POV HERMIONE GRANGER

Depois daquela noite ambos dormimos abraçados. Eu fui a primeira a acordar, olhei ao redor e vi que o sol já batia em minha janela. O domingo seria agradável. Me virei por entre os braços de Malfoy e fiquei o observando dormir. Ele era branco, muito branco e seus cabelos loiros caiam em seus olhos como um anjo. A textura de sua pele era macia, seu cheiro era amadeirado. Me aproximei para sentir. Sua pele era gelada e ao mesmo tempo aconchegante. E o gosto, aquele gosto de menta, que me deixava viciada pelo seu beijo.

Senti um aperto maior em minha cintura e levantei a cabeça para me deixar mergulhar naquela íris cinza. Elas brilhavam, eram calmas e me faziam viajar por entre os momentos que passei com ele. Tudo. Os beijos, abraços, aquela noite, os gemidos, os corpos, a sensação da pele dele na minha.

Fui interrompida de meus devaneios pela boca do loiro que avidamente me beijava. Sua língua percorria cada milímetro do meu maxilar e me fazia sorrir por entre o beijo. Ele me colocou por cima de seu corpo e passava as mãos por toda a minha extensão. Parou apertando levemente minha bunda fazendo com que eu soltasse um leve gemido por entre o beijo. Coloquei minhas mãos eu seu cabelo, enrolando aqueles fios platinados por entre meus dedos.

— Buongiorno, mia piccola (Bom dia, minha pequena) – Ele sussurrou em meu ouvido e estremeci com sua voz rouca em italiano. Aquilo estava ficando cada vez melhor. Não contei para ninguém, mas sou fluente em italiano e em alemão. Gosto muito dessas duas línguas e desses dois países, sempre queria ir com meus pais lá nas férias quando era pequena.

— Buongiorno, mio biondo (Bom dia, meu loiro) – Ele riu ao me escutar e me olhou sério.

— Voi parla italiano? (Você fala italiano?) – Ele sentou na cama e eu me sentei à sua frente.

— Si, io so parlare italiano (Sim, eu sei falar italiano), und auch wissen, wie Deutsch zu sprechen (e também sei falar alemão), io sono una persona di molte lingue. (Eu sou uma pessoa de muitas línguas.) – Eu gargalhei da cara que ele fez. Acho que não esperava que eu soubesse falar em várias línguas.

— Ok, mio amore, anche io parlo francese (Ok, meu amor, eu também falo francês). O que você quer fazer hoje? – Dei risada dele e me levantei da cama. Quando parei de pé, que percebi que ainda estávamos pelados. Então me lembrei da noite anterior. Virei-me de costas rapidamente e tapei meu rosto com as mãos.

— Olha pra lá, Draco. – Escutei uma gargalhada e me virei pra olhá-lo.

— Não é como se eu já não tivesse visto. – Isso me fez ficar roxa de vergonha e tapar novamente meu rosto. Senti suas mãos geladas em meus pulsos tirando meus braços dali. – Não precisa ter vergonha, mon petit (minha pequena). – Ele levantou meu queixo fazendo com que eu olhasse para ele. - Te l'ho detto, ti amo. Voi è la ragazza più bella del mondo. (Eu te disse, eu te amo. Você é a menina mais bonita do mundo). Vous ne devez pas avoir honte de moi (Não precisa ter vergonha de mim).

Seus olhos brilhavam. Eu olhava para ele e tinha certeza que ele falava a verdade. Me aconcheguei no seu abraço e me permiti ficar calma. A noite anterior tinha sido maravilhosa e não me arrependia. Agora tinha certeza de que era com ele que eu queria que acontecesse.

—Danke, meine Liebe. (Obrigada, meu amor).

Ele me soltou e pegou minha mão. Me conduziu até o banheiro e disse para eu me arrumar, tomar um banho, que faríamos algo lá fora hoje, já que o dia estava agradável. Entrei debaixo da ducha e me permiti relaxar os músculos antes de começar a me lavar. Lavei meus cabelos e esfreguei meu corpo. Sai com uma toalha no corpo e outra na cabeça. Vi que tinha esquecido minhas roupas no quarto, na verdade nem sequer lembrei de pegá-las.

Saí do banheiro e Draco lia o livro trouxa, deixei-o ali absorto e fui até meu guarda roupa. O que eu usaria? Olhei de relance para a janela e vi que tava sol. Um vestido? Uma calça? Situação difícil de me decidir. Optei por um macaquinho jeans com uma camiseta verde, a cor que Draco mais gosta.

Quando ele saiu do banheiro estava com uma bermuda caqui, uma camiseta preta e os cabelos bagunçados. Estava lindo. Saímos e fomos tomar café da manhã antes de fazer o que ele tinha programado e não me contado. Chegamos no Salão Principal e logo avistei Luna e Blás se aproximando da mesa da Grifinória.

Fomos indo até eles e vi a cabeça ruiva da minha amiga junto com Harry. Corri até a loira querendo saber tudo o que estava acontecendo, deixando Draco e Blás conversando.

— Vai Luna, pode abrir a boca, desde aquele dia eu quero saber o que tá acontecendo entre vocês.

— Tá bom, Mione.. Depois daquele beijo ele veio atrás de mim e nós ficamos.. Ainda só estamos ficando, na verdade, mas sei lá né.. Não quero criar expecta...

Mas ela interrompeu o que tava falando e seu olhar chocado se focava em Zabini e Parkinson se beijando e ele empurrando-a e Draco sendo beijado por Astória e ele também a empurrando.

Meu queixo caiu. Ouvi gritaria. Gina correndo, Harry tentando tirá-la de lá, as sonserinas gritando, eu fiquei parada, estagnada. Vi alguém se aproximar de mim. Quando focalizei no rosto era Malfoy.

— Amor, não foi culpa minha, eu juro. – Ele esticou a mão para pegar a minha, mas eu involuntariamente desviei.

— Eu vi você beijando ela, Malfoy! – Eu não sabia o que pensar, na verdade. Eu vi ele a empurrando, eu vi ele mandando ela ir se foder, eu vi tudo isso, mas minha cabeça não assimilava nada. Eu gritava com ele, até escutar um grito mais alto que o meu. Era da Luna.

— TODOS VOCÊS, JÁ PRA FORA DESSE SALÃO. NÓS VAMOS CONVERSAR EM OUTRO LUGAR! – Ela empurrou Harry, Gina, Blás, Grengrass, Parkinson, Draco e eu pra fora e nos colocou em uma sala. Usou feitiço para abafar o som e falou para todos. – DÁ PRA VOCÊS SE ACALMAREM E PARAREM DE GRITAR? ATÉ LONDRES ESTAVA OUVINDO VOCÊS.

— Essas duas idiotas acham que podem chegar e beijar o homem de outra mulher! – Gina gritou a todos pulmões. – Vocês são nojentas. – Disse se virando para elas.

— Gina, se acalme, por favor. – Harry segurou sua mão, puxando-a para perto.

— Então a ruiva precisa ser domada? Que gracinha. – Pansy disse irônica.

Draco se aproximou de mim e me olhou. Seus olhos eram tristes, eu conseguia perceber. Ele não tentou tocar em mim, só ficou bem perto.

— So che sei arrabbiato, e mi dispiace per questo. Giuro che non sono stato io che la baciò. Non avrei mai si scambiare per qualcun altro. (Eu sei que está brava, e sinto muito por isso. Eu te juro que não fui eu quem beijou ela. Eu nunca trocaria você por outra pessoa.) – Escorreu uma lágrima pela minha bochecha e ele a secou. Ele olhou em meus olhos e vi uma lágrima escorrer pela sua bochecha. Nunca o tinha visto chorar. – Je t’aime, mon petit (Eu te amo, minha pequena.)

A barulheira, apesar de mais baixa, ao nosso redor não tinha parado, tínhamos criado uma bolha particular. Não fazia ideia do que os outros falavam. Só me senti aproximar de Draco e tocar sua bochecha, tirar a lágrima de lá e abraçá-lo.

— É ISSO HERMIONE? VAI PERDOÁ-LO? – Gina veio até mim puxando-me pelo braço.

— Ruiva, eu já falei com ela. Hermione sabe que eu jamais faria isso.

— Gina, foram elas. E elas vão pagar por isso, fica tranquila.

— Sim, Gigi, eu tenho certeza que eles não fariam isso conosco.. – Luna se aproximou me abraçando.

— Querem calar a boca? Acham mesmo que eles gostam de vocês?

— Qual o problema de vocês duas? Duas iludidas! – As sonserinas falaram se aproximando.

— Dá pra vocês calarem a boca? Vocês não merecem respeito algum. Vocês não respeitam nem a si próprias. Vocês acham que vão conseguir chamar a atenção e estragar a vida delas só porque agarraram a gente! Só que o que vocês não percebem é que nem olhamos pra vocês! Vocês não são nada pra gente! – Draco gritava na cara das duas sonsas.

— Acham que vão conseguir algo? – Zabini tomou o lugar dele. – Vocês são mais burras do que eu pensei. O Draco ama a Hermione, e eu sou apaixonado pela Luna. Se toquem. Vocês nunca vão conseguir separar a gente! Agora sumam daqui! E NÃO NOS INCOMODEM MAIS.

As duas saíram correndo pela porta deixando todos quietos na sala. Harry correu e me abraçou, Luna se apoiou em Gina. Me senti fraca. Olhei para Harry e pedi que me ajudasse. Ele me sentou e minha cabeça girava. Senti alguém se sentar ao meu lado e vi que era Draco. Todos estavam ao meu redor.

— Você está bem, baixinha? – O mar cinzento me invadiu e eu só fiz que sim com a cabeça. Ele me puxou para perto e eu encostei em seu peito, me aconchegando ali.

— Luna, acho que precisamos conversar. – Escutei Blásio falar, fechei os olhos e me permiti deixá-los mais à vontade. Gina e Harry foram para um canto da sala e começaram a se beijar. A ruiva havia ficado bem alterada.

— Pode falar, Blás. A não ser que queira falar em outro lugar, por mim tudo bem também.

— Nossos amigos vão ficar sabendo mesmo, então pode ser aqui. – Ele deu um passo se aproximando dela. – Eu to louco por você, loira. Eu quero você pra mim.

— Eu também gosto muito de você, moreno. Eu também quero. – E ele a beijou. Ouvi Gina aplaudindo e acompanhei a minha amiga. Logo nós quatro aplaudíamos o mais novo casal do grupo. Olhando, eles realmente combinavam, eram feitos um pro outro.

— Bom, acho que podemos deixar os dois sozinhos – Harry me lançou um olhar e eu assenti. Saímos de fininho e seguimos nosso rumo. Eu fui com Draco para o Salão Comunal dos Monitores e meus amigos foram para a Grifinória.

— Mia piccola, podemos conversar? – Draco disse assim que entramos no Salão. Eu assenti com a cabeça momentaneamente nervosa. Me encaminhei para o sofá e não o olhei. Minhas mãos tremiam levemente e eu não sabia porquê. Agarrei uma almofada para esconder a tremedeira e encarei a parede como se ela fosse a coisa mais interessante do mundo. Na minha cabeça se passavam várias formas dele terminar comigo e de me dizer que estava mentindo, que não me ama e que era tudo uma brincadeira de mal gosto só para transar comigo.

— Você tá bem? – Ele disse parando exatamente no meio do caminho entre meus olhos e a parede. Ele se mantinha em pé com os braços cruzados no peito e uma cara fechada. Eu assenti com a cabeça.

— Tá, então eu quero te falar uma coisa.

— Vai terminar comigo? Se for, vai logo, termina de uma vez, desembucha tudo e não me poupe, não quero sofrer.

Ele atravessou o espaço entre nós em duas passadas e se ajoelhou na minha frente. – Acha mesmo que eu iria terminar com você? Mon petit, você é a pessoa mais importante na minha vida. Eu queria te agradecer, era isso que eu ia falar.

— Como assim me agradecer?

— Você me trouxe amor, felicidade, uma vida pela qual vale a pena viver, você me aceitou e aprendeu a me amar, você está comigo e você confia em mim. Você é muito mais do que eu mereço. Eu sempre fui asqueroso com você, mas você está aqui. Eu fui agarrado por uma imbecil e você confiou em mim. Eu te juro, morena, você é a única pessoa que eu quero, que está no meu coração, que me excita, você é a menina mais linda de Hogwarts. Você é a mais inteligente e eu sou o cara mais sortudo do mundo por te ter ao meu lado.

Ele parou e respirou fundo, mexeu no meu cabelo e acariciou minha bochecha. – Aquela noite, quando nos entregamos, você foi maravilhosa. Nenhuma menina foi melhor que você, e eu nunca vou querer outra pessoa ao meu lado na cama. Eu nunca vou terminar com você. Nunca vou te fazer sofrer.

Senti lágrimas escorrerem por minhas bochechas. Eu não queria brigar com ele. Não queria ele longe de mim. Em pouco tempo eu já amava tanto ele. Já era tão essencial na minha vida.

Seus lábios me invadiram e eu senti sua língua pedindo passagem. Entrei num beijo apaixonado e desesperado com Draco, enquanto nossas línguas dançavam e travavam uma batalha, decorando cada milímetro de nossas bocas. Ele pegou minha cintura e me puxou para seu colo, me levantou e eu coloquei as pernas ao redor de seu quadril. Ele caminhou comigo até seu quarto.

Percebi que nunca tinha entrado ali. Normalmente dormíamos no meu. Eram tão diferentes. O meu tinha paredes com listras em dourado e vermelho, uma cama grande com jogo de cama da Grifinória e estantes e escrivaninha num tom amadeirado antigo com detalhes em dourado.

Já no quarto do meu namorado, as paredes em verde e prata davam um ar meio gelado, os moveis todos em preto bem chiques e com cara de recém comprados, o oposto dos meus. Sua cama perfeitamente arrumada e com a armação toda branca continha o jogo de cama da Sonserina. Ele gostava de ler, suas estantes estavam abarrotadas de livros, assim como as minhas.

Assim que ele me colocou na cama, olhei em volta e percebi o quanto apesar de diferentes somos parecidos. Ele não me deu tempo de falar e voltou para minha boca, suas mãos passando pelo meu corpo até minhas coxas. Ele deitou ao meu lado e ficou curiosamente olhando para um ponto fixo no criado mudo por alguns segundos antes de voltar a beijar meu pescoço. Ele nos levantou colocando-nos sentados na cama. Me ajeitei ficando de frente para ele, que apenas fez sinal para meu pijama, em cima do travesseiro na cama dele. Me troquei, assim como ele, e rapidamente deitamos na cama. Ele puxou as cobertas e me colocou deitada. Olhou o criado mudo novamente e então deitou ao meu lado ficando de frente para mim. Estava prestes a perguntar o que tinha ali, mas Draco interrompeu meus pensamentos.

— Ich liebe dich (Eu te amo).

— Je t’aime trop (Eu também te amo). – Sorri para ele. – Quer dizer que está aprendendo a falar alemão?

— Tenho que ficar a sua altura né. – Ele gargalhou. – E você francês.

— Sei me virar em francês, mon amour. – Eu sorri. – Verdade, esqueci da minha sombra, sempre o segundo mais inteligente – e ri.

— Tudo bem perder pra você. Sempre será a melhor mesmo – Ele riu e eu o acompanhei. – O que importa é que seja minha.

— Sou sua.

— Então casa comigo.