Semplicemente Amare escrita por Cacau54


Capítulo 4
Capítulo IV — Tintas e sangue.


Notas iniciais do capítulo

Agradeço aos reviews do capítulo anterior, logo os responderei ♥

Boa leitura.



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Semplicemente Amare — Tintas e sangue. 

As horas daquela tarde passaram tão lentamente para James que ele, em diversos momentos, havia pego as chaves do carro e saído achando que já poderia buscar Lily Evans. Porém quando percebia não havia passado, nem ao menos, das duas da tarde. Decidiu, por fim, dar uma revisada em alguns de seus trabalhos que estavam adiantados para amenizar a ansiedade. 

Era aquilo que estava deixando-o louco. O fato de que não conseguia parar de pensar nela e no que, exatamente, estava fazendo. Não conseguia se concentrar em nada com medo de perder o horário. Ficou intrigado, pois, por mais que reparasse em Evans na universidade, nunca ficou tão concentrado nela. 

E quando, finalmente, chegou o horário de ir até aquela escola James quase saiu cantando pneu sem saber exatamente o porquê

Já para Lily Evans o dia passou rapidamente. A escola de apoio foi criada com o intuito de cuidar de crianças que não possuíam ambos os pais, ou o responsável era ocupado demais. Assim, para que não fiquem em casa sozinhos ou com babás, esses responsáveis deixam as crianças em uma escola onde serão estimuladas social e psicologicamente. 

Com uma tarde cheia de brincadeiras, gritos e risadas. Lily encerrava o dia com o rosto cheio de tinta, um pincel nos cabelos prendendo-os em coque. Passou a arrumar os trabalhos das crianças, ela ficava, voluntariamente, com a faixa etária de 9/10 anos. Eram uns pestinhas, mas ela amava a todos. Colocou todas as pinturas para secar em um varalzinho improvisado e ria sozinha vendo os trabalhos. 

Você não fica louca com todos esses gritos? — perguntou James na porta da sala, fazendo Lily dar um pulo no lugar. — Não quis te assustar, desculpe. — apressou-se em dizer. 

Ela virou para encará-lo totalmente aérea com seu estado físico. Já ele encarou-a como se fosse a criatura mais exuberante da face da terra. Estar totalmente alheia a tinta azul em sua bochecha e a amarela em seu queixo, assim como os cabelos presos, com um pincel, de maneira desleixada a deixa com um ar gracioso

— O que está fazendo aqui? — questionou ela, encarando-o desconfiada. Lily decidiu que deveria terminar de pendurar os trabalhos, pois, veja bem, aquele era o trabalho dela, não poderia se deixar distrair porque um rapaz potencialmente lindo chegou para desconcentrá-la. 

— Falei que passaria aqui lhe buscar. — respondeu James dando de ombros. Ele foi sincero e simples em sua resposta, mas aquilo fez com que ela franzisse o cenho. 

— Não — Lily disse olhando para ele por cima do ombro, rapidamente, e logo voltou a pendurar as pinturas. —, quis dizer o que está fazendo aqui dentro? 

— Uma mulher simpática me falou para entrar, então, cá estou eu. — James respondeu e sua voz estava se aproximado muito, percebeu ela, tanto que quando ele terminou a frase Lily conseguiu sentir o hálito quente dele em sua nuca. — A propósito — continuou e com um gesto, no mínimo, surpreendente, esfregou o polegar da mão direita exatamente na nuca de Lily retirando uma mancha de tinta vermelha dali. —, tem tinta aqui. Pronto. 

Ela ficou atônita por um longo tempo, encarando-o com os olhos arregalados e a boca entreaberta assim que virou de frente para ele. James achou pura e simplesmente adorável. O sorriso que abriu deixou Lily absolutamente desconcertada internamente, questionando-se o que um Potter poderia querer com ela. Bem, pensou, provável que seja para devolver o meu projeto. 

Antes que a Evans pudesse falar qualquer coisa a atenção dele já estava voltada para as imagens. Sem conter o riso começou a acompanhar as pinturas desconexas e engraçadas que aquelas crianças haviam pintado. Ela não conseguiu deixar de admirá-lo. Oras, bem, ela possui olhos, certo? Não acha que James tenha qualquer interesse nela, mas não faz mal - principalmente para seu próprio coração - olhar. 

— Você fica com eles todos os dias? — perguntou ele, de repente. James pegou-a em flagrante encarando-o e conteve um sorriso torto, ou, na realidade, não conteve coisa nenhuma. Mexeu em seus cabelos deixando-os ainda mais bagunçados e aproximou-se dela novamente. — Porque, se fica, quero saber como aguenta. 

— Não, fico aqui dois dias da semana. — Lily respondeu desviando o olhar e voltando a pendurar as últimas obras de arte que possuía. Mas, na realidade, aquela foi a fuga para não ter que encará-lo nos olhos. — Outro dia, pela parte da manhã vou para um asilo. — continuou falando. As vezes, quando fica muito nervosa, começa a falar pelos cotovelos. — E, em alguns dias determinados e em horários determinados, atendo alguns clientes na clínica da universidade. — completou dando de ombros. 

— Legal! — disse James com uma falsa empolgação. — E quando é que você vive? — perguntou. 

Lily terminou o trabalho que estava fazendo e retirou o avental que estava ao redor do corpo. Andou calmamente até a pia que havia na sala e lavou as mãos e o rosto. Tirou todo o resquício de tinta que ainda estava por ali. Quando voltou a encarar James, seu olhar estava cansado. 

— Não sei porque isso interessa a você — respondeu acidamente, sem intenção. —, afinal não tem nada a ver com a minha vida. Mas, tudo isso que eu faço entra na classificação de viver! — falou suspirando. 

Na realidade ela sabia o porque de estar sendo tão curta e grossa. Lily não era uma mulher que gostava de ser questionada. Desde que se entende por gente, nunca gostou que duvidassem de suas escolhas. Assim como em todas as suas decisões, quando escolheu cursar Psicologia ouvia seus avós criticarem, ouviu sua irmã debochar e perguntar para o que serviria tal profissão. E, acima de tudo, escutou seus pais e amigos lhe falando que não precisava se dedicar tanto. 

Oras, pensava ela, esse é o meu futuro! Então sempre quando alguém a pressiona sobre esse assunto, ela, simplesmente, não consegue acenar e sorrir. 

— Você tem uma visão bem distorcida do que é viver, então. — teimou ele. — Não me entenda mal, não estou falando que você não deve fazer todas essas coisas que faz! — disse James, coçando a cabeça. Lily encarou-o tão profundamente que parecia poder ler seus pensamentos. — Acho que se faz tudo isso é porque é necessário. Mas, me responda com sinceridade — começou ele, mantendo firmemente o olhar nela. —, você tem tempo para si mesma e para seus amigos? Ou familiares? 

A pergunta pegou Lily de surpresa. Sua expressão denunciou a verdadeira resposta e ela não achou necessário responder mais nada. Com a vida que leva não possuí tempo para sair com amigos, na realidade, não possui amigos. Além de Marlene que, por ironia, está do outro lado do oceano atlântico. E fazia muito tempo que não via seus pais, muito menos sua irmã que, pelo o que soubera, estava noiva. 

James aproximou-se e sorrindo retirou o pincel dos cabelos ruivos que caíram em cascata pelas costas dela. Lily encarou-o com uma expressão confusa e engoliu em seco ao perceber o olhar gentil do Potter sobre si. Decidiu que odiava aquele olhar, odiava sentir suas bochechas começarem a avermelhar diante dele. 

— Assim está bem melhor. — sussurrou James. 

A conversa foi encerrada ali. Ela percebeu que ele não estava esperando uma resposta para a pergunta, de qualquer forma. E percebeu também que não estava preparada para falar a verdade em voz alta. Em um acordo mudo decidiram deixar aquele assunto para trás e com muita insistência James conseguiu convencer de que daria uma carona para ela. 

XXX

James a procurou, discretamente, pela Universidade no dia seguinte. Mesmo que olhasse para todos os lados, não viu um cabelo ruivo apressado passando entre os estudantes. Ficou frustrado, percebeu assim que suas aulas acabaram. Por alguma razão - que está além de sua pequena compreensão - queria ver Lily Evans novamente, mesmo que ela lhe desse respostas atravessadas e não reagisse como todas as outras mulheres de Hogwarts. 

Não, sabia ele, era justamente por ela ser peculiar que o fascinava tanto. De qualquer forma, estava frustrado por não tê-la encontrado. E James sabia que não possuía nenhum bom motivo - como o projeto de Lily esquecido em seu carro - para oportuna-la. 

Quando deu por si percebeu que estava na rua do apartamento de Lily e se sentiu um perseguidor. Estacionou um pouco afastado, mas em um lugar estratégico no qual consegue observar a porta do prédio. 

 — Fala sério James! — resmungou para si mesmo. — Qual é a sua? — perguntou e suspirou passando a mão pelo cabelo. 

Um minuto, no máximo um minuto, ele ficou sem olhar para a porta do prédio e foi exatamente nesse meio tempo que Lily Evans saiu apressada segurando a mão com uma expressão angustiada. Demorou meio minuto para que ela percebesse o carro conversível estacionado em sua rua, para sua expressão mudar de preocupada para nervosa. 

— Droga! — resmungou ele. 

James antecipou o longo sermão que a ruiva lhe daria e começou um debate em sua cabeça se ligava o carro e fugia como um covarde ou se esperava que Lily se aproximasse e aguentava a consequência. Por fim, não houve tempo para nada, pois Evans simplesmente abriu a porta e sentou no banco do passageiro olhando-o nos olhos, angustiada. 

— Me leve para o hospital, por favor? — perguntou ela, com o cenho franzido. 

— Que? — James não conteve a pergunta. Estava confuso demais, esperava uma enxurrada de palavras e não apenas um pedido. — O que aconteceu? — perguntou assustado assim que percebeu o local onde Lily pediu para ser levada. 

— Droga Potter, vai logo para o hospital! — exclamou ela segurando a palma da mão esquerda com mais força. Sentiu o sangue começar a escorrer pelos dedos e ficou ainda mais nervosa. — Não quero sujar seu carro com sangue. 

Sem perguntar mais nada James ligou o carro e saiu o mais rápido que podia sem cometer nenhuma infração de transito e, muito menos, bater em algum pedestre desavisado. Ao longo do caminho James tentou colocar os pensamentos no lugar e não ficar desesperado com os gemidos baixinhos de Lily Evans ao seu lado. Seu desejo de vê-la foi realizado, mas ele não queria que fosse naquelas condições. 

Ainda por cima ela perguntaria, simplesmente sabia que ela perguntaria, o por quê dele estar em sua rua. Assim que toda aquela situação se estabilizasse, Lily perguntaria e ele não teria o que responder. Estava encurralado. 

— O que aconteceu? — perguntou ele, tentando manter a mente ocupada. Talvez o corte não fosse tão profundo, pensou ele, mas deve ter sido extenso e pego várias veias na mão. Sem contar que começou a ficar ainda mais preocupado quando Lily ficou tão branca com a perca de sangue que os lábios já não estavam mais rosados. — Evans, seu rosto está perdendo a cor! 

— Estou bem. — respondeu ela, com a voz rouca. — Estava fazendo recortes com um material para levar ao asilo amanhã, enquanto falava com minha amiga por skype e ela disse algo que me distraiu. — Lily resmungou irritada. — E desastrada do jeito que sou a faca escorregou e cortou a minha mão. 

— O que sua amiga falou? — James achou necessário insistir na conversa, acreditou que logo Evans desmaiaria ao seu lado. E, pensou ele, porque estava realmente curioso. 

— Ela vai casar, aquela idiota! — Lily exclamou realmente irritada. Apertou um pouco mais a mão, sentia o sangue escorrer por seus dedos e sabia que deveria estar uma pequena poça no tapete do carro, sentia-se mal por aquilo. — E o noivo ridículo dela se nega a me contar quem é o padrinho, para que eu possa dividir as tarefas. 

— Dividir as tarefas? — questionou ele, com o cenho franzido. 

— Aqueles dois querem fazer uma festa de noivado, mas não querem trabalhar! — resmungou Lily, perdendo a paciência. — Como sou madrinha do casamento, tenho que ajudar a noiva e nada mais do que justo o padrinho escolhido me ajudar! — completou fazendo bico. 

Que gracinha, pensou James. 

Antes que pudesse falar algo sobre o assunto, chegaram ao hospital. Mesmo com os protestos de Lily ele a acompanhou até a recepção e depois, quando uma enfermeira falou que poderia entrar junto, seguiu com a ruiva até o local onde fizeram um curativo. 

Lily precisou virar o rosto para o outro lado enquanto a doce enfermeira limpou o ferimento, ela fez careta e viu James a encarando com as sobrancelhas levantadas. Apenas encarou-o seriamente, mordeu a bochecha internamente para não xingá-lo na frente da mulher. Mas não pôde deixar de se surpreender quando ele segurou sua mão direita, ainda ensanguentada, de maneira firme. 

— O que está fazendo, Potter? — questionou ela, ignorando, momentaneamente, a ardência do remédio que a mulher passou em sua outra palma. 

— Segurando sua mão. — respondeu o óbvio. Com um sorriso de parar qualquer coração, encarou-a nos olhos. — E eu sei que você está se segurando e que está doendo bastante. 

Naquele momento, totalmente desarmada, Lily Evans sorriu para James Potter. Pela primeira vez desde todos os pequenos contatos que tiveram, foi um sorriso tímido, porém muito sincero e ele percebeu que ela fica ainda mais linda sorrindo. 


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Notas finais do capítulo

Devo avisar que não visualizei essa fanfic como uma estória longa, pensei em poucos capítulos... Mas como estou desenvolvendo tudo lentamente, não sei se teremos apenas 5 capítulos como havia planejado inicialmente. Possivelmente a estória chegue a 10, podendo ser estendida um pouco mais dependendo de como as coisas forem se desenvolvendo, certo!?

Agradeço novamente os reviews anteriores e aos leitores novos que estão acompanhando a fanfic, sejam bem-vindos! E deixem suas opiniões pessoal, é bom saber o que o leitor está achando da estória.

Até o próximo! ;D



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