One-Shot - The Day I Died escrita por Nahy


Capítulo 1
Parte 1


Notas iniciais do capítulo

Oi Gente, postando uma pequena história para comemorar o Halloween! Vai ser dividido em 2 partes



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Um carro parou em frente à casa, estava abandonada. Era uma pequena casa de dois andares. Haviam alguns pedaços de madeira e janelas quebradas e estava totalmente escuro.

De dentro do carro saiu uma garota, ela vestia um sobretudo preto. Seus cabelos eram longos e castanhos, assim como seus olhos, tinham uma tonalidade que os faziam parecer com chocolate. Seu rosto tinha um formato de coração, lábios avermelhados e pele extremamente pálida.

Ela encarou a velha casa a sua frente e suspirou fechando a porta do carro. Olhou em volta, mas não havia ninguém, o local ficava afastado de qualquer civilização, ninguém se atreveria a vir a este lugar, a menos que fosse algum idiota querendo fazer um teste de coragem.

Estava de noite, a lua brilhava no céu sob as nuvens, o silêncio chegava a ser algo insuportável. De longe poderia se ouvir os uivos dos lobos na calada floresta.

A garota sem se importar começou a andar em direção a casa, pegando em seu bolso uma lanterna, a ligou para iluminar seu caminho. Chegando a pequena escada que dava aceso a varanda e olhou para o corrimão velho, provavelmente se a empurrasse um pouco cairia. Quando colocou o pé no primeiro degrau a madeira rangeu, fez um pouco de pressão no seu pé e quando confirmou que a madeira aguentaria seu peso subiu.

A porta estava fechada, ela se perguntava se teria que arrombar a porta para entrar. Porém descartou essa ideia quando girou a maçaneta e a mesma abriu, para sua sorte estava aberta. A empurrou com a mão lentamente, fazendo a porta soltar um barulho estridente que provavelmente acordaria até mesmo os mortos naquele silêncio.

Ela entrou fechando a porta atrás de si e observou o lugar. Estava vazia, sem nenhum móvel, o assoalho velho empoeirado, o teto com algumas lacunas e teias de aranha espalhadas por todo lugar, a pintura das paredes estava desbotada, deixando a madeira visível. Havia uma escada que levava ao andar de cima, esta não parecia ser muito confiável, alguns degraus estavam quebrados.

Com pequenos passos ela começou a andar pelo local, o barulho de suas botas ressoava alto, como se em seus pés tivessem chapas pesadas de ferro, cada passo ouvia-se por toda casa.

De repente ela escutou, algo como gotas de água caindo. Gota por gota caindo consecutivamente lentamente. Seus olhos varreram todo espaço do cômodo que se encontrava, mas não havia sinal de nada. Era como se só existisse ela no mundo, estranhamente se sentia observada, como se vários olhares estivessem sobre si, mas não havia ninguém.

Resolveu voltar para o cômodo inicial e percebeu que os sons de gotas estavam ficando mais altos, mas novamente não havia nada.

Foi quando sentiu algo pingar em seu rosto, estava frio. Sua mão livre alcançou sua face e seus dedos passaram pela gota que havia caído, olhou para sua mão e percebeu um liquido viscoso vermelho. Sangue.

Lentamente olhou para cima, para o lugar de onde o sangue havia caído, mas não havia nada. O teto estava livre de qualquer mancha.

Ela tinha que descobrir de onde havia caído a gota de sangue. Decidida caminhou em direção a escada e a olhou pensativa, os degraus não pareciam muito confiáveis. Colocou o pé esquerdo no primeiro degrau e subiu lentamente. Teve que pular alguns, pois estavam quebrados. Estava quase alcançando o topo quando algo aconteceu.

A madeira não aguentou o peso e seu pé afundou no degrau a fazendo gemer de dor. Teve que respirar fundo duas vezes antes puxou seu pé de uma vez só a fazendo grunhir ao sentir alguns fiapos da madeira cravarem na sua pele.

Arrancou os fiapos e sua calça preta fixou úmida com o sangue. Ignorou isso por enquanto, tinha coisas mais importantes para tratar. Ao dar o primeiro passo sentiu o impacto da dor, mas suportou continuando a andar em frente. O chão parecia ser menos confiável do que a escada, com várias lacunas e empoeirado.

De repente sua lanterna começou a piscar, parecendo estar com defeito. A olhou confusa e deu alguns tapinhas, e foi quando ouviu...

Venha brincar com a gente. Venha brincar com a gente.

Eram vozes de crianças, elas estavam rindo. A lanterna havia se apagado totalmente, não conseguia ver nada, estava tudo completamente escuro. Lembrou-se então, que havia um isqueiro em seu bolso, jogou a lanterna quebrada no chão e acendeu o isqueiro.

Olhou em volta procurando a origem das vozes, mas não havia nenhuma criança, nenhum som de passos.

Vamos brincar de esconde-esconde. Vamos. Primeiro é você.

Novamente uma voz falou e logo em seguida ela ouviu suas risadas. Então começou a dar pequenos passos, havia uma porta aberta, estava torta e decidiu entrar, diferente do resto da casa o quarto tinha moveis e não estava empoeirado.

Em cima da cama havia uma mancha no cobertor branco. O liquido vermelho parecia ser recente e molhava praticamente toda cama.

Você perdeu. Agora é a nossa vez de te procurar.

Um barulho alto soou por toda casa, pareciam correntes sendo arrastadas pelo chão. O isqueiro em sua mão apagou-se com uma brisa gelada que a atingiu, mas as janelas estavam fechadas! Olhou confusa para o objeto e tentou acendê-lo, porém não aconteceu nada.

O barulho das correntes estavam ficando mais alto. Eles estavam se aproximando.

Rapidamente se encaminhou para porta. Precisava sair daquele lugar. Mas o barulho da porta se chocando com a parede a impediu, a porta se fechara, sua única saída estava bloqueada. Ela estava trancada.

Tentou as janelas, mas estas pareciam estar trincadas e não queriam abrir. Não tinha saída.

Nós te achamos

Sua respiração parou por um segundo ao escutar a voz atrás de si. Seu corpo se virou lentamente para olhar, seus olhos aumentaram em choque ao ver duas crianças com correntes na mão sorrindo para ela.

Os dois eram extremamente pálidos, abaixo dos seus olhos haviam marcas arroxeadas, suas roupas pareciam antigas, daqueles que só se viam em filmes de época, e estavam um pouco rasgadas. Mas o que mais chamava atenção era uma marca no pescoço de ambos, como se alguém tivesse os enforcado.

Vamos brincar.

Antes que eles pudessem se aproximar ela teve uma ideia. Encarou a madeira velha do chão e com um impulso pulou.

Seu corpo se cochou com a madeira, abrindo um buraco, a fazendo cair no andar de baixo sentada. Um gemido de dor escapou por seus lábios e ela se levantou rapidamente, ouvindo novamente o barulho de correntes.

Venha brincar com a gente.

Antes que conseguisse alcançar a maçaneta da porta, que a levaria para fora, eles apareceram na sua frente, bloqueando sua saída.

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As chamas do fogo iluminavam a escuridão da noite. A madeira velha despencava no chão, o barulho da brasa estralando era alto.

Ela encarava tudo aquilo com o rosto indiferente, estava acabado. A antiga casa velha não existiria mais e ninguém desconfiaria disso.

Satisfeita adentrou no seu carro, mas antes de o ligar a dor em seu pé voltou a atacar. Estava tão concentrada, ligada a adrenalina que havia esquecido desse problema. Decidiu olhar o tamanho do dano causado, com a mão afastou a calça para cima e fez uma careta ao ver a ferida.

Estava um pouco roxo e começando a ficar inchado, sua pele parecia ter sido rasgada, havia um grande corte na lateral e alguns fiapos de madeira ainda estavam cravados na pele. Teria que tratar isso rápido, antes que pudesse ficar infeccioso.

O barulho do seu celular tocando a distraiu, o pegou em cima do painel e suspirou ao ver o número na chamada.

— Se está viva, acredito que tenha terminado? – a voz feminina perguntou assim que atendeu.

— Sim

— Ótimo, temos um novo trabalho para você. Os detalhes da missão estarão no seu quarto quando chegar na sua casa – suspirou cansada empurrando seus cabelos para trás enquanto se encostava na poltrona.

— Para aonde vou dessa vez?

— Forks, tente não morrer. Boa sorte Isabella.

Ela desligou e jogou o celular no banco ao lado. Fechou a porta do carro e o ligou, acelerando em direção a saída, deixando para trás a casa em chamas.

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Dois dias já haviam se passado. Ela já estava a par de tudo sobre seu novo trabalho. Alvo: desconhecido, provavelmente algum aluno ou funcionário da única escola de Forks.

Nas últimas semanas houveram muitos relatos de mortes nas proximidades da escola, isso não era algo relativamente que chamasse atenção, se não fosse o modo que todos os corpos foram encontrados. Todas as vítimas eram garotas e todas foram violentamente abusadas, haviam marcas de garras nos seus corpos, cortes profundos e fatais. As vítimas não tinham nenhuma conexão, mas todas tinham algo em comum: estudavam na única escola da cidade.

Ela já estava a caminho da cidade, assim que desembarcou em Seattle havia um carro para ela. Tudo que precisava estava dentro dele.

Forks era uma cidade relativamente pequena, chuvosa e que somente tinha sol três vezes por ano. O caminho até a sua nova casa foi tranquila, uma hora de viajem e mais alguns minutos até acha o lugar.

A casa que haviam preparado para ela era pequena, haviam dois andares e felizmente afastada da cidade, o vizinho mais próximo ficava a uns 100 metros. Satisfeita desceu do carro e caminhou em direção a casa, ao lado da porta havia um vaso com flores, o olhou e percebeu a chaves dentro.

Assim que abriu a porta parou surpresa ao perceber que estava completamente mobiliada. Normalmente eles mandavam somente um sofá velho e uma TV.

— Bella? – ela congelou ao ouvir aquela voz. Claro que a conheceria, não importa quanto anos passassem. Ainda lembrava-se das suas conversas secretas na escuridão da calabouço da escola, das suas palavras gentis enquanto a ajudava a suportar a dor em seu corpo...

— Charlie? – encarou o homem velho a sua frente o fazendo sorrir. Ele estava mais velho do que a última vez que havia o visto, estava com um bigode engraçado, com rugas no rosto e alguns cabelos brancos. Tão diferente do pequeno garoto que havia conhecido.

— É bom te ver garota – a surpreendendo ele a puxou para um abraço apertado – Você não mudou nada desde a última vez que nos vimos. Como está? Ainda trabalhando muito?

— Um pouco... Você está diferente – se afastou dele o olhando e fez uma careta – Está velho.

— É isso que acontece com as pessoas – sorriu – Já fazem 44 anos.

— 44 anos... – murmurou surpresa. Já tinha se passado tanto tempo assim.

— Eu moro aqui agora, me pediram para deixar você aqui por alguns dias. Você será minha sobrinha problemática – deu um meio sorriso – Senti saudades Bella.

— Você ainda me chama assim – pela primeira vez ela abriu um sorriso, um pequeno sorriso, porém verdadeiro – Também senti saudades Charlie.

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Seu quarto era realmente bonito. Uma cama de solteiro com cobertor roxo, uma pequena escrivaninha com um comutador velho em cima, as paredes tinham uma cor neutra e havia um pequeno guarda-roupas de madeira.

Era um lugar realmente confortável, do tipo de casa que haviam uma família...

Charlie havia lhe contado sobre sua falecida mulher e filha, as duas haviam falecido há cinco anos em um acidente de carro. Esse deveria ter sido o quarto da pequena Annie, ainda haviam algumas bonecas no quarto em uma prateleira, Charlie ainda não deve ter superado a perda.

Ela sentou-se na beirada da cama e suspirou com colchão macio, fazia tanto tempo que não deitava em algo tão bom...

Da sua visão ela podia ver a janela, estava chovendo forte e a sombra da arvore ressaltava no vidro. Isso a fazia lembrar das suas noites em Vansklye, sua antiga casa/escola. No dormitório ouvindo o barulho dos galhos de arvores se chocando com a janela enquanto ouvia os soluços baixos das outras garotas... Isso a fazia lembrar da sua antiga prisão.

Balançou a cabeça afastando esses pensamentos, não era hora de pensar nisso agora, tinha suas deveres e agora sua prioridade era encontrar o culpado pelas mortes e matá-lo.

A pequena escola de Forks tinha, exatamente, trezentos e cinquenta e sete alunos - agora cinquenta e oito – e todos estariam curiosos para conhecer a nova aluna, isso seria bom, tinha uma oportunidade de se aproximar de sua presa, e se fosse como o planejado em uma semana estaria fora da cidade.

Ela não conseguiu dormir muito bem a noite. Pesadelos a assombraram por toda noite, este quarto a faziam ter lembranças desagradáveis.

Quando acordou o sol estava a pino. Isso a surpreendeu, era isso que as pessoas costumavam falar de bom presságio?

Levantou-se e foi em direção ao banheiro, fez sua higiene matinal e vestiu sua habitual calça preta de couro, que realçava suas pernas, uma camiseta cinza colada ao corpo que valorizava suas curvas, uma pequena jaqueta com mangas que iam até a metade do braço e sua inseparáveis botas sem salto.

Jogou sua bolsa em seu ombro esquerdo com todo material necessário e desceu. Charlie a saudou com um café da manhã antes de sair para trabalhar, pela primeira vez em anos ela teve vontade de rir com o seu trabalho. Chefe de polícia? Isso era algo que ela nunca imaginou.

Antes de sair ficou observando algumas fotos em cima dos moveis. O casamento de Charlie, sua esposa gravida, o nascimento de sua filha, primeiro dia de aulas... Em todas elas ele parecia estar muito feliz. Sua mulher era bonita, tinha cabelos da cor de mel, sorriso infantil, olhos castanhos e um rosto jovem. Sua filha parecia ser uma mistura dos dois, mas parecia ser mais tímida, na maioria das fotos ela estava com as faces vermelhas e um pouco sem graça.

Alguns minutos depois partiu para escola, não foi difícil encontra-la, como tudo em Forks, ficava muito próximo. Estacionou em frente a secretaria, uma mulher baixinha de óculos a atendeu, ela lhe entregou tudo que necessitava, horários, material e mais alguns documentos. Logo em seguida voltou ao seu carro e o estacionou em frente à escola, alguns alunos já circulavam pelo local.

Respirou fundo antes de sair, sempre odiava escolas, principalmente porque não passava mais de um mês em uma, estava sempre mudando de lugar.

Várias cabeças se viravam para olhá-la enquanto entrava, isso a incomodava, era sempre o mesmo. Já estava ficando cansada dessa rotina sem fim.

Sua primeira aula foi a de história, um garota chamado Erik foi o primeiro corajoso a tentar uma aproximação. Ele tinha cara daqueles nerds do clube de xadrez. Sua aula seguinte foi a de Educação física, onde conheceu um garoto com carinha de bebê, Mike Newton. Durante o resto do dia conheceu mais algumas pessoas, que o nome ela nem fazia questão de lembrar, a maioria delas falavam somente um monte de baboseiras, fofocas da escola que não queria saber, mas havia uma garota ruiva chata tagarelava sem parar.

— ... Eles devem ter ido fazer trilha hoje, isso sempre acontece quando tem sol – sua atenção que estava voltada ao pedaço de pizza em sua bandeja foi desviada pela frase que a garota ruiva falou.

— De quem vocês estão falando? – perguntou sem demostrar seu interesse.

— Dos Cullen é claro – vendo seu olhar confuso o Newton riu.

— Ela não conhece os Cullen Jessica – então Jessica era o nome da garota.

— Oh é mesmo. Eles são uma família que se mudaram para aqui há dois anos. O Dr. Cullen e sua mulher os adotaram quando eram jovens.

— Adotados? Então são mais de um?

— Sim, são cinco ao total, parece que perderam os pais quando eram crianças. Talvez você os conheça amanhã, o Dr. Cullen sempre os levam para fazer trilha quando está fazendo sol. Tentei fazer isso com meus pais uma vez, mas não rolou – riu voltando a falar bobeiras.

Ela voltou a brincar com o pedaço de pizza em sua bandeja, isso era estranho. Levar todos os filhos para fazer trilha em dias de sol, uma vez ou outra até que poderia ser, mas todas as vezes que o sol saia já era estranho. E também algum deles deveria querer ficar, não é como se todos fossem querer ir fazer trilha... Teria que verificar isso depois.

O sinal tocou anunciando o início das aulas da tarde. Ela suspirou enquanto se encaminhava para a aula de Biologia, só queria que o dia terminasse logo.

Assim que suas aulas acabaram foi rapidamente para sua casa, precisava falar urgentemente com Charlie. Havia passado toda a aula pensando sobre os Cullen´s, tinha que ter algo mais.

Infelizmente quando chegou a casa estava vazia, ele ainda não havia chegado do trabalho. Grunhiu discando seu número rapidamente e no terceiro toque ele atendeu.

— Bella?

— Charlie, me conte tudo que sabe sobre os Cullen.

— Ah... Por quê? – perguntou confuso.

— Depois eu te digo. Mas quero que me conte como eles são? A aparência?

— Bom eles são boas pessoas, nunca me deram problema. A aparência deles... Hum digamos que são extremamente bonitos, a pele pálida, mas quem não é nessa cidade... O pai deles é um médico, um ótimo homem.

— Medico? – perguntou surpresa, não esperava por isso.

— Sim... O que aconteceu?

— Não é nada... Onde eles moram?

— Perto da divisa da cidade, tem uma estrada de terra que leva a casa deles.

— Certo. Depois nos falamos Charlie.

Desligou sem esperar uma resposta e correu para o andar de cima, arrancou a jaqueta desconfortável do seu corpo e pegou o seu inseparável sobretudo preto, tinha tudo que precisava nele. Jogou a bolsa em cima da cama e desceu a escada apressadamente, pegou as chaves em cima do criado mudo e saiu novamente trancando a porta.

Ligou o carro e saiu acelerando rapidamente. Tinha que ver isso logo, era só uma suspeita, mas precisava confirmar.

Achar o caminho que Charlie havia dito não foi muito difícil, achou melhor deixar o carro perto da entrada. Se suspeitas estivessem certas seria melhor assim. Desceu do automóvel e foi andando pela estrada de terra, alguns minutos depois ela pode ver uma casa não muito longe de dois andares.

Hide... — sussurrou aproximando-se. Isso a ajudaria a se esconder.

Ela começou a ouvir vozes enquanto se aproximava, parecia ser dois homens e uma mulher brigando com eles.

— Eu já falei várias vezes que não quero saber dos dois lutando perto de casa!

— Desculpe mãe, não vamos fazer de novo – uma voz masculina falou e logo em seguida um barulho alto de algo se chocando com o chão soou.

— Emmet! – rosnou a mulher e a visão que ela teve em seguida só confirmou suas suspeitas.

Dois homens saíram correndo em uma velocidade inumana, pulando para floresta enquanto gargalhavam. Depois que eles saíram o silencio reinou, ouvia-se somente os resmungos da mulher dentro da casa. Ela estava sozinha.

Lentamente se encaminhou para dentro da casa, a mulher não poderia ouvi-la, mas ela podia ouvir perfeitamente o barulho da vassoura varrendo o vidro que o homem havia quebrado. Não teve dificuldade de entrar, a casa era praticamente toda aberta, com várias janelas enormes.

Para o seu azar assim que deu dois passos para dentro esbarrou em um abajur, o fazendo cair no chão, produzindo um estrondo alto.

— Droga...

— Olá? – uma linda mulher apareceu na sua frente a olhando confusa. Ela tinha cabelos cor de mel, não como a falecida mulher de Charlie, o cabelo dela parecia sedoso e com brilho, o rosto dela parecia ser perfeito, não havia nenhuma falha, os olhos âmbar... – O que faz aqui? Posso ajudá-la?

— Na verdade pode sim – sorriu se aproximando – Prohibere...

— O que...? Eu não consigo me mexer... – seus olhos aumentaram em choque a olhando temerosa e seu sorriso aumentou.

— Oh não se preocupe querida. Logo, logo você vai se mover – se aproximou ficando a sua frente e passou os dedos lentamente por seu pescoço – Mas antes nós vamos ter uma pequena conversinha...

Antes que terminasse de falar, ela sentiu alguma coisa atingir seu corpo e a última coisa que viu antes de perder a consciência, foram dois olhos âmbar a olhando furiosos...

                                         + + +

— Eu não sei como aconteceu. De repente ela estava aqui e eu não conseguir mais me mover...

— Nós deveríamos tê-la matado!

— Vamos ter calma Rosalie. Precisamos saber o que ela quer...

Sua cabeça estava latejando, parecia que iria explodir a qualquer momento. Tudo estava muito confuso, estava escutando algumas vozes, mas pareciam tão longe...

— Ela está acordando... – uma voz doce falou e seus olhos abriram-se.

A luz a fez fechar os olhos, piscou confusa tentando se acostumar e quando conseguiu ver, percebeu que estava cercada de pessoas, todas as olhavam. Algumas com raiva, outros confusos, medo, hesitação...

— Olá? Pode me ouvir? – uma mão gelada tocou em seu ombro a fazendo se esquivar.

Tentou puxar suas mãos, mas percebeu que estas estavam amarradas. Olhou irritada para o homem a sua frente e ele se afastou perplexo a olhando.

— Seus olhos... Estão vermelhos.

Os olhos... Ela lembrou-se e os fechou suspirando. Segundos depois, já mais acalma, os abriu fazendo todos na sala ofegarem em choque.

— Me solte – disse fria o fazendo acordar.

— Não posso.

— Me solte! – rosnou dessa vez e novamente ele negou – Prohibere...

Todos os corpos na sala congelaram, menos ela. Os seus rosto perplexos a deixaram satisfeita e segundos depois as cordas em seu braço queimaram, a deixando livre para se mover.

— O que você fez? – uma loira rosnou a olhando indignada – Nos solte imediatamente!

— Será que isso é o que os humanos chamam de trocando os papeis? – debochou enquanto se esticava olhando para cada um no cômodo – Ótimo, então vamos começar o trabalho.

Os olhou pensativa e então começou a os analisar.

— Pele pálida e gelada, corpo duro como pedra, uma beleza inumana... Com certeza vampiros – murmurou para si mesma e escutou ofegos dos outros – O que me incomoda são os olhos...

— Nós não matamos humanos – as palavras do homem, que parecia ser o mais velho, a deixaram confusa.

— Não?  Isso é interessante... Por quê?

— Porque não queremos ser monstros – quem respondeu foi a mulher de cabelo cor de mel.

— Isso é diferente e... Confuso. Se vocês não matam humanos então isso quer dizer que voltei ao nada. Então quer dizer que não preciso matar vocês – suspirou frustrada.

— Matar a gente? Serio? – um garoto enorme com rosto infantil soltou uma gargalhada estrondosa fazendo, praticamente, a casa tremer.

— Sim, eu posso matar vocês – abriu um sorriso se aproximando e abriu a mão em frente ao seu rosto, deixando chamas surgirem na mesma – Ainda duvida de mim?

— N-Não – a olhou temeroso e satisfeita se afastou.

— Bom já que vocês não matam humanos não vejo motivos para mata-los – todos pareceram ficar aliviados com isso – Porém... – abriu um sorriso ao ver seus rostos temerosos – Preciso ter uma certeza.

Passou seus olhos por cada um e parou em um loiro com pequenas cicatrizes na pele.

— Você parece ser o elo mais fraco da família, vamos ver... – se aproximou do loiro que parecia hesitante e tocou em sua mão – Já faz algum tempo que você matou um humano... Tudo bem, vou confiar em vocês.

Com um estalar de dedos todos voltaram a ter controle sobre seus corpos. Ela olhou para o matriarca da família e sentou-se no sofá.

— Já que estou aqui quero uma consulta – abriu um sorriso puxando o seu pé para cima do sofá, deixando soltar um gemido baixo de dor, que esteve ignorando por dois dias – Dê uma olhada nisso para mim.

— Parece feio... Onde arranjou isso? – ele se aproximou passando os dedos gelados por sua ferida.

— Em uma casa velha, meu pé afundou na madeira quando fui subir a escada. Estava caçando alguns fantasmas... A madeira não aguentou o meu peso... – parou de falar quando percebeu os olhares incrédulos.

— Você disse fantasmas? – perguntou um ruivo com deboche e assentiu.

— Sim... Esse é meu trabalho, eu mato criaturas sobrenaturais que ameaçam as vidas humanas. É um belo passatempo nas horas vagas.

— Você está falando sério?

— Eu tenho cara de quem está brincando? – ficaram se encarando por alguns segundo até escutarem um pigarro.

— Será que você pode nos explicar o que acabou de acontecer? – uma baixinha de cabelos negros curtos se aproximou a olhando com curiosidade – Quem é você? Ou melhor o que é você?

— Eu sou Isabella... O que eu sou não importa a vocês. É melhor se manterem afastados se não quiserem acabar se ferindo.

O médico estava terminando de enfaixar o seu pé, ele era rápido. Quando terminou ela levantou-se sob o olhar de todos caminhou em direção a saída.

— Eu tenho que ir agora. Ainda preciso investigar...– murmurou olhando para o céu escuro.

— Investigar?

— Vocês não acharam suspeito as mortes recentes das garotas? – todos ficaram em silencio e ela sorriu – Parece que não existe somente um ser sobrenatural em Forks... Que sorte a minha – Resmungou enquanto se encaminhava para saída.

Charlie deveria estar preocupado, já estava escuro e não havia dado nenhuma notícia desde a ligação... Sentiu uma presença se aproximar e logo se pós atenta.

— O que faz aqui? – grunhiu ao ver o ruivo ao seu lado.

— Pensei que precisasse de ajuda – abriu um sorriso a deixando irritada.

— Eu não pedi ajuda! – uma dor forte a atingiu, quase fazendo-a ir ao chão, mas antes que acontecesse ele a segurou.

— Acho que precisa agora – sem pedir permissão ele a pegou nos braços, carregando-a enquanto andava. Em resposta virou o rosto bufando irritada, o que fez o sorriso dele aumentar – Acho que ainda não me apresentei. Edward Cullen.

— Prazer – resmungou a contragosto e ficaram em silencio por alguns minutos.

— Então... – começou sem saber ao certo como iniciar – Sei que não quer nos falar o que você é, mas pode me dizer o porquê dos seus olhos terem ficado vermelhos?

— Ah isso... Acontece quando estou irritada, tem a ver com o que eu sou.

— Realmente machucou o seu pé caçando fantasmas? – ele estava intrigado com isso. Fantasmas não existem!

— Sim, na verdade são espíritos que não conseguiram partir por causa de algum ressentimento ou vingança. Eles são realmente irritantes... – viu seu olhar surpreso e arqueou uma sobrancelha em sua direção.

— Desculpe-me é que ainda estou um pouco surpreso com isso.

— Tudo bem, depois de um tempo você se acostuma.

Depois de alguns segundos chegaram ao carro e ele a ajudou a entrar.

— Então... – começou sem saber ao certo como começar – Por que não se senta conosco amanhã no refeitório?

— Por que eu faria isso? – devolveu arqueando a sobrancelha em sua direção.

— Bem... Porque... Para você não ficar sozinha – disse enrolado a fazendo soltar um sorriso involuntário.

— Não, muito obrigada, mas não vou sentar com vocês – fechou a porta do carro se acomodando no assento, ligou o automóvel e lhe lançou um último olhar antes de partir – Até mais Edward.

                                                         ........

O dia seguinte chegou rapidamente.

Charlie havia ficado louco com sua demora no dia anterior, estava quase saindo para procura-la em sua viatura quando chegou. Depois de uma longa explicação ele ficou mais calmo.

A manhã na escola passou entediante, as aulas eram chatas e ela não estava conseguindo reunir nenhuma informação a respeito das vítimas. Ninguém sabia lhe dizer nada.

Ela estava caminhando em direção ao refeitório, Mike Newton e Jessica a seguiam, estavam falando algo sobre o baile da escola, mas não estava prestando muita atenção.

—... O que acha Bella? – a mão de Jessica em seu ombro a fez olhar para o lado. O que ela tinha falado mesmo?

— O que foi?

— Eu perguntei o que você achava de irmos para Port Angeles, comprar os vestidos.

— Ah isso... Acho que não vou ao baile – disse sem interesse e antes que a garota perguntasse o porquê, a cortou rapidamente – Eu vou sentar em uma mesa diferente hoje. Depois nos falamos.

Saiu sem esperar uma resposta e comprou seu almoço. Não muito longe avistou uma mesa vazia e se dirigiu para ela. Os sussurros dos alunos não poderiam ser mais altos.

Ela vai sentar sozinha?

O que aconteceu?

Por que os Cullens estão a olhando? Eles nunca olham para ninguém...

Esse último a chamou atenção e ela os viu não muito longe. Todos os olhavam com atenção. Revirou os olhos e continuou em seu caminho.

Segundo depois de sentar-se, um grupo caminhou em direção. O ruivo sorria.

— Você não falou nada sobre a gente sentar com você – disse com um sorriso provocador a fazendo resmungar baixo, mas não disse nada.

Talvez não fosse uma ideia tão mal assim.


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