Mudança de Planos escrita por Honeyzinho


Capítulo 22
Capítulo XXII • Culpa


Notas iniciais do capítulo

e aí, gente! acharam mesmo que eu não voltaria?

pois voltei, rsrsrs. capítulo tá curtinho, mas espero que gostem.

boa leituuuuura :) bora sofrer um pouquinho



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[CAPÍTULO XXII • CULPA]
Robert Müller

 

Um barulho irritante começou a berrar dentro da minha cabeça. Era o despertador, me forçando a levantar para mais um dia de aula.

Primeiro, fiquei emburrado. Não queria saber de escola. Depois, lembrei da noite passada e sorri aliviado, afinal, Sophie Dallas tinha mesmo dormido ali comigo.

Como cedi minha cama para a lindinha e fiquei com o colchão que estava chão, quando despertei tive que me erguer um pouco para poder observar a belezura da minha namorada.

É, meus amigos, eu estava completamente rendido por aquela mulher.

— Bom dia, flor do... - foi o que comecei a dizer, e então percebi que ela já não estava mais ali. Fiquei sem entender por um momento, mas logo imaginei que tivesse acordado mais cedo e estivesse no banheiro se arrumando para irmos para a aula.

Levantei me espreguiçando, dobrei todas cobertas e lençóis que minha mãe tinha colocado à nossa disposição e deixei o quarto arrumado. Não queria que a Dallas pensasse que eu era um preguiçoso maldito.

Depois de tudo no lugar, saí em busca de um banheiro vazio ou eu mijaria nas calças a qualquer momento. Minha mãe, que estava tomando café na sala, me deu um bom dia animado quando passei por ela.

— Bom dia, mãe! Sophie está no banheiro? - foi o que perguntei.

Ela torceu o cenho, pensativa, e disse que não tinha visto ninguém lá.

Meu coração descompassou um pouco, mas antes de entrar em pânico fui até o banheiro para conferir com meus próprios olhos.  Infelizmente, Grace estava certa: não havia nem rastro de Sophie. Corri para o quarto confuso e peguei meu celular na intenção de mandar uma mensagem para aquela mocinha, que aparentemente tinha fugido de mim e eu sequer sabia o motivo.

E, bom, o motivo obviamente apareceu: Josh tinha mandado mensagens bastante explícitas sobre o nosso acordo, e naquele momento eu tinha certeza de que o que eu mais temia tinha mesmo acontecido.

Sophie agora sabia a verdade.

...

Me arrumei muito rápido. Não importava se a camisa alaranjada não combinava com o azul daquele jeans velho - peguei o que encontrei pela frente e parti feito doido atrás da minha namorada, que bem possivelmente não ia querer continuar num relacionamento comigo depois de ter descoberto a porra toda. De todo modo, precisava encontrá-la para esclarecer a minha versão da história.

Contar que as coisas tinham começado errado, mas que agora era diferente, e que o que eu sentia era real.

Parei o carro bruscamente na sua rua e saltei dele num pulo. Subi até a entrada, bati à porta e esperei pacientemente. Será que ela já tinha ido para o Instituto Dimsdalle?

Bati mais uma vez e ninguém atendeu.

Comecei a pensar que o ideal seria ir para escola também. Pelo horário, sua mãe devia estar no trabalho, e a minha garota, assistindo à aula de Química.

Dei meia volta, entrei no carro e segui em direção ao colégio. No caminho, pensava em mil e uma formas de me desculpar e explicar tudo que tinha acontecido. Queria dizer o quanto ela tinha mudado minha vida pra melhor, e que não queria passar mais nem um segundo longe dela - custando o que custasse.

Eu era mesmo um imbecil. Depois de tantos problemas, finalmente estávamos juntos. E agora, tudo parecia querer desmoronar novamente.

Estava pagando pelos meus pecados, sabia disso. Mas só de pensar em ficar sem Sophie doía demais. Faria o que fosse possível para tentar reverter a situação, mas no meu íntimo não estava tão otimista como gostaria.

Cheguei ao colégio parecendo um caçador. Alguns alunos ainda circulavam pelos corredores, outros já estavam em aula. Sophie com certeza já tinha entrado e eu não podia me atrasar. Corri até a sala e, por sorte, a galera ainda estava chegando, enquanto o Sr. Turner terminava de organizar sua papelada.

Olhei em direção a mesa que costumava me sentar junto de Sophie, mas ela também não estava lá.

Onde tinha se metido, afinal? Será que tinha decidido matar aula de novo?

Meu coração começou a bater mais rápido, deixando a surpresa de lado e assumindo uma postura mais preocupada. Será que aquelas mensagens tinham a abalado tanto, a ponto de sequer querer voltar ao Instituto Dimsdalle? Não podia ser. Sophie não se deixaria abalar, não deixaria seus estudos e um futuro brilhante de lado por culpa de um otário como eu.

Ou deixaria?

Me sentei devagar, ainda pensativo, analisando todas as possibilidades.

E então eu ouvi uma garota cochichar o que tinha ouvido pelos corredores e meu coração, que batia preocupado, congelou por alguns segundos.

Quem te contou isso?— questionei irritado, me intrometendo no assunto.

— Alguém ouviu o Diretor Garden conversando com uma professora. Só estou falando o que me contaram - ela respondeu, erguendo as mãos em sinal de redenção.

Levantei num solavanco e fui em direção à porta. Sr. Turner falou alguma coisa na intenção de me impedir, mas não dei a mínima. Se aquilo o que aquela garota estava espalhando era a verdade, meu mundo se partiria ao meio - sem chance alguma de se recuperar do baque.

Minha Sophie tinha se acidentado? Estava no hospital desacordada?

E a culpa, mais uma vez, era minha?

As lágrimas começaram a vir e meu coração deu um tiro. Como eu pretendia chegar ao hospital naquele estado? Minhas mãos tremiam, as pernas, os joelhos. Todo meu corpo parecia eletrizado, mas não de um jeito bom. Estava instável e precisaria de ajuda pra conseguir ir ao encontro de Sophie. Precisaria de apoio, e naquele momento a pessoa mais próxima que teria capacidade de fazer isso era Joshua.

Saquei o celular e mandei uma mensagem. Com certeza ele já estava em aula, mas daria um jeito de sair.

...

Porra, cara! Você tá falando sério?— foi o que Josh perguntou assim que chegou do lado de fora do colégio. Eu estava de cabeça baixa, sentando no carona do meu carro, tentando não desabar.

 Não tive sucesso.

Levantei um pouco, o suficiente pra conseguir vê-lo e balancei a cabeça, confirmando.

— Que droga, Müller! O que rolou?

— Não sei, só preciso que me leve ao hospital da cidade. Só consigo pensar que ela descobriu tudo, fugiu e isso... - minha garganta deu um nó. Não conseguia falar em voz alta, mas Josh entendeu.

— Porra. Desculpa, cara. Eu não sabia que ela ia ver, não sabia... - ele começou a dizer, extremamente frustrado diante de tudo. Eu entendia seu sentimento.

— A culpa é minha, Josh. Não esquenta, eu devia ter contado tudo - assumi pela primeira vez em alto e bom tom. Pra ele, mas especialmente pra mim.

Sem mais delongas, Josh assumiu o banco do motorista e me levou até o local onde Sophie certamente estava internada – caso aquele boato não fosse só um boato.


Agradeci e, às pressas, fui até a Recepção em busca de mais informações. A moça que me atendeu me olhou desconfiada o tempo todo, mas depois de dizer que éramos namorados e chorar muito enquanto esperava sua boa vontade, ela sumiu e voltou dizendo que me levaria ao quarto onde ela estava.

Infelizmente, não era só um boato. De todo modo, agradeci mentalmente por ela ter me liberado para entrar e foquei na única coisa que realmente importava àquela altura do campeonato: eu iria vê-la.

E eu precisava vê-la. Senti-la. Precisava me desculpar por ter sido tão babaca.

Segui a moça da Recepção e, assim que pisei no corredor ao qual ela estava me levando, vi uma figura conhecida assentada nos bancos do lado de fora dos quartos. Era sua mãe, Sra. Dallas, que assim como eu também estava de cabeça baixa, lamentando infinitamente por aquela situação toda.

Em pensar que as duas tinham brigado feio há algumas horas, e agora estávamos ali.

A vida sabe mesmo ser cruel, não é mesmo?

— Olá, Sra. Dallas. Como está? - tentei cumprimentar do melhor jeito que consegui.

Esperava pelo pior, que ela me atacasse com palavras ou algo assim. Mas então, ao erguer sua cabeça e me encarar, seu semblante se compadeceu da minha dor. Estávamos sofrendo, nós dois. E então ela se levantou e meu deu um abraço de mãe, deixando o choro vir com tudo.

Não falamos muito ali na porta. Ela disse que era melhor eu entrar, pois em instantes viriam as Enfermeiras e visitas não seriam permitidas por um tempo.

E assim o fiz.

Sophie parecia dormir um sono profundo. Era a cena que queria ter visto quando acordei pela manhã. Infelizmente, nem em um milhão de vidas imaginei que veria dessa forma.

Meu coração doeu ainda mais quando cheguei perto dela e percebi os hematomas se formando em seu rosto lindo. Suas mãozinhas, cheias de tubos e esparadrapos hospitalares, também estavam arranhadas. Era um combo de machucados somados ao seu tornozelo, que ainda estava em fase de recuperação.

Senti um aperto no peito, meu coração estava estilhaçado dentro de mim. O peso da culpa, o ódio por mim mesmo. Eu tinha feito aquilo. Tinha causado tanta dor a ela, física e emocional.

E, honestamente, não era justo querer que ela permanecesse comigo depois de tudo. Depois de tanta merda. Eu não passava de um mulherengo infantil pra caramba. Se não tivesse concordado com esse desafio idiota, ela estaria vivendo sua vida da melhor forma possível.

Talvez ainda enchessem o saco dela, mas pelo menos sua vida estava a salvo. Comigo, a cada dia que passava ela parecia correr mais e mais riscos. Isso não era certo. Me sentia culpado por ter causado tanto sofrimento em um curto período de tempo.

Queria que ela acordasse. Mas falando sério, naquele instante, não queria que ela continuasse comigo.

Ei, nerdzinha — disse manso, puxando uma cadeira para me sentar próximo a sua maca robusta e tecnológica. O quarto era claro, espaçoso e até bem aconchegante para um hospital. Sua mãe devia ter um plano de saúde dos bons.

— Que horas vai acordar para me xingar? Estou esperando ansioso – continuei falando, enquanto tocava em seu rosto de leve. Nem sinal dela.

O que eu tinha feito com aquela garota?

O que eu tinha feito para a minha garota?

O choro veio forte e meu coração acelerou em completo desespero. Eu soluçava como se uma parte de mim tivesse sido arrancada. Nunca tinha experimentado uma dor tão grande como aquela e, sinceramente, não sabia o que fazer para consertar as coisas.

Eu só queria que ela acordasse. E que nunca mais me perdoasse.

Sophie sempre foi demais pra mim.


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Notas finais do capítulo

e aí, gente! gostaram do capítulo? :)

esperando ansiosamente pelo feedback de vocês aqui nos comentários.

obrigada a todo mundo que ainda acompanha MDP. sei que sumo, mas a missão agora é dar um final top pra essa história que me acompanha há anoooooos ♥ vamo que vamo!

volto em breve. beijos de luz!



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