Real escrita por Honora


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Eu costumava escrever muita fanfic SasuSaku, mas fiquei um bom tempo longe disso... Eis que estou de volta com KakaSaku, um dos casais que sou extremamente apaixonada.

Espero que gostem! Boa leitura.



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Deitado naquela maca, com os olhos semiabertos, mas atentos aos movimentos femininos, Kakashi reparou em seus próprios pensamentos e em seus sentimentos. Apesar das pontadas agudas que sentia no abdômen e nas pernas, Kakashi Hatake também sentia orgulho.

 

Observá-la passou a ser um passatempo perigoso, mas atrativo. Ela era uma ninja excepcional, era difícil passar longos segundos olhando-a sem que ela percebesse, mas eram os melhores seis segundos de suas manhãs, tardes e por aí adiante. E enquanto a observava, dia após dia, mês após mês, não pôde deixar de notar o quão diferente ela estava.

 

Havia mudado, quase que drasticamente e, mesmo assim, ninguém havia percebido, ou apenas não comentavam sobre. Mas o fato era que Sakura Haruno havia de fato mudado. Havia algo de diferente pairando sobre ela, talvez sua aura estivesse mais leve e sua mente estivesse mais despreocupada, mas Kakashi não acreditava muito nessas coisas.

 

Ela havia feito uma reversão que o pegara de surpresa; toda a dor que sentia e que sentiu durante sua adolescência, havia sido transformado em força. E, céus, Kakashi estava orgulhoso de sua ex-aluna.

 

Tente descansar, você ainda está muito fraco — foi o conselho que Sakura deu quando entrou no pequeno cômodo.

 

Ela tinha lábios crispados e um andar duro, as mãos seguravam uma prancheta e os cabelos róseos estavam amarrados em um coque perfeito, sem nenhum fio fora do lugar. Ela parecia mais séria do que normalmente era, mas estar daquela maneira era exclusivo à Kakashi.

 

Está chateada, não está? — perguntou, após um silêncio agradável e pontadas de dor quase que insuportáveis.

 

Sakura não respondeu. Era teimosa. Preferia virar o rosto e fingir que nada escutara. Mas era inegável seus olhos tristes e isso ela não conseguia esconder.

 

É por isso que eu estou sentindo dor? Estou sendo castigado porque você está brava? — definitivamente sua voz parecia rancorosa, e ele arrependeu-se totalmente de tentar ser divertido, porque obviamente não conseguira. Sentiu uma dor terrível no abdômen bem na hora que havia dito aquelas palavras, não conseguiu ao menos dar seu costumeiro sorriso por debaixo da máscara.

 

Desculpe, sensei, não era minha intenção deixá-lo sofrendo — antecipou-se Sakura, sem sua careta teimosa e lábios crispados, sentiu-se culpada.

 

Eu não quis dizer… — calou-se. Não queria piorar a situação.

 

Ele a conhecia desde seus doze anos, até mesmo antes. Acompanhou seu crescimento, seus olhos inchados, suas companhias à Tsunade em um bar qualquer, as missões mais solitárias entre ela, Naruto e Kakashi. Viu-a tentar inúmeras vezes, sonhar como ninguém e fantasiar quase que perigosamente.

 

Sentiu medo de perdê-la para um amor platônico ou para aquelas inúmeras fantasias de família grande e feliz. Afinal, sonhar demais é perder tempo da realidade. E Kakashi bem sabia o quanto tempo havia perdido apenas sonhando. Sonhando com ela.

 

Você me abandonou também, Kakashi-sensei — a voz era firme, mas havia um sorriso triste em seu rosto. Sentia seu corpo adormecer levemente e a sensação dolorosa passar aos poucos, enquanto ela mantinha uma postura reta e curava-lhe de seus inúmeros cortes profundos — Como ele... Como todos, na verdade.

 

Kakashi arregalou os olhos rapidamente, engolindo em seco. Era verdade.

 

Mas eu não os culpo, sabe? Naruto agora é Hokage, tem muito a cuidar, é normal que ele se esqueça de mim, não é? — Kakashi quis gritar que não, mas as palavras pareciam engasgadas em sua garganta — Ino está viajando com Sai, tem sido incrível pra ela, pelo menos ela ainda me manda cartas… Todos parecem ocupados com suas famílias e eu não os culpo por esquecer das amizades. É só que…

 

E ela não soube como continuar. Algumas lágrimas haviam caído e um sussurro distante saiu de sua boca, algo como “estou sendo antiética”, Kakashi não entendera perfeitamente.

 

Você me procuraria se eu estivesse aqui? Me procuraria por que somos “amigos” ou por que você se sente sozinha?”, quis perguntar, mas não houve coragem o suficiente e achou que estaria sendo insensível, afinal, quem partiu fora ele. Claro que ela o procuraria, assim como já havia feito, uma semana antes de Kakashi partir em uma missão solitária e longa, sem ao menos avisá-la.

 

Também quis dizer que agora estava de volta e tudo ficaria bem, mas seria muito inconveniente fingir que as coisas voltariam a normal, sendo que já nem mesmo ele sabia o que era normal.

 

Eu te devo desculpas — murmurou, fracamente. Sentia-se sonolento e perdido.

 

Descanse, sensei. Você está extremamente fraco — ela lhe sorriu, carinhosamente. Como fazia quando alguém pedia um conselho ou lhe dava um abraço.

 

Kakashi não contestou. Estava realmente fraco, mas isso não o impediu de pensar no sorriso dela por alguns longos minutos, até que finalmente fechara os olhos e adormecera sozinho, como todas as noites depois que deixara a Vila da Folha.

 

 

Estava escuro e seus olhos mantinham-se fixos naquele velho e usual livro que Kakashi costumava ler. O vilarejo encontrava-se quase vazio, já estava tarde e era mais seguro manter-se dentro de suas casas aconchegantes e quentes.

 

Mas Kakashi era um ninja extremamente excepcional e não havia preocupação em seus olhos. Ao contrário, estava ansioso. E parecia precisar urgentemente de uma bebida.

 

Ver Kakashi Hatake ansioso era atípico, pois por mais sério que fosse, ele sempre levaria palavras de conforto a quem quer que fosse, principalmente quando se tratava dele mesmo. Mas a ansiedade tinha nome; Sakura Haruno. E era nela que ele pensava todas as noites antes de adormecer e fora por causa dela que deixara a Vila da Folha durantes seis longas semanas.

 

Precisava pensar. Sentia-se estranhamente bem e isso o assustava; estava confuso e perdidamente fodido. Sempre achou comum observá-la durante o dia, reparar em seu cabelo estonteante, em seu sorriso caloroso ou em seu corpo casto. Fazia isso com diversas mulheres, mas com o passar do tempo, fazia isso apenas com Sakura. E então começava a pensar nela, no que ela estaria fazendo, no que estava pensando… Pensou nele mesmo com ela… e tudo pareceu tão melhor!

 

Fantasiou. Ela em seu colo, enquanto lia algum livro medicinal; preparando um daqueles seus bolos de sabor terrível; falando sem parar enquanto ele a observava fixamente; imaginou-a nua em sua cama. E isso o assustou, porque deixara de ser algo comum e Kakashi percebeu que estava gastando tempo demais apenas sonhando.

 

E foi em uma noite como a de hoje; em que estava caminhando pelas ruas desertas, que a encontrou bebendo saquê, sozinha. E foi naquela noite que ele a acompanhou em um drinque, dois, três, quatro e até mesmo um quinto drinque. Todos esses drinques fizeram efeito imediato quando ele a beijou, em um beco perto da casa de Sakura. Levou-a para a sua casa naquele mesmo dia e todas as fantasias pareceram reais.

 

Mas aquele sentimento antes considerado normal por si mesmo, passou a ficar evidente e maior, mais forte e mais puro, mais intenso também. Não soube como reagir com tudo aquilo, por isso afastou-se. Era a melhor opção. Colocar a cabeça no lugar e fingir que não havia transado com sua aluna, com a mulher que conhecia desde os doze anos.

 

Todavia, ali estava ele. Naquelas mesmas ruas desertas, no mesmo beco em que a beijara; encontrava-se ali, parado, esperando-a voltar de mais um de seus longos turnos no hospital.

 

Não sabia exatamente o que faria, mas sabia que algo teria de fazer. E fez.

 

Sensei? — é claro que Sakura havia o visto antes mesmo de passar pelo beco, ela estava sempre atenta pela noite e novamente Kakashi sentia-se orgulhoso.

 

Podemos conversar? — o sorriso de Kakashi era puro nervosismo, mas Sakura não havia reparado.

 

Assentiu e dirigiu-se a entrada do beco, a luz focava apenas até a metade de seus seios, por isso Sakura não pode ver Kakashi apertando os próprios dedos. Vez ou outra, coçava a cabeça, fechava os olhos e sorria tipicamente, mas nada falava.

 

E então…? — Sakura sorriu timidamente, sentiu as bochechas corarem e tentou incentivá-lo.

 

Me desculpe — não era um murmúrio, mas sim um pedido de voz firme e clara, enquanto as mãos lançaram-se para o rosto feminino e Sakura, num rápido reflexo, baixou sua máscara, beijando seus lábios finos.

 

Tornou-se um desespero, uma urgência. Sakura puxava seus cabelos cinzas enquanto Kakashi acariciava seu rosto macio. O beijo casto e as mãos carinhosas eram um pedido desesperado de perdão, porque ele simplesmente não sabia como devidamente deveria pedir desculpas.

 

Mas Sakura não se importava, porque por mais que ele houvesse partido, agora ele estava de volta. E estava de volta para ela e por ela.

 

Se você partir de novo, eu vou atrás de você e te mato — ameaçou, com sofridas lufadas de ar.

 

Kakashi arqueou as sobrancelhas e sorriu, agarrando-a pelas coxas e encaixando-a em seu corpo, naquele beco escuro tão agradável.

 

Beijou seu pescoço alvo, deixando marcas que sentiria prazer em observar no próximo dia, a mão esquerda segurava firmemente o seio mediano enquanto a outra apertava a coxa grossa, sem nenhuma grande delicadeza.

 

Beijou-a novamente e sentiu o quão doce era. Apesar de sua forte personalidade, seu beijo era calmo e doce, era um dia perfeito de primavera, algo encantador e suave. Seus olhos eram da cor da grama após a chuva. Suas curvas pareciam perfeitas para as suas mãos e seu corpo era incrivelmente adepto as suas mãos grandes e calejadas e aos seus beijos e mordidas.

 

Ela não era perfeita, e nem mesmo ele. Mas eram ótimos um para o outro. Eram perfeitos um para o outro. E foi naquela noite que Sakura explicou a ele que aquele sentimento intenso que se apossava dele era conhecido como paixão e, em seguida, ela o beijou castamente, com olhos sinceros e completos de felicidade; algo que Kakashi não vira tantas vezes.

 

E o motivo da felicidade de Sakura era ele. Era Kakashi. Era paixão. Longe de ser fantasia ou sonho, era real.


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Notas finais do capítulo

Se tiverem sugestões, ou viram erros, por favor avisem. Comentem ou favoritem, se gostaram.

April. ♥