You Know What Lily Means? escrita por Eponine


Capítulo 1
Capítulo Único




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Eles são estranhos ou todos os britânicos são assim?, pensou Aubrey, assistindo James Potter tentar abrir um buraco na cabeça de Albus Potter com o punho, girando no topo da cabeça do jovem como se fosse uma furadeira. Ela suspirou levemente, desconfortável com sua caneca de cerveja amanteigada, definitivamente não querendo estar naquele bar lotado no seu segundo dia na Inglaterra.

Sua prima... Tia... Hermione fora bem infeliz ao pensar que Aubrey se daria melhor com seus sobrinhos por serem jovens. Sua tia, que na verdade era sua prima, a achava nova demais para apresenta-la daquela forma, e insistia em chama-la de sobrinha. Demorou um tempo considerável para sua tia, que curiosamente era a Ministra da Magia na Inglaterra, descobrir que a irmã de seu pai tinha uma filha, que também herdou sangue mágico.

Aubrey tomou mais um gole de sua cerveja, analisando as pessoas na grande mesa falante. Ela achou a filha de Hermione extremamente bonita, mas ela tinha um ar tão arrogante que simplesmente a ignorou a noite toda. Gostou mais de Hugo e sua namorada surda, achava adorável assistir os dois conversando em sinais que Aubrey nunca entenderia, isolados daquele mundo barulhento.

“Garota americana!”, chamou um jovem que ela deduziu ser Fred, “Vai ficar a noite toda só com esse copo? Essa cerveja já está passada!”.

Aubrey forçou um riso, mais desconfortável ainda. Pousou sua caneca na mesa, ouvindo um pouco da conversa de Dominique com uma jovem gorda, que se Aubrey tem uma boa memória, era Lucy. Ela achava surpreendente a tal Dominique ter um estilo tão... Peculiar, em comparação seu irmão mais novo, que era quase uma barbie, e sua mãe, que era uma veela. Realmente gostara de seu cabelo negro picotado e raspado em diversos pontos, os milhares de piercings e tatuagens.

Levantou-se da mesa e foi até o bar, pedindo mais uma caneca, tentando pensar em uma boa desculpa para ir embora.

“Sozinha?”, questionou um cara ao seu lado. Aubrey o olhou, um pouco assustada. O inglês dele era um nível quase inteligível, os boatos que de as pessoas no interior da Inglaterra nem entendiam o que falavam devia ser verdade.

“Não, estou com eles”, apontou para a mesa cheia e barulhenta.

“Americana?”, indagou ele, com um tom de deboche. Aubrey o olhou, respirando fundo.

“Sim...”, não é óbvio, por que você perguntou?, quis questionar, irritada.

“Primeira noite na terra dos fundadores?”, perguntou. Isso é um interrogatório?, pensou Aubrey, olhando com desespero para os elfos atrás do balcão, desesperada por seu copo.

“Não” respondeu, seca.

“Ok, americanah, que tal eu te pagar uma bebida?”, ela estava começando a ficar tão irritada com o deboche que ele usava ao referir-se a sua nacionalidade, que começou a sentir suas bochechas esquentarem, mas o cara provavelmente interpretou aquilo de outra forma.

“Não, obrigada”, retrucou, quase virando-se para o outro lado.

“Por que não? É só uma bebida!”, insistiu, tocando seu braço. Aubrey olhou para a mesa, desesperada, quis chamar alguém que a ajudasse, mas James Potter parecia bêbado e ele já era violento demais sóbrio, não queria vê-lo irritado. Pensou em Hugo, mas ele estava muito ocupado beijando Alice. “Qual seu nome, americanah?”

“Por favor, para de me chamar de americanah”, pediu Aubrey, desvencilhando-se da mão do homem. Ele sorriu com seus dentes tortos quando o elfo finalmente deu a Aubrey sua caneca de cerveja, ela pegou aliviada, tentando sustentar o peso do copo.

“Esqueceu de pedir meu copo, amor”, Aubrey virou-se rapidamente para o chamado quando sentiu uma mão leve no mesmo lugar onde o cara apertara. Ela sentiu o perfume feminino da ruiva que entrou no pequeno espaço entre ela e o babaca que a chamava de americanah. “Demorei?”

Aubrey continuou muda, sem conseguir piscar para os olhos verdes de Lílian Potter.

Amor?”, chamou a mulher, aprofundando o olhar. Ao ver que Aubrey estava estática demais para participar do teatro, Lílian olhou para o homem que enchia a paciência da Granger, colocando a mão na cintura da mesma. Aubrey perguntou-se qual seria o seu perfume. “Posso ajuda-lo?”

“Não... Com licença”, ele deu um olhada meio enojado para Aubrey e saiu, desaparecendo entre a pequena multidão do bar. Lílian virou-se para ela novamente, sorrindo, dando um tapinha no balcão para pedir uma cerveja para si. Aubrey engoliu seco, desconfortável. Seu coração estava acelerado de uma forma tão assustadora que ela já não sabia se era de raiva –causada pelo cara -, ou pela presença forte da ruiva diante dela. Analisou suas calças folgadas e a forma convicta em que ela colocava a mão no bolso da mesma, mostrando um pouco dos ossos de seu quadril, mesmo estando coberta pelo colete que apertava sua camisa social, parecendo ter sido desenhado para ela.

“Americanos não usam essa desculpa?”, perguntou Lily, ainda sorrindo para Aubrey, que perdeu o poder de fala. Ela a olhava de uma forma tão confiante que deixava qualquer um desconfortável.

“Que... Desculpa?” Lily riu, passando a mão nas madeixas ruivas que lhe iam até os ombros, fazendo Aubrey estranhamente desconfortável. Ok, ela é muito bonita, eu estou com inveja, é isso? Merlin, de onde ela saiu...

“Você sabe, quando está em uma festa ou um bar, um cara vem te encher a paciência e você constrói toda uma vida lésbica só pra conseguir se livrar do imbecil”, explicou ela, recebendo sua cerveja, dando um longo gole. Aubrey observou sua garganta receber o líquido, passando os olhos em seus lábios apertando o copo. Sentiu seu estomago dar um sovalaco. Colocou uma mecha de cabelos atrás da orelha, fitando os sapatos sujos da jovem.

“Eu nunca nem... Pensei nessa desculpa”, respondeu Aubrey, feliz por conseguir falar algo com sentido.

“Bem, deveria adotar o método”, sorriu ela, colocando a caneca no balcão.

“Você usa muito?”, perguntou ela. Lily aprofundou seu olhar e Aubrey sentiu uma necessidade quase torturante de se explicar. “O método”.

Lílian riu, ainda a olhando, e Aubrey também riu, por mais nervosa que estivesse. Por que estou tão nervosa? É por que essa mulher de outro mundo é filha de Harry Potter? Talvez... Os Potters são lindos, Albus também me deixou desconfortável... Mas Merlin, ela é...

“Bem, eu não preciso usar o método... Eu sou o método”, retrucou ela, fazendo o cérebro de Aubrey ter dificuldade em raciocinar. Ela assistiu Lílian finalizar sua caneca em um único gole, completamente hipnotizada. Ela colocou a caneca no balcão e os olhos de Aubrey acompanharam a forma como os dedos da ruiva limparam os vestígios de cerveja em sua boca, enquanto dava duas batidinhas no balcão. “Coloque na conta daquela mesa”.

Apontou para a mesa onde o cara que enchera a paciência de Aubrey estava sentado com os amigos. Então focou seus olhos verdes em Aubrey, apertando seu braço levemente.

“Eu vou indo, te vejo por aí, americanah”, sorriu, misturando-se a multidão. Aubrey pegou sua caneca e tentou imitá-la, mas quase morreu engasgada no terceiro grande gole. Ofegou, ficando na ponta dos pés, tentando ver um vestígio do ruivo que sumiu entre as pessoas.

 

 

 

...

 

 

“Ivermony... Eu dei uma palestra lá uma vez em...”,Aubrey observou o senhor Potter olhar para a esposa em busca de ajuda, mas a mulher deu de ombros, também perdida. “Provavelmente antes de você começar seus estudos lá”, riu ele, simpático. Aubrey tinha certeza que parara de respirar assim que viu Harry Potter de perto, não sentiu a decepção que normalmente cai sob as pessoas quando elas finalmente conhecem alguém que admiram. Aubrey tinha a ambição de tornar-se uma jornalista respeitável, e começar com uma entrevista de Harry Potter é um excelente começo e ela não estava nem aí se isso a colocasse no quartinho Das Vantagens do Nepotismo. Era Harry Potter!!!

Em sua matéria, detalhou até mesmo a casa do ídolo, em como era comum e reconfortante, a vida já com seus filhos formados, os objetivos, o que ele espera da vida “sem preocupações com adolescentes desgovernados”. As horas se passaram tão rápido que Aubrey não apenas tomou café da manhã com Ginny e Harry, mas almoçou e também estava para o café da tarde. Enquanto servia-se de chá, a porta principal se abriu, revelando uma mulher ruiva, visivelmente apressada.

“Mãe, eu deixei minha vassoura aqui?”, questionou ela, percebendo a presença de Aubrey só alguns segundos depois de bater a porta, ainda olhando a mãe. Ela sorriu lentamente, a reconhecendo. “Americanah...”

“Oi”, cumprimentou Aubrey, sentindo-se nervosa novamente. É a aurea, ela é aquele tipo especifico de pessoa com uma aurea forte o suficiente para deixar qualquer um nervoso, concluiu Aubrey, abaixando os olhos para sua xícara fumegante.

“Vocês se conhecem?”, perguntou o senhor Potter, levando um beijo carinhoso da filha, que o abraçou pelo pescoço, encostada nas costas da poltrona em que o homem se encontrava. Lily deu-lhe um  olhar confidente e Aubrey corou, sem saber o que dizer.

“Nos conhecemos semana passada, arrastaram a pobrezinha para o pior pub da cidade”, relatou Lily. “Bem, de qualquer forma, alguém viu minha vassoura?”

“Mais uma vassoura perdida, Lílian?”, questionou Ginevra, cruzando os braços para a filha, que apenas deu de ombros, como se não tivesse culpa.

“Vassouras fogem de mim, mamãe!”, explicou-se.

“Eu acho que já tenho material o suficiente.” Aubrey levantou-se querendo fugir daquele lugar. “Muito obrigada mesmo, senhor Potter... E senhora Potter, obrigada por tudo. Eu vou mandar a matéria finalizada antes de publicar...”

“Você já vai?”, questionou Lily. “Só porque cheguei?”

Aubrey focou seus olhos nela, ainda sem palavras. O senhor Potter apertou a mão de Audrey, rindo.

“Perdoe minha filha”, sorriu, dando-lhe confiança. Aubrey assentiu, rindo. Apertou a mão de Ginny.

“Ei, você pode me dar uma carona em sua vassoura?”, perguntou Lily, saindo de trás da poltrona. “Tenho problemas com pó de flu, eu sempre caio no lugar errado!”.

“Lílian, não seja mal educada...” cortou Ginny.

“Não, tudo bem”, concordou Aubrey, recebendo um abraçado de Ginny e Harry. Lily despediu-se dos pais e em alguns minutos elas estavam fora da casa, com Aubrey guardando seus cadernos e penas dentro da bolsa. “Para onde você vai?”.

“Para o centro, quero comprar um livro”, disse ela. “Eu poderia aparatar, mas acredite ou não, já levei seis multas por desaparatar perto de trouxas, eu sou uma falha do mundo bruxo”.

Aubrey riu, subindo em sua vassoura, aguardando Lily. Ela sentiu as mãos da mulher cruzarem-se sob sua barriga e não conseguiu reprimir as sensações que o toque lhe causara, fazendo com que endurecesse-se na vassoura. A ruiva pareceu perceber e acariciou sua barriga rapidamente, colocando o queixo em seu ombro.

“Wow, que tensão. Você sabe como isso funciona, certo?”, riu ela, a apertando mais um pouco. Aubrey riu de nervosismo, dando partida. O vento que batia em seu rosto não foi o suficiente para agraciar o rosto quente de Aubrey, que sentia uma quentura quase desonesta por todo o corpo. Ela queria virar-se e abraçar Lílian, apesar de que sentir seu queixo em seu ombro não era nada mal. Queria tocá-la também. Não sabia porque, mas queria. Tirou a mão direita do cabo e reuniu toda a sua coragem ao ir em direção da mão de Lily, mas a garota mexeu-se rapidamente, o que fez Aubrey voltar a colar suas duas mãos no cabo da vassoura, nervosa.

“Então Americanah, alguma alma gêmea perdida em New York lhe esperando?”, questionou Lily, abrindo os braços para o vento que as agraciava e Aubrey sentiu uma decepção sólida ao já não sentir o corpo dela tão próximo.

“Alma gêmea?”, questionou Aubrey, tentando enxergar o centro de Londres.

“Não sei como é em outros internatos, mas se você sai de Hogwarts sem sua alma gêmea, você é definitivamente um fracasso”, Aubrey riu, subindo mais um pouco ao ver que um avião, não muito longe.

“Acho que isso não é uma regra em Ivermony”, respondeu, feliz por estarem conversando. Queria descobrir tudo sobre ela, tudo que ela conhecia e desconhecia. “E você... Tem sua alma gêmea?”

“Oh, não”, riu Lily. “Tudo que Hogwarts me deu foi proibições de entrar em vestiários femininos e garotos ofendidos com a minha existência”.

Aubrey uniu as sobrancelhas, não entendendo. As duas finalmente chegaram no centro de Londres e Aubrey foi ágil ao achar um ponto estratégico e quase inóspito para que descessem sem chamar a atenção de ninguém.

“Como assim?”, perguntou Audrey, descendo da vassoura, enquanto Lílian passava as mãos em suas madeixas, arrumando-se. “Os intercambistas de Hogwarts sempre falaram muito bem do colégio”.

Lílian semicerrou os olhos para Aubrey, parecendo confusa.

“Oh, não, Hogwarts é um ótimo colégio, mas não para lésbicas”, Aubrey continuou confusa. “Eu sou lésbica”.

“Oh”, Merlin, é isso? Talvez seja isso, talvez o fato dela ser lésbica esteja me deixando nervosa... Aubrey bateu sua varinha na vassoura, a fazendo desaparecer. “É estranho Hogwarts não ter sido boa para você... Digo, você é...

“...Filha de Harry Potter?”, sorriu ela, enquanto as duas engatavam em uma caminhada para o centro. “Nah, ser filha de famosos não deixa ninguém escapar da ignorância de alheios”. Aubrey olhou-a, sentindo uma onda devastadora de condolência e simpatia. Já sentia algo forte por ela, agora aquele sentimento apenas se triplicara. Sentiu-se burra ao não ter entendido a mensagem dela na semana passada, quando ela dissera que era o método. “Digo, eu também tive minha parcela de culpa. Eu não ajudava muito com o cabelo curto e as roupas roubadas de meu irmão James, isso assustava um pouco as garotas”.

“E os garotos?”, indagou Aubrey.

“Ah, eles eram os piores. Eles sentiam uma necessidade quase vital de me corrigir”, relatou Lílian enquanto caminhavam pelas ruas cheias, prontas para entrar na rua que dava no Beco Diagonal. “É como se eu estivesse exercendo o direito de ser mulher do jeito errado, e eles, como homens, tinham o dever de me corrigir”.

Como alguém poderia trata-la mal? Como?, pensou Aubrey, assistindo Lily bater no tijolo especifico, fazendo-se um arco se abrir para que entrassem. As duas andaram pelo beco com Lily lhe apresentando as lojas. Ela era tão autêntica e confiante que Aubrey entrou numa forte onda de admiração por sua companhia, reprimindo a vontade de lhe implorar para que nunca se afastasse. Queria conversar com ela sobre tudo, saber sua opinião sobre cada detalhe do mundo.

Acompanhou-a na compra de seu livro e ouviu excelentes recomendações:

“Eu tive muito tempo para leitura enquanto os outros se ocupavam em perder a virgindade”, riu ela, apresentando a prateleira de clássicos. Aubrey acabou comprando um livro da prateleira de literatura trouxa, recomendada por Lily. Já estava ansiosa para começar sua leitura de Madame Bovary quando saíram da livraria.

“Você não quer um jantar?”, convidou Lily. “Não um jantar, jantar, até porque eu não conheço nenhum restaurante com comida para seres humanos, mas conheço uma lanchonete que tem os melhores hambúrgueres de Londres”.

Como ela poderia dizer não?

Aceitou mais uma recomendação e pediu um X-Burguer Monstro, com maionese especial. Ouviu Lílian relatar em como ela estreou todas as hamburguerias da cidade apenas dando a desculpa de que esquecera seu dinheiro, mas que ia chamar seu pai, Harry Potter, para pagar a conta...

“Sério, eu nunca vou morrer de fome”, riu ela, tomando um pouco de seu milk-shake. “É desonesto, eu sei. Para tirar o peso da consciência, Albus não faz isso, na verdade, ele sequer fala seu sobrenome. Mas James e eu... Uau, James uma vez conseguiu uma viagem só usando o sobrenome”.

Aubrey comeu o melhor hambúrguer de toda a sua vida de dezenove anos.  Contou a Lily como era a vida em Ivermony e as duas dedicaram aquele momento para comparar os dois colégios, entre risos e gargalhadas. Aubrey quase infartou, hipnotizada pelos olhos verdes, trêmula pelos dedos que tiravam vestígios de maionese especial de suas bochechas. Como sua tia morava perto, Aubrey ia dedicar-se a uma caminhada, ela até tentou levar Lily para casa em sua vassoura, mas a garota falou que estava com saudades de pegar um Noitibus.

As duas caminharam pela avenida, em direção da casa dos Granger-Weasley, conversando sobre as pretensões de Lily trabalhar com Herbologia, sua grande paixão. Quando finalmente chegaram na frente da casa, Lílian mordeu o lábio, intensificando seu olhar para Aubrey.

“Você sabe o que Lily significa?”, indagou ela. A Granger deu de ombros, não sabendo a resposta. “Significa eu te desafio a me amar. Toda vez que você diz Lily, eu entendo um desafio”.

Aubrey congelou, perdendo o ar, mas Lily apenas riu, vermelha, olhando os próprios pés, com as mãos nos bolsos das calças.

“Desculpe, essa é uma cantada que meu avô usava com a minha avó”, ela riu mais ainda nervosa.

“Bem, funcionou para ele...” riu Aubrey, quase ofegante. Lily riu mais ainda.

“Merlin, definitivamente não funcionou, acredite”, riu Lílian, ainda sem conseguir olhar Aubrey. Ela passou a mão nos cabelos, finalmente a olhando, quase séria. “Me desculpe, eu não devia ter feito isso”.

“Tudo bem”, disse Aubrey. Lily aproximou-se e Aubrey fechou os olhos, sentindo vontade de chorar ao receber um breve beijo em sua bochecha. Abriu os olhos novamente, decepcionada, Lily já estava longe, parecendo estar com pressa em seu andar. Apertou seu livro contra o peito, devastada. O que eu queria? Que ela me beijasse?, questionou seu peito, subindo as escadas em direção da porta da casa. Parou e encostou sua cabeça na porta vermelha, ofegante. Ela estava confusa e encantada, só isso.

Praticamente virou a noite lendo sua recomendação, achando Lily em cada detalhe, apaixonando-se pelo livro de uma forma tão cruel que começou a regular as páginas, com dó de terminar o livro:

O amor, ela pensou, deve vir de repente, com grandes explosões e relâmpagos, - um furacão dos céus, que cai sob a vida, revolucionando das raízes ao gosto de uma folha, varrendo o coração para um abismo, Audrey leu aquela parte, nervosa.

Fechou o livro e enfiou-se nos cobertores, com medo de si mesma.

 

 

 

...

 

 

O último dia de Aubrey em Londres calhou de ser o aniversário de Rose Weasley.

Ela novamente estava entre os sobrinhos de sua tia, tentando se concentrar na explicação de James Potter sobre como o “sotaque” britânico fazia sim muito sentido. Ficou tentada em perguntar onde estava sua irmã, mas conteve-se. Ela agradeceu os céus quando sua noiva apareceu, com as mãos lotadas de doces. Ela tinha uma pele negra incrível e Aubrey estava encantada por sua discreta barriga de cinco meses.

Andou mais um pouco pela casa cheia de sua tia, achando o senhor Potter.

“Ah, Aubrey, já comeu a torta de Luna?”, ele lhe ofereceu um prato com uma torta laranja, que ela deduziu ser de pêssego. “É a melhor coisa que irá comer”.

“Senhor Potter, onde está Lily?”, perguntou ela, por impulso. De primeira, o homem a ignorou, cortando um pedaço de torta para si. Então ele a olhou, com os mesmos olhos de Lílian, e Aubrey, por algum motivo desconhecido, sentiu que ele sabia de algo que ela não sabia. Ela segurou-se na mesa, um pouco assustada.

“Não acho que ela venha... Rose e ela não são as melhores amigas do mundo”, explicou, olhando de Aubrey de uma forma que ela tem certeza que ele podia ler sua alma. “Mas talvez ela venha, quem sabe”.

A jovem uniu as sobrancelhas, um pouco irritada com a incerteza do homem. Ela tinha alguma coisa para falar a Lily? O quanto amou o livro e já estava na releitura? Que ela gostaria de vê-la novamente, quem sabe no futuro? Mas Lily não apareceu. Aubrey acabou cedendo a pressão e acompanhou os outros que queriam continuar a festa no pub. Rose Weasley estava tão animada com seus vinte e um que já entrara no estabelecimento prometendo uma rodada para todos os presentes.

Aubrey já estava na sua terceira caneca e muito bem enturmada com os sobrinhos de sua tia quando ela avistou um ruivo não muito longe. Arregalou os olhos, tentando ver novamente o que vira. Lílian parecia ter acabado de entrar no pub e já fora parada perto da porta, sendo abordada por um cara. Ela passava a mão na testa, visivelmente entediada com o monologo do homem que jurava estar a conquistando.

 

 

Benjamin Gibbard - Lily

 

 

Ela levantou-se de sua cadeira, quase atropelando Molly II, abrindo espaço entre as pessoas, pedindo licença, levando cotoveladas. Lily bateu seus olhos em Aubrey assim que ela apareceu, e em seguida, já estava de olhos fechados. Aubrey se enfiou entre ela e o cara, grudando sua boca na de Lily.

Aubrey estava não nervosa que o beijo só realmente começou quando Lílian pousou suas mãos em seu rosto, abrindo espaço em sua boca com a língua. Aubrey podia jurar que estava beijando pela primeiríssima vez tamanha ameaça que seu coração fazia em explodir, ou em como suas mãos tremiam de nervosismo na cintura magra de Lílian.

As duas se desgrudaram e Aubrey sorriu como nunca para os olhos verdes de Lily.

“Eu demorei, amor?”, perguntou ela. Lily riu, olhando o cara que a paquerava rapidamente, dando mais um beijo em Aubrey.

“Sim... Você demorou”

 

 

 

 


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Notas finais do capítulo

Esse americanah é a forma como chamavam a personagem principal de Americanah do melhor livro da Chimamanda Nzogi, mas com outro contexto.

Assisti Imagine Me and You ontem e só consigo imaginar a Lena Headey como minha Lily Luna mais velha.

Espero que gostem!