Quando o Amor acontece escrita por Lizzy Darcy


Capítulo 12
Capítulo 12




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Décimo Segundo Capítulo ❣️

– Pronto, mocinha, tá entregue. - Felipe disse para Shirlei, quando fechou a porta do carro.

Um minuto antes, Felipe havia estacionado o carro em frente à casa de Shirlei. Desceu do carro e fez questão de abrir a porta para ela, tal qual um perfeito cavalheiro.

– Brigada. - Shirlei agradeceu com um sorriso terno. - Por me trazer e... também pelo café da manhã. Tava delicioso.

Felipe encostou o traseiro no carro, ficando de frente para Shirlei.

– Bom saber disso, né?! Já que antes você quase saiu fugida lá de casa.

Shirlei riu, envergonhada.

– Desculpa, Felipe, eu não sei o que deu em mim. Mas é que... a sensação da gente acordando junto... Acho que acabou dando um nó na minha cabeça. - Ela virou a cabeça de lado - Foi estranho.

Felipe a encarou com intensidade e levando a mão em direção a ela, colocou um mecha de cabelo por trás de sua orelha com todo carinho, fazendo-a sorrir.

– Pois comigo aconteceu diferente. Bem diferente! - enfatizou - Shirlei, eu nunca dormi tão bem como eu dormi ontem e... Desculpa, mas eu preciso te falar que eu ia adorar acordar todos os dias do jeito como eu acordei hoje.

Ela sorriu com a declaração, e mais ainda, quando ele começou a passar o dedo indicador desde a testa Dela até a ponta do nariz. Os olhos fixos um no outro.

– Felipe...! - Soou a voz de Cris atrás dele, já se aproximando dos dois. Ela estava vindo da casa de Carol. - Oi, Shirlei.

– Oi, Cris. - Shirlei cumprimentou a irmã de Felipe com um sorriso.

Felipe se virou para a irmã, que abraçou sua cintura.

– Veio me buscar? - Cris perguntou para o irmão.

– Na verdade, eu vim deixar a Shirlei em casa. Mas, se você quiser ir embora, eu posso fazer um esforcinho pra te dar uma carona. - Felipe brincou com a irmã, que deu um beliscão em sua cintura, fazendo Felipe dar um gritinho de dor e Shirlei rir dos dois.

– Poxa, Felipe... Deixar a Shirlei em casa, você pode, mas me buscar tem que fazer esforcinho, é?! - Cris cruzou os braços, fazendo um muxoxo.

Felipe abraçou forte a irmã e começou a enchê-la de beijos.

– Isso é ciúme, né? Seu irmão num tá te dando atenção suficiente, é? Tá com saudade da mamãe na Itália?

– Num é nada disso. - Cris falava, tentando se soltar do irmão e se desvencilhando dos beijos - Para, Felipe! Cê é bobo, né?! Para com isso!

Shirlei estava achando lindo a cumplicidade entre os dois.

– Desculpa, Shirlei, mas é que a minha irmãzinha aqui, as vezes é muito ciumentinha... - Felipe comentou, segurando os braços de Cris, que tentava se soltar.

– Shirlei, cê sabia que eu já te conhecia antes de te conhecer? - Cris disse, sentindo o corpo de Felipe esmaecer.

– Cris!!! - Felipe pediu com os olhos, os dentes trincados.

Shirlei ficou sem entender.

– É que o Felipe fala tanto, mas tanto, mas tanto de você que é como se eu mesma te conhecesse.

Shirlei sorriu completamente sem graça. E Felipe tentava encontrar um buraco onde se enfiar. Bem fundo, de preferência.

– Ah, é? - Shirlei olhou para o lado, tímida. Depois voltou o olhar pra ele, que a encarou com um sorriso extremamente sem graça. - Mas ele também deve ter falado muito do Tito, né?! - Mudou de assunto.

– Falou. - Cris respondeu, olhando de um para o outro. - E eu queria tanto conhecer ele.

– Eu posso ir buscar ele lá dentro de casa, se você quiser.

– Ah, eu quero. Quero muito.

– Tá. Eu vou lá buscar ele. Já volto.

Assim que Shirlei entrou em casa, Felipe se virou para a irmã.

– Qual foi, Cris! Tá tomando aulas com o Henrique e eu não tô sabendo!

– Desculpa, Felipe, mas é que eu não resisti. Eu precisava ver a cara que ela ia fazer, depois do que eu ouvi ontem.

Felipe franziu o cenho e segurou a mão da irmã, curioso.

– O que cê ouviu ontem? Fala, Cris!

Cris deu um sorrisinho com ar de mistério.

– Eu ouvi a Shirlei falando com a Carol sobre você. - Felipe olhou para a irmã, interessado. - Ela disse que tava sentindo alguma coisa por você que não conseguia entender. E que isso tava bagunçando demais o sentimento Dela em relação ao noivo.

Os olhos de Felipe brilharam de esperança.

– Ela disse isso? Tem certeza, Cris?

– Absoluta. Eu tava escondida quando eu escutei. Só depois eu apareci e me apresentei como sua irmã pra entregar a chave lá de casa, enfim...

Um sorriso começou a se formar no rosto de Felipe, lentamente.

– Aqui. - Shirlei chegou com Tito nos braços e o entregou para Cris. - Desculpa a demora, mas é que o danadinho tava escondido debaixo do sofá, quase que eu não encontro.

Cris segurou Tito com todo cuidado e carinho.

– Oi, Tito. - Cris cumprimentou o cãozinho com voz infantil. Em resposta, ele abanou o rabinho todo feliz. - Eu sou sua tia, sabia? - Virou-se para o irmão - Ai, Felipe, desculpa... Mas você vai ter que ficar aí um minutinho com a Shirlei que eu tô indo lá na Carol mimar um pouquinho meu sobrinho.

Felipe ia abrir a boca para protestar, mas já era tarde, pois Cris já tinha atravessado a rua e corria em direção a casa de Carol.

– Cê viu né?! A moral que eu não tenho. - Felipe comentou com Shirlei, que riu.

– Deixa ela. O Tito tem esse poder sobre a gente, já percebeu?

Felipe deu um sorrisinho torto.

– Já sim. - Respondeu ele, e um silêncio constrangedor se formou entre os dois, mas foi quebrado por Felipe, que coçou a nuca. - Então, acho que vou dar uma volta de carro enquanto ela...

– Ou... - Ela falou, interrompendo-o - Ou você pode entrar e tomar um chá comigo. Quê que cê acha?

Felipe deu outro sorrisinho torto.

– Ou... Eu posso entrar e tomar um chá com você. - Repetiu, galanteador.

Felipe apertou a chave para travar o carro, depois os dois caminharam juntos em direção a casa de Shirlei. Entretanto, quando Shirlei estava abrindo o portão, ouviu uma voz feminina gritando seu nome.

– Shirlei! Shirlei! Espera!

Era Larissa, que naquele instante estava atravessando a rua a passos largos.

– Oi, Larissa, aconteceu alguma coisa?

Larissa arfou. E após olhar primeiro para Felipe, respondeu:

– Não. Nada demais. É só que... O Adônis mandou isso pra você. - Ela entregou um pacote para Shirlei, que segurou, sob o olhar atento de Felipe.

– Ah, tá. Brigada, Larissa. - Sorriu para cunhada, que não tirava o olho de Felipe, desconfiada. Shirlei tinha que pensar em algo. E rápido. - Ah, Larissa, esse aqui é o Felipe, um dos sócios da Peripécia. Ele veio pra falar com a Tancinha, mas como ela num tá, eu... vou preparar um chá pra ele, enquanto ela chega.

Larissa forçou um sorriso para Felipe, que retribuiu com a mesma intensidade.

– Tá certo, então. - Larissa falou por fim. - Eu já vou indo, mas oh, o Adônis disse pra você ligar pra ele assim que recebesse, tá?!

– Tá certo, eu vou ligar, pode deixar.

Larissa sorriu e depois de se despedir dos dois com um aceno, foi embora.

– Vem, entra. - Shirlei disse, abrindo a porta e dando passagem para que Felipe passasse. Depois ela fechou a porta e os dois se dirigiram até a sala. - Senta, Felipe. Fica a vontade.

Felipe se sentou. Mas já não se sentiu tão à vontade como antes.

– Cê não vai abrir?

– O quê?

– O seu presente. - Felipe estava altamente curioso e não conseguiu disfarçar.

Shirlei estava tão atordoada que nem se lembrava do pacote em sua mão.

– Ah, claro! O presente. - Se sentou no sofá ao lado de Felipe e sem preâmbulos abriu o pacote. Era um cachecol. Shirlei olhou pra ele com os olhos estreitos.

Felipe franziu a testa.

– Seu noivo num sabe que aqui em São Paulo nessa época do ano é quente?

Por alguns segundos, Shirlei ficou perdida em milhões de pensamentos. E só se deu conta de que Felipe tinha feito uma pergunta quanto ele tocou em seu braço.

– Hum? Não, ele sabe sim. Mas é que o Adônis, ele... é um pouco brincalhão, sabe...?! - Ela levantou abruptamente - O chá! Eu vou... lá na despensa pegar um pacote porque... no armário da cozinha num tem mais. Então eu vou... lá na despensa. - Repetiu Shirlei, saindo tão atordoada, que Felipe ficou um pouco preocupado e se perguntando o que um cachecol podia ter de tão incrível para tê-la deixado assim.

Sozinho, Felipe ficou olhando o cachecol jogado no sofá, a raiva subindo em suas veias, uma vontade louca de jogar aquele pedaço de tecido fora. Até que...

– Gogoboy errou o caminho de casa? Num sai mais daqui. - Carmela comentou, atrás de Felipe, bem no ouvido dele.

Felipe cerrou os olhos com força. Era só o que faltava!

– Oi, Carmela, como vai? - Cumprimentou, olhando pra frente.

Carmela pulou o sofá e se sentou ao lado dele sem um pingo de educação. Felipe revirou os olhos.

– Eu tô ótima, melhor agora com você aqui. - Felipe virou o rosto pra ela, fuzilando-a. Carmela soltou um riso sarcástico. - Olha só... O cunhadinho mandou presente, foi? - Carmela perguntou, pegando o cachecol em cima do sofá. - Tava estranhando ele ainda não ter mandado já que tá bem pertinho da viagem.

A terra parou naquele instante para Felipe.

– Viagem? Do que você tá falando, Carmela? - Felipe questionou, impaciente.

Carmela piscou os olhos, fingindo inocência.

– Ué, a Shirloca ainda não te disse? - O silêncio de Felipe respondeu por si só - Ela tá indo pro Chile daqui a vinte dias visitar o noivo.

O coração de Felipe disparou. Não! Shirlei não podia fazer isso com ele! Isso só podia ser uma brincadeira de muito mal gosto!

– Isso é mentira. Eu não acredito em você, Carmela! A Shirlei já teria me contado.

Carmela deu um sorriso cínico, mas em vez de responder, ela pegou o pacote e de lá retirou um envelope.

– Se não acredita, abre isso aqui. - Felipe olhou atentamente para o envelope nas mãos de Carmela. - Sabe o que tem aqui dentro? Uma passagem. É. Uma passagem para o Chile que o meu lindo cunhadinho comprou pra Shirlei. Porque é isso que eles fazem de cinco em cinco meses. Eles visitam um ao outro. Da última vez ele veio pra cá, agora é a vez dela, gogoboy. - Pausou, esperando a reação de Felipe, que permanecia paralisado. - Viu? É como eu digo: Casa certa, irmã errada. Mas... Ainda da tempo de mudar. - declarou e deu uma piscadela.

Felipe engoliu em seco, os olhos começando a brilhar com as lágrimas que se formavam. Mil e um pensamentos passando em sua mente, enquanto Carmela sorria se sentindo vitoriosa.

– Felipe, na despensa também não tem pó pra fazer chá - Shirlei foi falando ao entrar na sala - mas aqui perto tem onde comprar, então eu vou bem rapidinho... Carmela?! - Shirlei estranhou a presença da irmã ao lado de Felipe. A essa altura, ela já tinha colocado o envelope dentro do pacote. - Ué, num era pra você tá ajudando a mãe hoje lá na Cantina?

Carmela levantou - Era. Mas eu acabei me atrasando porque fiquei um pouco aqui fazendo sala pro Felipe. Num pode deixar as visitas sozinhas assim, Shirlei. - Repreendeu a irmã. Depois se virou para Felipe, que forçou um sorriso - Dá licença aqui, Felipe, mas eu tenho que ir lá pra Cantina agora. A gente se vê por aí, gogoboy. - Soltou um beijo e foi embora, rebolando.

Quando a irmã fechou a porta, Shirlei se voltou para Felipe, que permanecia calado.

– Cê tá bem, Felipe? Foi alguma coisa que a Carmela disse ou fez?

Shirlei conhecia a irmã muito bem para saber o quanto ela conseguia ser inconveniente quando queria.

Felipe levou alguns segundos para acordar de seus devaneios - Hum? Não, não, ela não tem nada a ver com isso. Eu só... me lembrei que... tenho uma coisa urgente pra resolver. - Ele se levantou.

Shirlei piscou, sem compreender a súbita mudança de comportamento. - Mas e o chá, você não quer...

– Fica pra outro dia. Eu tenho mesmo que ir. - Disse sério. - Você... pode falar pra Cris que mais tarde eu venho buscar ela na casa da Carol, por favor?

– Posso, claro. - Foi só o que Shirlei respondeu.

– Brigado. - Agradeceu, com os olhos fixos nos Dela, que tentava entender com todas as suas forças o que tinha acontecido ali. - Tchau, Shirlei. - Despediu-se de repente e se virou, indo na direção da porta. Ela foi atras dele para perguntar o que tinha acontecido.

– Felipe... - Foi só o que conseguiu pronunciar, quando viu ele abrindo a porta para sair. Era como se sua voz estivesse presa na garganta.

Entretanto, por sorte, ele se virou para ela. E quando ela menos esperou, ele segurou seu quadril e puxou-a para si, colando seu corpo ao Dela. Depois segurou seu rosto com carinho, e se inclinando, encostou sua testa na Dela, com as pontas de seus narizes se roçando.

Os corações de ambos dispararam, as pernas de Shirlei ficaram bambas, tanto que ela teve de pousar as mãos nos ombros de Felipe para não cair.

– Shirlei - murmurou ele - assim como a Jéssica, até desculpa falar nela, eu nunca tive de lutar por nada na vida porque eu sempre tive tudo nas mãos. E te confesso que nunca na vida, eu quis tanto uma coisa como eu quero agora. - Shirlei ouvia aquilo tudo sem entender nada - Por isso, eu quero que cê saiba que eu num vou desistir, que eu vou fazer qualquer coisa que tiver ao meu alcance pra conseguir o que eu quero... - Felipe deixou no ar aquela frase, mas para torturá-la com a dúvida, passou o polegar delicadamente pelos lábios Dela e encarou-os com desejo. Então se aproximou, como se fosse beija-los, mas em vez de fazê-lo, deu um beijo no alto da cabeça de Shirlei e abrindo a porta, saiu batendo-a atras de si.

****************************

– Deixa ver se eu entendi direito, você dormiu com a Shirlei, mas em nenhum momento vocês... - Henrique tentava raciocinar o que Felipe acabara de explicar. Naquele instante eles estavam na cozinha de Henrique. Felipe estava sentado em cima do balcão, enquanto Henrique estava recostado do outro lado, tomando uma cerveja através do gargalo. - Ah, cara, e você ainda pergunta por que a garota continua com o noivo?

Felipe passou as mãos pelo rosto, impaciente - Henrique, tenta entender! A Shirlei, ela é... tão diferente da Jéssica, da Helô e de todas as garotas que eu já namorei. Sabe, ela tem uma ingenuidade, uma inocência, uma pureza... Ao mesmo tempo eu sinto que existe uma outra Shirlei que ainda não foi despertada, uma Shirlei madura, sexy, cheia de paixão...

Henrique deu um sorriso sugestivo - Ah, entendi, você quer é despertar essa nova Shirlei, né, garanhão?

Felipe revirou os olhos - Não, cara! Eu quero a Shirlei inteira. A Shirlei. E só ela. Mais ninguém. Será que é tão difícil pra você entender isso?

Henrique arregalou o olhar. Pela primeira vez, compreendeu o amigo.

– Quer uma cerveja? - Henrique ofereceu. Não sabia mais o que dizer.

Felipe assentiu. Então Henrique abriu a geladeira, pegou uma cerveja e jogou-a para o amigo que a aparou com uma das mãos e abriu-a com a lateral do cotovelo.

– Valeu. - Felipe agradeceu, após tomar uma golada.

– Mas é aí, cara? Continua... - Henrique quis saber mais detalhes.

– Cara, tudo que eu posso dizer é que hoje quando eu acordei com ela do meu lado, eu senti uma felicidade tão grande, sabe, que eu num sinto a tanto tempo... Acho até que eu nunca me senti assim.

Henrique segurou o ombro do amigo, apertando devagar.

– É, cara, parece que a coisa é séria mesmo, hein?!

– Muito séria. Tão séria que... Eu vim aqui pra pedir pra que você coloque logo aquele seu plano maluco em prática.

– Qual?

Felipe coçou a nuca. - Cê sabe, o de conquistar a irmã da Shirlei.

Henrique riu por dentro, mas não deu o braço a torcer. - Ah, tá... Aquele sacrifício que eu vou ter que fazer por você.

Felipe revirou os olhos - É. O sacrifício. Você tem vinte dias.

Henrique tomou um susto e quase colocou a cerveja pelo nariz.

– Peraí, e agora tem prazo?

– Tem. Porque se em vinte dias, eu não conseguir conquistar a Shirlei, ela viajará para o Chile pra se reencontrar com o noivo e aí eu vou perder ela de vez e eu não posso perder ela, Henrique! - Lágrimas se formaram nos olhos de Felipe, então ao dizer essa última frase, sua voz já saiu embargada. - Não posso!!!!!

Diante disso, Henrique segurou o ombro do amigo, mas dessa vez, puxou-o para um abraço bem apertado e amigável, sabendo que ele precisava desabafar.

******************************

No dia seguinte, Henrique resolveu colocar o plano dele em prática. Foi para Peripécia e ligou bem cedo para Tancinha marcando uma reunião com ela com a desculpa de discutir os assuntos referentes a Campanha. Embora Felipe tenha ficado meia hora explicando o fato de que Henrique deveria mudar de estratégia em relação a Tancinha, Henrique, teimoso, preferiu usar o seu velho truque de conquista, dizendo ele que não ia ter falha.

Logo que Tancinha chegou, às nove horas da manhã, Marina como combinado, conduziu-a até a sala de Henrique, que ainda não havia chegado, como parte do plano.

Dez minutos depois, Henrique abriu a porta e trancou-a, ficando sozinho com Tancinha, que de cara estranhou o gesto.

– Ma o senhor já me começa me explicando por quê que o senhor me trancou essa porta. - Tancinha falou, já na defensiva.

Henrique se aproximou e Tancinha recuou.

– Calma, Tancinha. Eu só tranquei a porta pra que a gente possa ficar mais a vontade pra conversar sobre... A campanha.

– Ah, você só me trancou a porta pra que a gente ficasse mais a vontade pra me conversar sobre a campanha, né?! - Tancinha repetiu, dando uma de ingênua.

Henrique se aproximou mais, tal qual um felino, querendo agarrar sua presa. Tancinha recuou ainda mais, mas acabou esbarrando na mesa do escritório, não tendo mais pra onde fugir.

– É, bem mais a vontade, se é que você me entende?! -Henrique disse, arqueando as sobrancelhas com um ar sedutor.

Tancinha piscou os olhos, fingindo ingenuidade, combinado com um lindo sorriso.

– Entendo. Entendo sim. Sabe o que eu me entendo? - Henrique perguntou com o olhar, então Tancinha pegou o copo com suco que estava em cima da mesa dele e tacou no rosto dele, fazendo -o se afastar abruptamente com o susto. - Que o senhor é um belo de um cafajeste, ordinário, isso sim!

– Tá maluca?!?! - Henrique gritou, enfurecido. - Olha o que você fez, sua doida!

– E eu me devia era ter feito pior! - Tancinha ameaçou com o dedo em riste - Pensa que eu num me sei o que o senhor quer!

– O quê que eu quero?! A senhora tá pensando o quê de mim? Tá entendendo tudo errado!

– Ma eu tô me entendendo tudo do certinho, nem vem!

Henrique fez uma careta e colocou o dedo em riste ao rosto de Tancinha.

– Olha aqui... eu aceitei fazer essa droga de campanha pra te ajudar, então...

– Ma pra me ajudar, num me precisa vim com gracinha pra cima de mim!

Henrique bufou. - Mas eu não fui com gracinha pra cima de você!

– Num me foi porque eu num deixei! Ma se eu deixasse, rum... Você num me enche os pacová, seu Henrico que eu num sou de ferro!

– É Henrique. E o que danado é pacová?

Tancinha bufou de raiva e perdeu toda paciência que ainda restava. Então sem que ele pudesse impedir, ela pegou a chave na mesa, destrancou a porta e saiu, batendo a porta com força.

*****************************

– Pode esquecer a Shirlei! Porque essa Tancinha aí, eu num namoro nem morto!!!!! - Gritou Henrique ao entrar na sala de Felipe. Ele estava todo ensopado de suco, então tudo que Felipe fez foi dar um bela risada asmática, imaginando o sucesso da conquista do amigo.


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