é aí que entra a sua namorada... Ela me convenceu a vender pra única pessoa que eu sei que vai cuidar do meu sítio com o mesmo amor com que eu cuido... - Os olhos de Felipe já começavam a se encher de lágrimas, pois ele finalmente começava a entender tudo - Essa pessoa é você, cara! - Tarcisio finalizou com a mão estendida para Felipe. - E aí, você aceita? Porque até baixar de preço essa moça aí do seu lado me convenceu... Vou fazer pra você preço de mercado. É pegar ou largar!

Felipe perdeu até a voz de tão emocionado que ele ficou, o coração dele batia tanto que até queria sair da caixa torácica dele e as lágrimas? Caiam como em cascatas. Apertou a mão de Tarcisio e puxou-o para um abraço apertado de camaradas.

– Cara, se eu aceito? Claro que sim! Você tá realizando um sonho de conhecer o mundo. E eu vou finalmente construir o meu aqui dentro... Junto com ela... - Encarou Shirlei que soluçava de chorar de emoção.

– Ótimo. Vou pegar os papéis para você possa assinar. Enquanto isso vocês podem aproveitar pra comemorarem um pouco sozinhos... Com licença! - Tarcisio disse e saiu de fininho.

Felipe se aproximou da namorada e abraçou-a forte, então suas lágrimas se misturaram as dela em meio a muitos beijos apaixonados que ele dava em seus lábios, segurando seu rosto entre as mãos.

– Eu sou um idiota, princesa. Você me preparando a maior surpresa da minha vida e eu aqui pensando que você podia tá me deixando ou qualquer coisa parecida. Me perdoa, meu amor! Me perdoa, minha vida?! Eu te amo tanto! Tanto! Tanto! - Ele falava, enchendo-a de beijos salgados pelas lágrimas que ainda nada escorriam.

– Eu também te amo tanto! Eu tinha tanta vontade de retribuir o que você já fez por mim... que... que... - Não conseguiu falar em meio aos soluços. Então Felipe a abraçou e os dois ficaram assim abraçado, mas em meio a isso lá no Horizonte, o sol foi se pondo e os dois foram presenciando. Shirlei lembrou de algo, então levantando a cabeça, olhou fixamente nos olhos do namorado, que sorriu, fascinado e disse: Lembra daquela vez do parapente, quando a gente tava lá em cima e você me mostrou toda aquela vista e você me disse que estava me dando aquela vista. Pois é... tá vendo aquele pôr do sol? É de mim pra você, príncipe!

Felipe ficou ainda mais emocionado e os dois se beijaram iluminados pela luz do sol que se punha e pelo barulho dos latidos felizes de Bel.


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Notas finais do capítulo

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