Seguindo em Frente escrita por liamara234


Capítulo 37
Epílogo - Minha Razão


Notas iniciais do capítulo

Demorei porque a preguiça não tá me deixando em paz.
Boa leitura!



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O barulho de água era extremamente agourento.

Os pingos curtos e estranhamente altos soavam de algum lugar no meio daquela escuridão e após alguns segundo sem entender nada Hermione lembrou o que o barulho lembrava: os pingos de águas de uma torneira mal fechada, batendo em metal, as ondas frequentes fazendo seu coração ir duplicando as batidas... sem saber porque ela se pôs a correr, invadindo a escuridão. Estava descalça e a dor em seus pés não a impediu de parar e sem saber onde pisava o desespero sem sentido a fez olhar pra trás, o brilho azul já conhecido de quem a perseguia imobilizando seu corpo por um segundo... até que a morena notou que a outra pessoa que a fez parar. Se debateu, sacudindo os cabelos do rosto e tentando ir contra a força que a levava direto para as mãos do inimigo.

O barulho da água foi aumentando como o tiquetaquear de um relógio, até que uma maior quantidade de água caiu em sua cabeça, como um balde, só que sem fim, a afogando sem nunca terminar.

 

Baby, estou caindo de cabeça 

Procurando um jeito de deixar você ciente de como me sinto 

(...)

Eu não mudaria nada pois finalmente é real

 

 Hermione! – a voz de Rony pareceu inflar sua audição como um balão. Hermione arfou e abriu os olhos, notando o quanto se agarrava ao travesseiro. Trêmula, ergueu o corpo, olhando em volta à procura de quem a perseguia. Após averiguar os lados: a cadeira ao lado da cama com sua roupa do dia e uma mochila, o pequeno sofá encostado na cabeceira contraria da cama com alguns livros; as características do quarto de Rony foram um alívio, acalmando sua mente preocupada. Enxugou o suor em sua testa e virou o rosto. Os olhos azuis do ruivo estavam preocupados, as sobrancelhas realçando o sentimento.

— Você está bem?

Ela assentiu, passando a mão na franja e puxando-a para trás da cabeça.

— Foi um pesadelo – murmurou. – Só um maldito pesadelo.

Rony balançou a cabeça, incerto da veracidade. Como ela não parecia ter esquecido o sonho ruim ele levantou da cama e saiu do quarto, deixando-a um pouco sozinha. Com o passar do tempo ele tinha entendido que as vezes até as pequenas coisas da vida era preciso um momento de reflexão. Radical ou não, ele encheu um copo de água para a namorada e ao voltar para o quarto não a encontrou no lugar que a tinha deixado. Colocou o copo em cima do criado mudo e girou pro banheiro.

Hermione lavava o rosto, o corpo inclinado para dentro da pia. Com o pesadelo ainda fresco na memória ela enxugou o rosto, apoiando-se no mármore e encarando Rony pelo espelho.

Ele parecia realmente preocupado já que não era feitio dela se abalar com coisas do tipo e, francamente, pesadelos era comum para todo mundo. Ela não era a primeira a tê-los e diferente de como teria reagido se estivesse em casa e não com ele a auror sorriu, ajeitando a imagem de cara amassada que o espelho fazia questão de mostrar. Devia ainda ser o meio da madrugada porque não se ouvia nenhum outro barulho do lado de fora. Hermione puxou a manga da blusa que havia pego do ruivo para dormir e apagou a luz do banheiro.

— Quer falar sobre isso? – Rony indagou, acompanhando-a com os olhos voltar para a cama.

— Depois – ela se escondeu no edredom, batendo no espaço vazio ao lado. – Eu falo depois. Hoje não.

***

Acabou que os pesadelos não cessaram depois daquela noite. Mesmo que tentasse ignorar, Rony via como Hermione ficava após as noites ruins – sempre tentando fingir estar bem quando estava com o cenho contraído, talvez pensando nos sonhos.

Quando ele tentou realmente conversar com a morena ela acabou ficando irritada e eles brigaram pela primeira vez após o começo do namoro – Hermione argumentando que aquele assunto era algo fútil que ela iria resolver, ele colocando na mesa o quanto “fútil” era já que ela estava abalada demais até para simplesmente conversar a respeito com ele... então as farpas foram lançadas e cada um se defendeu e acusou com as armas que tinham, a ansiedade de tudo perfeito em uma relação sendo testada a fundo.

 

Você é o tempo certo no momento certo

Você é a luz do sol que faz meu coração continuar 

 

Indignado com a teimosia de Hermione, Rony acabou saindo do próprio apartamento e deixando ela sozinha, parada no meio da sala e fumegando raiva.

Mesmo que toda a situação, horas depois, recaísse na cabeça dela como algo patético e idiota para se ter uma discussão tão séria ela pensou direito, tirando os fatos racionais do caminho e o resultado de tudo chegou ao óbvio: o estresse de todas as semanas que havia passado e a ligação tão direta com o sequestro das crianças a tinham afetado a ponto do seu subconsciente forjar situações de perigo apenas para assustá-la. A conclusão de tudo pareceu vir mais rápido do que Rony naquele dia e quando ele finalmente decidiu voltar para casa a noite já caíra lá fora e Hermione caminhava de um lado para o outro na cozinha. Não era hora do jantar – o relógio batia quase meia noite -, só que o dia havia começado já cheiro e estressante e a única coisa que comeu foi uma tigela de cereal com leite bem cedo pela manhã. Após ficar sentada no sofá olhando a tela escura da TV seu estômago roncou alto.

Ela olhou por cima do ombro, reprimindo o riso com a imagem de Rony encostado na porta, as mãos pra trás do corpo e o cabelo bagunçado – ele tinha passado os dedos pelos fios durante a briga e com certeza continuou a puxá-los depois disso.

— Oi – disse, sapeca, ainda o olhando por cima do ombro.

Ele acenou com a cabeça, desconcertado. Hermione se virou para a travessa em cima do fogão, terminando de colocar o molho e mais uma camada generosa de queijo na lasanha.

— Espero que não se importe – comentou. – Acabei ficando com fome. Você jantou?

A negação dele chegou aos seus ouvidos com um murmúrio. O silêncio ondulou entre eles e a hesitação bateu no corpo de Hermione a fazendo permanecer de costas, controlando a respirações a haustos curtos. Assim que empurrou a travessa para o forno os braços do ruivo envolveram sua barriga e ela soltou a tampa, o estralo do ferro se colidindo gritando em seus ouvidos.

 

Não consigo me manter longe da paixão 

Tempo certo no momento certo 

É você

Você

 

— Você é muito irritante – ele murmurou bem perto de sua orelha, mergulhando o rosto em seu pescoço desnudo. Ele tinha o costume de fazer aquilo sempre que podia e ela, por sua vez, tinha sempre o costume de prender o cabelo num coque ou rabo de cavalo, dando livre passagem pro carinho tão gostoso. Hermione fechou os olhos, inclinando a cabeça para trás quando ele deixou um beijo molhado em seu pescoço... e logo o desejo fez suas pernas tremerem.

Rony a girou depressa, agarrando os quadris dela e puxando-a de encontro ao seu corpo.

— Sempre o mesmo tom de surpresa – ela zombou, empurrando a testa contra a dele de leve. Ele riu, um som baixo e groso por seu peito, a determinação em beijá-la até que precisassem de ar, agarrando-a pela bunda.

— Acho que vou procurar uma terapeuta. Talvez vá me ajudar a entender algumas coisas – Hermione revelou após se separarem, olhando para o namorado.

— Ótimo.

A morena se afastou mais um pouco, estreitando os olhos.

— Sem mais perguntas?

— Nenhuma.

— Nem o porquê?

— Não quando eu já sei a razão.

— As vezes você me irrita muito, sabia?

Rony assentiu.

— Sabia, srta. Granger – ele a soltou, indo até a pia e lavando as mãos. – Agora, o que temos para o jantar?

Meia hora depois eles estavam sentados no chão, a mesinha de centro da sala com os pratos sujos empilhados e um bolo pela metade sendo devorado pelos dois. Hermione estava entre as pernas de Rony, prendendo uma lasquinha da massa açucarada entre os lábios enquanto ele roubava com a própria boca, acariciando a dela com a língua, em uma brincadeira melada e quente.

Eles sentiam as barrigas doloridas de tanto rir e naquele momento o real sentido de estar apaixonado foi revelado: não é certeiro que vá acabar bem. Muito menos com um final feliz. Brigas e desentendimentos sempre iriam acontecer, mas o importante era a desculpa depois e seguir em frente, em um ciclo sem fim.

E era essa a razão por eles terem persistido.


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Notas finais do capítulo

https://www.youtube.com/watch?v=cVdXrvtiisk - It's You (While You Were Sleep)
E foi isso gente. Amei compartilhar com vocês essa história maluca da minha cabeça mas tem que acabar. Amo muito vocês e nos vemos na próxima aventura.
Malfeito feito. Nox!



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