Pokémon - Reverse Gracidea escrita por Golden Boy


Capítulo 6
6 - Flor Amarela


Notas iniciais do capítulo

Um capítulo cômico, mais do que os outros. Achei necessário fazer um assim para diminuir a tensão dos capítulos anteriores...
Embora não tenha tirado ela completamente ;)



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Capítulo 6 - Flor Amarela

 

 

Mercy o socou, e puxou seu corpo desmaiado para dentro do alçapão abaixo da escada, onde se escondeu e esperou a multidão curiosa no andar de cima se dissipar. O dia seguiu incrivelmente bem, tirando o tempo que a garota levou para explicar para a mãe por que seu pokémon carregava um garoto desmaiado para o quarto de hóspedes.

 

— Então, mãe, sabe aquela grana que você tá me devendo pela pizza que eu paguei semana passada? — Mercy fez a cara mais fofa que conseguiu para persuadi-la. — Que tal ficar com ela em troca de deixar meu amigo passar algum tempo aqui em casa? — e inclinou a cabeça.

 

— Meu Arceus Mercy... — Rose passou a mão pelo rosto, tentando clarear seus pensamentos. — Você ao menos sabe o nome dele? 

— Na carteira dele tem um cartão dizendo Peter Dubois S. Harringer. 

— Você pegou a carteira dele?!

— Sim, ué.

— Diz que vai colher algumas flores, e volta com um namorado desmaiado! É pra isso que você sai todo dia, bater carteiras de jovens bonitões que passam pela vila?

— Mãe! Ele não é... esquece. Ele pode ficar aqui ou não?

— Pelo jeito, se o Bruce tiver que carregar ele para outro lugar ele vai morrer de tanto bater a cabeça nos móveis... tudo bem. Mas você vai cuidar dele, e logo depois ele vai embora!

— Valeu! — Mercy disparou corredor a dentro com uma compressa de água quente e uma maçã. Deslizou para dentro do quarto, e se assustou ao ver seu hóspede sentado conversando com Bruce como se fossem velhos amigos. — Olá, Peter Dubois S. Harringer. Ehr... posso fazer algo por você?

— Não me receber com um soco seria bom. — respondeu, com uma voz sarcástica. — Me chame apenas de Peter.

— Mercy. E como você sabe que... — foi rapidamente interrompida pela continuação da frase do garoto de cabelos castanhos. — Seu amigo Bruce me contou. — Mercy piscou rapidamente, tentando entender se aquilo era uma piada ou uma mentira. Se fosse verdade... não, não tem como ser verdade. Mas só pra ter certeza...

— Você entende ele?

— Eles. Mas não são todos. — corrigiu. — Se aquela oferta de antes ainda valer, algumas roupas limpas seria ótimo. — a garota então reparou no estado das roupas do garoto. O colete azul estava quase cinza, com manchas de lama, e as mangas da camisa branca continham sangue, já marrom. As calças rasgadas em diversos pontos, e os sapatos de couro em um estado deplorável. O cheiro do garoto que parecia ter a idade de Mercy, também não era dos melhores. Ignorou completamente o fato dele parecer completamente maluco e dizer entender os Pokémon, e respondeu.

— Vou ver o que acho, enquanto isso, tome um banho por favor. — ela bufou e saiu do quarto, enquanto Bruce a seguia. Pensou em milhares de coisas enquanto cruzava a cidade até a única loja de roupas. De onde aquele garoto vinha? Por que ele caiu do céu? Seu pokémon estava bem? Bufou mais uma vez, tomou coragem e entrou na loja, indo direto para a ala masculina. Pegou três camisas, uma azul com um tipo de insígnia estampada, uma preta com uma listra amarela na altura do peitoral, e uma florida. Também pegou uma calça jeans, uma cueca, um par de meias e um tênis preto. Trocou algumas palavras com a vendedora, e levou tudo em duas sacolas, andando o mais rápido que podia para voltar em casa logo, temendo que Peter já tivesse saído do banho. 

 

Bruce abriu a porta com um pulo para alcançar a maçaneta, e Mercy chegou no corredor tarde demais. Rose tinha entrado no banheiro, despreparada para a cena que viu. Peter estava saindo do banho, e se cobriu com uma toalha branca rapidamente, mas talvez tarde demais. Fechou a porta num baque, e olhou incrédula para a filha.

— Você é péssima para primeiras impressões, mãe.

 

+++++

 

Peter estava no quintal, tentando escalar a árvore que Mercy plantara quando era menor. Seu Salamence, já curado pela enfermeira do Centro Pokémon, observava deitado, cansado, ou talvez apenas relaxando. Quando caiu mais uma vez, se deitou de costas, e viu Mercy se aproximando com Bruce ao seu lado. Eles não se desgrudam, pensou. Mas também era assim com seu Salamence. Enquanto ponderava tentando se lembrar por que não tinha dado para ele um apelido, percebeu como a garota era bonita. Só agora percebera que seus cabelos eram rosa. Ou melhor, só agora tomara consciência do quão rosa eles eram. Não era muito observador. Corou inconscientemente, e se levantou, com cuidado. Vestia a camisa preta e amarela.

 

— O que você estava fazendo? — ela perguntou, o olhando de cima a baixo.

— Tentando escalar essa árvore. Aonde eu moro não tem muitas árvores, sabe? 

— E onde você mora?

— Esquece. É bem longe daqui. — um silêncio desagradável se instaurou. A verdade era que ele não se lembrava direito de onde vinha. Não se lembrava de nada antes de estar voando em seu Salamence, e cair nessa vila. Se lembrava que tinha uma família, e tinha memórias de sua vida e a amizade que criou com Salamence, mas nada muito além disso. Mercy não queria insistir na pergunta de onde ele morava, ou quem ele era. — Escuta, você conhece todas as flores daqui? — Peter abriu os braços para ambos os lados, como se quisesse falar de todas as flores da vila.

Hum, acho que sim. — Mercy não entendia a pergunta direito. Peter sorriu, divertido com aquilo tudo, e andou até um grupo de flores rosa. Pegou uma, e a mostrou para ela.

— Até essa?

— Sim. É uma Astromélia. — Peter jogou a flor para trás e pegou uma vermelha. Levantou-a para o alto, e olhou para Mercy, ansioso. — Celósia. — Peter se aprofundou mais nas flores, se aproximando cada vez mais das montanhas ao leste de Floaroma. — Escuta, qual o propósito disso? — indagou, sem muita esperança de uma resposta. Peter mostrou mais duas flores, quais Mercy respondeu corretamente. Por fim, ele tirou uma do chão, e disse em voz baixa: eureca. Voltou ao quintal de Mercy, delimitado por alguns arbustos e cercas que eram brancas muitos anos atrás, e a mostrou em suas mãos.

— E essa? — ele segurava a flor com cuidado, cobrindo as pétalas com as mãos, como se quisesse mostrar apenas para ela.

— Não sei. Nunca vi uma flor como essa. — mentiu. Sabia bem que aquela era uma begônia amarela. 

 — Então você não sabe o nome dela?

— Acho que não.

— Então, se você, grande expert em flores de Floaroma, não sabe o nome dessa flor, significa que ela não tem nome. 

— M... — Peter a interrompeu. — Então nós vamos nomeá-la! — Mercy queria falar, sugerir um nome, mas continuou sendo interrompida. — Shiii, eu tenho o nome perfeito para essa flor. Ela é amarela, então, Flor Amarela. — Peter a encarou com seus olhos castanho escuros, como se aquele nome fosse digno de palmas. Mercy começou a rir. Peter fez um agradecimento teatral, e depois começou a rir com ela. Uma sensação boa acalorou seu coração, se sentia bem por fazê-la rir.

Ele parou de rir, e se aproximou, sério, talvez concentrado. Mercy percebeu, e parou também. Era estranho a sensação que Peter causava nela. Era um tanto estranho, nunca se sentira assim. 

— O que você está fazendo? — perguntou, e Peter colocou o dedo nos lábios, pedindo para que ela fizesse silêncio. — O que diabos você está fazendo? — repetiu, mais baixo. Peter ainda segurava a recém-nomeada Flor Amarela, dessa vez pelas pétalas, com o caule apontado na direção do rosto de Mercy. Ele colocou-a entre seus cabelo rosa, e sorriu, como se tivesse feito seu trabalho. Desceu a mão, mas não a afastou. Afagou sua bochecha delicadamente, e aproximou seu rosto do dela cada vez mais. Quando seus lábios estavam prestes a se tocar, Peter parou de avançar, e ficou encarando-na nos olhos, seus olhos incrivelmente azuis. E o sol se pôs assim, com eles se encarando nos olhos, até que Mercy se afastou. Peter balançou a cabeça, e explicou:

— Acho que amarelo combina com você. — disse, e sorriu com os lábios. Ela sorriu também, e esperaram as estrelas aparecerem no céu para voltar para casa.

+++++ 

Ela acordou naquela manhã de sábado com os gritos e alegorias de Peter, lá no quintal, brincando com seu pokémon, e uma mangueira. Tinha montado uma piscina inflável rosa, e estava com um short laranja. Sem camisa. Mercy o observou por alguns segundos pela janela, e se escondeu quando viu ele olhando de volta. Não queria insinuar nada, o encarando daquele jeito. Bom, pelo menos não queria que ele soubesse. Tirou o pijama e colocou roupas normais, e desceu logo em seguida, rumando para o quintal.

 

— Olha só quem acordou. — disse Peter. Salamence, que passava a cabeça em seu tanquinho nem tão definido, parou e olhou para ela. Um Floatzel também estava dentro da piscina.

— Duas perguntas.

— Diga, capitã. — brincou Peter. Acordara feliz naquela manhã. Para falar a verdade, acordava feliz todas as manhãs.

— Onde conseguiu esse shorts?

— Sua mãe trouxe para mim. Queria ter certeza de que eu teria roupas para passar a noite, e talvez o resto do verão. — respondeu, rapidamente. Mas é inverno, Mercy pensou em falar, mas com aquele sol parecia mesmo ser verão. Enquanto ela olhava o céu azul ciano, Peter voltou a falar. — e a segunda pergunta?

Oh! Desde quando tem esse Floatzel? 

— Capturei ele hoje pela manhã; legal né? — o pokémon acenou para ela. — Comprei algumas pokébolas no PokéMart, também trouxe algumas pra você, se quiser... — não quis demonstrar, mas estava extremamente contente com aquilo. Teria a chance de finalmente capturar seu primeiro pokémon! Se acalmou, e lembrou de Bruce. Ele não estava ali.

  — Falando em pokémon, cadê o... — antes mesmo de terminar a pergunta de onde estava seu pokémon, o dito cujo saiu correndo de trás dela e saltou, caindo dentro da piscina. Ele trajava um óculos de natação rosa, da infância de Mercy, assim como aquela piscina inflável. Era maior do que se lembrava, para ter espaço para Bruce, Peter e também seu Floatzel. 

— Que horas são afinal? Bruce acordou antes de mim! — Bruce nunca acordava antes de Mercy. Todo dia, a mesma coisa, ela acordava e demorava mais de meia hora para tirá-lo da cama. Por isso ela logo percebeu que era um dia atípico. Olhou para o relógio da cozinha, e viu que já estava tarde. 14h13min. Correu para cima, para vestir seu biquíni e se juntar a diversão. Antes de voltar, deixou a "Flor Amarela" em cima de sua bancada. Não queria molhá-la.

   O dia de sol sumiu rapidamente, depois de menos de uma hora desde que Mercy acordou, nuvens escuras se formaram no céu, e um grande temporal começou. Raios e trovoadas começaram, forçando o casal de amigos a voltar para casa. Peter colocou seus dois pokémon dentro de pokébolas. O tempo estava realmente estranho. E Rose não estava na casa. A garota fechou a porta de vidro que levava para o quintal, e observou os pingos de chuva molhando o vidro até que ouviu um barulho. Se virou e viu Peter se secando com uma toalha, espalhando água para todo lado. Mercy ignorou e foi para o banheiro, querendo chegar antes de Peter. Só quando terminou, lembrou que não tinha comido nada o dia todo. Foi até a cozinha, esperando inconscientemente que Peter ainda estivesse sem blusa para que ela observasse seu corpo não tão definido mais um pouco. Corou ao pensar nisso. Assim que pisou no último degrau, percebeu que tinha algo errado. Peter não estava ali, e também não estava no quarto. Sabia disso pois tinha ido lá pegar seu celular. Também não estava no quintal, ou no jardim da frente.

   Antes que sua mente criasse alegorias sobre o paradeiro do garoto, tentou comer alguma coisa antes de procurá-lo. Pegou um saco de chips no armário e jogou em cima da mesa. Estava com fones de ouvido, para entretê-la. Quando se virou, quase jogou o celular no chão. Um Dusknoir pairava em sua frente.

Ficou pálida, e desviou da investida do pokémon fantasma. Mas não era rápida o suficiente. Ele se virou na investida e estava pronto para atacar novamente. Era um Shadow Sneak dessa vez. Mercy fechou os olhos, mas ouviu a voz de Peter gritando atrás dela. Floatzel acertou Dusknoir em cheio com um Aqua Jet, e o jogou contra a mesa, que virou. 

— Precisamos sair daqui! — disse Peter, a puxando pelo braço para fora da cozinha. O que separava a cozinha da sala era uma bancada, que foi o meio deles saírem dali, tomando que Dusknoir estava pronto para atacar novamente. — Floatzel, Water Gun! — o ataque não tinha força suficiente para manter Dusknoir parado, mas também não era fraco para não fazer efeito. Foi facilmente dissipado por um Night Shade. Floatzel tentou rolar por cima da bancada também, mas o pokémon fantasma usou Pursuit, desmaiando o pokémon de Peter. — Droga, ele é muito forte, e Salamence não tem espaço aqui dentro... corra, Mercy, eu vou distraí-lo! 

— E-eu não vou te abandonar! — disse Mercy, tentando soar o mais crível possível.

— Vá logo, é óbvio que você está com medo. — ele a olhou nos olhos, e ela teve vontade de se aninhar no canto da sala e chorar. Mas não tinha tempo para isso. Pegou um pequeno vaso da mesa da televisão e o jogou em Dusknoir. O objeto o atravessou e se quebrou na parede, o distraindo. Peter aproveitou a distração e correu para perto dela. Quando parecia não ter mais saída, Bruce pulou para fora do corredor, e esperou o comando de Mercy, que sorriu. Ou tentou sorrir.

— Bruce, use... — Peter a interrompeu. — ataques do tipo lutador ou normal não vão funcionar. — Lembrou.

— Droga, nunca treinamos esse ataque, mas é nossa única chance. Bruce, use Knock Off! — Quando o Dusknoir estava pronto para acertá-los, o Machop de Mercy atacou com um grande tapa rodeado de um poder negro, bem na nuca de Dusknoir. O Machop o atravessou e deslizou até as pernas de Mercy. Dusknoir usou Mean Look, causando uma ilusão de que estava maior do que realmente era, mas Bruce não caiu no truque. Atacou mais uma vez, com o mesmo ataque de antes, e afugentou o fantasma para dentro de si mesmo. Parecia ter sumido de vez.

   Nessa hora, Rose entrou, com uma capa de chuva amarela cobrindo seu corpo e um guarda-chuva azul em mãos. Peter e Mercy estavam esbaforidos, assim como Bruce, e olhavam para Rose, confusos.

— Perdi alguma coisa? — perguntou, mais confusa do que eles.

 

+++++ 

Mercy bateu no quarto de hóspedes naquela noite. Por sorte, Peter ainda não tinha dormido. Estava lendo um livro que pegou da estante. A garota tinha mania de deixar seus livros espalhados no quarto de hóspedes. Era grande, maior que o quarto de Mercy, e tinha duas camas, além de uma grande estante com espaço para todos os livros que ela lia quando era mais nova, e ainda não tinha o hábito de treinar com Bruce. Ele a atendeu, e viu que carregava um travesseiro por dentro do braço.

— Posso dormir aqui? — pediu, cabisbaixa. Percebeu que ele vestia a camisa azul.

— A casa é sua, afinal. — ele ergueu as sobrancelhas, e voltou para a cama. Mercy deitou na cama ao lado. Conversaram um pouco, mas ela ainda não se sentia segura para perguntar sobre ele. Nem perguntar quanto tempo ele pretendia passar ali. Ela ainda estava assustada com o que aconteceu mais cedo. Por alguns momentos, achou que ia morrer. Aquilo era mais ação do que ela já tivera em quase toda a sua vida, descontando o tempo que tinha o arco, mas aquele tempo tinha se extinguido da sua memória. Ou talvez estivesse bloqueado. De qualquer jeito, eles não dormiram muito depois daquilo. Peter gostava de ler, mas não era seu hobby principal. Seu hobby era voar em Salamence. Pelo menos era isso que ele dizia para todos que perguntavam. 


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Notas finais do capítulo

Os capítulos a partir daqui terão muitos eventos importantes, e este dusknoir não tem nada haver com nada. Admito que foi um erro coloca-lo apenas para falar um buraco na história.
No futuro, uma possível reescrita destes primeiros capítulos talvez mude sua existência.



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