Out Of The Woods... escrita por Day Alves


Capítulo 7
Como se faz isso?


Notas iniciais do capítulo

Oii Tributos! Tudo bem? Espero que sim!

Boa leitura! ♥



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Uma semana se passa, uma semana desde que vim morar na “minha casa”, confesso que com o passar dos dias, o meu desconforto foi se esvaindo. Não que eu esteja super adaptada a essa vida, mas, ao menos me sinto um pouco mais “em casa”. Os dias tem sido tranquilos e as noites também, apesar de uma vez ou outra eu ouvir o choro de Rye, mas não me sinto capacitada para levantar e tomar meu posto como sua mãe, sinto como se não fosse habilitada para isso. O que faz com que eu vire para outro lado e espere que o choro cesse, o que não demora muito, já que Peeta tem se mostrado ser o melhor pai que eu já conheci. Nossa relação está... terrível, não vejo quando ele sai para trabalhar de manhã, e ele não tem deixado Rye comigo, ele o leva para que Johanna ou até mesmo Effie fique cuidando do pequeno até que ele chegue do trabalho, sendo assim, quando ele chega, prepara o jantar silenciosamente e depois sobe para o quarto de Rye, onde ele tem passado todas as noites. Não digo que estou sendo isolada aqui, pelo contrário, depois que Rye dorme, os dias em que eu desço para a sala, Peeta sempre me pergunta como foi o meu dia, as novidades é que eu voltei a caçar, mesmo não precisando, eu os levo para o antigo prego e os vendo por qualquer preço, não tenho mais que ficar contando o dinheiro, apenas faço isso para que os comerciantes de lá não se sintam menosprezados nem ofendidos. Mas, sou eu quem estou andando muito ofendida com o fato de Peeta não deixar Rye comigo, mesmo que talvez eu tenha dado a entender que quisesse isso. Será que foi o caso? Não sei, de qualquer forma, na noite passada eu decidi que hoje iria falar com Peeta antes que ele saísse para o trabalho. De forma que assim que o sol nasce eu já estou acordada. Talvez não fosse necessário levantar tão cedo, mas de hoje não passa sem que eu fale com Peeta. Alguns minutos se passam até que escuto seus passos no corredor, ele toma banho e se troca aqui, já que todas as suas roupas estão neste closet. Ouço a porta abrir e como estou de costas para ela e imóvel, acho que Peeta não reparou que estou acordada, de forma que ele passa reto para o banheiro. Levanto-me vestindo meu robe e penteando meus cabelos, alguns minutos depois Peeta sai do banheiro, viro-me pensando em falar com ele sobre esses assuntos quando levo uma surpresa: Ele está sem nenhuma peça de roupa, e quando eu digo nenhuma, estou dizendo que ele está como veio ao mundo. Obviamente. Levo minha mão a boca para impedir um grito de surpresa e ouço sua risada, tão viva e alegre, provavelmente causada pelo estado de vermelho que meu rosto deve ter atingido. Viro-me de costas tentando tirar a imagem que acabei de ver de minha mente, fecho os olhos com força, mas ainda posso ver as gotas d’agua descendo por seu peitoral musculoso e sua barriga, meu Deus! Ele tem um corpo maravilhoso! Não que eu estivesse reparando isso, longe de mim.

— Desculpe-me, é força do hábito. – Ele diz, sinto meu rosto ficar ainda mais quente com a rouquidão da sua voz. Meu Deus! O que diabos aconteceu comigo?

— Vista-se e me espere na cozinha, precisamos conversar. – Digo, forçando uma voz firme, já que ela começava a falhar.

Assim que ele se vestiu saiu do quarto e eu me troquei o mais rápido possível, tomando um banho quente e abrindo as portas do closet a procura de uma roupa confortável e quente. Acabei por vestir um moletom cinza que ficava um pouco grande para mim, estranhei, mas não tinha tempo, precisava falar com Peeta.

Desci as escadas quase correndo e peguei ele sentado na mesa, lendo um jornal e tomando café.

— O que precisa falar comigo? – Ele pergunta levantando o olhar. — Blusa bonita.

— Foi a única com que eu me senti confortável. – Digo servindo um pouco de leite no meu copo.

— Na verdade, ela é minha. Não que eu veja problemas em você usar minhas roupas, aliás você quase adotou todo o meu closet quando ficou gravida de Rye. Acho que elas ficam incrivelmente melhores em você. Mas aposto toda a minha fortuna, que depois de hoje, você irá checar milhões de vezes antes de colocar qualquer roupa por que vai ter medo de vestir algo meu novamente.

Como ele consegue fazer isso? Deveria ser pecado uma pessoa conhecer o outro tão minimamente dessa forma. Pigarreio e sento-me do seu lado.

— Eu queria falar com você, sobre Rye. – Dou uma pausa e ele me encara. As palavras antes bem formuladas começam a formar caracóis em minha cabeça. O que eu ia dizer mesmo? É impossível saber com esses olhos incrivelmente azuis me encarando.

— Algum problema?

— Quero que você passe a deixar ele comigo. – Digo. — Por que tem levado ele para as outras pessoas cuidarem se eu estou aqui? Se fico aqui o dia todo sem fazer nada?

— Não é bem assim, vi o quanto você ficou desconfortável aquele dia, Katniss eu podia até jurar que você somente tomou Rye em seus braços para não passar vergonha, você não se importa com ele. – Seu tom é claro e cruel, sinto várias facas entrando em meu peito.

— Isso não é verdade... – Tento justificar.

— Por favor Katniss, seus seios devem estar doendo de tanto leite acumulado, e você sabe que Rye tem tomado fórmula infantil por que você se nega a amamenta-lo. Por que é caprichosa. Já se passou uma semana desde que você chegou, e a única vez em que você sequer chegou perto dele foi quando chegou. Não vou te forçar a nada Katniss, darei o tempo que você precisa para se recuperar, mas não vou deixar que você dê migalhas dos seus sentimentos para o meu filho. – Sua voz é áspera e insensível. Ele está querendo dizer que eu não amo o menino? Bom, eu não sei. Mas é obvio que tenho uma afeição por ele. É meu filho.

— Você não sabe de nada, nem sequer sabe se eu tenho algum sentimento pelo menino ou não. Eu só estou confusa, até algumas semanas eu acordei pensando ainda ter 16 anos, mas aí eu percebi que tenho 19. As coisas estão confusas, mas eu estou começando a me acostumar, com a casa, e com a presença de vocês aqui. Não diga isso Peeta. Eu seria incapaz de dar migalhas para alguém que possui o meu sangue. – Digo, de repente sinto lágrimas em meus olhos, eu só estou magoada por causa das suas insinuações, nada no seu tom de voz me afetou.

— Tudo bem então, ele fica com você hoje. – Peeta dá de ombros, terminando seu café e virando as costas para sair.

Tudo bem, não tenho sido a melhor esposa e mãe esses dias, mas isso não dá o direito de ele virar as costas e sair assim!

— Ele ficará comigo TODOS os dias. – Digo, minha voz soando firme e forte. Sinto o sangue correr em minhas veias, sou eu novamente, a menina rebelde que enfrentou os idealizadores dos Jogos Vorazes.

Peeta se vira para mim, encarando meus olhos, azul no cinza e ninguém quer desviar, ele não vai tirar o menino de mim, não tem esse direito. De repente uma nova expressão toma conta de seu rosto, um misto de alivio e admiração, e outra coisa também, mas essa sempre está presente quando ele me olha.

— Está bom. – Ele diz, sua voz falha um pouco. — Venha, vou me despedir dele e te dar algumas dicas.

Subimos as escadas e entramos no quarto.

— Não devíamos ter entrado mais devagar? Acordamos ele. – Digo vendo o menino sentado no berço, seu rostinho amassado por causa do sono e os olhinhos inchados. Peeta dá uma risada.

— Não ia rolar, ele deve ter nos escutado assim que entramos no corredor, esse menino tem os seus ouvidos de caçador. – Ele diz, sinto um súbito sentimento de orgulho me atingir, fazendo-me soltar um sorriso quase débil. Peeta pega Rye nos braços. — Pois bem, lá em baixo sobre a bancada direita perto do armário tem um pote com o conteúdo para fazer o leite dele, para cada 200ml de água você coloca duas colheres de sopa, mistura e dá para ele na mamadeira, ele não gosta muito, então, tenha paciência.

Assinto gravando tudo que ele disse na cabeça, Rye solta alguns balbucios e ergue seus bracinhos para mim. Vou em sua direção, porém acabo tropeçando no tapete do chão, meu corpo inclina para frente, mas Peeta agarra minha cintura antes que eu caia no chão, ele me encara intensamente, e eu olho em seus olhos com a mesma intensidade. Peeta aproxima nossos rostos, quase imperceptivelmente. Caio em sinal de alerta. Peeta é meu marido, mas não posso fazer isso. Sinto que não posso. Pigarreio afastando-me dele e pegando Rye de seus braços. O menino sorri e começa a brincar com meus cabelos sem puxá-los como faz com os de Peeta.

— Bom. – Ele limpa a garganta. — Eu já vou. – Ele se aproxima, dá um meio abraço em Rye e um beijo na testa. — Tchau filho, papai te ama. – Ele sorri para Rye que sorri de volta para o pai, um sorriso inocente e encantador. — Tchau am... Katniss. – Ele dá um risinho sem graça e um tapinha de leve nas minhas costas, saindo ainda sem jeito. Encaro o menino nos meus braços, ele me olha e sorri para mim, mostrando seus dois dentinhos branquinhos, sorrio de volta e dou um beijo em sua testa.

— Vamos tomar café lindão. – Digo descendo as escadas com o menino em meus braços.

Coloco café em um copo para mim enquanto a água ferve para fazer o leite dele. Leio a embalagem do produto, Peeta tinha razão. Isso não deve fazer bem para um bebê, ainda mais quando a mãe desse bebê tem leite de sobra para dar para ele. Estou sendo egoísta, realmente. Tomo um gole do café e tiro a água do fogo. Preparo a mamadeira e sento na mesa com ele. Deito Rye em meus braços e coloco a mamadeira em sua boca, ele vira o rostinho e agarra minha blusa rumo ao meu seio, entendo bem o que ele quer dizer. Ele quer mamar. Arregalo os olhos e coloco a mamadeira rumo a sua boquinha de novo, ele possui a boca de Peeta. E novamente ele nega a mamadeira, como Peeta faz pra esse menino tomar a mamadeira?

— Rye, por favor! Você precisa se alimentar, ou o seu pai nunca mais vai deixar eu chegar perto de você. – Seus olhos azuis me encaram com curiosidade. — Colabora comigo meu amor. – Dito isso coloco a mamadeira novamente na boca dele que a recebe com uma careta, rio com isso.

Consigo fazer com que ele beba todo o leite da mamadeira enquanto tomo meu café. Assim que terminamos subo com ele novamente para seu quarto. Percebo que sua fralda está cheia e só aí me lembro que Peeta não me ensinou a trocar a frauda dele. Deito Rye no trocador e tiro sua roupinha, abro sua frauda e a jogo fora, encaro a frauda limpa em minhas mãos. E agora? O que eu faço? Não me lembro de como minha mãe trocava as fraudas de Prim, e não faço ideia de como devo fazer isso.

— Como se faz isso? – Pergunto olhando para o menino que me encara. Acabo sorrindo. Por Deus! Não sei colocar uma frauda no meu filho.

Olho na embalagem e vejo que tem uma ilustração de como devemos fazer, coloco a frauda na posição e depois a fecho dos lados, coloco Rye de pé para ver se ficou firme e suspiro em frustração quando a frauda vai parar em seus pés. Não deu certo. Tento pelas próximas cinco vezes até conseguir deixar ela firme e sem apertá-lo. Visto sua roupa de volta e coloco ele no berço para poder arrumar a casa. Começo por seu quarto, e depois vou para o meu, Peeta é perfeitamente organizado, portanto não preciso arrumar nada no nosso closet. Vou até o final do corredor e vejo uma porta fechada. Não entrei aqui antes, alias não entrei em lugar nenhum que não fosse meu quarto, o banheiro, o quarto de Rye, a sala e a cozinha. Abro a porta devagar e acendo o interruptor de luz. Quase caio para trás. É um ateliê. O lugar todo é repleto de quadros, e isso nem é o pior, 90% dos quadros são meus. Olho ao redor e vejo muitos quadros com imagens que eu reconheço ter visto nos vídeos dos Jogos. Aproximo-me de um em especial, nele tem uma menininha com um vestido xadrez, os cabelos escuros estão presos em duas tranças, os olhos cinzas brilhantes. Sou eu. A menina no quadro sou eu no primeiro dia de aula. Toco o quadro e sorrio. Aproximo-me de outro, nele duas meninas andam juntas pela campina, uma maior de cabelos escuros e uma trança caindo pelo seu ombro esquerdo, a outra possui os cabelos loiros e duas tranças, uma caindo em cada lado dos ombros, as duas sorriem de mãos dadas. Sou eu novamente, eu e Prim. Outro quadro chama minha atenção, nele, eu e Peeta estamos deitados sobre a grama, a grama do lago que eu e meu pai íamos juntos quando eu era pequena, eu levei Peeta até lá? Porque? Aquele lugar sempre foi sagrado para mim, nunca nem falei dele com ninguém. Não que eu me lembre pelo menos. Em outro quadro estamos na Campina, Peeta está sentado sobre uma toalha e eu estou meio deitada meio sentada com a cabeça sobre seu peito, estamos assistindo ao pôr do sol, reparo minha barriga, eu estou gravida, e Peeta possui suas duas mãos sobre ela. Estamos sorrindo. Parecíamos tão felizes. Sem que eu percebesse uma lágrima cai de meus olhos. Como eu pude perder tudo isso? Isso não é justo. Saio dali antes que eu comece a chorar pra valer. E como eu não podia estar revoltada? Eu tinha uma vida linda e feliz, um marido bom e um filho maravilhoso, e de repente, tudo isso acabou.


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Notas finais do capítulo

Oii de novo! Espero que entendam que a Katniss precisava dessa semana kkk, Peeta dizendo algumas verdades e nossa heroína finalmente abaixando as guardas com o nosso baby Mellark. Desejo que tenham gostado e não deixem de comentar viu? Bjs! *-*

E que a sorte, esteja sempre ao seu favor! ♥