Minha ruína escrita por Manu


Capítulo 17
O amor pode mudar os planos.




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“O mal que os homens fazem vive dentro deles; já a bondade é muitas vezes enterrada com seus ossos.”

(Júlio César – Shakespeare)

Aquilo deveria ter resolvido seu problema, mas infortunadamente havia servido apenas para fazê-la se sentir mais morta por dentro. Os ruídos haviam passado, mas não a perturbação dentro de si, sabendo perfeitamente de uma coisa: Que o havia perdido para sempre. E de mais outra: Não estava nenhum pouco confortável com esta realidade. Era perca de tempo tentar encontrar justificativas, fingindo algum estúpido argumento irrelevante. Regina colocou as mãos ao redor da cabeça, apertava como se pudesse fazer o estresse extravasar.

—Não posso.-Pensou. Não novamente. A mesma cena aconteceu diante de seus olhos. A pessoa que ela mais amava sendo arrastada para longe mesmo diante de seus olhos, mas desta vez não poderia culpar ninguém além de si mesma.

Henry não respondeu de imediato. Estava ainda atônito com o jovem que havia perdido sua vida naquele dia.

—Isso não está certo.-murmurou entre os outros homens.

—O que não está certo é que ela sente naquele trono enquanto tirou a vida de meu filho, e de muitos outros mais.-O homem tinha em seu olhar aquele sentimento, de quando se perde algo que se sabe que não se vai mais encontrar. Mas aquela havia sido a pior das perdas. O despedaçou por dentro, irremediavelmente.

—Como poderíamos fazer isto?-Outro já ex-guarda da rainha falou.

—Não vai ser difícil convencer mais pessoas. O reino clama por sangue, e é o devemos dar a ele.

—Henry.-O arrastaram de seus pensamentos para a realidade miserável. -Sim.-Ele respondeu.

—Precisaremos que você faça a parte principal.

—Você quer dizer...

—Exato.-O pai que havia perdido sua criança ergueu uma lâmina para Henry, depositando em suas mãos. -Nunca conseguiremos entrar no castelo, mas você consegue. Resolvemos a situação do lado de fora, e você salva este reino. Henry segurou a lâmina, era de aço vermelho, pesado em sua mão assim como pediam o que ele fizesse. Não apenas pediam, implorariam se fosse preciso, isso estava presente em cada olhar. Tudo estava ocorrendo perfeitamente bem. A mesa foi bem armada, com as peças do tabuleiro se movendo de forma precisa, e a rainha...mesmo sendo a peça mais importante do jogo, estava prestes a cair. E por meio das mãos de seus insignificantes soldadinhos.

—Xeque-mate.-Disse Rumple. A partir dali ele não precisaria fazer mais nada além de apenas assistir.

Emma sentia como se estivesse enlouquecendo, Henry não estava em casa quando ela chegou, provavelmente havia ido procurar outro emprego ou...

"Não pode ser"-Emma desconsiderou a ideia que lhe ocorreu naquele momento. Mesmo assim tentou pensar nos sentimentos de Henry, e com um grande esforço tentou admitir mesmo que um pouco a possibilidade de amor entre ele e... -Não!-Ela disse sentindo-se capaz de vomitar.

A lua aparecia devagar naquele céu tão estrelado, convertendo a noite em uma paisagem maravilhosa para diversas ocasiões. Não sendo suficiente, a paz que emanava das ruas era aquietante para qualquer consciência. Parecia estranho à Regina, mas bastava de reclamar por superficialidades. A rainha se dirigiu ao salão do trono,onde alguns guardas protegiam a entrada. Ela sentou-se e perguntou se alguém havia vindo para demandar uma audiência. -Não, Majestade.

Ela acenou ao notar que haviam poucos guardas.-Onde estão os outros? Eles olharam entre si, questionando-se internamente sobre quem a informaria das más notícias.

—Eles...bom...desertaram. Entre eles ainda está o nosso comandante.

—Então é isso.-Ela disse, erguendo uma sobrancelha. Os homens prendiam a respiração quando a rainha deu um leve tapa no apoio de mão, localizado no trono.

—Contrate mais.-Ela ordenou.

—Nós tentamos. Mas a verdade é que...ninguém se disponibiliza para o serviço. Não mais.

Regina perdeu a paciência. Levantou-se do trono sem pronunciar palavra alguma, e ordenou que saíssem dali. Quanto a isto, foram capazes de obedecer. Regina prometeu a si mesma que iria pensar em alguma maneira de consertar tudo. E o faria, se a razão de sua instabilidade não tivesse dado entrada no salão. Não através da porta de entrada, o que a surpreendeu. Não sabia por onde, mas ele estava lá, já não era suficiente?

—Você voltou.-Regina tinha certeza que não deveria mostrar muita emoção, por mais que seu coração gritasse.-Por quê está aqui?

—Como pôde fazer aquilo?-Em seu rosto estava a razão de preocupação anterior de Regina, total desprezo.

—Eles queriam me matar. O que preferia que eu fizesse? Me entregasse, talvez?

—A maioria dos guardas desertaram, sabe o que significa?

—Vejo que ainda está bravo comigo.

Cada palavra dela reacendia todos os sentimentos de fúria que Henry tinha naquele instante.

—Eu não deveria?-Perguntou ele, esforçando-se para transmitir o máximo de calma possível.

—Deveria.-Ela reconheceu.-Eu sinto muito, Henry.

Foi um golpe baixo, quase toda a raiva ser dissipada por simples palavras. Mas apesar de tudo eram as palavras dela.

—Compreendo que não posso exigir sua confiança, mas acredite quando eu digo que amar você é a minha ruína. Henry apenas a observou,surpreso e abaixando a cabeça em uma tentativa de não se descontrolar. Ela se aproximou dele para terminar de falar.

—Dizem que finais felizes existem, até para pessoas como eu.Se é verdade eu não sei, mas se não for é uma mentira que eu quero acreditar.-Ela falava sem o encarar, caso contrário não suportaria.

—Regina...-Ele a chamou,com a cabeça baixa. A rainha o fitou de imediato quando Henry puxou de trás da armadura a lâmina de aço vermelho.

 

Guardas reais tombaram aos montes do lado de fora do palácio, a entrada foi derrubada pelos revolucionários para encontrarem seu suposto herói com o prêmio. Ele tremia segurando um corpo odiado por muitos. Mas não por ele, e nunca seria. Os rumores que rondaram a cidade foi que os que chegaram próximo a cena não puderam sequer se aproximar da rainha, dada a proteção e ameaça do bravo soldado.

E ela estava em paz.

Finalmente.

Em meio a mais tênue escuridão que ainda cobria a floresta Henry esperava, ao ser surpreendido pelo barulho do cavalo. Montou atrás do passageiro e seguiu.

—E quanto a Rumplestilstiskin?-perguntou Henry com o mínimo de preocupação em sua voz.

Regina Mills o olhou de relance.

—Ele não me preocupa. E quanto a você?

~Flashback On~

 -Faça o que tem que fazer. -Ela quase suspirou, abaixando a cabeça. Mas não sentiu a lâmina subir, muito menos descer. Apenas o sentiu a tocar suavemente no rosto.

—Eu amo você.-Falou.
Regina descobriu que talvez não estivesse realmente morta por dentro, pois seu coração nunca havia batido tão forte quanto batia agora.

—Eu também...amo você.-Disse ela, finalmente.
O barulho de esmurros na porta principal era constante, e apenas enquanto se beijavam, não fez a mínima diferença.

—Vão invadir.-Henry disse.

—O que você fará?-"O que faremos?" Quis dizer.

—Vamos embora, rápido!

—Espere-ela o puxou pelo braço.-Eu tenho uma ideia melhor.
Enquanto apenas ouvia o regozijar dos outros homens, Henry não liberou um único ruído que não fosse o brandir de sua espada. Talvez os rebeldes pensassem se a tarefa havia sido dura demais para ele. Bom, todos haviam perdido coisas naquele dia. Ir embora,significava deixar todo o resto. Todos.
Regina não poderia descrever em palavras o quanto sentia pelo que havia feito com Emma, mas Henry a deixaria mesmo assim.
Não havia outra maneira, e era uma lamentável realidade. Talvez algum dia ela pudesse os perdoar.

 

~Flashback OFF~

—Nem um pouco.-Henry respondeu sorrindo, com o mesmo sorriso que havia feito a rainha se apaixonar. Ali não haveria mais espaço para qualquer arrependimento ou angústia referente ao passado. Era este o pensamento presente nas idéias deles. E assim, ambos partiram do reino, em direção norte, frente ao sol nascente e à felicidade que já não era um sonho distante. O mundo fora da floresta encantada aguardava ambos. E se talvez no futuro ele viesse a os encontrar...Regina estaria pronta.

Claro, profecias são perigosas, mas não passam de brinquedos nas mãos do destino. E como o destino, podem ser mudadas de acordo com sua vontade. Foi uma lição que a rainha aprendeu alegremente. E afinal, ele foi a ruína de seu reino e também a personificação de sua felicidade.


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