Little Liars, Big Secrets escrita por Duas pandacórnias


Capítulo 27
27: Annabeth - Nem tudo está terminado


Notas iniciais do capítulo

Heyyyyyyy
Como vão?
demorou esse cap? demorou
mas tá aí
aproveitem!!!!
— Gló



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P.O.V: Annabeth: Skipping Stones 

   Acordei nem um pouco disposta. Hoje era o tão “esperado” dia do baile de máscaras. Bufei irritada e levantei da cama. Não que eu fosse contra a esses bailes cheios de frescura e tal, mas ao que parece S ama esses bailes e praticamente nos obrigou a irmos se quiséssemos respostas.

   “Só espero que não seja uma armadilha ou algo do tipo”

   Me arrumei e fui ao shopping com as meninas comprar as fantasias. Não que fosse algo na qual fosse extremamente divertido que amigas na nossa situação quisessem fazer, mas assim era menos irritante. Depois, eu, Reyna e Clarisse fomos ao hotel que Sil estava. Necessitávamos de ao menos uma pista sequer sobre quem era o dono desse diário, já que não pertence à nossa antiga suspeita Silena.

   - Hey meninas, algum problema? – disse Silena em tom baixo enquanto abria a porta para a gente – Sabem que não podem ficar toda hora me visitando, mesmo com a Allison, Lydia e Isaac me acobertando, alguém aliado de S pode saber que estou aqui e aí eu e eles se ferram!

   - Calma Sil! – pediu Clarisse. O que é estranho porque geralmente ela é quem precisa de alguém pedindo para ela se acalmar – só viemos aqui porque precisamos de sua ajuda com o diário.

   - Mas eu já falei que não é meu! Como posso ajudar?

   - Porque sabemos que você sabe quem é o dono, mas não quer contar para a gente. – falou Reyna.

   - Olha, eu realmente não sei, de verdade. Pode ser da Miranda ou até mesmo da Katherine. Vai saber o que se passava naquelas mentes loucas.

   “E de novo voltamos à estaca zero”

   - Bem, de qualquer maneira – começou Clari – já é um começo. Mas... Por que acha que pode ser da Katherine ou da Miranda?

   - Minha mãe era amiga dos médicos que tratavam as duas. Ela poderia ter acesso ao diário dessa maneira.

   - Espera aí – falei – Katherine e Miranda tinham os mesmos médicos?

   - Sim – Sil respondeu – assim como a Drew e outro paciente que não lembro quem é.

   - Caramba! – disse – Drew já foi internada lá e ainda por cima pode ter conhecido elas. Agora faz sentido. E se ela já foi amiga da Katherine?

   - Explicaria o porquê de ela desconfiar sempre da gente. Ela poderia ser amiga da garota que enterramos. Ótimo. – disse Reyna.

   - Bem – falei – obrigada pela ajuda. Tem mais alguma informação que possa nos ajudar?

   Silena abriu a boca para falar algo, mas hesitou e a fechou novamente. Ela olhou para a gente e negou com a cabeça.

   - Qualquer coisa, me liguem. Até mais queridas!

   Ela pegou sua bolsa, colocou a peruca loura e colocou o casaco preto, abriu a porta para nós quatro e nos acompanhou até o elevador. Quando já estávamos na rua, ela disse:

   - Tenho que resolver umas coisas como Blair Scarlett. Até mais tarde!

   - Okay gente – começou Rey – não temos muito tempo, daqui a três horas começa o baile e nós ainda estamos aqui!

   - Okay gênia, mas aonde vamos agora?

   “Boa pergunta Clarisse”

   - Que tal um pouco de adrenalina e procurarmos pistas na casa da Drew? – falou Reyna com um sorriso malicioso.

   - Nem começa Reyna! – falou Clari por mim – A última vez que nós invadimos algum lugar, nós nos ferramos feio!

   - Precisamos de algum plano melhor! – chamei a atenção delas.

   - Algum plano melhor e mais divertido que o meu?

   - Eu me recuso a invadir a casa de alguém de novo! – esbravejou Clarisse, atraindo alguns olhares para a gente.

   - Acho que não temos escolha – bufei de raiva – parabéns Reyna, você venceu.

   Pegamos um táxi e fomos direto à casa da Drew, torcendo para que ela não estivesse lá.

   - Você ao menos tem um grampo, Reyna? – perguntei a encarando. Ela sorriu em resposta e me entregou o grampo de cabelo.

   - Eu sempre tenho um grampo, Annie.

   Clari pegou o grampo da minha mão e destrancou a porta. Entramos de fininho com medo de Drew estar na casa, mas felizmente não estava. Fechamos a porta de entrada e corremos até seu quarto atrás de qualquer coisa útil para a gente. Reviramos literalmente tudo naquele quarto, mas infelizmente não tinha nada.

   - Hey gente – chamou Clarisse – Isso é... Uma espécie de cofre? Tem uma senha de três números. Fazem alguma ideia de qual seja?

   Fui até a escrivaninha de Drew e revirei mais uma vez, achando umas anotações sem sentido e um papel com letras em Braille. Mostrei a elas e Reyna falou como se lembrasse de algo:

   - Annie, lembra daquele dia em que fomos até Manhattan naquele centro de reabilitação junto com o Stiles e o Scott?

   - Lembro, por quê?

   - Depois disso, você tinha ido até aquele centro de reabilitação abandonado e tinha conseguido os arquivos da Drew.

   - Acho que estou entendendo aonde você quer chegar, mas... Por que está lembrando isso?

   - É que depois disso, nós nunca mais tentamos procurar algo sobre a Drew. E pode ser que tenha algo... – falou ela procurando alguma coisa no celular – ACHEI! Aqui, olhem.

   Olhamos a palavra BAD escrita em vermelho no documento. Clarisse cortou o silêncio dizendo:

   - Oi? Reyna, por favor, faça sentido.

   Reyna suspirou.

   - Esses símbolos em Braille. Se pesquisarmos o quê significa... – ela mostrou o celular com os símbolos para a gente – será BAD! Ou 214! Três dígitos! Essa pode ser a senha!

   Clarisse fez uma cara de “ATA” para nós duas e colocou o número 214 no cofre.

   “Parabéns Reyna, você é uma gênia”.

   Dentro dele havia vários jornais dobrados e circulados de vermelho em várias partes. Também havia algumas cartas com a Miranda, Katie e Bianca.

   - ÓTIMO! – gritou Clarisse, irritada – MAIS CÓDIGOS PARA DESCOBRIRMOS! AH QUAL É DREW?

   Ouvimos um som de carro se fechando. Fui olhar o que era.

   Drew.

   “MERDA!”

   - Gente é a Drew! – sussurrei.

   Fui correndo arrumar tudo enquanto Clari tirava fotos do conteúdo do cofre e Rey me ajudava. Saímos pela janela do banheiro a tempo dela nos pegar no flagra. Saímos da casa rapidamente e fomos correndo para a rua.

   - Sorte... Que... Ela é cega – disse Clari ofegante assim como a gente.

   - Credo Clari! – falei rindo.

   - Ah qual é! É verdade! – respondeu ela, fazendo nós três rirmos.

   Chegamos à casa da Pips e nos arrumamos para o baile. Contamos tudo o que aconteceu para elas. Piper perguntou:

   - E aí, qual será o nosso plano para descobrirmos tudo?

   - Annabeth, Reyna, vocês têm um plano, não é? – perguntou Hazel.

   Olhei para Reyna e sorri de lado.

   É óbvio que tínhamos um plano.

   Só precisava dar certo.

   Quando chegamos ao baile, fomos nos encontrar com nossos respectivos pares. O meu, obviamente era o Percy.

   - Hey sabidinha! – falou ele.

   - Hey, cabeça de alga! – falei o beijando.

   Ele sorriu e me beijou de novo. Começou a tocar uma música lega e resolvemos ir para a pista de dança. Mesmo animada de estar ao seu lado, não conseguia deixar de prestar muita atenção à entrada à procura de alguma pessoa de cisne negro.

   - Você está à procura de alguém? – perguntou ele em um tom calmo.

   - Hã... Não – menti.

   Ele riu e olhou para mim.

   - Parece. – ele olhou para algo a trás de mim – acho que a Bianca está te chamando.

   Olhei para onde ele olhava e fui até ela.

   - Eu estava te procurando Annie!

   - Estava?

   - Sim! Eu queria ir com você lá naquele labirinto de espelhos, deve estar muito legal! – falou ela animada.

   - Olha, eu... – comecei a falar, mas parei quando vi quem eu e as meninas procurávamos.

   Cisne negro.

   Quando ia responder Bianca, recebi uma mensagem de S.

“É a sua chance de descobrir o que procura Annie. Você está quase terminando o jogo.

   Boa sorte.

Da sua grande amiga,

— S”

   - Por que não? – falei a Bianca – Vamos!

   Acompanhei Bianca até o longo labirinto, procurando por qualquer índice de S. Mas por um bom tempo eu não via nada que não fosse meu reflexo nos espelhos.

   - Você deve estar achando entediante, não é? – perguntou-me Bianca.

   - Não, - disse – por quê?

   - Você parece muito... distraída.

   - Não é que... Uma pessoa disse que estava aqui, pensei que pudesse encontrá-la, mas até agora nada. – falei. É óbvio que eu não iria contar tudo sem omitir algumas partes irrelevantes, como: quem estou procurando é um maluco sociopata que provavelmente quer me matar – Acho que essa pessoa já deve ter saído do labirinto.

   - Entendo. Bom, que tal irmos por ali? Essa pessoa pode estar por lá, quem sabe?

   Assenti e fomos por lá.

   A direção que tomamos, a esquerda, era diferente. Tinha espelhos que “brincavam” com o seu reflexo de uma forma um tanto quanto bizarra, mas interessante. Acho que fiquei prestando muita atenção nisso, pois quando me dei conta estava sozinha.

   Absolutamente sozinha.

   O som da música da festa, agora não era mais possível de se ouvir nitidamente como no começo do enorme labirinto. O que não me ajudava a me acalmar.

   “Respira Annie. Você está quase terminando. Só precisa saber onde a Bianca foi parar”.

   Andei mais um pouco para ver se achava o final do labirinto. Enquanto andava, finalmente vi a pessoa vestida de cisne negro entrar em um caminho. Fui até lá, mas não achei nada além de uma outra mensagem de S.

“Quer achar Bianca? Então vá aonde se encontra a pessoa responsável por tudo isso.

Você sabe onde achá-la.

— S”

   “A pessoa responsável por tudo isso”

   Essa frase estava se repetindo na minha mente.

   Quem foi o responsável por esse jogo começar?

   Parei de criar teorias e foquei no dia em que recebi a primeira mensagem.

   “Silena”

   Silena foi quem recebeu a primeira mensagem, no Halloween. A mensagem que recebi foi por causa do segredo que guardava do dia em que Silena desapareceu, e esse “jogo” só começou porque Silena tinha muitos segredos que podem prejudicar outras pessoas.

   Eu teria que ir até o hotel em que Silena está.

   Quando finalmente consegui sair do labirinto, encontrei Reyna no corredor onde se encontrava os armários. Fui até ela e disse:

   - Mana – a chamei – estou indo para o hotel onde Silena está. Qualquer coisa eu passei mal, okay?

   - Espera, eu vou com você. Só espera um pouco que vou me despedir de todo mundo.

   Esperei Reyna e juntas pegamos o carro da Piper para irmos até o hotel. Enquanto eu dirigia, Reyna me perguntou:

   - Então, qual é o motivo de estarmos indo para aquele hotel?

  - Bianca estranhamente sumiu – Reyna me olhou atentamente – e precisamos ir para lá se quisermos encontrar o que queremos.

   Estacionei o carro em um ponto não tão perto do hotel e olhei para Reyna

   - Entendi. Bem Annie, eu vou ficar no carro. Quando voltar, volte com Silena. Estou esperando vocês duas.

   Assenti e entrei no hotel. Fui até o corredor onde ficava o quarto da Silena, mas em vez de entrar em seu quarto, entrei no quarto ao lado que tinha uma chave na porta com um S como chaveiro.

   Ele estava cheio de esquemas e diagramas escritos com fotos de várias pessoas que eu conhecia. Todos estavam interligados e ao que parecia, pareciam tentar decifrar quem matou Katherine e Miranda.

   Estranhei.

   “Então a Silena não matou a Bianca?”

   “Se a Sil não matou Katherine, quem a matou então?”

   Eram vários pensamentos que rondavam a minha mente sobre essas duas mortes.

   E o pior era que nem S sabia quem as matou.

   Mas pelo menos de uma coisa eu tinha certeza após entrar neste quarto.

   Minhas suspeitas foram confirmadas.

   Bianca Di Ângelo era S.

   Sendo uma das pessoas mais próximas da gente. Ela também era amiga de Katie e Miranda, sem falar que seu nome estava em várias cartas do cofre de Drew.

   Mas estranhamente, ela não estava no “covil de S”.

   Se for aqui que eu conseguiria minhas respostas, onde estava Bianca?

   Comecei a vasculhar pelo quarto inteiro qualquer pista que pudesse dizer onde Bianca estava. Mas infelizmente só havia achado mais e mais jornais riscados de vermelho.

   Suspirei e guardei todos os jornais na minha bolsa. Fui até o quarto ao lado, onde Silena estava, e a chamei:

   - Sil, você precisa sair daqui e vir comigo e Reyna.

   - Não! S pode me ver e...

   - S já sabe onde você está! – falei firme, de certa forma até um pouco seca – SEMPRE soube! S é a Bianca! Então vamos logo porque não temos muito tempo até ela voltar ao quarto ao lado!

   - Espera aí – ela me parou, me deixando um pouco impaciente – Bianca é S? É que tipo... Não pode ser ela!

   - Como assim não pode ser ela? – dessa vez eu que estava confusa – Bianca É S! O quarto ao lado do seu é a prova disso! Quem mais poderia ser?

   - Quando estivermos mais seguras eu conto. Vamos?

   Seguimos até o estacionamento e entramos no carro. Dessa vez era Reyna que dirigia. Olhei para Silena e disse:

   - Acho que agora é uma boa hora para começar a se explicar sobre o porquê Bianca não ser S.

   - Então as nossas suspeitas sobre Bianca ser S são verdadeiras? – disse Reyna para mim.

   - Ao que tudo indica são. Mas Silena disse que Bianca não pode ser S. Por que, Bianca?

   - Bem… Por onde começo?

   - Acho que começar pelo começo é uma boa – disse Rey.

   - Acho que isso vai chocar vocês um pouco, mas... Piper não é minha única irmã.

   - Como assim? – a olhei surpresa – Quantos outros irmãos você tem?

   - Uma delas é... Drew Tanaka. Eu descobri com uns 6 anos que minha mãe teve mais um caso fora do casamento com o meu pai com o pai da Drew.

   - Ai meus deuses, Silena! – falei.

   - Você cegou sua própria irmã! – disse Reyna me completando.

   - É... Uma das coisas na qual eu me arrependo. Quando fiz o que fiz, não imaginei que Drew Tanaka era a mesma Drew do diário de minha mãe. Descobri só depois que ela saiu da cidade para se recuperar do ocorrido.

   - Assim como a morte da Kath? – falei acusatória – ou não se arrepende de ter matado ela?

   - Calma Annabeth! – disse ela ofendida – Olha, eu me arrependo muito de tudo que fiz nesse dia. Obrigá-las a serem cúmplices de um assassinato? Eu não sabia onde estava com a cabeça, mas fiz isso porque estava desesperada. O pior de tudo isso, é que eu não a matei. Eu protegi uma pessoa que prejudiquei muito assumindo o seu crime. Essa é a coisa que eu mais me arrependo: assumir ser a assassina de Katherine e fazer vocês a serem cúmplices.

   - Quem matou Kath então? – perguntou Reyna.

   - Ainda chegarei nesse ponto – continuou Silena – minha outra irmã... Bem, eu não sabia que estava viva. Após um acidente entre eu, ela e Piper, minha mãe simplesmente sumiu com ela. Um tempo depois ela disse que essa minha irmã desapareceu e a encontraram morta tempos depois. Eu não acreditei de cara, mas aceitei isso com o tempo. Eu podia ter criado diversas teorias, mas nunca poderia ter imaginado que ela foi internada no Feeling Sanatorium. Por minha causa, de certa forma.

   - Como assim, por sua causa? – perguntei curiosa.

   - Essa minha irmã era minha gêmea. Seu nome era Selaena, e é parecido com o meu porque minha mãe estava viciada nesses nomes. Nós duas sempre trocávamos de identidade, era de certa forma divertido. Minha mãe nunca sabia quem era quem. Éramos muito diferentes, se tivesse que nos distinguir em gêmea boa e má, com certeza eu seria a má. Nesse dia, estávamos sozinhas na casa da minha mãe, e Piper estava com a gente. Por acidente, eu a deixei cair da escada, ela bateu a cabeça e foi para o hospital rapidamente, pois minha mãe chegou a tempo. Ela ficou em estado grave por semanas, afinal só tinha quatro anos, mas melhorou e minha mãe achou melhor ela morar com o pai e mantê-la longe da família Beauregard.

   Olhamos para ela, chocadas. Era muita informação para digerirmos. Mesmo assim, fiz um gesto para que continuasse. Ela engoliu em seco e continuou:

   - Quando percebi o que fiz, não quis admitir minha culpa. Eu sabia que minha mãe sabia que era eu quem tinha a empurrado, pois ela viu a pulseira que me diferenciava de Selaena. Eu corri até onde Selaena estava e a convenci a trocar de identidade comigo. Naquele dia eu não me arrependi disso, mas hoje percebo o peso desse ato. Afrodite ligou para Tristan levar Pips ao hospital, enquanto ela e meu pai sumiram com Selaena, que tentava convencê-los de que ela não era eu, e que não tinha sido ela a derrubar Piper da escada. Quando eu li o diário da minha mãe, descobri que os médicos a diagnosticaram com uma suposta “esquizofrenia”.

   Ela começou a chorar. Comovida, segurei em seu ombro a confortando. Reyna parou o carro em um canto para que Silena contasse com calma e ela prestasse atenção. Sil enxugou as lágrimas e voltou a contar:

   - Foi assim por 3 anos. Eu me passando por Selaena, e ela no sanatório como Silena. Então eu descobri que ela estava viva, pois convenceu aos médicos que estava melhor e que poderia voltar para casa. A Selaena de antes, tão doce, brincalhona e divertida, agora era como eu: calculista e mentirosa. Ela tinha aprendido muito bem a se passar por mim. Ela queria sua identidade de volta, mas eu não queria desmentir tudo. Então eu piorei toda a situação dizendo que ela começou a ter uns surtos violentos e que estava me ameaçando de morte. Eu tinha somente oito anos, mas já era a pior pessoa do mundo. Eles então a levaram de volta até o Feeling. Um ano depois, eu estava arrependida. Aproveitei que Sel havia voltado e trocamos as identidades, já que aparentemente ela estava “curada”, não haveria problema em eu ir para a escola e ter uma vida normal com a minha identidade verdadeira. Minha mãe nos tratava como se Selaena nunca tivesse ido para o Feeling e sempre fossemos a família perfeita dela.

   Ela respirou fundo e parou de falar. Olhamos para ela. Silena estava realmente acabada, como se só de contar essa história a deixasse cansada de corpo e alma. Talvez cansasse mesmo. Essa história tinha informação de mais até para mim.

   - Mas Selaena estava pior do que antes. Eu quase não conseguia dormir por causa do medo que ela me causava. Foi nessa época que conheci vocês. Eu me sentia numa espécie de porto seguro. Me acalmava. – ela parou mais uma vez e voltou a contar – Quando fizemos doze anos, ela surtou mais uma vez: ela atacou minha mãe, eu e meu pai. Este por sua vez, decidiu que ela voltaria ao sanatório. Ele e minha mãe passaram a achar que, Selaena, enquanto estava como Silena, falava a verdade. Ou seja, eu, agora como eu mesma, sempre fui uma vítima da própria irmã que sofria por ela ser uma sociopata sem remorso. E Selaena, era a irmã que fez algo errado e culpou sua irmã disso. Eu não poderia me sentir mais culpada.

   - Okay – disse Reyna depois de um longo silêncio – onde ela se encaixa com o assassinato de Katherine?

   - Anos depois, naquele maldito dia em que desapareci, Katherine, Miranda e Selaena fugiram do Feeling Sanatorium. Não que fosse a primeira vez que Selaena fugia, é claro. Uma de suas fugas, por exemplo, foi para se encontrar com Drew.

   - Quando foi isso? – perguntei.

   - No dia que ela ficou cega. Selaena me mandou uma mensagem dizendo que contou nosso segredo a ela, e que era questão de tempo até ela acabar com a minha vida. Eu fiquei furiosa e fiz aquilo, achando que seria bom dar um susto nas duas. Não pensava que o plano poderia dar errado.

   - Uau. – eu e Rey dissemos em uníssono.

   - Voltando para aquele dia do meu desaparecimento, após vocês terem dormido eu fui sair atrás de Charles e encontrei Katherine e Selaena brigando. Era uma briga feia, Katherine só faltava matar Selaena. Na verdade ela começou a tentar sufocá-la quando me viu. Eu tentei separar as duas, mas quando cheguei até elas, Sel já havia batido na cabeça dela com um pedaço de tronco. Ela me olhou, se levantou e olhou para o corpo de Katherine no chão. Acho que pela primeira vez depois de todos aqueles anos eu vi a minha verdadeira irmã, a Selaena de antes daquele acidente com Pips.

   Ela parou de falar novamente. As lágrimas voltaram ao seu rosto. Dava para ver na cara a dor dela ao contar isso, dos erros com a irmã. Era visível o seu arrependimento.

   - Calma – falei – não precisa contar tudo. Pode nos contar depois, quando estiver mais calma.

   - Não – disse ela firme, após enxugar suas lágrimas – preciso contar agora. Não aguento mais guardar tudo isso só para mim.

   - Bem, estamos ouvindo.

   - Selaena ficou apavorada após perceber que matou a melhor amiga. Ela começou a balbuciar coisas sem sentido e chorar sem parar. Eu não sabia se a consolava, se a abraçava, se dizia que iria ficar tudo bem... Eu estava perdida.

   - Espera aí – Rey a cortou – Katherine era a melhor amiga da Selaena?

   - Não só ela, como Miranda também. As três tiveram os mesmos psiquiatras, que eram pessoas de confiança da minha mãe.

   - Deve ter sido por isso que a Bianca e a Katie já estiveram lá como visitantes. – concluí – Miranda era amiga das duas. Bianca e até mesmo a Katie podem ter conhecido ela lá.

   - Pode ser – concordou Sil – bem, ela me implorou que não contasse nada a ninguém. Eu não concordei. Ouvimos vocês me chamando, então ela começou a me implorar. Eu no fim, concordei e mandei-a fugir. Ela me agradeceu e foi embora antes que vocês a vissem. Então assumi seu crime. O resto vocês já sabem o que aconteceu.

   - E depois? – perguntei – sabe o que aconteceu com ela?

   - Eu não a vi mais naquele dia. Mas a vi uma vez, enquanto estava desaparecida por causa de S. Ela usava um casaco preto, o mesmo que eu usava como Blair Scarlett. Eu não entendi de começo, mas resolvi segui-la. Ela se passava, mais uma vez, por mim, só que dessa vez, em vez de Silena Beauregard, era Blair Scarlett. Descobri que era com essa minha personagem que ela se disfarçava para conseguir todas as informações que precisava para me encontrar. Ela queria me achar para me torturar, da mesma forma que fazia comigo antes, como S. Ela era S, não S de Silena como eu imaginava, já que eu era o alvo dela, mas sim, S de Selaena. Foi por causa dela que todo esse jogo começou. E ela é o meu primeiro segredo.

   “A pessoa responsável por tudo isso”.

   De começo, pensei que era Silena, mas agora...

   “Foi por causa dela que todo esse jogo começou”

   Silena deu a resposta para a charada.

   Bianca está com Selaena.

   Quando eu iria falar alguma coisa, S me mandou uma mensagem:

“Tick Tock, vadia. O tempo está acabando para a Bianca. É melhor se apressar. Você tem meia hora para nos encontrar e salvá-la.

— S”

   Mostrei a mensagem a elas. Reyna bateu na testa, como se repreendesse por esquecer algo.

   - Ai meus deuses! A Bianca! Esquecemos dela!

   - Temos que ir até ela! – falei.

   Reyna ligou o carro novamente e começou a dirigir mais rápido. Mesmo com os faróis ligados, estava um pouco difícil de enxergar o que havia pela frente.

   - Sabe onde a Bianca poderia estar com a Selaena, Sil? – perguntou Reyna olhando para a estrada.

   - Bem, eu já a vi indo como Blair Scarlett para um armazém diversas vezes.

   - Onde fica?

   - Acho que não muito longe – ela pegou o celular e digitou algumas coisas no GPS instalado – aqui, Reyna.

   Ela olhou rapidamente para o celular e voltou sua atenção para a estrada.

   - Sei um atalho para chegarmos mais rápido até essa rua. – Reyna virou à direita e acelerou mais o carro.

   Liguei para Thalia. Como a criatura não atendia porque provavelmente estava pegando o Nico em algum canto qualquer da festa, liguei para Clarisse.

— Annie? Você está com a Reyna, não está? Olha eu e...

— Clarisse, me escute. Estamos com a Silena indo para a Portobello Road. Nos encontramos lá, okay?

— Ah, então vocês já sabem que Bianca é S, não sabem? Eu, a Lia e as outras estamos indo para lá também.

— Não! Escute: a Bianca NÃO é S! Ela é só uma ajudante dela.

— E você? Sabe que...

  — Sei.

— Então...

— Eu te conto lá, agora não temos tempo. Bye.      

   Quando chegamos ao tal armazém, vimos o carro da Clarisse chegando. Quando elas desceram, Thalia veio até mim correndo e disse:

   - Annie! Como assim a Bianca não é S? Os meninos...

   - Thalia, como assim os meninos? O que eles tem a ver com a Bianca e S? E a Sil nos contou quem é S. É a sua irmã.

   - A Piper é S? Oi?

   - Não! – ri – é a sua outra irmã. Gêmea, na verdade. Afrodite e sua família ocultaram sua existência por anos. Seu nome é Selaena.

   - Que família doida. Agradeço por ter a minha do jeito que é agora. Bem, os meninos, já sabiam que éramos ameaçadas por S, então eles se juntaram e se uniram a S para tentar descobrir quem era. Por todo esse tempo, eles pensaram que era a Bianca, pois ela mandava em tudo. Ela nunca tinha mencionado em uma tal de Selaena. Acho que é porque ela não confiava totalmente neles. Imagina como foi para o Nico descobrir que sua irmã mais velha era capaz de jogar um jogo desse e ameaçar sua namorada?

   - Eu não quero nem imaginar.

   Após a breve conversa, entramos rapidamente no armazém, chamando por Bianca. Por sorte, ainda tínhamos 20 minutos. Reyna realmente foi rápida.

   - HEY SELAENA! – gritou Clarisse – SABEMOS QUE VOCÊ É S! ENTÃO PARA COM A LERDEZA E APARECE DE UMA VEZ! QUEREMOS SABER ONDE ESTÁ A BIANCA!

   Fomos em direção à direita e vimos algo que eu não vou esquecer tão cedo.

   - C-Clari – falou Pips tremendo – a-achamos a Bianca.

   Bianca estava totalmente suja de sangue, caída em um canto. Cheguei mais perto dela, ainda assustada. Por mais que eu tivesse desconfiado dela por muito tempo, ela foi minha amiga. Se estava sendo horrível aquela cena para mim, eu não queria nem imaginar como estava sendo para Hazel e Nico, que estavam aqui e vendo essa cena.

   Quando estava perto o suficiente, vi a arma do assassinato. Uma faca ao lado dela. Ao que parecia, ela foi esfaqueada diversas vezes. Vi também um papel dobrado. Tremendo, o peguei e li em voz alta para ouvirem o que estava escrito.

“Isso é o que acontece quando traidores começam a jogar no lado inimigo. É tudo culpa de vocês, vadias, não minha. Chegaram tarde demais.

As próximas serão vocês.

Com amor

— S”

   - Como eu posso ter uma irmã assim? – perguntou Piper chorando – Tão... Fria.

   Fui até Hazel e a abracei fortemente. Eu nunca poderia saber a dor que ela está sentindo agora. Enxuguei suas lágrimas e disse:

   - Vamos, precisamos acabar com a vadia que matou sua irmã.

   - Ainda temos a esquerda para irmos. Selaena pode estar lá. – disse Reyna.

   Fomos todos em direção à esquerda, procurando por Selaena. A achamos sentada em uma poltrona antiga, sorrindo diabolicamente para nós. O mais assustador é que, por mais que ela fosse idêntica a Silena, dava para notar de cara as diferenças entre as duas. Os olhos de Selaena eram de um tom azul claro, que por mais que fosse do tom dos de Sil, eram frios, sem vida, totalmente opacos e gélidos. Os de Silena, pelo contrário, se mostravam totalmente alegres quando nos viam ou quando estavam com Charles. Selaena, por mais linda que fosse, causava medo com um simples sorriso. Seu rosto não demonstrava sentimentos, se ela estivesse com raiva, eu nunca saberia. Ela também tinha algumas cicatrizes no pescoço e nos braços. Ao que pareciam, eram queimaduras, graves, como se fossem de terceiro grau.

   “Como uma garota doce, como Sil dizia que era, se transformou em um ser horrível e psicopata assim?”

   - Olhando para minhas cicatrizes, Annabeth? – disse Selaena. Sua voz era idêntica a de Silena, só que diferente da irmã, a voz não demonstrava doçura e gentileza, era fria e amargurada – Quer saber como as ganhei?

   Por mais assustada que eu estivesse, a curiosidade falava mais alto. Afinal, eu nunca deixaria de ser uma Chase. Assenti com a cabeça. Ela riu. Até sua risada, fria e sem alegria alguma, me causava arrepios, e não de um jeito bom.

   - Sua amiguinha aí, a Silena. Quando ela causou aquele incêndio, eu estava lá. Não foi por causa da Drew que ela tacou aquela maldita bombinha, foi por minha causa. Mas isso você já sabe, não é?

   - Sim. – confirmei. Reyna segurou no meu ombro. Acho que ela percebeu o meu estado. Dei um sorriso de canto a ela. Rey estava tão assustada quanto eu.

   - Vocês duas querem saber o porquê de eu ter matado a Bianca? – ela olhou para nós duas. Seu sorriso, por mais frio que fosse agora também tinha um ar de alguém que quer aprontar algo. Ela ainda nos olhava atentamente, ignorando todos ao redor, como se tivesse um interesse em especial em nós duas, o que nos causou mais medo ainda.

   - Sim – dissemos com a voz meio tremida.

   - Bem – começou Selaena sorrindo para os outros, como se finalmente tivesse os notado – Só direi se estiver a sós com elas.

   Agora sim, eu estava tremendo.

   “Para quê ela quer falar a sós com a gente? Para nos matar sem eles para atrapalhar?”

   - Não sairemos daqui... – Percy parou como se tentasse se lembrar do nome dela. É claro que ele sabia – Selaena.

   Olhei para ele. Seu olhar estava fixo em Sel, indiferente. Ele realmente não estava com medo dela. Olhei para os outros para ter certeza de que não era a única com medo dela. Felizmente ou infelizmente, eu e Rey não éramos as únicas medrosas aqui.

   - Bem, se é assim, vocês nunca saberão como e por que matei Bianca. – ela olhou para o que Reyna escondia no bolso. Um gravador. Reyna me olhou, percebendo o mesmo que eu. Ela previa isso. Ela quer que tenhamos provas de seus crimes. Mas, por quê? – Desse jeito, você nunca terá suas respostas, Reyna. – colocou ênfase no “suas respostas”.

   Fiz um sinal para que os outros saíssem. Eu sabia que era isso que Selaena queria, mas mesmo assim o fiz. Todos saíram, até Percy e Leo, que se mantiveram onde estavam por um tempo, mas após perceberem que não havia jeito senão saírem, desistiram.

   Suspirei e olhei para Selaena, pedindo-a para continuar a contar.

...

   - Por que matou Bianca? – começou Reyna após estarmos mais calmas.

   - Calma aí, Reyna Arellano Chase. Eu vou começar do começo, desde a parte que minha gêmea contou a vocês. Bem, pelo menos, a parte que vocês não sabem. – disse o “minha gêmea” com certa amargura. Bem, infelizmente não tiro a razão dela.

   - Como sabe tudo o que Silena nos contou? – perguntei.

   - Mandei Bianca colocar um microfone com gravador nos carros de vocês no dia do “enterro” da Silena. – disse simples.

   - Esse era um dos meios de saber nossos passos? – perguntou Rey.

   - Sim. Um dos VÁRIOS. – riu ela maleficamente – Quem vocês acham que escreveu aquele recado no quarto da Reyna? EU.

   Lembrei-me do recado no dia em que Leo voltou. Naquela época eu ainda desconfiava da Bianca.

 - No dia em que Sil desapareceu, após eu matar Katherine e fugir, eu encontrei Theo e Jackson. Aquele vídeo, em que a Silena aparece, não é ela, sou eu. Estava me passando por Silena para que não desconfiassem, já que eu os conhecia, mas eles não me conheciam. Eles tinham matado a única das minhas amigas que sobrou: Miranda Gardner. Sabe como fiquei furiosa com isso? Eu só queria os matar. Mas estava me passando por Silena, então não poderia fazer nada. Afinal, ela é a boa, eu a ruim. Tinha que encarnar no personagem. E se eles fossem presos pelo assassinato da Miranda, quem seria presa por ser cúmplice seria a Sil, não eu.

   - A Miranda... Ela está no lugar da Silena no túmulo?

   Ela olhou para o nada por um momento, mas logo após voltou com seu olhar gélido de sempre para nós e me respondeu:

   - Sim, está. Katie e Bianca achavam, assim como Theo e Jackson, que quem os acobertou era Silena. Elas já não gostavam do modo que Silena as tratava, e tudo piorou quando contei que Silena acobertou a morte de Miranda, amiga de Bianca e irmã mais nova da Katie. Elas caíram direitinho na minha lábia. Qual modo melhor de ter aliadas senão usando a doce Miranda como motivação?

   “Ela é tão fria a ponto de usar a melhor amiga em uma mentira para fazer duas garotas de juntarem a ela. Como Selaena já foi alguém doce?”

   - A Katie te ajudava tanto quanto Bianca? – falou Rey.

   - Não. Bianca era uma ajudante mais eficiente que Katie. Bem, era o que eu achava até ela me trair mandando malditas mensagens com pistas para vocês duas. Ela sabia que vocês desconfiavam dela, então aproveitou e partiu para o lado de vocês, aquela duas caras. O modo como a matei foi leve.

   “Não, Selaena. O modo como você a matou foi tudo, menos leve.”

   - Foi por isso que a matou? Por que ela a traiu?

   - Minha querida Annie. – ela puxou meus pulsos para frente, fazendo que eu olhasse diretamente em suas orbes azuis gélidas. Seu olhar era doentio, psicopata e passava medo. Engoli em seco, não querendo transmitir ao máximo o efeito de medo que ela causava em mim – Pessoas como ela, que acham que podem me enganar e me passar à perna, acabam MORTAS. Acha que eu não sabia desde o inicio que vocês duas queriam gravar nossa conversa? – ela olhou para Reyna, deu um sorriso seco e se voltou para mim – Eu conheço TODOS os seus passos, queridas. Mas vocês não sabem os meus. Eu sempre estive perto de vocês.

   Ela me soltou de forma meio bruta, me forçando a sentar na larga poltrona em que estava sentada antes. Ela pegou Reyna pelo pulso e a forçou a se sentar do meu lado. Ela chegou mais perto de nós. Ela cheirava a sangue seco, provavelmente vindo das roupas sujas do sangue de Bianca. Eu queria chorar, mas não iria dar esse gosto a ela.

   Dei um olhar reconfortante a Reyna, que retribuiu. Peguei sua mão, a apertei e voltei meu olhar a Selaena, que nos encarava de um jeito estranho.

   - Mas enfim. Bianca e Katie acabaram descobrindo que eu que acobertei o assassinato da Miranda. Bianca e Katie resolveram me passar a perna e agora a Bianca está onde está.

   - Aquele diário... Ele é... – fui interrompida por Sel.

   - Meu? Mas é claro. Silena nunca gostou de literatura e de escrever. Eu sim. Aquelas páginas arrancadas eram sobre mim. Eu não queria entregar de bandeja quem era “S” de bandeja para vocês. Estava divertido ver vocês caçando igual tontas quem era S. Admito, isso é viciante. Também era engraçado em como vocês acreditaram que eu era a Silena nas raras vezes que deixava que vocês me vissem, como naquele desfile. Afinal, quem vocês acham que estava vestida como Silena e arruinou o desfile?

   - Por que fez tudo isso? O que fizemos para você? Já não torturou a Silena o suficiente? Deixe todos nós em paz! – praticamente gritei para ela. Todo o meu medo agora era tomado pela raiva.

   - Por que fiz tudo isso? – ela deu uma risada fria – Por tudo que Silena ME FEZ. Isso tudo é culpa DELA. Agora, quanto a vocês... No começo, eu achava que eram como ela. Até que uma vez eu me passei por ela. Para saber tudo de vocês. Para achar seus pontos fracos e usá-los. Então eu me surpreendi. Eram só... Garotas. Como qualquer outra. Só que esse é o problema. Por que uma garota como a Silena, que tem tudo o que quer, iria ser amiga de vocês? Garotas comuns? Então, nas minhas fugas do S. Feeling, eu comecei a vigiá-las. Meio stalker, eu sei. Mas eu precisava saber o que ela queria com vocês. Então eu vi as verdadeiras garotas com enormes segredos. De pouco a pouco, vi Silena as transformar em garotas como ela: bonitas, mas com mentiras feias. Garotas que mentem até a morte.

   - Então por que supostamente você acha que somos todas como a Silena, você teria que nos torturar psicologamente por causa disso? – disse Rey incrédula.

   - Qual é? Não fizemos nada para você! – completei.

   Ela sorriu minimamente e se aproximou da gente.

   - Eu ainda não terminei. Não fiz o que fiz para vocês por vingança ou por raiva. Eu fiz isso porque queria que vocês vissem do que Silena é capaz. Qual a melhor maneira de fazer isso senão instigando vocês a jogarem este jogo? – ela deu um sorriso maior que o do Coringa – Vocês têm medo de mim, mas não deveriam. Só mostrei a verdade a vocês da minha maneira. No final, irão perceber que são mais parecidas comigo do que imaginam. E aí o meu objetivo estará concluído. Fazer as melhores amigas de Silena se voltarem contra ela. Admitam, o que a Silena fez de verdade por vocês? Sem segundas intenções? Sem querer usufruir mais ainda do cérebro de vocês?

   Parei para pensar. Realmente, Silena nunca fez nada por nós. Mas ela se importa conosco. Mesmo tendo feito várias coisas erradas, ela não virou nossa amiga por nossa inteligência. E sim porque queria ser nossa amiga.

   - Não te interessa, Selaena. – disse Reyna – Ela é nossa amiga. Não vamos traí-la, como suas supostas aliadas fizeram.

   - Amizade – continuei – Você sabe o que é isso?

   Ela nos olhou furiosa. Okay, talvez tenhamos abusado da sorte ao desafiar uma psicopata, mas eu não estava arrependida.

   - Vou dar só mais uma chance: ou se juntam a mim e entram para o time de S, ou eu mato vocês. Sem mais, nem menos.

   Olhei para Reyna, ela apertou mais a minha mão. Então respondi por nós duas.

   - Não. Nunca. Nos mate então.

   - Como quiserem queridas.

   Ela deu um sorriso mórbido e nos pegou a força pelo braço. Tentávamos nos soltar, mas parecia que ela era mais forte até do que Clarisse. Ela nos jogou em um canto e foi trancar a porta. Corremos até ela, mas aí ela pegou um revólver que tinha com ela. Paramos na hora.

   - Mais um passo e aí sim vocês não irão ter chance de escapar da morte. – disse ela ameaçadoramente.

   Ela começou a jogar gasolina por toda a sala, então eu e Reyna tentamos fugir enquanto isso. Só que ela percebeu e atirou. Foi certeiro no meu ombro. Urrei de dor. Reyna percebeu o meu ombro e me segurou, me impedindo de ir ao chão com força. Agora sim, não iríamos sair daqui. Ela sorriu e acendeu o fósforo em sua mão, fazendo a sala arder em chamas.

   Agora eu não sabia se morreria pelo calor, pela fumaça, por causa do tiro, por causa da perda de sangue ou queimada.

   Minha situação era deplorável.

   O mais estranho, era que Selaena não fugiu. Ela continuou ali, sorrindo como uma louca.

   “Ah esqueci, ela É LOUCA”.

   “Ela preferia morrer e nos ver morrer do que escapar viva e perder essa oportunidade.”

   Eu e Reyna com dificuldade tentamos sair dali, mas Selaena nos parou:

   - Quem disse que vocês podiam escapar? Vocês irão morrer aqui, comigo.

   Tudo o que nos restava era ouvir as chutadas contra a porta que nos trancava e nossos amigos gritando o meu nome e o de Reyna sem parar. Isso só fazia Selaena rir mais ainda.

   “Pelo menos alguém aqui vai morrer rindo”.

   Depois disso, minha visão começou ficar um pouco turva. A fumaça estava me matando, e o meu ombro não ajudava. Olhei para meu vestido de baile, ele estava repleto de sangue. Olhei para o de Reyna, tão sujo quanto o meu. Ouvi ela balbuciar um “Vai ficar tudo bem, estamos juntas nessa.” Sorri fracamente em resposta, mas o sorriso logo virou uma leve careta de dor.

   Depois disso, vi a porta ser arrombada. Vários vultos se aproximaram, me deixando mais tonta ainda. Ouvi várias vozes, mas já não conseguia mais identificar o que falavam mais.

   Então apaguei.

...

   Acordei em um local branco e muito claro, me fazendo fechar os olhos instintivamente. Depois de me acostumar com a claridade, resolvi olhar ao redor. Estava em um hospital. Tentei me lembrar do que aconteceu para estar ali.

   “Selaena. Gasolina. Fogo. Fuga. Tiro. Dor. MUITA DOR. Desmaio. Merda de hospital”.

   Olhei para o lado. Havia um Percy apagado na poltrona ao meu lado babando enquanto segurava minha mão. Ri com a fofura, mas me arrependi, pois logo meu ombro doeu. Percy percebeu minha ação e logo acordou, me encarando com as lindas orbes verdes-mar.

   - Você baba enquanto dorme.

   Ele pareceu processar o que eu acabei de dizer e logo colocou a mão a boca, a limpando. Me segurei ao máximo para não rir. Ele se aproximou do meu rosto e me beijou calmamente. Sorri com o gesto.

   - Então – falei – por quanto tempo eu dormi? O que houve quando eu desmaiei?

   - Um de cada vez. – sorri levemente, assentindo – Você dormiu por dois dias. E depois que você quase morreu, me fez ter um treco e morrer junto, nós conseguimos distraí-la enquanto a Pips ligava para a ambulância e a polícia chegava. Felizmente, a polícia chegou segundos depois, assim ninguém se prejudicou ainda mais com a fumaça e o fogo. Eles a imobilizaram e tiraram a arma dela. Eu te tirei de lá e todos nós ficamos livres do fogo. A ambulância também chegou rapidamente, e eu e Reyna fomos junto com você para cá. Pelo que eu soube, a Selaena foi internada de novo no Feeling, só que agora tem segurança redobrada. Ninguém mais tira os olhos dela.

   - Você e Reyna ficaram aqui o tempo todo?

   - Bem, nós precisamos ir para casa para tomar um banho e se livrar das roupas sujas. Fora isso, sim, ficamos aqui com você. A propósito, você está bem?

   - Sim. Onde está Reyna?

   - Ela saiu, pois precisava falar com seus pais e seus irmãos. Eles quase mataram Selaena quando ela chegou à delegacia.

   - Imagino. Percy... Obrigada, por ficar aqui comigo.

   - Qual é Sabidinha, eu te amo. Claro que vou ficar com você para o que der e vier. Só espero não ter que aguentar de novo angústia de perder minha namorada.

   O olhei com os olhos arregalados. Ele disse “namorada”? É isso mesmo que eu ouvi?

   - N-na-mo-mo-rada? – droga. Por que eu tinha que gaguejar agora?

   - Achei que, o eu te amo, já falava por si só. Mas se prefere que eu esclareça... Minha querida sabidinha, quer namorar comigo?

   - Mas é claro que sim meu Cabeça de Algas! Eu iria te puxar para um beijo, mas meu ombro doeria.

   Ele gargalhou e me olhou sorrindo.

   - Eu faço isso por você. – dizendo isso ele me beijou calmamente, me arrancando suspiros.

   Hoje definitivamente é um dos melhores dias da minha vida.

...

   Finalmente, depois de cinco dias de pura tortura e sem comida gordurosa como hambúrguer, eu recebi alta e pude ir para casa. Nesse tempo que me recuperava, recebia visitas de todos meus amigos, sem falar que o meu namoro com o Percy ia de bom a melhor ainda. Tínhamos nossas discussões, mas eram tão bobas que não duravam nem cinco minutos e já estávamos de bem de novo. As coisas não podiam estar melhores.

   Silena não precisou mais fingir ser Blair Scarlett, que apesar de ser um nome muito criativo, Sil nunca mais precisaria usar essa identidade novamente. Depois de nós explicarmos todos os  detalhes de todas as ameaças, é claro, omitindo os segredos, fomos declaradas inocentes e vítimas de Selaena, que agora está internada por esquizofrenia, bipolaridade, dupla personalidade e possíveis níveis de sociopatia. Espero que ela se recupere um dia. Silena e Charles, depois de terem esclarecido tudo, se resolveram e voltaram. Não poderiam estar mais felizes juntos, ainda mais agora que Sil se arrependeu de ter sido má com as pessoas. Até mesmo Drew não a odeia mais. Depois da cirurgia, Drew está enxergando mal, mas enxergando. É só questão de tempo até sua vista ficar quase 100% como antes.

   Eu e os outros ficamos mais próximos do que nunca. Agora que as aulas estão quase no fim e vamos nos formar, estamos muito ansiosos com a faculdade. Com muita sorte, conseguimos entrar na mesma faculdade, a Stanford University. Eu não poderia estar mais alegre. Só Charles e Sil que não irão ficar com a gente, pois entraram no MIT.

   Pela primeira vez, sinto que as coisas podem melhorar ainda. Sem mensagens de um psicopata denominado “S”, sem pesadelos, sem mistérios... Agora sim, posso acrescentar a palavra paz na minha vida.

   Esse é só o meu começo.


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Notas finais do capítulo

Está aí!!!!
Obviamente, esse não é o final
Até o próximo cap!
— Gló
Espero que tenham gostado.
—--Lena



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