Hell of a Girl escrita por Polaris


Capítulo 3
Imaginando olhos curiosos


Notas iniciais do capítulo

Mais um cap queridos!!



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Capítulo II

Imaginando olhos curiosos



— Hugo, acorde agora! – ouvi a voz de mamãe no quarto ao lado, onde meu irmão dorminhoco ainda roncava alto.

Era sempre assim. Todas as manhãs ele demorava a acordar e a levantar-se e sempre fazia tudo correndo por estar atrasado. O primeiro dia de aula não era diferente dos outros.

— HUGO WEASLEY!

“Bela forma de acordar os vizinhos, mamãe”, pensei antes de colocar um travesseiro em minha cabeça.

Minha mãe poderia competir com vovó para ver quem gritava mais. Eu tinha lá minhas dúvidas acerca de quem ganharia. Agora com tudo mais calmo em casa, eu deitei direito e fitei o teto de meu quarto. Mamãe não iria gritar comigo, pois sabia que eu era pontual e logo desceria.

Mas ainda assim lá estava eu, enrolando na cama e pensando demais. De novo. Revivendo mentalmente aquela cena ridícula de minha humilhação na festa da Nott.

Até que enfim parei meus pensamentos e entrei no banheiro. A água quente parecia me lavar até a alma. O líquido em meu corpo me acalmava de um modo único. Terminei a ducha e escolhi rápido minhas roupas. Peguei uma camisete que achei pendurada no armário e uma calça jeans básica. Prendi meu cabelo num rabo de cavalo. Peguei minha mochila já arrumada e saí do quarto.

— Bom dia, mamãe – falei a tempo de ver a Sra. Hermione puxar as cobertas de um Hugo sonolento e ri. Ele nunca aprendia.

Peguei uma maçã na fruteira e sai de casa. Mesmo que fosse relativamente perto, eu ainda teria que andar um bom caminho até chegar no colégio.

Mal cruzei a rua e vi um carro prata parar na casa de minha vizinha. O cara lá dentro era lindo e facilmente reconhecível: Lorcan Scamander. Seus cabelos eram de um loiro platinado, assim como os cabelos de seu irmão gêmeo Lysander.

Vi minha vizinha sair de sua casa e entrar no carro do namorado. Fato um: seu nome era Dominique Weasley. Fato dois: ela era uma de minhas priminhas. Fato três: nos odiávamos. Fato quatro: éramos melhores amigas na escola primária. O que mudou? Bem, crescemos. Enquanto Domi interessava-se em namoros e moda, eu preferia me dedicar à minha carreira acadêmica. E havia também Alice... mais uma das Girls, como éramos conhecidas, preferiu o mundo da música e mudou-se para a capital assim que começou a estudar e desenvolver suas habilidades. E assim nos separamos, ainda que eu ainda falasse com Alice às vezes online.

Continuei meu caminho, ainda pensando em minhas antigas melhores amigas, pensando como seria minha vida hoje se ainda tivéssemos nossa amizade. Não demorou muito tempo para eu chegar até a escola. Atravessei o estacionamento cheio de adolescentes malucos e já dei de cara com o grupinho dos drogados. Era impressionante como eu via facilmente os clichês de filmes, bem perto de mim. É claro que não estava impressionada com isso. Ignorei-os e fui direto para meu armário, já acostumada com a rotina de nerd que eu tinha e coloquei lá dois livros novos, que comprara nas férias.

Diferente de sempre, entretanto, as pessoas me encaravam. Eu sabia que sussurravam sobre mim, provavelmente comentando o meu mico da festa de ontem.

Bom, eu teria que ignorá-los o dia todo se quisesse sobreviver naquela escola.

— Hey, estranha! – alguém veio logo dizer, mas eu ao invés de xingá-lo, abri um sorriso.

Lysander estava ali, bem à minha frente. Ele me entregou um papel e percebi que era meus horários de aula.

— Me deixe ver seus horários também! – falei e roubei o papel da mão dele.

Comparei os dois horários e percebi que infelizmente não teríamos muitas aulas juntos este semestre.

Meu sorriso apagado fez ele rir.

— Não ria! Como vou sobreviver a esse inferno sem você?

O garoto limitou-se a sorrir e pegou de volta seu horário,desejando-me boa sorte.

Infelizmente, não tínhamos tanta sorte assim. Talvez existisse um ser superior zombando de minha cara… sim! Só podia ser! Uma força maligna que adorava aprontar com pobres e inocentes garotas ner…

Não pude terminar meu pensamento. Fora empurrada quando duas garotas passaram por mim no corredor. E então a vi.

Diana Nott toda felizinha e cheia de risos e pose. Ao lado da morena estava Poppy MacMillan, uma de suas seguidores. A garota era tão ridícula… copiava a Nott em tudo! Eu só não entendia como que ela não tinha tingido seu cabelo loiríssimo de preto ainda.

Talvez existisse uma salvação.

Peguei minhas coisas e segui para a aula de História, pronta para ouvir o Professor Binns narrar suas férias no Egito metade da aula.

Esta como sempre foi monótona, o professor ficou exatos 30 minutos narrando as maravilhosas paisagens que viu, debaixo de uma calor do inferno e cercado na certa por camelos. A viagem perfeita, segundo ele, e eu tinha certeza que para mim era mais uma viagem nada aproveitável.

Pensou ficar vendo múmias e sarcófagos? Não, obrigada.

Um papelzinho voou para a minha mesa e eu rapidamente o abri.

"Adivinhe quem está de volta à cidade"

Olhei em volta, tentando achar quem me enviou e eu me deparei com Domi sorrindo para mim e piscando.

Eu estava mesmo vendo isso? Sério? Dominique batera a cabeça naquela manhã? Fora torturada cruelmente pelo seu Dálmata de estimação?

Aquela vaca não falava comigo há décadas!

Rabisquei uma resposta malcriada e joguei para ela.

"Seu cérebro talvez? Ou o juízo?"

Ela fechou a cara assim que leu meu bilhete, mas rabiscou outra resposta e eu olhei para o professor que escrevia algo na lousa. Ele nem sequer percebia nossa conversa paralela.

O papel voltou para minhas mãos novamente. Eu o abri e minha boca abriu-se num perfeito "O".

"A terceira bitch-girl voltou!"

Não me impedi de sorrir. Alice de volta? Isso era algo que eu não poderia ignorar.

Isso significava o quê? Que voltaríamos a ser o que éramos? Eu tinha lá minhas dúvidas, as coisas mudaram muito desde o início da escola secundária.. Não era como se de uma hora para outra eu conseguisse ser amiga de ambas como era antigamente. Entretanto, eu poderia estar errada, pois se tem algo que eu adoraria, era estar com aquelas duas de novo. Mas Domi era uma desejável. E Alice, se retornasse mesmo, seria uma das talentosas, já que era uma musicista incrível com seu piano.

A aula demorou um século para acabar e assim que o sinal tocou fui direto para a mesa de Dominique e ela estava sorrindo demais para meu gosto.

— Que história é essa da Alice voltar?

Contestei-a e a loira apenas sorriu mais ainda. COMO EU ODIAVA QUANDO ELA FAZIA ISSO!

Dominique levantou-se e pegou seu material, e eu a segui para fora da sala. Ah, mas ela não iria me ignorar assim!

— Dominique!

— É exatamente isso que eu quis dizer. – A garota revirou os olhos, colocou uma mecha do cabelo loiro atrás da orelha. Veja seu celular.

— Eu o deixei em casa, esqueci – falei e a garota olhou-me, incrédula.

— Está vendo porque você não é chamada para nada, Weasley? Quando andava conosco você costumava ser legal.

Ow. Isso doeu. Eu costumava ser legal?

— De qualquer forma, vou sair daqui antes que minha vida social fique doente.

E lá estava… a Domi mesquinha de volta!

Ela me deu as costas e seguiu seu caminho, sem sequer hesitar.

 

Eu suspirei e segui então para a aula de Cálculo. A turma pelo menos, não continha muita gente, era uma disciplina difícil e avançada. Nott e suas seguidores não tinham feeling algum para números. Sentei-me na mesma cadeira de sempre e fui tirando o livro e caderno da bolsa. Vi Scorpius Malfoy ocupar a cadeira atrás de mim.

Eu não sei o porquê, mas me senti estranha, como se pudesse sentir os olhos dele me fuzilando.! Como se o Malfoy fosse um dia me encarar.

O pensamento me fez rir.

A aula não foi tediosa como a de história, realizar os cálculos era uma atividade que me mantinha alerta e ocupada, diferente da aula do Binns.

Weasley— ouvi a voz sussurrada de Malfoy.

Eu não ousaria virar a cabeça para encará-lo, o professor me veria facilmente.

— Me desculpe por ontem.

O quê? Desculpá-lo? O que diabos Scorpius fizera? Me empurrada com o poder da força direto para a piscina?

— Não entendo – sussurrei de volta.

Uma ou duas cabeças nos encarou e eu sentia minha face corar.

— Bem, eu pensei que não gostasse de fofocas.

Cada vez eu entendia menos o que ele falava.

O sinal então tocou e o professor passou a tarefa que deveríamos trazer na próxima aula.

Eu anotei rapidamente e vi então Scorpius levantar-se e dirigir-se para fora da sala. Juntei minhas coisas rapidamente e o segui.

— Espera! – eu pedi, mas ele me ignorou.

Céus! Hoje era um feriado novo? O dia de ignorar Rose Minerva Weasley?

Corri e me coloquei à sua frente. Scorpius parou de andar e olhou para os lados incomodado. Os olhares estavam em nós. Ou nele. Eu já não sabia mais.

— Explique, porque eu realmente não entendi nada do que falou na sala.

— Weasley… esqueça.  Não é nada.

E então ele seguira seu caminho, deixando-me irritada. Como ele podia começar a falar algo e mudar de ideia do nada?

O que eu estava perdendo? Qual detalhe que não se encaixava naquela manhã?

Ainda havia dois ou três alunos me encarando e eu iria mandá-los ao inferno quando senti um peso sobre meus ombros. Alguém me abraçou que nem uma louca.

E foi então que eu reconheci Alice.

— Eu não acredito que te encontrei finalmente! – ela falou soltando-se de mim. – Eu procurei você desde antes do primeiro período, Rosie! Hey, aquele é Scorpius?

Alice virou o rosto, olhando diretamente para as costas do loiro enquanto ele se afastava.

— Ai meu Deus! As fofocas são verdade?

— Que fofocas?

Alice me olhou confusa.

— As fofocas de que você e Scorpius estão tendo um caso.

— Oi?

Eu sabia que meus olhos estavam arregalados, eu sabia também que havia pessoas prestando atenção à nossa conversa. Puxei então Alice pela mão, guiando-a um andar para cima e entrando na sala de informática, onde eu sabia que não teria muita gente.

— Eu e Scorpius? De onde tirou isso?

Alice me fitou meio indecisa sobre o que falar, eu lancei-lhe um olhar mortífero e ela começou a falar.

— Eu não estava na festa ontem. Estava em casa desfazendo as malas, mas o que você lembra de ontem?

Revirei os olhos, já cansada daquela história. Narrei-lhe então que o que eu lembrava e que fora embora depois da minha humilhação.

— Bem, aí é que está o problema. Você não viu o que aconteceu depois…

— O que aconteceu depois?

— Scorpius discutiu com Lorcan. Aparentemente, ele que causou sua queda. Scorpius viu. Ele disse que Scamander era um ser terrível e que não deveria perder tempo tentando… como ele disse? Aaah, “tentando atacar uma garota como você”.

— Uma garota como eu? O que quer dizer uma garota como eu?

— Bem… acho que ele quis dizer indefesa.

— Indefesa?

Eu não sabia exatamente porque estava tão ofendida.

Primeiro Nott começava a implicar comigo, depois Lorcan e agora Scorpius?

Eu realmente não aguentava tudo isso. Senti meus olhos arderem, mas controlei minhas lágrimas. Até que me dei conta de que aquela história não fazia sentido ainda.

— Onde entra o suposto caso que estou tendo?

—Lorcan provocou Scorpius, perguntando porque ele ligava para você, que el estava apenas brincando. E foi aí que nasceu os rumores. Por ele defendê-la, as pessoas suspeitam que estão juntos.

 

Agora fazia sentido Scorpius me pedir desculpas. Ele me dera um momento de falsa fama. Se desculpava pelo assédio dos outros, pelos olhares xeretas que eu recebia durante meu dia. E talvez…

— Alice, a namorada do Scorpius… ela sabe disso?

— Poppy sabe de tudo, Rosie.

Ai meu Deus! Ela vai me matar.

— Não vai. Dominique está contendo a fera. Disse que são mentiras, que Scorpius nunca iria ter nada com você…

— Nossa, como a Domi é fofa! Meu príncipe! Será que ela pode me desprezar mais?

— Ela meio que te protegeu, Rosie – Alice falou divertida. – Poppy não sabe que você e Scorpius tem um passado.

O passado.

Só de pensar quero morrer. E digo para Alice calar a boca antes que alguém ouvisse. Tantos anos ignorando aquilo e lá vinha ela desenterrar a amizade que um dia tive com Scorpius.

— Falando em passado… – Alice voltou-se para mim. – Você quer me explicar porquê diabos suicidou sua vida social? E porquê você e Domi estão em pé de guerra? E Scorpius tão... estranho?

Minha amiga me fitava intensamente e eu tinha que admitir que tinha medo dela às vezes. Os olhos castanhos de Alice Longbottom me encaravam com certa raiva e mágoa.

— E-eu não sei – falei, incapaz de dar-lhe uma resposta.

Estava tudo virado ao avesso. Tudo errado. Éramos uma sociedade toda regrada e proibitiva.

Éramos puro preconceito, pura prepotência. E eu temia que chegaria um momento em que o limite daquilo tudo estouraria.

Eu só não sabia quando isso aconteceria.


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Notas finais do capítulo

E a coisa começa a esquentar... será que em breve a tensão explode?
Aguardem os próximos capítulos!
Estou um dúvida se mantenho dois capítulos por semana ou um, minha aulas retornam em uma semana, então talvez eu acabe segurando os próximos caps para não perder a regularidade, hmmm, estou decidindo ainda. De qualquer forma, acho que ainda essa semana teremos outro capítulo!
Depende de vocês, ou não...



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