Temperance Brennan repousava tranquila e respirava calmamente sentada na confortável poltrona de primeira classe do avião de voo doméstico. Estava acostumada a aquele tipo de tratamento. Desde que se tornara uma famosa autora de best sellers e que seus rendimentos aumentaram – eles praticamente triplicaram – passara a se dar aquele pequeno luxo de viajar em primeira classe nas viagens que realizava. Ela merecia. Acreditava que tudo o que tinha e vivia era resultado proveniente de seu esforço e reconhecimento de seu impecável trabalho. E era.

Olhou pela pequena janela da aeronave e viu as nuvens brancas como algodão. Sabia que não eram literalmente algodão, mas se pareciam muito e desfrutou da paisagem. A viagem, como o comissário de bordo havia informado, duraria aproximadamente cinco horas. Seria um bom tempo sentada. Olhou para seus amigos e companheiros de viagem, sentados ali próximos, e notou como eles estavam eufóricos. Constatou que havia tomado uma excelente decisão de leva-los consigo na viagem e de comprar passagens na primeira classe para todos eles. Tinha de admitir que realmente desejava a companhia deles. Aquela viagem jamais seria a mesma se seus companheiros não estivessem junto dela.

Eles se dirigiram juntos ao Dulles International Airport para que não houvesse atrasos. As poltronas foram escolhidas de forma a que eles ficassem também próximos durante o voo, assim caso eles quisessem conversar poderiam fazê-lo tranquilamente. Além deles, havia somente mais duas pessoas na área reservada à primeira classe. Duas agradáveis senhoras que pareciam flertar com Booth. Assim que o comissário de bordo deu a ordem, ela afivelou o cinto de segurança e desligou seu telefone celular.

Relaxando um pouco mais na poltrona, a renomada antropóloga forense pegou de dentro de sua bolsa um de seus livros preferidos. Havia escolhido cinco para passar o tempo durante a viagem e o tempo de estadia na Cidade do Pecado. Era pouco, ela tinha ciência disso, entretanto podia pedir algum livro emprestado a Grissom. Ele não se negaria a um pedido daqueles. Abriu o que estava lendo na página em que havia parado – já era a terceira vez que o lia, contudo não se importava em relê-lo – e desfrutou da agradável leitura educativa que tinha em mãos. Aquela era a forma que encontrava para acalmar sua ansiedade para reencontrar seu grande amigo e descobrir em que poderia auxiliá-lo.

 Sentado ao lado de Bones estava Seeley Booth, o agente especial do FBI. Ele trajava uma camisa branca, uma calça preta e um cinto em que estava escrito “metido” sua marca registrada. Ele estava agitado. Não era a primeira vez que viajava em avião, porém era a primeira vez que viajava em primeira classe e tinha de admitir que estava adorando.

 Assim que a aeromoça passou com o carrinho de serviço, ele serviu-se de uma taça de champanhe, levou a taça à boca e degustou-o.  Estava ansioso por ir a Vegas, entretanto isso o fez recordar do motivo que o levava a cidade. Virou-se para sua companheira de viagem e chamou-a suavemente.

 ― Bones – ele sussurrou.

  A antropóloga pareceu não ouvir. Estava entretida em sua leitura.

 ― Bones – chamou-a novamente, dessa vez sacudindo-a.

 Ela tirou o olhar do livro e fitou-o.

― Diga Booth. O que é tão importante para atrapalhar minha leitura? – ela fingiu-se indignada.

― Quem é esse Gil qualquer coisa? – ele indagou curioso.

― Grissom. O nome dele é Gil Grissom – ela respondeu.

― Que seja! Quem é ele? – questionou novamente.

― Grissom é meu amigo. Conhecemo-nos em uma Conferência forense há cinco anos e não nos vemos desde então. Satisfeito? – Bones deu o assunto por encerrado e voltou para sua leitura.

Booth não teve remédio a não ser relaxar em sua poltrona e desfrutar daquela viagem. Algo em seu instinto lhe dizia que não iria com a cara do tal Gil Grissom. Cruzou os braços e fechou os olhos.

Camille Soroyan, a chefe do Instituto Jeffersonian, estava sentada na poltrona logo atrás de Brennan e aproveitava a viagem para ler uma revista de moda ou para escutar algumas músicas. Também estava ansiosa por conhecer a famosa Cidade do Pecado. Também queria conhecer a equipe com quem trabalharia durante aqueles dias. Tentava esconder sua ansiedade. Não era de bom tom, uma superior demonstrar esse tipo de fraqueza.

Já Jack Hodgins, contava as horas e minutos para conhecer seu grande ídolo. Para ele aquela viagem em primeira classe era como outra qualquer. Como herdeiro do Grupo Cantilever – embora ninguém de seu trabalho soubesse disso – estava acostumado a este tipo de viagem. O que a tornava memorável era a possibilidade de trabalhar e trocar ideias com seu ídolo, o entomólogo Gilbert Grissom. O jovem entomólogo estava sentado na poltrona do lado oposto das ocupadas por Brennan e Booth.

Sentada ao lado de Hodgins estava Ângela Montenegro, a artista forense. Ela dava pulos de alegria intimamente pela possibilidade de conhecer a Cidade do Pecado  - certamente lá ela iria a algum museu – e por estar sentada ao lado de Hodgins. Ela não ousava confessar, porém tinha um certo afeto pelo entomólogo do Instituto.

E por fim, sentado ao lado de Cam, estava Zack Addy, o jovem assistente da doutora Brennan. Era o único que não se mostrava ansioso pela viagem. Pelo contrário, parecia temeroso. Era a primeira vez que saía de sua cidade. Não fazia ideia do que esperar ou de como as pessoas o tratariam.

Algumas horas mais tarde, eles ouviram a voz do comissário de bordo avisando-lhes que em poucos minutos pousariam no aeroporto de Las Vegas e que, portanto, era necessário que eles voltassem seus assentos a posição ereta.  A aeronave taxiou pela pista de pouso e logo puderam descer. Já era noite, por isso eles viram a cidade em seu esplendor, toda iluminada.

 ― Las Vegas, lá vamos nós! – comentou Hodgins animadíssimo.