Sacrifício escrita por Mrs Moon


Capítulo 23
O Segredo da Alameda dos Anjos


Notas iniciais do capítulo

Eu queria ter postado esse capítulo no sábado, mas não consegui revisar antes. Espero que eu tenha eliminado todos os erros. Espero que gostem…



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Charles Kwan Scott nasceu com 4 quilos e 35 centímetros na madrugada do dia primeiro de Maio. Trini começou a sentir as dores do parto no final da tarde e antes do sol nascer já estava com o filho nos braços. O espírito do Tiranossauro protegia o bebê, mas a agilidade do Tigre Dente de Sabre continuava com a primeira Ranger amarela. 

O pequeno Charlie era um bebê adorável, nasceu gordinho, tinha o cabelo e  o nariz do pai já seus os olhos e boca eram da mãe. Para o alívio do casal era super calmo, só chorava quando estava com fome e dormia bastante. Trini pretendia voltar ao trabalho logo, Jason mandou instalar um berço no escritório e assim que o pequeno Scott completasse seis meses iria levá-lo ao ginásio. 

Nos meses de vida do menino, Kimberly assumiu as tarefas de Trini no trabalho.  Ela estava super ocupada, trabalhando na supervisão do ginásio e com suas turmas. Porém, esse excesso de trabalho, ao invés de ser um fardo foi providencial para ela. Kim preferia trabalhar da manhã até a noite do que ter que ficar perto do bebê. Lógico que  ela estava muito feliz pelos amigos. Graças ao sacrifício de Zordon, o pequeno Charlie estava protegido com os pais, mas não conseguia ficar perto dele. 

O menino era o primeiro bebê que tinha nos braços depois da filha, ao segurá-lo toda a dor da perda da criança voltava. Fechava os olhos e sentia seu cheiro. Por isso, preferia trabalhar doze horas por dia e não ter tempo para visitar a amiga, já nos fins de semana ia para a cabana para Tommy.  Ela só se sentia em paz nos braços de Tommy em Reefside, onde ela conseguia esquecer todos os seus erros. Porém, esse seu refúgio não durou muito. 

No início das férias de verão, Jason e Trini marcaram uma grande festa de batizado para o filho, convidando a família e os amigos. Carol viria de Nova York para conhecer o bebê, assim como todos os rangers. Até mesmo os Rangers do Espaço viriam para Terra, Billy vinha de carona com Andros e Karone. Todos retornando à Alameda dos Anjos para apresentar Charlie aos poderes.

O ginásio fechou um dia antes da festa, mas isso não garantiu um momento de descanso para Kimberly. Susan e Zack estavam hospedados na sua casa e  sua mãe chegaria no dia da festa. Tommy levou os amigos para a festa, enquanto Kim esperava pela mãe no portão do aeroporto.  Não havia contado para ela sobre seu relacionamento com Tommy e estava nervosa e cansada. 

Carol estava radiante no aeroporto, com um vestido de alta costura azul turquesa, ela nem parecia ter passado as últimas horas no avião. Rapidamente, estava ao lado da filha abraçando-a:

— Que saudades querida! 

Kimberly abraçou a mãe e descansou a cabeça em seu ombro, pela primeira vez no dia estava verdadeiramente feliz. 

— Senti  sua falta.

— Deixe-me dar uma olhada em você querida. Você está linda! - Carol afastou-se e olhou para a filha. Kimberly já estava pronta para a festa em um vestido floral cor de rosa, os cabelos estavam mais compridos, sua face estava corada, embora pudesse ver um traço de olheiras embaixo da maquiagem. - Alameda dos Anjos está lhe fazendo bem, mas você anda trabalhando demais não é?

— O trabalho no ginásio aumentou depois que Trini saiu de licença - respondeu sorrindo. - Eu adoro, mas é bastante cansativo. 

— Estou ansiosa para rever todos - disse Carol. - Mas primeiro vamos para a festa. 

Kimberly ajudou a mãe com as malas e as duas se dirigiram até a casa dos Scotts. 

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Carol insistiu em dirigir  até a festa, deixando a filha descansar.  Exausta, Kimberly cochilou durante o caminho. Acordou quando o carro parou com a mãe lhe chamando:

— Chegamos!  

— Nossa, eu dormi. Nem sabia que estava tão cansada. 

— Foi bom descansar um pouco, a festa vai ser bem longa - Kimberly assumiu uma expressão preocupada e a mãe perguntou: - Tommy vai estar na festa?

— Vai sim - disse Kimberly em voz baixa. 

— Vocês conversaram? 

— Ele não sabe de nada, mas… - vendo a expressão contrariada da mãe ela continuou: - Por favor, não diga nada. Amanhã nós conversamos. 

— Tudo bem… - Carol concordou resignada. 

As duas desceram do carro e entraram no jardim, aproveitando o calor do verão da Alameda, Trini e Jason decidiram que um churrasco ao ar livre seria perfeito para a ocasião. O jardim estava lotado de convidados, Kimberly viu Zack e Susan conversando com Adam e Aisha, Kate e Tânia conversando com Tommy, procurou por Billy mas não o encontrou e imaginou que os Rangers do Espaço ainda não tinham chegado. Jason apareceu para recebê-las imediatamente.

— Que bom que chegaram! 

— Parabéns, meu filho. Queria ter vindo antes - Carol abraçou o antigo ranger vermelho emocionada, ela o conhecia desde pequeno. 

— Obrigada Sra. Hart - vendo a expressão dela, ele corrigiu: - Digo Carol, nós estávamos com muitas saudades. O Natal não é o mesmo sem você e Pierre.

— No próximo estaremos juntos - afirmou a mãe de Kimberly. - Onde estão Trini e o pequeno Charlie?

— Lá dentro, ele estava com fome - olhando para Kimberly ele continuou. - Preciso ajudar o papai com o churrasco, você mostra o caminho para a sua mãe?

— Claro -  Kim chamou - Vamos mamãe! 

A casa de Jason e Trini ficava na antiga Alameda dos Anjos em um dos raros bairros que não foi destruído pelas invasões alienígenas. Carol sentiu-se voltando no tempo ao entrar na casa, ela viu Trini no sofá com o bebê nos braços. Lágrimas encheram seus olhos, lembrando-se de quando era jovem e tinha a filha nos braços.  

— Que bom que chegaram! - Trini abriu seu grande sorriso ao ver as amigas.

— Eu estava ansiosa para conhecê-lo  - respondeu Carol se aproximando do bebê. - Ele é tão lindo! 

Trini entregou o filho para a mulher mais velha:

— O bebê mais lindo do mundo -   ela se desculpou rindo  - Mas eu sou suspeita né? 

— Oh, ele é lindo. Ele se parece muito com Jason. 

— Todo mundo fala isso. 

Kimberly se sentiu desconfortável com a cena, manteve o sorriso fixo no rosto, mas deixou de prestar na conversa e passou a olhar a lareira. Distraída, nem percebeu quando Tommy chegou e a abraçou por trás. 

— Hey, beautiful! - ele murmurou beijando seus cabelos discretamente. Ela suspirou e relaxou o corpo em seus braços. 

Ainda com o bebê nos braços, Carol ergueu os olhos e viu Tommy abraçando a filha despreocupado, o  rapaz sorrindo cumprimentou-a: 

— Como vai Sra. Blanc? 

Ela olhou chocada para a filha, Kimberly lançou-lhe um olhar desesperado e ela recobrou o controle e respondeu:

— Muito bem Tommy - forçando um sorriso, ela continuou. - Me chame de Carol, por favor. Como você está? 

Ainda com o bebê nos braços, ela se aproximou do casal interessada:

— Finalmente terminei o meu mestrado. Agora, eu vou poder ficar na Alameda dos Anjos em tempo integral. 

— Lembra que te falei que ele era um dos sócios do ginásio? 

— É você comentou - o pequeno Charlie choramingou e ela concentrou-se nele. 

Kimberly lançou um olhar suplicante para Trini que imediatamente interveio.

— Vamos lá para fora. Minha mãe está doida para revê-la. 

Carol concordou lançando um olhar para a filha. Kimberly murmurou mais tarde.

— Não contou para a sua mãe? - perguntou Tommy preocupado.

— Eu queria conversar com ela pessoalmente - respondeu sorrindo.

— Não conversaram no caminho? 

— Não, eu  dormi e ela nem notou o anel.  

— Então, eu vou ter que dormir nos meus pais hoje? - ele perguntou reclamando.

Kimberly o beijou e balançou  a cabeça afirmativamente. 

— Vamos voltar para a festa. 

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O casal ficou pouco tempo junto, logo Tommy foi ajudar Jason com o churrasco e Kimberly se viu sozinha no jardim. Indecisa olhou ao redor e viu a mãe conversando com os outros pais, do outro lado, ela viu Aisha e Susan admirando Charlie no colo. Em uma das mesas, ela viu Tânia, Adam e Kat sentados e sem pensar duas vezes foi se  juntar a eles.

— Oie pessoal! - ela cumprimentou sorridente. 

Tania a olhou surpresa, porém Kat e Adam abriram sorrisos de boas vindas, 

— Quanto tempo! - exclamou Adam abraçando-a. Ela sorriu e retribuiu  o abraço. 

— Desde o casamento né. 

— Só Jason e Trini mesmo para nos reunir - sorriu Kat- No casamento nem tivemos tempo de conversar, sente-se aqui Kim. 

O sorriso de Katherine era sincero e aliviada Kim se sentou, as duas não eram íntimas, mas ela ficava feliz por ver que Kat não a considerava uma rival e sim uma amiga. Já a expressão de Tânia não era tão amigável, as duas mal se conheciam. 

— Obrigada, eu estava precisando descansar um pouco mesmo - Adam lhe serviu um copo de água. - Fui buscar mamãe no aeroporto, o trânsito da Alameda anda horrível.

— Quem diria né? Alameda dos Anjos virando uma cidade grande - Adam coçou a cabeça perplexo.

— Mas ainda é linda! - murmurou Kat. 

— Tem seu encanto - concordou Tania. - Mas eu me apaixonei por Los Angeles, não acho que conseguiria voltar a morar em uma cidade pequena. Não sente saudades da Flórida Kimberly?

— Não… - Kimberly estava um pouco surpresa, conhecia pouco Tânia e estranhou seu tom de voz hostil. - Eu fui para lá treinar para as olimpíadas, mas Alameda sempre foi meu lar. 

— Que bom para você - ela respondeu seca. - Se me dão licença, eu vou dar uma olhadinha no Charlie. 

Os três amigos se olharam surpresos. Kat sorriu e falou:

— Vai atrás dela Adam. 

O rapaz concordou com a cabeça e seguiu a amiga. Kimberly olhou confusa para Kat e comentou:

— Acho que ela não gosta muito de mim.

— É que vocês não se conhecem direito e ela está brava com você - Kat sorriu. - Tommy contou que vocês ficaram noivos e ela ainda não superou a carta.

— Se alguém deveria estar brava comigo deveria ser você e não ela. - Kimberly riu constrangida. - E você não está né?

— Não - Kat apertou a mão da amiga em um gesto amistoso. - Eu achei que isso ia acontecer mais cedo ou mais tarde, Tommy me contou que conversaram no casamento.

— Vocês são muito amigos, mesmo né? - murmurou Kimberly.

— Ele é meu melhor amigo. 

— Você ainda o ama? - Kimberly deixou escapar. - Me desculpe, eu não devia…

— Eu sempre vou amá-lo, mas não estou mais apaixonada por ele. 

Vendo a expressão pensativa da amiga, Kimberly perguntou intrigada:

— Mas você está apaixonada por alguém. 

— É assim tão óbvio? 

— Um pouco - tomando um gole de água Kimberly perguntou: - É alguém que eu conheça?

— Não, seu nome é Richard, ele é um médico que eu conheci em Londres. Estamos juntos há mais de um ano, ele me pediu em casamento antes da viagem.

— Parabéns! - exclamou Kimberly. - Mas você não está usando nenhum anel. 

— Eu pedi um tempo para pensar. 

— Mas você não está apaixonada por ele? - perguntou Kimberly. 

— Completamente apaixonada… - vendo a expressão confusa de Kim, ela continuou. - Isso me assusta, sabe? Eu nunca achei que iria sentir algo assim. Desde que conheci Richard tudo mudou,  ele me faz sentir tão especial. Toda vez que ele me olha parece que o mundo desaparece e só nós existimos. É tudo tão intenso…  isso me assusta.

Kimberly se levantou e abraçou a amiga: 

— Se você o ama de verdade não precisa ter medo! 

— Mas eu tenho medo. Eu tenho medo de tudo, eu fico apavorada com todos esses sentimentos. É incrível ficar com ele, mas e se algum dia eu o perder?- Vendo o olhar compreensivo de Kimberly ela continuou: - Eu queria um amor tranquilo e uma vida calma, não essa avalanche de   emoções. 

— O amor assusta mesmo, mas você precisa correr o risco. Alguma coisa te faz mais feliz do que estar nos braços dele?

Katherine balançou a cabeça negativamente e mordendo os lábios comentou:

— Eu sou uma boba mesmo, né?

— Todas somos quando estamos apaixonadas - suspirou Kimberly.

—  Com você e Tommy sempre foi assim? 

— Desde o primeiro dia em que eu o vi - admitiu Kimberly. 

— Por isso você mandou a carta?

— Eu precisava de espaço… era a única maneira de mantê-lo longe. - Kimberly respondeu triste. 

— Você o magoou muito - Katherine comentou.

— Nós magoamos quem amamos - Kim respondeu triste. - Nesse momento, Richard está triste imaginando que você não o ama o suficiente para se casar com ele. 

Katherine a olhou com uma expressão chocada:

— Eu não pretendia… 

— Não cometa o mesmo erro que eu, aproveite cada minuto com o seu amor. 

Kat sorriu e abraçou comovida.

— Obrigada! - Pegando o celular da bolsa, ela se afastou - Eu preciso fazer uma ligação. 

Kimberly estava sozinha novamente, resignada, ela se levantou e foi para perto da mãe e de Trini. A amiga a recebeu com um sorriso contagiante que ela retribuiu imediatamente. Nos últimos meses, Trini era a personificação da felicidade, estar ao seu lado era como chegar perto do sol. 

— Kim! - chamou Trini. - Olha que urso lindo que o Charlie ganhou da avó. 

Kimberly riu vendo sobre a mesa um urso branco maior que o próprio Charlie. 

— Ele é gigante!

— É maior que ele - rindo ela falou. - Acho que vou usar de berço. 

As duas garotas riram, a Sra. Scott reclamou:

— Logo, o meu neto vai estar maior que o urso. 

Carol e a Sra. Kwan riram também. Vendo a filha mais relaxada, Carol mudou de assunto:

— Kimberly, você não comeu nada hoje. Pegue um sanduíche.  

— Estou sem fome mamãe! - respondeu olhando para a mesa. 

— Já eu estou faminta! Fica um pouquinho com ele para mim - exclamou Trini, ela entregou Charlie para a amiga e pegou o hamburguer que Carol oferecia.  

Kimberly pegou Charlie com facilidade, ele não o tinha nos braços a meses, mas o gesto era involuntário. Ela o segurava com a confiança e instinto que só uma mãe tinha. Parou um pouco para olhá-lo e o menino sorriu para ela. Imediatamente o rosto de sua menina voltou a sua memória, tão pequeno e tão querido e seus olhos se encheram de lágrimas. 

— Você precisa comer querida - insistiu Carol retirando imediatamente o bebê dos braços da filha. 

Kimberly lançou-lhe um olhar de gratidão e pegou um sanduíche. Não conseguia sentir o gosto da comida, mas conseguia engolir as lágrimas.

— Você estava conversando com a Kat? - perguntou Trini baixinho. - Foi tudo bem?

— Com ela sim - Kimberly respondeu aliviada com a mudança de assunto. - Ela tem um namorado em Londres, já Tânia me odeia. 

— Não nos conhecemos bem - respondeu Trini em voz baixa. - Acho que Kat é a única amiga dela de verdade da equipe.

— Não faz sentido… - murmurou Kim. - Agora, nós somos todos irmãos. 

— O poder se manifesta de forma diferente nas pessoas. 

Kimberly concordou com a cabeça e as duas se calaram quando a Sra. Kwan trouxe um prato de salada com frango para a filha falando. 

— Vocês precisam se alimentar bem. Não comer essa porcaria. 

Kimberly riu quando Trini reclamou: 

— Mamãe!

Antes que Trini pudesse pegar o prato, um barulho conhecido tocou em seu bolso e ela exclamou:

— Billy chegou - perguntou para as mulheres mais velhas. - Podem cuidar um pouco de Charlie?

— Claro, pode ir tranquila - afirmou Carol.

Kimberly também se levantou animada e as duas foram receber o amigo. De longe, a antiga Sra. Hart ficou observando a chegada de Billy. Trini foi a primeira a abraçá-lo animada, junto a ele chegaram mais sete jovens:  três moças e quatro rapazes usando um uniforme cinza, apenas a blusa de baixo era colorida. Ela os observou curiosa, nunca os tinha visto na Alameda dos Anjos. 

Uma pequena comoção ocorreu com a chegada do grupo. Todos os amigos da filha se aproximaram do grupo para recebê-los. Billy era abraçado pelas garotas mais velhas, enquanto os outros se cumprimentavam com abraços e apertos de mão. Ela olhou para o lado e viu que alguns dos parentes de Jason e Trini observavam os jovens de uniforme curiosos.  

— Quem são eles? 

A mãe de Jason e de Trini se entreolharam, vendo a primeira mulher calada a Sra. Scott perguntou:

— Você não sabe?

— Ela estava longe da Alameda no último ataque - a mãe de Trini justificou. Apontando para um jovem de cabelos castanhos longos com mechas loiras, ela falou: - Aquele é Andros, o ranger vermelho do espaço e ao seu lado a sua irmã Karone. Os outros também são os Power Rangers do Espaço.

Carol olhou para as amigas surpresa, a identidade dos Power Rangers era um dos maiores segredos do mundo. Nunca imaginou ouvir as amigas falarem sobre o assunto tão naturalmente.

— No último ataque, eles revelaram suas identidades para nos proteger - completou a Sra. Scott. - Eles são famosos, mas apenas os antigos habitantes da Alameda dos Anjos conhecem a verdadeira identidade deles. Todos nós prometemos nunca revelar a estranhos.

— Mas Carol não é uma estranha - completou a Sra. Kwan. - Ela é uma de nós. Alguns dos rangers estudaram no colégio da Alameda dos anjos, acho que é por isso que conhecem nossos filhos. 

Carol estava tão surpresa que não conseguia falar, a Sra. Scott pegou Charlie do seu braço e confirmou:

— Você precisa prometer Carol, não pode contar para ninguém. Nem para o seu marido. 

Ela concordou com a cabeça surpresa, as duas mulheres entendiam a confusão. Elas também se sentiram assim ao descobrir a identidade dos Power Rangers e se afastaram dando um pouco de espaço para a amiga.  

Atordoada Carol olhou para o grupo de garotos murmurando: 

—São só crianças !

Procurou Kimberly e a viu conversando animadamente com as duas garotas uniformizadas, uma era loira e a outra asiática. As três riram juntas como velhas amigas, não era possível que a filha conhecesse essas garotas. Kimberly não estava mais na Alameda dos Anjos no último ataque alienígena e as outras garotas eram pelo menos dois anos mais nova que ela. Era impossível se conhecerem do colégio, a única coisa que as três tinham em comum era a cor da roupa. Todas elas usavam rosa. 

Franzindo o cenho ela deu alguns passos para frente observando o grupo. Katherine, a amiga bailarina de Kimberly, se juntou ao grupo da filha  e começaram a conversar… ela também usava um vestido rosa. Ela levou a mão à boca chocada e seus olhos correram pela multidão de jovens. Eles formavam pequenos grupos e logo ela percebeu o padrão. Junto a Trini estavam mais três garotas com roupas amarelas. Os garotos de vermelho e preto estavam juntos, apenas Tommy se destacava vestido com uma calça verde e uma blusa branca. Os outros se dividiam por cores… as cores dos Power Rangers. 

— São todos Power Rangers - murmurou atônita. Sentiu uma dor e colocou a mão em seu coração. Lembrou-se da voz aflita da filha anos atrás afirmando:

“- Ela estará mais segura longe de mim.”

Finalmente, tudo fazia sentido, Kimberly era uma Power Ranger e temia pela vida da filha, por isso ela a entregou para a adoção. As lágrimas começaram a escorrer pelo seu rosto… como não perceberá isso antes?

Indignada com a sua própria cegueira, ela secou as lágrimas e se aproximou do grupo, Kimberly a viu se aproximar e vendo a expressão consternada da mãe foi a seu encontro. Com a voz embargada de emoção ela perguntou: 

— Foi por isso que a deixou? 

Seus olhos se arregalaram e ela pegou a mãe pelos braços e a puxou para os fundos da casa. Longe, da vista de todos, Carol perguntou trêmula.

— Você era uma Power Ranger? É por isso que teve que abandonar a minha neta. Ela não estaria segura com você?

As lágrimas encheram os olhos de Kimberly e ela balançou a cabeça afirmativamente. 

— Todos vocês eram Power Rangers? - colocando a mão no rosto em desespero ela continuou. - Como eu não percebi… desde quando?

— Desde o começo, Jason, Trini, Zack, Billy e eu fomos os primeiros escolhidos. Depois, Tommy se juntou a nós. 

— Meu Deus! Vocês eram só crianças!

— Adolescentes com toda a energia e coragem do mundo. Eu era a ranger rosa,  até ir para a Flórida para o Pan Global. Quando viajei Katherine ficou com os meus poderes. 

— Se não era mais ranger… por quê? - perguntou Carol.

— Minha filha foi gerada no Natal, Kat viajou e eu estava com o morfador novamente - respirando fundo para recuperar a coragem ela continuou: - Quando eu percebi que estava grávida, eu fiquei apavorada. Tommy era nosso líder e eu só conseguia pensar que o bebê estava em perigo. Rita sequestrou vocês lembra, imagina o que faria com um filho dos rangers. 

— Meu Deus! - exclamou Carol. 

— Eu procurei Zordon, ele era o nosso mentor. E ele confirmou que não podia garantir a segurança dela - Kimberly soluçou. - Então, eu fiz o que eu tinha que fazer. Eu terminei com Tommy e desapareci enquanto estava grávida, depois que ela nasceu eu a entreguei à Casa Verde.  Ela não estaria segura longe de mim.

— Por que não me contou?

— Nós juramos nunca revelar nossas identidades, eu não podia contar. Eu não podia contar nada. Só Zordon sabia.

—  E Tommy?

— Ele não podia saber… - o tom de voz de Kimberly era desolado - Ele nunca ia admitir que não tinha poderes suficientes para proteger a  filha. Se ele soubesse, eu a colocaria em perigo. Eu o amo mamãe, eu sempre o amei. Mas a segurança da minha menina era mais importante. 

Carol abraçou a filha que chorou em seus braços, as lágrimas das duas se unindo pelo pesar. 

— E o pequeno Charlie? - lembrou Carol assustada. 

— No último ataque alienígena Zordon morreu… - respondeu Kimberly comovida - Ele se sacrificou, purificou os inimigos e nos devolveu um pouco do poder. Ele morreu para nos dar a força para proteger as nossas famílias. O que aconteceu comigo, não vai precisar se repetir, Trini pode ficar com o seu bebê.

— Mas e você?

— Eu a perdi mamãe… e logo vou perder Tommy de novo.

—  Kimberly!

— Ele me pediu em casamento - respondeu mostrando o anel. - Eu aceitei, eu o amo tanto - soluçou. - Mas eu não posso mentir mais e quando ele souber o que eu fiz, nunca vai me perdoar. 

Kimberly abraçou a mãe chorando novamente. 


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Notas finais do capítulo

Esse capítulo ficou enorme de novo, eu tenho histórias paralelas na minha cabeça do que está acontecendo com os rangers e me empolgo quando preciso colocar todos juntos.

Finalmente, Carol descobriu que a filha era uma Power Ranger e por isso abandonou a filha. Espero que tenham gostado.

No próximo capítulo vou tentar colocar um pouquinho da Melissa, mas vai ser muito Kim/Tommy. Comentários são sempre bem vindos!



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