Your Love Is A Drug escrita por Julie Kress


Capítulo 10
Visual novo, susto e discussões...


Notas iniciais do capítulo

Hey, amores!!!

Esse capítulo ficou grandinho, amei escrevê-lo.

Espero que gostem!!!

Boa leitura!!!

Ps: Também atualizei Tentando Aturar Você, e se tudo der certo amanhã eu atualizarei My Sexy Stepfather, blz???



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P.O.V Da Sam

Não sei quanto tempo durou aquela choradeira toda, ele estava se lamentando por ter perdido a sua preciosa virgindade com um travesti, coisa que não aconteceu e eu estava ali ao seu lado, o consolando. O Benson acabou pegando no sono com a cabeça deitada em meu colo, parecia um bebê soluçando adormecido.

Se eu senti pena ou um pingo de remorso depois? Hum, bom... Sei lá. Talvez apenas um pouquinho, só um pouquinho de pena. Não é todo dia que você vê um marmanjo abrindo um tremendo berreiro igual um bebê, né?

Dei um jeito de sair dali sem acordar o "bebezão", o acomodei no sofá, ele se agarrou em uma almofada e soltou um soluço alto, resmungou alguma coisa sem nexo e eu rumei para a cozinha, indo preparar um lanchinho.

Após preparar um sanduíche de queijo com bastante presunto, peguei uma caixinha de suco de uva do bocó e fui para o meu quarto, me trancando ali. De repente fui atingida por uma crise de risos, tive que deixar a bandeja com o meu lanche em cima da cama. Toda a gargalhada que segurei lá na sala foi saindo, ri tanto que minha barriga começou a doer, também comecei a lagrimar. Meu corpo sacudia à cada estrondosa gargalhada, eu estava me lembrando do escândalo e das mentiras que minha "amiga" Penélope havia inventado, enganando o idiota do Benson direitinho.

Quando dei por mim, eu estava de joelhos, curvada apoiando minhas mãos no chão, as lágrimas ainda saíam, a crise de risos já estava cessando. E depois de um tempinho parei de rir completamente, consegui me recompôr aos poucos, sequei as lágrimas com as mangas da minha blusa. Rumei para o banheiro indo lavar as mãos e jogar um pouco de água no rosto.

Encarei meu reflexo no espelho pregado na porta do pequeno armário acima da pia, meu rosto estava vermelho, totalmente corado pela crise de risos e meus olhos estavam lacrimejantes. Lavei meu rosto, voltei para o quarto e devorei o meu lanche, e após forrar a barriga decidi tirar um cochilo.

Acordei por volta das 14:00 da tarde, pelo visto o meu cochilo havia virado um delicioso sono longo, até sonhei que estava numa ilha encantada, o mar era feito de chocolate, a areia era de açúcar e o céu era colorido com nuvens em formatos de doces, pareciam nuvens feitas de algodão doce, e o sol era uma bola de caramelo. As árvores que deveriam ser coqueiros ou algum tipo de árvores frutíferas eram árvores de maçã do amor, pirulitos e doces de diversos tipos. Aquele lugar era um verdadeiro paraíso, eu estava ali vestindo um maiô que estava coberto de chocolate, e de repente o babaca do Benson surgia de trás das árvores de doces pelado, na verdade o corpo dele estava coberto de chocolate também, ele vinha sorrindo e saltitando em minha direção, gritando: 'Me dá um beijo, meu pudinzinho!'.

Eu me levantava da espreguiçadeira e saía correndo, tentando fugir enquanto o idiota me perseguia me chamando de 'Docinho', 'Bolinho' e 'Biscoitinho'.

E ele conseguiu me alcançar, me agarrando por trás, caímos e rolamos pela areia/açúcar, e ele me atacava com beijinhos e mordidinhas enquanto tentava tirar o meu maiô...

E foi então que acordei, dando gritinhos e risadas, esperneando como se eu estivesse sendo atacada com cócegas, quase caí da cama e me dei conta que aquilo foi apenas um sonho. Um sonho louco, um tanto bizarro... Meu corpo formigava, eu ainda sentia uma leve sensação de cócegas na barriga, foi tão estranho.

Saí da cama com água na boca, lembrando de todos os doces que tinham na ilha. E estremeci lembrando da imagem do Benson apenas coberto de chocolate correndo atrás de mim, gritando aqueles apelidos toscos.

Fui jogar água no rosto novamente, o sonho seria perfeito se aquele imbecil não tivesse aparecido e estragado aquele sonho tão maravilhoso. Escovei os dentes durante o banho relâmpago, não sei porquê, mas eu havia ficado com calor...

Me enrolei na toalha, usei o secador de cabelo do patetão, desembaracei os fios, passei meus produtos capilares que se resumiam em creme e reparador de pontas. Observei meu cabelo após secar, hidratar e pentear, reparei que estava crescendo. O Long Bob já não era mais tão Long Bob, decidi que iria mudar de visual, optando por um novo corte, não tão radical, apenas um pouco mais curto, talvez repicado ou apenas com algumas mechas desconectadas.

Me arrumei, liguei para a Penélope e marquei de encontrar com ela em sua "casa".

[...]

— O que achou? - Minha amiga virou a cadeira, me deixando de frente para a sua penteadeira, o espelho estava rachando pelos cantos.

— Uau! - Exclamei, impressionada.

— O Bob podrinho é o novo sucesso entre as famosas, você ficou um arraso, gata! - Elogiou mexendo no meu cabelo ainda mais curto, ondulado, mais leve e moderninho.

— Amei. Ficou muito legal! - Toquei nos fios macios e muito mais hidratados.

— Decidi não repicar, apenas transformei o Long Bob nessa nova versão que chamamos de "Podrinho", não é legal? O deixei mais curto, desconectei algumas mechas para dar esse voluminho que é um charme, e dei uma aparadinha em sua franja. E 'tcharâm', ficou lindo! Olha só, deixou o seu rosto de boneca super valorizado, seu cabelo está super moderno, leve e você não vai ter trabalho para arrumar. Vou te dar essa pomada modeladora e esse óleo para hidratá-lo, use o secador e apenas os dedos, pois ele não vai embaraçar e nem vai precisar de pente, nada de secar com toalha, entendeu? - Deu uma chacoalhada no meu cabelo, ajeitando algumas mechas e virou a cadeira, me deixando de frente para ele.

— Ficou mesmo irado! - Levantei satisfeita com o resultado.

— Claro que ficou. Ficou um arraso! Tenho mãos mágicas, se quiser eu também posso fazer um Make escândalo em você para combinar com o seu novo 'visu'. Agora passa pra cá as minhas 30 pratas, isso não vai ficar de graça, meu bem! - Estendeu a mão, me cobrando.

— Qual é? Não somos 'amigas'? - Perguntei, incrédula.

— Somos. Mas eu não trabalho de graça, amorzinho. Pode ir abrindo a carteira, gata! - Continuou com aquela mão estendida. Revirei os olhos.

— Rola um descontinho? - Perguntei fazendo bico, tirei as três notas de cinco do bolso. - Só tenho 15! - Paguei para aquela biba que não ia me deixar embora sem pagar. Eu não tinha apenas 15,00 dólares e sim, 20,55 dólares...

— Tá legal, Racha miserável. Vou aceitar essa merreca só porque somos amigas, ok? - Pegou o dinheiro e analisou cada nota para ter certeza de que não eram falsas. Qual é? A criatura não confiava em mim, não?

O ser purpurinado sorriu e enfiou a grana no sutiã que estava com enchimento, não sei se era de papel higiênico ou outra coisa.

— Como o bofe magia ficou após eu me mandar? - Perguntou quando seguimos para sua minúscula cozinha.

O Ne... Ops! Penélope morava num Loft em frente à um estúdio de dança aonde "ela" costumava me levar para assistí-la rebolar a bunda e contorcer o esqueleto nas aulas de Pole Dance. Mas a situação financeira "dela" acabou ficando crítica após "ela" perder o emprego, ela trabalhava num salão de beleza, após uns 4 meses foi demitida e conseguiu outro emprego numa lojinha que só vendia cosméticos e maquiagem barata, acabou sendo demitida de novo e começou a fazer um 'bico' ali e outro acolá, como entregadora de planfetos, e de vez em quando arrumava alguma cliente que queria dar um trato no visual. E claro, a Penélope acabava ganhando sempre uma graninha extra já que também além de fazer maquiagem e cortar cabelo, também sabia arrumar unhas, cuidar da pele e fazer massagem.

— Ele chorou bastante depois que você saiu, você deveria ter visto a choradeira toda. Parecia um bebê desgarrado do peito, mas ele mereceu, não é? Aquele idiota me agarrou e ainda por cima me chamou de Valerie! - Falei e bufei, cruzando os braços.

— Quêm é Valerie? - Perguntou tirando uma caixa de leite da geladeira, cheirou o conteúdo e fez careta.

— É uma magrela com cara de metida e ele é caidinho por ela... - Respondi. - Você vai ou não me oferecer algo para comer ou beber? - Perguntei, impaciente.

— Calma aí, ôh, esfomeada! Hum, vejamos... Tem uma fatia de Pizza da semana passada, leite azedo, suco de caixinha vencido, leite de soja vencido, sopa de potinho que sobrou da janta e queijo mofado, então, vai querer o quê? - Perguntou apontando para dentro da geladeira, me aproximei e fiz careta com o fedor que exalava dali.

— Nada não, até perdi o apetite! - Recuei e ele bateu a porta. - Credo! Você não era assim, olha só essa cozinha... - Apontei para a grande bagunça ao nosso redor.

O piso lajotado que era branco estava todo encardido, o pequeno fogão de duas bocas estava imundo, a bancada cheia de farelos e com manchas de gordura, a pia estava lotada de louça suja e a lixeira estava transbordando, tinha cascas de banana e embalagens no chão perto da lixeira. Aquele cômodo estava fedendo pra caramba.

— Não sei, amiga, agora sou uma biba toda lascada, que terminou o colegial e não entrou em nenhuma faculdade. Saí de casa porque eu me assumi, meus pais não me dão mais mesada, meu ex me traiu com uma biba mais chique que euzinha aqui. Não estou conseguindo arrumar um emprego fixo, o meu sonho é montar meu próprio salão e ter uma lojinha de aviação, e uma boutique! Tive que vender algumas jóias para pagar o aluguel, também vendi os meus perfumes e cosméticos para pagar a conta da água e da luz. Vendi a TV e minhas roupinhas de grife para poder pagar as dívidas. Os meus cartões de créditos foram cortados, eu preciso repôr o meu estoque de maquiagem e produtos de beleza para poder continuar fazendo meus 'bicos' de maquiadora/cabelereira/manicure/massagista... - Desabafou se jogando no chão, chorando e esperneando.

— Puxa! Eu, eu nem sei o que dizer... - Fiquei com pena. - Ei, agora levanta daí, tá? A gente vai dar um jeito nisso... - O cutuquei com o pé. A criatura continuou chorando e esperneando como se fosse o fim do mundo. - NEVEL AMADEUS PAPPERMAN, LEVANTA AGORA OU EU VOU PÔR UM FIM NESSE TEU SOFRIMENTO DE UMA VEZ POR TODAS E NÃO VAI SER DO JEITO BOM! - Gritei perdendo a paciência.

[...]

— Estou exausta! - Penélope se jogou no chão que estava quase brilhando de tão limpo.

Fizemos uma faxina em seu Loft, havia tantas tralhas velhas e sujeira, baratas corriam para todos os lados. Esvaziamos a geladeira, arrumamos seu guarda-roupa, "ela" não mentiu quando disse que tinha vendido coisas pessoais para pagar as contas. Ficou apenas com algumas mudas de roupa, dois pares de sapatos e um chinelo velho de borracha. Os dois armários da cozinha estavam vazios e enfeitados com teias de aranha. Sua situação estava mesmo crítica, fiquei comovida e dei meus últimos trocados para a coitada, ou seja, o dinheiro para um táxi.

— Obrigada, loira. - Recomeçou a chorar.

— Ei, pode ir parando com esse chororô, não suporto ouvir gente chorando, é sério! - Avisei.

— Tá bom, tá bom... - Deu tapinhas no rosto, tentando se recompôr.

— Agora estou indo, talvez eu te ligue mais tarde, tchau! - Comecei a me despedir, caminhando até a porta.

— Só mais uma coisa! - Falou quase gritando.

— O quê? - Me virei para o ser que tinha um sorrisinho estampando o rosto corado, segurei a maçaneta.

— Posso almoçar com você? A minha despensa está vazia como você mesma viu. Vou guardar esse dinheirinho que você me deu para comprar batom, hidratante para as mãos, álcool em gel e pó compacto! - Deu um sorrisinho sem graça.

— Você vai gastar 20,55 pratas nessas besteiras? - Indaguei, incrédula. - Dá para você comprar uma caixinha de leite, sopa em potinho, cereal, sardinha ou outra comida enlatada, sabonete, papel higiênico e ainda sobra 1 dolár para comprar doces! - Falei e ele fez bico.

— Ah, por favor, deixa eu ir almoçar na seu apê? - Pediu juntando as mãos.

— Se eu te levar, o Benson vai perceber que somos íntimos, ele não é burro e vai sacar que você e eu somos amigos, entende? E também vai perceber que tudo foi uma armação, que foi ideia minha sobre essa vingancinha contra ele... - Expliquei.

— Ah, é verdade... - Concordou. - Mas vai ser isso e ponto final? O coitado vai passar o resto da vida acreditando e se lamentando por ter perdido a virgindade comigo? Nós duas sabemos que sou linda e maravilhosa, se tivesse rolado mesmo ele iria gostar de lembrar de cada momento, enfim... A questão é, você nunca vai revelar a verdade para ele, desmentir tudo? Tipo, nunquinha mesmo? - Indagou sério.

— Talvez um dia, quem sabe? - Soltei uma risada.

— Nossa! Que coisa mais cruel! Você é realmente sacana e malvadinha. Ainda bem que não somos inimigas! - Disse parecendo aliviado. - Estou com pena do bofe, sério... Mas você sabe o que faz, né? Fazer o quê? O que rola entre vocês não é da minha conta! - Deu um sorrisinho malicioso.

— Não rola nada entre mim e aquele panaca, tá legal? - Falei, ríspida.

— Sei... - Prendeu o riso.

— Você está duvidando? Não acredita mesmo em mim? - Fiquei incrédula.

— Ah, qual é loira? Está escrito bem na sua testa que você tem uma quedinha por ele, ou seria um penhasco? - Sorriu se divertindo com a minha cara.

— Claro que não... Eu não tenho... Aquele garoto é muito chato! Olha, que saber de uma coisa? Tô indo embora, tchau Nevelzinho! - Falei aquele apelido que ele tanto detestava só para irritá-lo.

Eu ia pra casa andando já que dei todo o dinheiro que carregava no bolso para o meu amigo purpurinado, eu deveria ter ficado com pelo menos 3,00 pratas para pegar um ônibus.

Eu estava guardando dinheiro num cofre para comprar uma bicicleta. Subi para uma calçada, passei na frente de uma loja de doces, por uma floricultura e por uma sorveteria. E quando me aproximei de um bar chamando Robbs&Martin, avistei uma Lambreta que parecia muito familiar, o veículo estava largado num cantinho lá na fachada do bar por cima de um canteiro.

Fui até lá para dar uma verificada na Lambreta, ergui o veículo e exclamei um palavrão ao constatar que havia acabado de encontrar a Lambretinha do Benson. E claro, a chave não estava no contato, aquilo era óbvio demais... Olhei por debaixo dela, me abaixei vasculhando o chão e afastei um dos vasos de flores que estava quebrado, comecei a procurar a chave ali no canteiro.

E quando achei o chaveiro idiota que era um bonequinho do Superman, o chaveiro era bem a cara do Nerd, fiz a minha dancinha de comemoração.

O capacete estava no compartimento, subi na Lambreta colocando-o, inseri a chave na ignição, ligando-a. Dei partida e arranquei com a Lambreta barulhenta, quase atropelei uma senhorinha que carregava uma sacola colorida.

[...]

Abri a porta, entrei no apartamento carregando o capacete, o chaveiro do bocó estava no meu bolso. Eu havia deixado sua Lambretinha no estacionamento na vaga que ele alugava. Ele pelo visto havia acordado, não estava mais roncando no sofá, fechei a porta e pendurei no gancho o meu chaveiro que era um esqueletinho que acendia no escuro.

Tirei minha jaqueta azul-anil, era uma jaqueta bacana de brim com forro de lã, comprei numa liquidação em San Diego durante as férias de verão do ano passado. E lembrando daquelas férias, saquei meu Pear Phone, dei uma olhada no calendário digital.

Fazia exatamente duas semanas e cinco dias que as férias do verão haviam começado e que eu também havia saído de casa. Eu deveria estar em San Diego, ou em San Francisco ou até mesmo em Los Angeles curtindo as minhas merecidas férias.

Mas não, eu ainda estava ali em Seattle, morando com um imbecil, mas pelo menos arranjei meu primeiro emprego. E também consegui minha liberdade, um quarto só para mim, um cantinho para chamar de meu e ter minha privacidade, eu sequer estava sentindo falta de dormir no mesmo quarto com a minha gêmea mimada e toda cheia de frescurinhas.

Durante essas duas semanas morando fora de casa, meu pai ligou umas três vezes dizendo que sentia minha falta e me alertando para eu tomar cuidado com o Benson. Minha mãe e sua boca grande acabou contando que eu estava vivendo sob o mesmo teto com um rapaz, que a gente iria dividir o apartamento até eu decidir voltar para casa ou ele ir para outro lugar.

Minha irmã Melanie também ligou implorando para eu voltar pra casa, ligou umas cinco vezes no mesmo dia, alegando estar com saudades e que eu não era madura ou independente o bastante para morar sozinha... Qual é? Eu nem estava morando sozinha, tinha o Benson que era um colega e uma boa companhia quando estava de bico fechado, pois aturar suas tagarelices nerds era tortura demais...

E minha mãe depois daquela visita inesperada também ligou para dar alguns conselhos, disse algumas bobagens, e quando chegou naquele 'assunto' adotou um tom sério e disse que arrancaria meu couro e mandaria o meu pai castrar o Benson se eu engravidasse. No dia seguinte, recebi uma "entrega agradável", quando abri o pacote dei de cara com um pacote de preservativos e um pequeno exemplar de Kama Sutra com ilustrações coloridas e bem detalhadas, ela também mandou um bilhete que dizia:

'Divirta-se e use com cuidado, é melhor prevenir do que remediar, sou muito nova para ser vovó! Bjs, minha Rolinha. Ps: Falei sério sobre arrancar seu couro e mandar castrar o seu namoradinho...'

É muito nova para ser vovó? Que engraçado, não? Vindo dela que engravidou aos 17 anos, e mesmo assim teve o apoio dos pais dela. Se eu também engravidasse aos 17 anos, ela não iria me apoiar? Pois aquela ameaça de arrancar meu couro e mandar castrar o Benson já disse tudo...

Ah, por quê eu deveria me preocupar com isso? Isso não vai acontecer mesmo. Ficar grávida daquele idiota? Puts, até parece... Sem chances.

Acabei amassando o bilhete e joguei fora o livrinho de Kama Sutra aquele dia, só não joguei fora o pacote de camisinhas porque decidi colocar nas coisas do Nerd, guardando na caixinha aonde ele guardava os preservativos que com certeza ganhava daquela brux... Ops, da mãe dele, ou será que aonde ele estudava, eles distribuíam preservativos para os alunos adolescentes?

Rumei para o meu quarto, tirei minha calça e vesti uma bermuda larguinha. Continuei vestindo minha camiseta preta com a frase 'Rock'N Roll Is Life' em letras vermelhas.

Tirei meus All Stars e calcei meus chinelos confortáveis. Saí do quarto e estranhei o silêncio, geralmente o Nerd costumava ficar ouvindo as músicas que ele curtia, algumas bandas como Link Park, Nickelback e Skillet, pelo menos tínhamos algo em comum. Ele curtia o som de David Guetta, algumas músicas do Eminem e do Bruno Mars, e também curtia Coldplay assim como eu... Por isso estranhei o silêncio total, pois ele sempre botava o som no volume bem alto.

Bati na porta do seu quarto e nada, girei a maçaneta e abri a porta. Tomei um susto quando vi o zona que o quarto dele havia virado... Me deparei com coisas quebradas e jogadas no chão, livros rasgados, CDs detonados, os travesseiros rasgados, a única coisa que parecia intacta alí era o mural de fotos.

Adentrei o quarto olhando para as paredes todas rabiscadas de vermelho, fui me aproximando e paralisei após ler uma frase que ele havia "grafitado". Aquilo era sangue?

'Quero evaporar, isso foi uma grande desgraça, eu nunca deveria ter bebido. Me sinto péssimo, só quero sumir daqui. Ps:Cuida do meu bebê, loira.'

— BENSON! - Gritei e saí correndo dali, indo procurar ele.

A porta do banheiro estava fechada, me joguei contra a mesma tentando abrí-la o mais rápido possível naquela hora de desespero.

— NERD! - Soquei a porta, forcei a maçaneta. - Merda! - Resmunguei e dei um chute na porta, vi lua e estrelas devido a dor que senti no pé.

Pulei soltando palavrões, segurando meu pé dolorido, meus dedos começaram a latejar. Lembrei da porcaria da cópia da chave do banheiro, corri para a sala e peguei meu chaveiro que estava no gancho atrás da porta.

Voltei correndo, abri a porta do banheiro e cobri a minha boca, abafando um grito...

Me deparei com aquele ser peludo sentado na tampa do vaso.

— SAI CAPETA! - Tirei um dos chinelos e taquei naquele bicho com enormes olhos dourados que chiou alto ficando todo arrepiado, soltou um som de arrepiar todos os pêlinhos do corpo e saltou para cima de mim, me atacando.

[...]

Me escondi no armário de vassouras e rodos, sentei num balde de plástico, agarrei um espanador para usar como arma. O que diabos era aquilo com aquelas orelhas pontudas, com os enormes olhos dourados, coberto de pêlos cor com aquela medonha cor de sei lá o quê num tom bem incomum, fedendo a lixo, com aqueles dentes afiados e com grandes garras ainda mais afiadas?

E aquele chiado agudo e esganiçado? Credo! Nunca vi ou ouvi nada igual... Escapei com alguns arranhões nos braços e corri para a cozinha, me enfiando naquele armário de utensílios para limpeza, me trancando ali sabendo que ele estava farejando meu cheiro, me esperando faminto para me devorar e beber cada gota do meu sangue.

Não sei quanto tempo fiquei ali naquele escuro e abafado esconderijo. Entreabri a porta com cuidado para não fazer barulho, quando vi que a barra estava limpa larguei o espanador e peguei a vassoura me preparando para me mandar dali, abri a porta e dei o primeiro passo para fora do esconderijo, fui caminhando nas pontinhas dos pés com a vassoura em punhos, eu estava me preparando para enfrentar aquela ferinha medonha.

E não demorou muito para aquele monstrinho surgir na cozinha, todo tufado e com os pêlos sujos arrepiados, rosnando, estava com os olhos ainda mais esbugalhados e só poderia ser o Diabo em tamanho pequeno, era muito assustador. Os olhos dourados estavam ficando negros.

Ele chiou ameaçador avançando e eu gritei com medo de ser atacada novamente, e no momento em que eu ia acertar uma vassourada naquele monstrinho, o Benson apareceu na cozinha e gritou:

— NÃO MACHUQUE O MEU BEBÊ, SUA LOUCA!

Largou a sacola que segurava, correu e se abaixou, pegando aquela criaturinha feia e me lançou um olhar daqueles, tentando me repreender.

— Mas o quê? - Larguei a vassoura, recuando. - Você não se matou? Eu pensei que... Li o que você escreveu na parede... Eu... Nossa! Você está vivo! - Exclamei aliviada e ao mesmo tempo confusa.

— Claro que estou vivo! Achou mesmo que eu ia me suicidar? Eu apenas saí para tentar esfriar a cabeça, e aproveitei para comprar leite e ração para o meu bichinho! - Levantou com aquilo no colo, fazendo carinho naquele ser medonho.

— Mas e o seu quarto? Está todo detonado, o que...

— Foi na hora da raiva. - Me interrompeu. - Eu acabei extravasando, sabe? Descontei tudo nas minhas coisas, a raiva, frustração, e toda a lamentação pelo o que aconteceu por culpa da maldita bebida, tudo... - Explicou sem me olhar, ele ainda estava péssimo.

— E isso aí? O que diabos é isso? - Apontei para a ferinha que ainda me olhava me intimidando.

— Ah, esse o Grinch! - Ergueu o monstrinho fedido e todo sujo. - É o meu gatinho de estimação, não é a coisinha mais linda do mundo? Ele ainda era filhote quando o encontrei, uma ser sem coração abandonou essa criaturinha de Deus numa caixinha, o pobrezinho estava chorando de frio e fome... Mas eu o salvei e decidi ficar com ele! - Sorriu com carinho abraçando aquela "coisa".

— Não! É o bicho mais feio que eu já vi em toda a minha vida! - Falei ainda horrorizada. - Esse monstrinho aí me atacou, tem mesmo certeza que isso aí é um gato? Porque realmente não parece, parece mais uma pequena e sanguinária aberração! E se for um gato mesmo, com certeza está possuído, pois ele tentou me matar! - Afirmei.

— Uou! Nossa! Não fala assim do meu Grinchzinho! Ele é manso e muito carinhoso e meigo. Nunca tentou atacar ninguém antes. Talvez o pobrezinho tenha se assustado com você, o bichinho se sentiu ameaçado e só se defendeu! - Explicou fazendo carinho no gato endiabrado, que lambeu ele e ronronou fechando os olhos.

— Esse bicho está possuído, eu vi nos olhos dele. Ele pulou em cima de mim e me arranhou, olha... - Mostrei meus braços. - E desde quando você tem um animal de estimação? Por quê  nunca vi ele aqui? E por quê ele estava trancado no banheiro? - Indaguei.

— Ah, não exagera, foi só uns arranhãozinhos de nada... E para de paranóia, ele não está possuído. Os olhos dele escurecem quando ele fica irritado, isso acontece com os gatos. O olhos ficam negros e é normal, e se ele te atacou foi porque se sentiu ameaçado, o coitadinho se assustou com a sua cara! - Deu uma risada e eu o fuzilei. - Quando ele fica no cio acaba passando uns dias sumido, e hoje ele apareceu em casa faminto e sujo desse jeito. Daí deixei ele trancado no banheiro e fui rapidinho comprar leite e ração, e quando chego aqui te encontro tentando bater no meu bebê de quatro patas com uma vassoura! - Disse ainda me encarando com aquele olhar reprovador.

— Eu também estava apenas tentando me defender! - Falei e ele revirou os olhos. - Por quê trancou ele no banheiro? E aquele aviso na parede em vermelho? - Perguntei.

— Porque eu vou dar banho nele, e para garantir que ele não se escondesse, esse carinha aqui odeia tomar banho, sabe como são os bichanos, né? Escrevi o aviso na parede pois ficaria mais visível, usei giz de cera! - Explicou com calma.

— É melhor deixar ele uns 3 dias de molho, essa sujeira e essa catinga vão demorar para sair! - Avisei.

Minutos depois...

— Amarra as patas dele, não sei se vou conseguir segurar por muito tempo... - Falei com vontade de afogar aquele bicho na bacia.

— Calma aí, só falta enxaguar ele... - Continuou tentando lavar e tirar o excesso de espuma do bichano.

A criaturinha se debatia tentando escapar do banho, o segurei com mais firmeza, eu já estava com a camiseta ensopada e com as mãos escorregadias, havia ganhando mais alguns arranhões...

O Benson finalizou o banho no gatinho feioso, enrolou a coisinha medonha numa toalha com estampa de ratinhos e eu esvaziei a bacia, ele saiu do box carregando o bichano que não parava de miar e eu fiquei passando o rodo, secando o box e fui observar ele secar o gato.

— Por quê Grinch? - Indaguei sobre o nome do animal.

— Acho que combina com ele, apesar dele amar o Natal. Ele adora ficar deitado no sofá, olhando as luzinhas do pisca-pisca, sabe? Também adora brincar com o Papai Noel de brinquedo que anda movido à pilhas e com os Duendes que cantam, e claro, ele sempre se esbalda na ceia! - Sorriu carinhoso para o gato, enquanto o enxugava.

— Hum... E ele é igualzinho o personagem Grinch, né? Os dois são esquisitos e feios! - Comecei a rir e ele me fuzilou.

— Ha, ha, muito engraçada... Peraí, que merda você fez no cabelo? - Perguntou fazendo careta, estranhando o meu novo corte. Ah, ele finalmente havia reparado...

— O que tem de errado com o meu novo corte de cabelo? - Cruzei os braços, estreitando os olhos.

— Nada não... - Enguliu um seco, desviando olhar.

— Fala logo! Anda, desembucha! - Mandei me aproximando.

Ele voltou a me olhar e pareceu pensar, escolhendo as palavras com cautela.

— Eu só... Só acho... Ah, sei lá, bem o cabelo é seu, você faz o que quiser com ele, e eu não tenho nada a ver com isso, né? Enfim... - Voltou a secar o gato.

— Claro! É isso mesmo! O cabelo é meu e se eu quiser raspar ou fazer qualquer mudança radical o problema é meu. Você não entende nada sobre essas coisas, e esse corte ficou legal sim, ok? Tô nem aí para a porra da sua opinião! - Esbravejei.

— Ei, pode ir parando de bancar a durona! Pode ir baixando o seu tom comigo, eu não quero e nem vou discutir com você, cara! - Deixou o bichano no chão e me olhou irritado.

— "Cara"? É assim como você me enxerga? Para você, eu sou o "Cara"? - Me aproximei ainda mais, começando a peitar ele. - Então, vem! Que tal mano à mano? Que tal descontar essa sua raivinha em mim, hein? Pode cair dentro, eu me garanto! - Continuei peitando ele. - Vai querer o quê? Pode escolher, quebra de braço ou prefere brigar comigo corpo à corpo? - Sugeri, eu não tinha medo dele.

— Se afasta, não encosta em mim, eu realmente não quero medir forças com você, cara! - Avisou sério.

— Por quê não? Está mesmo amarelando? Por quê não quer enfrentar o "Cara" aqui? - Bati no meu peito.

— Que bicho te mordeu, hein Puckett? - Começou a andar para trás, mas eu continuei indo para perto dele, destemida.

— Que bicho me mordeu? Quer mesmo saber, Benson? Então, vou te responder e tentar refrescar a sua memória. Ontem à noite você chegou aqui completamente chapado, sem capacete e sem as suas chaves, eu que abri a porta já que você estava prestes a arrombá-la. Você quase não se aguentava em pé, nem sei como deu conta de voltar pra casa! Te levei para tomar uma ducha gelada e você me agarrou no banheiro e olha que você mal se aguentava ficar de pé. Eu tive que aturar as suas gracinhas, você não parava de falar besteiras e pode ter certeza, você não serve para beber, seu idiota! Fiz até café para tentar amenizar o seu estado deprimente! E adivinha o que você fez? Se recusou a tomar o maldito café! Continuou com suas gracinhas e me agarrou novamente... E me chamou de Valerie quando estávamos na cama com você por cima de mim, e... Arhg! Você estava me confundindo com aquela garota! Chamou o nome dela e estragou com o clima e com o momento bem íntimo que estava rolando entre nós, e simplesmente caiu no sono desabando em cima de mim! - Desabafei com raiva.

— Então, quer dizer que eu não cheguei com aquela criatura toda vestida de cor de rosa? - Perguntou fechando os punhos, seu rosto estava vermelho.

— Não! - Respondi. - Você chegou sozinho... É isso mesmo que você já está imaginando... Eu conheço aquele rapaz que estava vestido de mulher, é um amigo de infância, é filho da minha madrinha. Eu estava muito furiosa e liguei para ele porque eu queria me vingar de você! Combinamos tudo e ele fez todo aquele "teatro", e você acreditou que perdeu a virgindade, caiu direitinho! Achei sua Lambreta em frente à um bar, aqui estão suas chaves! - Tirei o chaveiro do bolso e joguei nele.

Ele estava com a boca aberta, muito chocado e horrorizado com todo o meu desabafo, e com a minha confissão sobre minha vingança... Ficamos nos encarando, esperei ele surtar e explodir comigo, mas isso não aconteceu.

— Você é louca, garota! - Pegou o Grinch que se aproximou, roçando nas pernas dele, miando. - E fica longe do meu gato! - Disse antes de me dar costas, indo embora dali com os passos apressados.


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Notas finais do capítulo

O que acharam do capítulo???

O Nev... Ops, Penélope apareceu de novo. Gostaram???

A Sam mudou de visual, agora está com o cabelo mais curtinho hehe

O que acharam do Grinch, o gato esquisito do Benson???

Apareçam leitores fantasminhas.

Ainda tem gente acompanhando essa Fic? Dei uma sumidinha, mas não abandonei, hein...

Nada de vácuo, pessoal. Os dedinhos não vão cair se vocês comentarem. Bjs e até o próximo.



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