Pov Willow.

— COMO ASSIM VOCÊ ESTÁ GRÁVIDA? – Meu pai gritou batendo as mãos na mesa. Já havia se passado alguns anos desde que ele havia feito aquilo pela última vez.

— Pai, dá para parar de gritar? – Eu respondi ajeitando o arco em minhas costas. — Aconteceu, não me faça sentir pior do que eu estou.

A verdade é que eu não estava esperando por isso, aos 23 anos de idade, eu estava com planos bem diferentes agora, não que minha relação com Hunter não estivesse boa, havíamos noivado a três anos – o que rendeu outra crise de nervos em meu pai –, e tudo estava indo muito bem, nos amamos muito, e é claro que pensávamos em filhos, mas no futuro, um futuro pouco distante. Não agora.

— Peeta... – Minha mãe sussurrou, colocando as mãos sobre meus ombros. — Não diga isso Willow, não tem que se sentir mal por estar gravida.

— Como não mamãe? Isso não estava em meus planos agora. – Eu disse apontando para minha barriga, podia sentir as lagrimas em meus olhos. — Hunter e eu nem sequer somos casados.

— Isso não é um problema, quando eu engravidei de seu irmão, eu e seu pai não éramos casados, e na verdade, quando eu descobri a gravidez, eu e ele nem estávamos nos falando. – Minha mãe disse sorrindo levemente. — Não se desespere, tudo vai ficar bem.

— Okay, onde está o desgraçado? – Meu pai perguntou.

— Eu estou aqui tio. – Ouvi a voz de Hunter atrás de mim, virei-me e o encarei, havíamos brigado assim que eu contei para ele sobre a gravidez, digamos que temos opiniões distintas sobre eu ter engravidado agora, ele pensa que isso foi a melhor coisa que já nos aconteceu, mas... eu não penso assim.

Não, eu não rejeito essa criança, muito pelo contrário, a amo desde o momento em que descobri sua existência. Porém, eu acho que, esse não é o melhor momento de nossas vidas para ter um filho.

— Antes que o senhor me ameace, quero que saiba que, nem eu e nem Willow planejamos ter essa criança, ela é fruto de um descuido. Mas isso não faz com que eu a ame menos, e não muda o fato de que ela é uma parte minha que cresce no ventre da sua filha. Eu quero esse filho, eu amo esse filho, e ele terá o meu nome, assim como sua filha, se o senhor me permitir. – Os olhos cinzas de Hunter estavam sérios, acompanhados pelos braços cruzados. Ali estava o homem que eu amo, que eu sempre amei.

— Apesar de estar assustado com a notícia, quero que saiba, Hunter. Eu não esperava menos de você. Eu confesso que fiquei assustado quando vocês foram morar juntos, quando vocês ficaram noivos, e confesso estar assustado agora que vocês terão um filho e irão se casar, mas quero que saiba que, não poderia existir homem melhor para minha filha. Vocês têm meu consentimento, meu apoio, e minha benção. – Meu pai disse, seus olhos azuis estavam úmidos, e eu vi ele e Hunter se abraçarem no mesmo instante que a porta da frente se abriu e os meus tios e tias entraram.

— Aah filho, você ainda está vivo! – Tia Joh abraçou Hunter, afagando seus cabelos escuros e ele sorriu.

— Claro que estou mamãe.

— Ele já pediu a mão dela? – Gale perguntou.

— Sim, e eu concedi, não poderia ser diferente agora. Já que minha filha espera um filho dele. – Meu pai disse sorrindo.

— Como é? – Tio Gale e tia Joh perguntaram. Hunter não contou pra eles?

— Hum, mãe, pai, eu vou ter um filho... ou filha. – Hunter falou sorrindo. Tio Gale abriu o maior sorriso do mundo, mas a tia Joh ficou pálida e logo depois levou a mão à boca, sussurrando coisas inaudíveis.

— Meu bebê vai ter um bebê... – Ela sussurrava. — Como isso aconteceu?

— Assim tia, quer mesmo que a gente explique? – Eu brinquei, mas ela continuou pálida. — Alguém dá uma água com açúcar pra ela?

*-*

Pov Narradora.

Meses depois...

Lá estava ele, Hunter Hawthorne, no altar montado lindamente nos jardins da casa que ele comprara para viver com Willow e o futuro filho, na Vila dos Vitoriosos. Ao seu lado estavam seus padrinhos: Finnick Odair Junior e Rye Mellark.

Ele podia sentir as mãos suarem, olhou para o lado onde Lily Abernathy, e Alice Hawthorne estavam, ambas com vestidos rosa-claro idênticos, que marcavam elas serem as madrinhas.

Viu Katniss Everdeen na primeira fileira ao lado de seus outros tios e tias e de seus pais também, eles lhe acenaram e sorriram. Ele estava nervoso, e não entendia o porquê de pensamentos como “ela não vai vir” invadirem sua cabeça.

Foi quando ele a viu de longe que tais pensamentos abandonaram sua mente e corpo.

Ao lado de um Peeta Mellark amargurado estava ela: Willow.

Peeta agora sorria ironicamente enquanto encaminhava sua filha em direção ao altar, trajado em um terno sob medida negro, que fazia seus cabelos loiros se destacarem.

Willow parecia um anjo, trajada com véu e grinalda. O vestido branco lhe caíra como pluma, este com detalhes em brilhante e prata o que dava um ar quase imperial a garota. A maquiagem leve e bela que lhe tava destaque nos olhos cinza-azulados, o buque de prímulas, Willow estava perfeita.

(Eu gostaria de dizer que, não acho sinceramente que a Avril tenha muita aparência com a Willow, pois eu sempre imaginei ela mais parecida com a Willow Shields, que é a atriz que interpreta a Prim. Mas, achei que não ficaria legal colocar uma foto dela aqui, e bom, eu poderia escolher outra pessoa, mas acho que a Avril também ficaria boa. Estou me contradizendo? Talvez. Mas enfim, kkkkk, deixa a Avril mesmo. Espero que gostem.) 

Quando Peeta a entregou em suas mãos ele sorriu e se sentiu o homem mais sortudo da face da terra, principalmente quando Willow lhe sorriu de volta, um sorriso doce que seria capaz de desarmar uma tropa de bestantes. Escutou durante um longo tempo o blá blá blá do juiz de paz, ele não conseguia pensar em mais nada além de Willow e o quanto ela estava impecável ao seu lado.

— Se continuar me olhando assim seus olhos vão cair... – Ela murmurou de um modo que apenas ele escutasse.

Hunter sorriu abertamente demonstrando toda sua felicidade ali.

— Só vou dizer uma coisa Gale se ele fizer minha filha sofrer, ou não cuidar direito do meu neto ou neta, eu mato ele. Estou falando sério. – Peeta dizia para o amigo.

— Peeta, por Deus. Cale.a.boca! – Katniss dizia sorrindo.

— Kat, só estou avisando caso depois Hunter apareça morto! – Disse Peeta olhando para a mulher.

— Ah Peeta! Você fez eu perder a parte que eles dizem “eu aceito”! – Disse Katniss girando os olhos.

— O que? Eles já disseram isso? Ah droga! Eu ia levantar a mão quando o juiz perguntasse se alguém tem algo contra essa união! – Peeta dizia tristemente fazendo todos gargalharem.

Eles só tiveram tempo de ver o casal se beijando intensamente antes de correrem pelo tapete vermelho, recebendo uma bela chuva de arroz. Todos foram cumprimentar o novo casal Hawthorne. Katniss parecia querer amparar Peeta que estava visivelmente triste e desolado, enquanto Finnick e Lily mostravam as alianças de noivado para Annie que sorria emocionada. Seu filho havia se tornado um homem tão lindo e responsável quanto o pai, e logo estaria casado com a filha unica de Effie e Haymitch.

Alice estava lá com um barrigão à mostra, ao seu lado Rye estava todo satisfeito fazendo todas as vontades da esposa, Gale e Johanna paparicavam a filha mais nova como nunca. Tudo estava realmente feliz e emocionante.

*-*

Meses depois eles já estavam no hospital, Hunter nunca havia se sentido assim na vida, aquele sentimento de impaciência. Willow já estava na sala de parto a mais de duas horas e nada de ninguém dar noticia. Estava prestes a gritar com alguma enfermeira quando Rye o impediu alegando que era assim mesmo, e ele bem sabia o quanto era ruim, já que havia passado por aquilo alguns meses atras, quando Alice veio dar a luz ao seu primogênito: Cold Lucius Mellark.

Foi então que Katniss Mellark e Clara Everdeen saíram do quarto com sorrisos enormes nos rostos.

— Quer conhecer sua filha, Hunter? – Katniss perguntara, fazendo com que o rosto do rapaz se iluminasse.

A multidão de Mellark’s, Hawthorne’s, Abernathy’s e Odair"s que se encontravam na sala de espera adentraram como loucos no quarto de Willow, que tinha um lindo embrulho cor de rosa nos braços, e um sorriso angelical brincando em seus lábios.

— Qual vai ser o nome dela? – Peeta perguntara mais tarde, enquanto dava tapinhas camaradas nas costas de Hunter.

E olhando no fundo dos olhos azuis da menina loirinha em seus braços, ele respondeu:

— Prim, o nome dela será Primrose Everdeen Hawthorne.

Todos ficaram em silencio, mas aquilo não era incomodo, muito pelo contrário, era como se a realidade caísse sobre todos naquele momento. Na vida, existem coisas ruins, obviamente, e pessoas são tiradas de nossas vidas de forma bruta e desnecessária, mas isso não quer dizer que elas tenham que ser esquecidas, muito pelo contrário, elas devem ser lembradas sempre. E por mais que tudo pareça estar perdido agora, uma hora, um dia, em algum momento, tudo vai se encaixar e se ajeitar ponta a ponta.

Essa era a única certeza que aquelas famílias cheias de sequelas tinham certeza.