Uma vida feliz para Arlequina? escrita por Dani Tsubasa


Capítulo 19
Capítulo 19 – Doloroso sonho encantado


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo pode ser ainda mais triste que o anterior e machucar o coração, mas Harley ainda tem chão pra percorrer.



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Capítulo 19 – Doloroso sonho encantado

— Pudinzinho... – Harley sussurrou tão baixinho que mal se podia ouvir.

Para onde a estavam levando? Quem a carregava? Havia sobrevivido para começar?

— Shhh... Poupe suas forças, linda.

— Pudinzinho... – ela sorriu – Achei que tinha te matado – disse ainda de olhos fechados, estava exausta, não conseguia abri-los.

Ele não respondeu, apenas continuou andando com ela. De repente sentiu-se ser colocada na água morna, quase fria, e reagiu se mexendo.

— Não sei nadar – disse ainda num tom de voz muito baixo.

— Harley, isso é só uma banheira. Fique calma. Precisamos baixar essa febre! E limpar esse ferimento.

— Pam...? O que faz aqui.

A voz da Hera e as outras em volta pareciam ecos distantes. Harley se sentia tonta e sua cabeça latejava, como se viajasse entre duas dimensões.

— Ela está confusa – ouviu a voz de Selina dizer.

Passos fortes se distanciaram e o som de bebês chorando chegou a seus ouvidos.

— Eu vou cuidar deles. Tem certeza que consegue cuidar dela nesse estado sozinha, Pam?

— Faço isso há anos, pode ir. E feche bem a porta quando sair.

— Tudo bem.

Ele alisou seus cabelos para trás enquanto se ajoelhava ao seu lado.

— Vai ficar tudo bem, amor.

— Onde estão Lucy e Joe?

— Estão bem. Agora temos que baixar sua febre.

— Não tá furioso comigo?

— Não.

Eu atirei em você... Nem sei porque. Não vai me bater? Me prender? Me castigar? –  Perguntou num sussurro com a voz cheia de medo.

— Shh... Isso não tem mais importância, Harley.

Harley sentiu seus olhos se encherem de lágrimas, mesmo fechados. Seu coração estava confuso. Aquele carinho era o que sempre desejara. Por que tinha demorado tanto?

— Por que está chorando, cupcake?

Ela abriu os olhos, precisava ter certeza de que não estava sonhando. O Coringa a olhava ajoelhado ao lado da banheira. Estava sem camisa e descalço, usando apenas uma de suas calças azuis. Não havia sinal do ferimento causado por ela. Harley percebeu que usava um de seus pijamas e o banheiro lhe parecia estranho, embora pudesse jurar que era o banheiro de casa.

— Isso só pode ser um sonho...

— Não chora, docinho – ele pediu enxugando suas lágrimas.

Mas aquilo só fez Harley chorar mais. O Coringa a puxou um pouco para fora da água para abraçá-la, pouco se importando de se molhar, beijando sua testa suavemente e a confortando até que se acalmasse.

— Por que você nunca agiu assim antes? - Perguntou misturando mágoa e alegria em sua voz.

— Eu não sei, Harley.

Ele tocou sua testa e suspirou. Ainda estava quente, embora menos do que antes. Entrou na banheira junto com ela, aproveitando que era uma banheira grande e não ligando de molhar suas roupas. Permitiu que ela deitasse em seu peito e a abraçou, afagando seus cabelos coloridos. Os dois adormeceram abraçados por alguns minutos.

— Acho que já podemos tirar você daqui, amorzinho.

Harley abriu os olhos ainda sonolenta. O Coringa a apoiou com cuidado na lateral da banheira e saiu, drenando a água e pegando Harley no colo. Deixou-a sentada na beirada da banheira e a envolveu com uma toalha, se secou e trocou suas próprias roupas molhadas, em seguida enxugando Harley com cuidado e a ajudando a trocar de roupa.

— Se sente melhor?

— Bastante.

O palhaço sorriu, pegou-a no colo e a levou para o quarto.

— Olha só.

Ele se aproximou dos berços rosa e azul, onde Lucy e Joe dormiam tranquilamente. Harley sorriu.

— Mamãe ama vocês. Durmam bem queridos - ela disse baixinho, sorrindo ao ver Bud e Lou dormindo ao lado dos berços como anjos da guarda.

 O casal se acomodou na cama abraçado debaixo do cobertor. Harley deslizou a mão pelas tatuagens do príncipe palhaço, arranhando seu peito e seu abdômen com as unhas, fazendo-o suspirar.

— Não provoca, querida. Você precisa descansar.

— Eu vou ficar bem. Por favor, Pudinzinho. É só irmos com calma.

Se virou para ela e se olharam longamente. Logo estavam unidos pelo beijo mais apaixonado, talvez o primeiro realmente apaixonado, que Harley já recebera dele. Se afastaram sem ar após uma eternidade.

— Verificando sua febre - ele respondeu diante do olhar interrogativo quando ele a olhou e tocou seu rosto por tempo discutível - Vamos com calma, garota. E sem exageros. Você precisa dormir.

Harley sorriu com a confirmação dele e ao que lhe pareceu mais de uma hora depois estavam mergulhados novamente num sono tranquilo e agradável. Harley nunca se sentira tão amada por ele em um daqueles momentos juntos desde que o conhecera. Às vezes o Coringa até lhe batia para “entrar no clima”. E nem sempre era tão gentil com ela. Agora estava deitada no peito tatuado enquanto ele a abraçava, pele contra pele. Ela continuava achando algo estranho na atmosfera, como se mesmo acordada sua mente estivesse atordoada. Mas ignorou. Nunca mais queria sair dos braços dele e voltar para aquele pesadelo onde ele estava morto. Acordou muito tempo depois com um beijo suave em seus lábios. Se assustou ao ver um estranho sorrindo para ela. Levou um tempo para reconhecê-lo.

— Pudinzinho...?

— Bom dia, amor.

Harley ficou confusa. E olhou para si mesma. As tatuagens e a pele extremamente branca haviam sumido, tanto dele quanto dela. Seus cabelos estavam louros e os dele castanhos e percebeu o que se passava. Ela era Harleen de novo. Não sabia porque, mas era. Olhou-o outra vez. E ainda o achou lindo como um homem normal, sem cabelo verde, sem lábios vermelhos, sem dentes metálicos.

— Por q...?

— Shh... Não se assusta.

Ele se levantou, pegando as roupas de ambos espalhadas no fim da cama. Vestiu-se da cintura para baixo e Harleen vestiu todo o seu baby doll. Ele seguiu até os berços e voltou com Lucy e Joe já acordados. Voltou para a cama e acomodou os dois bebês entre eles.

— Digam bom dia pra mamãe – ele sorriu.

Os bebês riram ao ver a mãe, que fez o mesmo brincando com eles. Bud e Lou colocaram as patas dianteiras em cima da cama e se ergueram, sorrindo e abanando a cauda.

— Bom dia, queridos – Harleen sorriu para os quatro.

Um murmúrio de Lucy e Joe chamou sua atenção.

— Acho que estão com fome, querida.

— Mas eu não posso mais.

— Você pode, Harleen. Não se lembra que a Venenosa deu um jeito nisso?

— Você e Pam nunca vão se dar bem?

— Acho que não.

Os dois trocaram um sorriso e ele segurou Lucy em seus braços enquanto Harleen sentou-se e arriscou oferecer o seio a Joe após acomodá-lo em seu colo. Após algum tempo o bebê aceitou e parecia satisfeito.

— Devia sorrir - ele lhe disse secando as lágrimas que escorreram por seu rosto.

— Posso sentir... Eu realmente posso alimentá-lo - ela secou os olhos com um sorriso - Achei que nunca mais ia fazer isso.

Esperou que Joe logo desistisse de sugar quando nenhum alimento chegasse a sua pequena boca e que ela apenas sentiria dor com a sucção sem haver nada para o bebê puxar, mas podia sentir seu leite seguindo para seu filho. Quase se esquecera do quanto aquele momento era mágico. Harleen finalmente sorriu e trocou um selinho com o homem ao seu lado, que também tinha um sorriso enorme ao presenciar a cena enquanto brincava com sua filha.

— Tem que viver por eles agora, Harley. Nunca esqueça disso. Esses bebês amam muito sua mãe e precisam dela tanto quanto ela precisa deles.

— E você? Você me ama, Pudinzinho? - Perguntou apreensiva.

— Não sou bom com essas coisas, mas vocês são tudo que eu sempre amei. Eu te amo, Harley. É claro que amo - disse em seu ouvido.

Harley fechou os olhos, sentindo seu coração se apertar, e entregou-se ao beijo profundo que ele lhe deu. De repente sentiu outra tontura, sentiu-se cair e abriu os olhos, preocupada por estar segurando Joe.

— Pâmella!! Venha rápido!

— Harley?!!

Harley viu a Hera correr e sentar-se ao seu lado na cama, com um olhar desesperado e cheio de lágrimas. Selina estava em pé as olhando. Estavam na casa de Pam.

— Joe... – Harley murmurou confusa.

— Ele está dormindo no berço, Harley – Selina falou.

— Achei que depois de cinco dias você nunca mais fosse acordar – Pam falou com a voz alterada pelo choro enquanto abraçava a amiga com cuidado.


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Notas finais do capítulo

Achei a foto dos dois bebês uma graça e achei que seria legal colocá-la nesse cap. =3