Murilo beija garotos escrita por roux


Capítulo 18
XVIII




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TOMAZ

“E aqui se inicia o começo do fim.”

“E eu nunca quis nada de você, exceto tudo que você tinha e o que sobrou depois disso, também. A felicidade a atingiu como uma bala na cabeça, atingida de uma grande altura por alguém que deveria saber melhor. Os dias de cão acabaram. Os dias de cão passaram você ouve os cavalos? Porque aí vêm eles.”

Ele estava sentindo o peso do corpo do amado sobre seu peito. Estava gostando daquilo, percebe que o outro acordou, porém fica quieto, gosta de saber que o outro está lhe dando beijos no peitoral pelado porque acredita que ele está dormindo. Sorri bobo.  Não vai conseguir fingir por muito tempo, não consegue ficar parado tanto tempo assim fingindo.

— Bom dia! — Ele fala bocejando e tocando o corpo magro de Murilo, gostava daquele contato gostoso logo após sua primeira noite de amor com o cara mais incrível do mundo.

Murilo sorri e o olha. Ele sorri de volta e percebe que o namorado esta lindo mesmo acordando e com cara amassada e os cabelos bagunçados.

— Bom dia, Tomaz... — Diz Murilo todo manhoso, e Tomaz sente o coração derreter. Ele fica realmente todo bobo ao lado de Murilo, não sabe como agir. Se sente outra pessoa.

Está pronto para beijar os lábios de Murilo, quando ouve um celular fazer um barulho irritante. Ele percebe que Murilo fica pensativo e parece incomodado. Vendo o garoto levantar e pegar o celular ele sorri, porém o rosto de Murilo não está agradável. “Porra, que foi dessa vez hem?”

— O que houve? — Ele pergunta sentando na cama e bocejando mais uma vez. O outro parece mesmo preocupado. — Fala logo o que houve Murilo. Estou ficando preocupado poxa.

Murilo continua calado, porém vira o celular em sua direção. Ele pega o celular das mãos do outro e olha o que ele está vendo. Era uma foto, aparentemente normal, por que isso tinha deixado o outro assustado? Porém dando mais uma olhada, percebeu que se tratava de uma página de revista em que estava estampada uma foto tirada na última festa em sua casa. Ele, sua mãe e Murilo. “O que tem de errado?” Ele leu então a mensagem da mãe do namorado. “— Murilo o que significa isso? Por que estão te chamando de Rafael nessa foto, e porque você está na foto desses Archetti? Eles não são uma família da elite da cidade de São Paulo? Estou preocupada, poderia explicar?”

Ele olha novamente para foto e vê o que não queria ver. Na foto diz Rafael Sabugo, novo namorado do herdeiro da companhia Archetti Arquitetura. “PORRA!” Ele pensa realmente bravo. Como não imaginou que isso aconteceria? Como não esperou que a foto fosse parar nas revistas? Iriam todos querer comentar sobre o namorado de Tomaz Archetti. E a coisa mais importe como foi burro para achar que a família de Murilo não iria vez essa revista.

Ele olha para o namorado que está muito nervoso, o sangue sumindo do rosto. Murilo está pálido.

— Ei amor! — Ele diz rápido pois precisa acalmar o outro. — Está tudo bem, é só uma foto, eles querem apenas uma explicação, podemos mentir.

Ele sabe que isso não vai funcionar.

— Não adiantaria mentir, amor... Eles sabem, eles vão descobrir. E eu não conseguiria mentir para eles na cara dura se me pressionassem. Eu... — Murilo diz baixo e começa a chorar. — Eu não quero ficar longe de você...

“Amor! Ele me chamou de amo!” Pensaria um pouco mais nisso se não estivesse tão preocupado com o que ia acontecer agora.  O namorado tinha razão, não poderiam mentir mais. Murilo teria que voltar pra casa, os pais iriam querer uma explicação. E quando eles soubessem que tinha sido ele que havia pedido para Murilo inventar toda aquela mentira? O que iria acontece? No mínimo eles iriam odiá-lo, e nunca o aceitariam como genro. E no máximo poderiam até processa-los por sequestro. Murilo era menor de idade. Ele engole em seco e puxa o outro para seus abraços. Abraçam-se fortes e ficam em silêncio por um tempo. Parecem estar pensando no que fazer.

Ele ouve uma batida na porta.

“Quem é agora? Puta que pariu!”

— Quem é? — Ele grita em respostas as batidas na porta.

— Sou eu, Seu Tomaz! — É a emprega, Lúcia. Ele respira fundo não consegue entender que a mulher está querendo agora. — Você tem visita.

— Eu não quero ver ninguém! — Ele grita. “Era só o que faltava, estou cheio de problemas e ainda tenho que receber visitas? Que vão para o inferno.”

— Mas sua mãe está mandando você descer agora, é um tal de Rafael. E eles estão esperando pelo senhor lá na sala. — Diz a empregada.

Ele não ouve mais nada. Não está conseguindo assimilar as coisas. Como assim é o Rafael? Não pode ser o Rafael. Ele sequer tem seu endereço. Está totalmente pensativo quando sente Murilo se mexer.

— É o Rafael? — Murilo pergunta, já parou de chorar. Mas parece totalmente mais triste.

— Eu não sei, eu não faço ideia. Ele não tem meu endereço. Eu nunca passei. Não pode ser ele. Acho que é um engano... — Ele diz tentando mentir para si mesmo. Só poderia ser o verdadeiro Rafael, a sua mãe não iria pedir para ele descer se não fosse.

— Mas ela disse que é o Rafael... — Insiste Murilo.

— Eu ouvi, mas não faz sentindo algum...

Tomaz respira fundo e levanta da cama e veste uma calça por cima da cueca. Ele está nervoso as mãos estão muito tremulas. Parece que tudo resolveu acontecer de uma só vez. Era para tudo estar perfeito agora, era para ele estar deitado trocando amores com o outro. Com o cara que ama.

Murilo levanta também e veste uma calça. O garoto está com sua camiseta e o olha em desespero. Ele consegue ver o pedido de acalento nos olhar do outro. Porém ele mesmo está querendo isso agora.

Ele sai do quarto com Murilo logo atrás. Não precisa nem descer a escada para ter certeza. Consegue ouvir a voz de Rafael conversando com sua mãe. A mulher parece brava e Rafael tenta explicar que ele é o Rafael, namorado do filho dela. Ele chega à metade da escada e avista Rafael. O coração dá um salto. É mesmo ele! Engole seco e termina de descer as escadas. Rafael o olha e tem um brilho nos olhos.

A mãe se vira para ele, a mulher parece brava. O pai está calado observando tudo.

— Você poderia me explicar que caralho está acontecendo aqui? — Pergunta a mãe totalmente irritada. E ele tem certeza que a coisa está feia porque ela disse um palavrão.

— Avisa para sua mãe que eu sou o seu namorado, meu amor! — Rafael fala olhando em seus olhos. Tomaz sente vontade de segurar a mão de Murilo que está ao seu lado e sair correndo da casa. Continua em silêncio. — Diz para ela meu amor...

— Não já bastava um Rafael, agora nós precisamos de dois? Que palhaçada é essa? E porque esses dois garotos se parecem tanto, Tomaz? Eu estou esperando a resposta. — A mulher exige novamente.

Murilo se encolhe.

Tomaz o olha. Quer acalmar o menino, mas como fará isso? Ele mesmo não está bem.

— Então? — Pergunta a mãe totalmente brava.

— Mãe esse é o Rafael! — Ele diz apontando para o garoto atrás de sua mãe.

— E esse aí é quem? — Ela pergunta irritada e chocada.

— Esse é o Murilo...

Ninguém está entendendo nada. Ele queria mentir, mas do que adiantaria? A casa tinha caído dos dois lados. Não poderia mentir mais.

— Ele esteve se passando pelo Rafael por um pedido meu. É uma longa história. — Ele diz baixo.

— Estamos todos querendo ouvir. — A mãe diz.

— Por que você pediu para alguém se passar por mim? — Pergunta Rafael que parece irritado.

— Você cala a boca que depois eu converso com você! — Ele diz bravo e alto, então olha para o ex-namorado.

Ele vê Rafael se calar.

— No dia que eu fui buscar o Rafael na rodoviária ele não apareceu e me deu um bolo. E eu sabia, eu tinha certeza que você. — Ele olha com raiva para a mãe.  — Você iria me julgar, iria dizer na minha cara que sempre esteve certa sobre esse meu namoro virtual. Eu não queria passar por essa humilhação, eu não queria ser humilhado mais uma vez por você. Então eu conheci o Murilo. Ele é do interior e passou por algo parecido. O namorado o abandonou sozinho, ele precisa de um lugar para ficar e eu deixaria que ele passasse a noite aqui, porém a ideia foi irresistível para mim. Ele se passaria pelo Rafael. Vocês não o conheciam mesmo, então eu praticamente o obriguei a se entrar nesse jogo de mentira. — Ele conclui.

— Eu acho que você era um adulto. Mas estou percebendo que você é um pirralho. — Diz a mãe e levanta a mão. Está pronta para descer a mão com toda força em Tomaz quando o pai se manifesta.

— Baixe essa mão agora, Marta! — Fala o pai totalmente sério. Tomaz se vira para encarar o pai, é a primeira vez que ele o defende. — Eu compreendo o meu filho. Eu mesmo iria dizer coisas horríveis, coisas que quero dizer agora, porém por outros motivos. Mas esse não é o momento, não iremos falar de cabeça cheia.

Tomaz olha para o pai. É a primeira vez desde sempre que o homem toma uma atitude assim.

— E como ficará tudo isso? — Pergunta a mãe. A mulher esta vermelha de raiva. — Há dois namorados nessa casa agora? Eles vão ficar os dois?

— Ora, isso que vai resolver é apenas os três. — Diz Luiz. — Agora vamos, eles tem muito que conversar.

O homem pega a mulher pelo braço e sai puxando a mesma que parece ainda mais indignada.

Tomaz fica em silêncio, não consegue tirar os olhos de Rafael, então nota que Murilo vira as costas e sobe a escada correndo.

— Murilo...

— Nós precisamos conversar! — Diz Rafael.


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