Morfina escrita por Zara Miller


Capítulo 2
S01EP02 _ Dor


Notas iniciais do capítulo

Oie! Perdão a demora, eu sei, eu sei, demorou muuuuito. Mas eu já tinha esses capítulos prontos e estavam todos no meu celular. Aí fui assaltada. Demorou para eu conseguir reescrevê-los. Mas agora vai. Esse não é tão longo, mas precisava acabar onde acabou. Espero que gostem!!!
Música para ler: https://www.youtube.com/watch?v=g_72RkQV25Y
Até as notas finais!!



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Seattle, 2004

Edward's Point Of View.

 

O cheiro. O cheiro forte de produto de limpeza e esterilização estava me deixando completamente enjoado. As paredes esverdeadas. Cada centímetro disso, desses corredores. Eu podia ouvir nitidamente o zumbido da máquina de café a metros de mim. Eu sentia cada parte do meu corpo dolorida. As lágrimas que caíam pareciam tentar aliviar todo o meu corpo implorando para sangrar. Sem sucesso.

Minhas mãos não paravam de tremer enquanto eu checava as horas repetidamente em meu celular. Ainda quatro da manhã. Do outro lado do saguão do hospital eu podia ver Reneé Dwyer, mãe de Bella, encarando-me. Como se sentisse pena. Eu estava ali morrendo por dentro, num estado deplorável, enquanto ela mantinha sua postura e olhar frio. Arrogante. Eu só conseguia sentir nojo daquela mulher. A filha dela numa sala cirúrgica, numa situação delicada e instável. E Reneé se preocupou em arrumar-se pra vir a um hospital. Quatro da manhã.

Eu não conseguia entender como ela conseguia manter tal postura fria. Perguntava-me se possuía uma porra dum coração, ali, batendo. Eu sei o que é amar um filho. E eu sei o que é amar, eu acho. Eu faria qualquer coisa para não ver Bella como a vi. Completamente ensanguentada e machucada. Desacordada, sendo levada de mim. Não era fácil lidar com aquela imagem recente. Um pouco de mim morreu ao ouvir sobre sua situação de risco.

Culpar-me era a única coisa que ocupava minha mente acelerada. Eu não devia ter deixado-a sair sozinha. Se, ao menos, eu estivesse com ela no carro, nós morreríamos juntos. Eu morreria no lugar dela. Eu morreria mil e quantas vezes fossem necessárias no lugar dela.

Cambaleei até o banheiro, sentindo ainda mais forte o cheiro de produto químico que revelava uma limpeza recente, e segurei o impulso de vomitar ali mesmo, na pia. Abri a torneira e joguei um pouco de água fria em meu rosto. Ao encarar o espelho, vi uma figura completamente avermelhada, de olhos fundos e desesperados. A ânsia voltou.

Meu celular vibrou em meu bolso, revelando uma mensagem de Rosalie: Notícias?

Bloqueei o aparelho, ignorando-a, e retornei ao saguão. Eu desmaiaria de sono a qualquer momento, mas não conseguiria me concentrar em dormir. Pude sentir meus batimentos cardíacos acelerarem ao ver Carlisle deixar a sala de cirurgia e lançar-me um sorriso tranquilizador. Eu precisava ouvir que estava tudo bem.

Corri até Carlisle, que me abraçou prontamente.

— Shhh… - Entrelaçou os dedos em meus cabelos, como se eu ainda tivesse seis ou sete anos. - Está tudo bem, Edward. - permaneci olhando-o, implorando por mais informações. Alguns quilos já não pesavam sobre meus ombros. - Foram duas costelas e suas mãos fraturadas, mas agora está tudo bem, esperamos. Ela está sob efeito de morfina, ainda, e acordará em algumas horas. Ficará em observação por conta da batida que sofreu em sua cabeça, mas ao menos seu quadro já é estável.

— Onde ela está? - minha voz mal saiu, peguei-me ainda segurando em seu jaleco. Percebi o quanto eu tremia.

— Sendo levada para o quarto. Se quiser, pode ficar lá até ela acordar. Mas amanhã cedo precisaremos fazer exames. E você, mocinho, - suspirou - precisa ir para casa. Rosalie não pode ficar a vida toda cuidando de Renesmee.

— Eu quero ficar.

— Venha comigo. - Carlisle deu um pequeno sorriso complacente.

Meu coração permanecia acelerado enquanto andávamos pelos corredores vazios. Meu pai parou em frente à uma porta, abrindo-a devagar. Agora em uma cama, o corpo pequeno estava trajado com uma camisola branca de bolinhas, típicas de seriados. Seus cabelos castanhos estavam derramados sobre seus ombros em leves ondas. O semblante calmo e adormecido. Diversos ferimentos com uma grossa camada de algum tipo de pomada gelatinosa, outros suturados com pequenos curativos. Dei um passo adiante, podendo ver seu rosto delicado mais de perto. A pele de porcelana de minha boneca estava tomada por hematomas em tons púrpura. Lágrimas escaparam de meus olhos, enquanto passei meu dedo demoradamente por seu braço.

— Edward, até mais tarde. - Carlisle despediu-se, fechando a porta atrás de si.

— Até.

 

. . .

 

Eu não possuía certeza absoluta se havia cochilado ou não nas últimas horas. Eu estava num estado de torpor, com uma linha tênue separando-me da inconsciência. Levantei-me do pequeno sofá e abri as cortinas do quarto devagar. O céu tinha tons esverdeados, os primeiros raios de sol batiam em meu rosto, deixando-me levemente atordoado.

Caminhei até Bella, vendo-a ainda adormecida. Toquei com delicadeza suas bochechas, fazendo um pequeno caminho pelo seu nariz e queixo. Aproximei-me, deixando um beijo em sua testa. Seu rosto reagiu ao contato. Suas sobrancelhas se contraíram. Dor.

— Desculpe-me, amor. - sussurrei, tirando de seu rosto alguns fios de cabelo. Eu queria poder ver seus olhos castanhos. Ouvir sua voz. O rosto marcado pelas pequenas cicatrizes, provavelmente estilhaços de vidro, faziam com que eu sentisse dor também. Dei um pequeno sorriso. Ela está viva. Está aqui, respirando. Está tudo bem. Eu posso ouvir seu coração.

Puxei uma cadeira mais próximo à cama, sentando-me ao lado de Isabella. Segurei sua mão. Pude sentir seus dedos apertarem-se delicadamente contra os meus. Distrai-me com passos no corredor. Olhei em direção à porta, e lá estava Carlisle, observando-nos. Deu-me um pequeno sorriso. Retribui, sentindo algumas lágrimas, talvez de dor, talvez de alívio, escorrerem por minhas bochechas.

Seus dedos mexiam-se. Olhei para Isabella, vendo seus pequenos olhos castanho chocolate abrindo-se lentamente, acostumando-se à luz. Sorri, inevitavelmente, e apertei sua mão. Pude vê-la arfar, seus olhos encontraram os meus, atordoados.

— Amor? - chamei, quase num sussurro.

Foi rápido demais. Dolorido. Como uma vontade súbita de vomitar. Um grande nó formou-se em minha garganta.

Ela puxou sua mão violentamente. Suas sobrancelhas juntaram-se, em dúvida. Ela demorou para pronunciar aquelas três pequenas palavras, num tom baixo, quase inaudível.

— Quem é você?

. . .


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Notas finais do capítulo

e ai, o que acharam? quero opinios, criticas, tudo!!! mandem reviews.
essa fic alternará entre passado e futuro, 2004 e 2009, passado com o edward, futuro com a bella.
espero que tenham curtido, principalmente como os capitulos estao nomeados em formato de seriado.
até o proximo! bjão da lana



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