Malfeito feito escrita por msnakegawa


Capítulo 55
Remus Lupin não devia beber tanto


Notas iniciais do capítulo

Olaaaa! Estou postando o capítulo numa quarta por causa do feriado! Espero muito muito que vocês gostem, porque eu amei esse capítulo!



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Depois de uma longa viagem até Londres, o caminho até a casa dos Potter foi facilitado pela rede de Flu. Num momento estavam numa Ala da Plataforma 9 3/4 com uma porção de lareiras e no outro, todos estavam na sala aconchegante da mansão dos Potter.

— Wow! — Mary deixou escapar o pensamento de todos. A sala tinha um pé direito alto e um belo lustre iluminando o cômodo. Em frente a lareira havia um grande e espaçoso sofá, do lado direito era possível ver a porta da frente, grande e majestosa. Do lado esquerdo, havia a maior árvore de natal que qualquer um ali já tinha visto, junto a escada que levava ao segundo andar. As janelas eram grandes e permitiam que o sol iluminasse o piso claro de mármore. Por mais que as meninas já imaginassem que os Potter eram ricos, não imaginavam tudo aquilo.

— Arrasou na decoração, Sra. Potter! — Peter comentou sorrindo. Ele adorava aquela casa, era tão grande e clara. Muito chique, mas ainda assim ele se sentia bem lá.

— Eu já pedi pra vocês me chamarem de Euphemia, queridos. — A mãe de James era bem mais velha, se comparada com a mãe dos outros. Lily reparou que seus cabelos estavam bem mais grisalhos do que quando ela a conheceu no Beco Diagonal, antes do quinto ano começar. — Vou levar vocês para conhecer os quartos.

O grupo a seguiu até as escadas, o Sr. Potter os seguiu carregando as mala das garotas até o corredor. Era curioso como uma casa tão clássica podia ser aconchegante, mas em cada aparador e nas paredes brancas sempre haviam fotografias se movimentando ou quadros com paisagens bonitas. Era um equilíbrio interessante.

— Remus e Peter podem ficar aqui. — Abriu a primeira porta virando o corredor para a direita. Eles entraram no quarto para deixar as malas e ela seguiu com o restante do grupo.

— Esse vai ser o quarto das garotas. — Apontou para a segunda porta no corredor. — Eu sempre quis ter uma filha, então fiquei muito feliz quando soube que vocês viriam também. — O quarto estava decorado com flores no criado mudo ao lado de cada uma das três camas, perfeitamente arrumadas com cobertores felpudos. A porta em frente a do quarto das garotas tinha uma placa de madeira pendurada com "Quarto do Sirius" escrito em tinta preta. No final do corredor, uma placa parecida indicava o quarto do James. — Acho que os garotos podem mostrar o resto da casa para vocês, certo? Se precisarem de algo, podem me chamar.

A mãe de James parecia realmente animada com a presença das garotas. Ela desceu as escadas abraçada com o Sr. Potter, ambos grisalhos e sorridentes. Lily estava se convencendo de que o recesso podia ser realmente divertido, se cansasse dos marotos ela provavelmente se juntaria para um chá com a Sra. Potter para ter uma conversa civilizada, nem tudo estava perdido.

— Querem conhecer meu quarto agora ou só a noite? — Sirius encostou no batente da porta do quarto das garotas, com um sorriso sugestivo. Marlene logo saltitou até ele e os dois entraram no quarto de Sirius.

— Legal que você tem um quarto só pra você. — Marlene andava olhando tudo ao seu redor. Havia alguns posters de bandas colados numa parede, fotos dos marotos desde os onze anos juntos no que provavelmente era o quintal dos Potter. Uma porção de papéis com frases e anotações espalhados por uma escrivaninha e alguns discos organizados numa caixa. Era uma versão do quarto de Sirius da Mansão dos Black menos empoeirada e mais clara.

— O Sr. e a Sra. Potter estão tentando me fazer sentir em casa. — Sirius se sentou na cama grande e espaçosa que ocupava a maior parte do quarto. Da janela de seu quarto era possível ver a entrada da casa dos Potter, com um portão grande e um belo gramado.

— Eles parecem estar fazendo um bom trabalho. — Ela andou da janela até a cama dele, sentando ao seu lado. — Essa cama parece ser bem confortável... Mais confortável que o chão da Torre de Astronomia... — Sirius entendeu o que ela estava sugerindo, a deitando na cama para começar a aproveitar o feriado.

James tinha deixado as coisas em seu quarto e logo apareceu na porta das garotas. Depois de bater, só ouviu um "Pode entrar!" e abriu a porta dando de ombros. Curiosamente, Lily estava sozinha no quarto colocando suas roupas numa das gavetas da cômoda.

— Oi... — James parou no batente da porta, passando a mão na nuca. Ele não esperava que ela estaria sozinha. Ainda era inacreditável para ele tê-la em sua casa.

— Oi Potter, bela casa hein... — Guardou um último suéter antes de fechar a gaveta e colocar sua mala no pé da cama. — Mary está com Peter lá fora e Marlene e Sirius esqueceram de colocar um Abaffiato no quarto, então você provavelmente sabe que eles estão juntos.

— Eu ia ver se vocês queriam conhecer o resto da casa, vou chamar o Aluado. — E com isso, sumiu no corredor por alguns segundos antes de voltar com Remus. Ele se sentiu um pouco desconfortável de mostrar a casa apenas para Lily, então agradeceu que Lupin estava com eles. Os três seguiram até o corredor do outro lado da escada, onde ficava a biblioteca dos Potter.

— Esse é meu lugar favorito. — James abriu a porta, dando visão para uma infinidade de livros que iam do chão ao teto. — Imaginei que você iria gostar. — Lily ficou parada na porta, boquiaberta.

— É bem legal né? Eu fiquei assim quando vi pela primeira vez... — Remus riu da reação da Lily e a empurrou para dentro. A ruiva caminhou pela biblioteca sentindo a lombada dos livros, puxando um ou outro para ler um pouco. Não tinha palavras para descrever o quanto estava impressionada.

James e Remus se sentaram nas poltronas no centro do salão bebendo cerveja amanteigada para jogar xadrez bruxo.

— Você gosta mesmo dela, não é, Pontas? — Remus riu da cara de bobo de James, seguindo Lily com os olhos por todo o salão. — Está babando um pouco, cara.

— Eu ainda vou casar com ela, Aluado. Escreva minhas palavras. — James virou o restante de cerveja amanteigada e moveu suas peças. Depois que terminaram o jogo, ele se levantou comemorando a vitória. — Vou ver se minha mãe precisa de algo para o jantar, não deixe a Lily devorar meus livros.

Remus foi até Lily, que estava impressionada lendo algo sobre poções perto da janela. Já estava escurecendo e a lua crescente iluminava o céu estrelado.

— Sabia que quando temos uma noite tão estrelada assim no inverno, dizem que no dia seguinte vai nevar?

— Você acha mesmo? Seria divertido ter neve no natal... — Ela fechou o livro, mas continuou o segurando.

— Você pode levar para ler depois, eu imagino que Fleamont não vai se importar. — Remus comentou, apontando para o livro escrito pelo pai de James. — Está gostando daqui? Não é tão ruim, é?

— É bem legal, a Sra. Potter pareceu gostar bastante de ter garotas por perto... E é realmente uma bela casa. — Ela olhou ao redor novamente, apreciando o cômodo.

— É uma pena que a lua vá atrapalhar o ano novo. Eu gostaria de ficar aqui com vocês... — Remus suspirou, olhando pela janela para sua maior inimiga brilhando no céu.

— Que droga, eu não acredito que você não vai estar aqui... — Lily fez biquinho. Ela e Lupin tinham uma amizade única: ela era a única além dos marotos que sabia se seu segredo, ele era o único dos marotos que nunca a tirou do sério. Sim, até mesmo Peter já tinha tido a honra de ser alvo do furação ruivo quando dormiu enquanto ela o ajudava a estudar poções.

Algum tempo depois de James ter deixado a biblioteca, a Sra. Potter apareceu anunciando que o jantar estava pronto. Com dos dois, ela seguiu até o outro lado do corredor, indo rapidamente até a porta do quarto de Sirius e bateu na porta.

— Sirius, querido, vista uma roupa e desça com a Marlene para jantar, ok? — Remus e Lily riram e a seguiram até a sala de jantar. Tão bonita quando o restante da casa, ela estava enfeitada com arranjos natalinos e cheia de pratos parecendo deliciosos. Peter e Mary entraram pela lateral da cozinha, que parecia dar para os jardins. Logo, Marlene e Sirius apareceram também, com aquele tom bagunçado de sempre.

James e o Sr. Potter chegaram juntos rindo, os dois se pareciam bastante: os cabelos bagunçados, os óculos retangulares e o sorriso de quem está aprontando alguma coisa.

— Nem quero saber o que vocês dois estão aprontando... — Sra. Potter comentou, colocando uma última bandeja na mesa. — Vamos comer!

A comida era tão boa que quase não houve conversa durante o jantar. Alguns breves relatos de como havia sido o semestre, Mary contou sobre o ataque de Mulciber e os pais de James ficaram chocados. Mesmo sendo uma família de puro sangues, os Potter abominavam os ideais de Você-Sabe-Quem.

Euphemia fez questão de colocar cada um dos jovens na cama na véspera de natal, feliz por ter a casa tão cheia. Com um braço passando pela cintura de Sirius e o outro pelas costas de James ela parou na porta de Black.

— Tenha juízo com a Marlene, ouviu bem? — Ela deu alguns tapinhas nas costas do garoto e beijou sua bochecha. — Boa noite, filho. — Sirius entrou sorrindo em seu quarto, ele adorava quando ela o chamava assim.

— E quanto a você, James... Tem mesmo bom gosto, Lily parece ser uma ótima garota. — Beijou a bochecha dele e ajeitou seus óculos. — Não durma até muito tarde amanhã.

x

Como Remus previu, a manhã de natal estava completamente coberta de neve. Todos estavam comendo as famosas panquecas do Sr. Potter e vendo a neve fina cair do lado de fora quando uma porção de corujas pousou no parapeito da janela.

— Parece que é hora de abrir os presentes! — Euphemia estava em êxtase, usando um suéter vermelho e branco de natal.

Lily recebeu um caderno de desenho de Fabian com vários desenhos dela e do castelo de Hogwarts, era lindo. Ela havia enviado uma edição especial de Animais Fantásticos e Onde Habitam que ela encomendou na Floreios e Borrões. Ela deu a Remus um livro de William Shakespeare, chamado Muito barulho por nada. De seus pais ela recebeu uma câmera polaroid trouxa, e a partir daí começou a registrar vários momentos do feriado.

Marlene deu outra jaqueta de couro para Sirius, porque elas nunca pareciam demais, e em troca recebeu algo que ela não quis abrir na frente de todos, talvez porque era indecente demais. James deu uma caixa de bombons para cada uma das garotas, Peter deu a receita de cookies tradicional de sua família para Mary, e assim todos foram trocando presentes até que só faltavam os presentes do Sr. e da Sra. Potter para seus filhos.

— Nosso presente está lá fora, meninos... — O mesmo sorriso de James estampava a cara do Sr. Potter, que parecia estar animadíssimo com os presentes. Todos vestiram seus roupões e seguiram pelo lado direito da sala para a entrada da mansão para verem que, do lado de fora, estavam uma moto Triumph Bonneville T120 1959 e uma vassoura Nimbus 1700.

A Sra. Potter puxou James pela cintura para cochichar, antes que ele saísse para ver os presentes: — Espero que não fique com ciúmes por Sirius ganhar um presente maior esse ano. — Os dois viam Sirius saltitar como uma criança ao lado da moto, enquanto Fleamont dava as instruções para ele.

— Mãe, é perfeito. — James nunca sentiria ciúmes de Sirius, eles estavam além disso. — Que bom que encontraram o modelo que eu falei, eu tenho certeza que ele amou.

— É incrível, muito obrigado! Muito obrigado mesmo! — Sirius subiu na moto, não conseguindo conter a alegria. Normalmente recebia um par de meias dos Black, um presente impessoal e sem graça, e então os Potter lhe dão uma moto. — Obrigado, pai! — Deixou escapar, corando imediatamente. — Desculpe, Sr. Potter.

— Sirius, você é meu filho, não precisa se desculpar por me chamar de pai. — Fleamont tranquilizou o garoto, com a mão em seu ombro. — Agora, você vai ligar essa moto ou vai ficar só sentado nela?

E então eles passaram o dia vendo Sirius aprendendo a andar de moto. Mais tarde, James e seu pai propuseram um jogo de quadribol e todos foram para o belo jardim dos fundos para jogar. Eles tinham vassouras o suficiente para um time inteiro, mas Lily preferiu manter os pés no chão e ficou tomando chá com Euphemia na varanda, assistindo o jogo.

— O que está achando do natal, Lily? — A Sra. Potter estava sentada numa cadeira de balanço envolta por uma manta vermelho e dourada.

— Está perfeito, Sra. Potter. — Lily tirou uma mecha dos olhos e vibrou quando Marlene fez um ponto. James voou para perto da casa em busca do pomo, dando uma piscadela para as duas.

— James está tão diferente... Estou orgulhosa dele. — Euphemia comentou, mais para si mesma do que para Lily. Quando se lembrou que a ruiva estava ao seu lado, explicou: — Nós demoramos muito para ter filhos, foi bem difícil... Então quando James nasceu nós acabamos o mimando demais, não queríamos que nada de ruim acontecesse com ele. — Sirius protegeu James de um balaço e os dois deram um hi-five. — Eu achei que tinha errado com ele, o mimando demais, mas vendo o quanto ele amadureceu desde o ano passado, acho que fizemos alguma coisa certa.

E então Lily entendeu porque James era como era. Seus pais o tiveram quando já estavam mais velhos e o mimaram como seu único filho, era natural se tornar uma criança mimada nessas condições. E não era culpa dos Potter, eles só fizeram o que podiam para fazer da vida de seu único filho a melhor vida possível.

— Ele melhorou bastante esse ano. — Lily admitiu, vendo James capturar o pomo e comemorar com seu pai.

Na quinta-feira, a Sra. Potter anunciou que haveria uma festa na vizinhança.

— É da filha da Sra. Clemmont, vocês devem se lembrar dela. — Remus corou com o comentário, enquanto James o cutucava com o cotovelo e Sirius batia em seu ombro, orgulhoso. — Remus, não esperava isso de você! — Euphemia entendeu o motivo para ele se lembrar da garota e riu com os outros.

Todos se arrumaram para a festa e seguiram até a casa de esquina, quase tão grande quanto a dos Potter, porém como a Sra. Clemmont era bruxa e o Sr. Clemmont era trouxa, além de Fire Whiskey e hidromel, também havia bebidas trouxas naquela festa. Sem adultos por perto, a festa parecia com as festas que os marotos faziam no Salão Comunal, mas com novos rostos e mais bebida.

— Vamos pegar alguma bebida, Lily. — Remus estava sendo sua melhor companhia naqueles dias. — É meu último dia com vocês e eu quero curtir! — Era bem raro ver Lupin solto daquele jeito, ainda mais tão próximo da lua cheia, mas Lily suspeitava que era justamente por isso. Ele queria aproveitar uma noite normal, como se fosse um adolescente como qualquer outro.

Evans não sabia exatamente o que era bebida que Remus pegou, mas tinha gosto de morango e a fez sentir mais leve, então deu de ombros e tentou entrar no clima com os outros. James observou de longe a garota se soltar e rir da dança engraçada de Remus. Ela estava linda, usando uma espécie de macacão ou vestido jeans sobre uma blusa de mangas compridas preta e justa e meia calça. Era tão diferente vê-la sem o uniforme de Hogwarts, que ele passou a maior parte da noite apenas apreciando.

Quando convidou as garotas para passarem o recesso com eles, James não acreditou que elas realmente iriam aceitar. Por isso, não passou por sua mente o fato de que ele as viria de pijamas e com a cara amassada, ou com roupas trouxas numa festa da vizinhança. Ele agradeceu mentalmente por ter as convidado.

Sirius e Marlene sumiram antes das onze da noite, provavelmente foram para casa ou para algum lugar mais vazio. Peter e Mary eram igualmente péssimos dançarinos, mas não pareciam muito se importar com isso porque não saíram da pista de dança nem por um segundo.

— Hey. — James se juntou a Remus e Lily, que estavam sentados perto do balcão da cozinha, que tinha se tornado o bar da festa.

— Oiii Pontaaas! — Remus estava um pouco alto, falando arrastado. Lily também parecia estar um pouco alegre, porque não conseguia parar de rir de Lupin.

— Oi James, — Lily sorriu abertamente. — como você pode ver parece que Remus bebeu um pouco demais. Está gostando da festa? — James pensou que o álcool dava a Lily um ar mais leve, ela parecia falar mais o que queria sem pensar demais, descontraída.

— Está divertida, mas nossas festas pós-jogo são melhores. — Ele se serviu de uma das garrafas do bar.

— Gostei dessas bebidas trouxas. — Ela deu seu copo para James encher. A bebida rosa com gosto de morango preencheu novamente o copo de Lily, que logo bebeu um gole.

— Eu também gostei! — Remus fez o mesmo, bebendo todo o conteúdo do copo assim que James lhe devolveu. — Wow! — Ele levantou seu copo pro alto e gritou, animado.

— Eu nunca vi ele assim... — Lily cochichou no ouvido de James, provocando arrepios em sua espinha. Remus desistiu de encher seu copo e pegou a garrafa do bar, bebendo no gargalo até acabar com a garrafa.

— Aluado, acho que está na hora de ir para casa... — James levantou da banqueta que estava e tirou a garrafa da mão do amigo, colocando-a de volta no bar. — Eu não posso te entregar para os seus pais amanhã de ressaca, vamos. — Segurou o garoto pelos ombros. — Você vem, Evans? — Lily assentiu e o seguiu até a porta.

A noite estava fria, mas incrivelmente bonita. A lua quase cheia brilhava alto no céu e algumas poucas nuvens cobriam as estrelas. As casas da vizinhança de James eram enormes, com grandes e elaborados jardins e portões de ferro.

— Me ajuda aqui. — James apontou com a cabeça para o lado direito de Remus, pedindo que Lily o segurasse. Os dois seguiram pela vizinhança tentando impedir que Remus cambaleasse perdido pela rua, até que ele começou a resmungar alguma coisa e levou as mãos para o estômago.

— Ah droga. — Remus se soltou dos braços dos amigos e correu para o gramado, vomitando toda a bebida da noite.

— Está tudo bem ai? — Lily gritou, do meio da rua. Ele respondeu fazendo um joinha com uma das mãos, enquanto a outra estava apoiada numa lata de lixo. — Ele nunca chega a esse ponto. — Comentou, rindo.

— Não mesmo... Bebidas diferentes, não é? Até você bebeu um pouco mais que o normal. — James mantinha as mãos nos bolsos da jaqueta, olhando para a garota de canto de olho. Ela permanecia corada mesmo estando tão frio que saia fumaça de suas bocas.

— Talvez eu tenha bebido um pouco demais, mas foi divertido estar numa festa onde quase ninguém me conhecia. É mais fácil me soltar... — Lily deu de ombros, parecendo bem mais relaxada que o normal. Ela percebeu que Lupin finalmente estava melhor e os dois voltaram a segurá-lo até a casa dos Potter. Diferente da primeira vez que eles foram para lá, naquela noite eles entraram pelo portão majestoso da mansão.

James levou Remus para seu quarto e desceu até a cozinha, onde tinha deixado Lily.

— Está com fome? — James abriu os armários procurando por comida. Lily estava sentada num banquinho apoiando os cotovelos na ilha, com cara de sono.

— Já que você perguntou...

— Dessa vez não tenho um cupcake para te dar, vai ter que ser outra coisa. — Ele se referiu a noite que mostrou a cozinha de Hogwarts para ela. — Ovos? — Ela concordou, e ele quebrou quatro ovos numa frigideira.

— Não sabia que você cozinhava.

— Você não sabe muita coisa sobre mim.

— É difícil de acreditar, você passou a maior parte dos anos em Hogwarts falando sobre você.

— Tem coisas que eu guardo só pra mim.

— DU-VI-DO. — Ela falou pausadamente.

— Eu gosto de cozinhar, e também faço um chá excelente. — James cruzou os braços, se gabando para garota. — Você vai ver. — Tirou a chaleira do fogo e serviu duas xícaras.

— Está realmente gostoso. — Concordou que ele era um ótimo cozinheiro quando ouviu seu estômago roncar e pode saborear os ovos mexidos que ele tirou do fogo. Os dois ficaram algum tempo em silêncio, comendo os ovos e esperando o efeito do álcool passar, até que Lily perguntou: — O que está achando do feriado?

— Ainda não acredito que você aceitou vir.

— Quer dizer que foi tudo um plano para me trazer até aqui? — Levantou a sobrancelha, desconfiada. O clima entre os dois estava descontraído, talvez não só por conta do álcool, mas também porque eles eram amigos.

— Não, quer dizer... Eu queria que você viesse, mas não foi só... Você está me zoando? — James se enrolou com a resposta até notar as gargalhadas da ruiva. — Quem você pensa que é para zoar James Potter? — Ele a acompanhou nas risadas, a cutucando na cintura para fazer cócegas.

— Sua amiga, talvez? — Lily mordeu o lábio, anunciando definitivamente a trégua. Eles eram amigos, então.

x

Na manhã seguinte, os dois eram os únicos que não estavam com uma ressaca terrível. Remus deu a desculpa de que não estava se sentindo bem, o que realmente era verdade graças as bebidas da noite anterior, e foi para casa pela Rede de Flu. Os outros passaram quase todo o dia na cama, só levantando quase na hora do jantar.

— O que fizeram o dia todo? — Marlene se juntou a James e Lily na sala, com Sirius e Mary vindo logo atrás. Lily estava lendo um livro que pegou na biblioteca e James estava deitado no sofá brincando com seu pomo de ouro.

— Nós jogamos xadrez bruxo, Lily perdeu todas as vezes. — James contou, levantando do sofá para dar espaço para os outros.

— Você trapaceou. Esse jogo deve estar azarado. — Ela se defendeu, erguendo os olhos do livro. Agora que a bandeira branca tinha sido oficialmente levantada, James podia provocá-la dessa forma sem causar uma catástrofe.

— Fleamont está fazendo churrasco lá fora, se estiverem com fome. — A Sra. Potter apareceu na entrada para a cozinha ao ver que todos estavam acordados.

O churrasco estava excelente. Mesmo sendo uma coisa típica do verão, sempre que tinha uma oportunidade, Fleamont acendia sua churrasqueira trouxa e aproveitava. Os Potter adoravam ter a casa cheia e, mesmo sabendo que os garotos ainda não tinham idade para beber, liberaram as bebidas mais uma noite. Mal tinham se curado da ressaca e logo todos estavam bebendo novamente, brindando os últimos momentos do ano.

Vendo que Lily estava sozinha na varanda, James se aproximou dela com uma manta. Por mais que não estivesse mais nevando, estava realmente frio do lado de fora, nem mesmo feitiços de aquecimento estavam sendo eficientes para aqueles que não tinham bebido muito Fire Whiskey.

— Uma pena que a lua cheia caiu bem na noite de ano novo... — Lily comentou, apoiada no cercado de madeira da varanda. Ela aceitou a manta que James lhe deu, passando a sobre os ombros.

—O QUE? — James perguntou em sobressalto. "Ela estava falando sobre a lua? Ela sabia sobre o Aluado?", perguntou a si mesmo com os olhos arregalados para ela.

— Qual é, Potter... Eu sei disso a quase tanto tempo quanto vocês, não finja que não sabe. — Lily falava com naturalidade, dando de ombros e tomando um gole de seu hidromel. Não era tão bom quanto a bebida que experimentou na noite anterior, mas Lily até que gostava.

— Sério? — James sorriu para a garota, surpreso. Lily sempre o surpreendia.

— É. — Deu de ombros. — Queria que ele pudesse comemorar com a gente, talvez assim eu não me sentiria sobrando. — Ela via Sirius carregando Marlene nas costas correndo com suas varinhas soltando faíscas brilhantes. Os dois estavam muito bêbados. Mary e Peter estavam correndo atrás dos dois, ambos com as varinhas brilhando também.

— Você não está sobrando, nós estamos sobrando, aparentemente. — Até mesmo os pais de James estavam sentados abraçados num banco abaixo de uma árvore, enrolados num cobertor. Após uma pausa, ele respirou fundo e falou: — Já é quase meia noite.

— É, só mais alguns minutos de 1976... — Lily complementou, balançando a cabeça em concordância. — Foi um ano bem doido, afinal. — Ela bebeu mais um gole de hidromel, seus lábios cintilaram com o resto da bebida e James teve uma ideia louca. Arriscada. Completamente fora dos planos.

— Talvez a gente devesse, sei lá, se beijar quando der meia noite. — Pensou alto, esperando que ela não explodisse com ele por sugerir. "Não custa tentar".

— POTTER! — Ela sentiu o rosto queimar enquanto dava um tapa em seu braço. Suas mãos eram tão pequenas que ela parecia estar apenas cutucando o braço de James, mas ele decidiu não comentar sobre isso.

— O que? Calma! Calma, ruiva! — Ele segurou os braços de Lily, impedindo-a de continuar batendo nele. — Eu não quero roubar você do seu namorado nem nada assim, juro. — Explicou, tentando deixá-la mais calma. — É só que um beijo à meia noite dá sorte e nós dois sabemos que todos nós precisamos de sorte para esse ano. Só uma coisa entre amigos, prometo.

— Potter, você bebeu demais. — Lily revirou os olhos e cruzou os braços, rindo da ideia do garoto.

— Vamos lá, Lily! Prometo não passar dos limites... — Ele não sabia de onde estava vindo toda aquela coragem para propor algo do tipo, mas pensava: "Já que eu me arrisquei, porque não insistir um pouco?".

— Eu não acho isso uma boa ideia. — Lily tentava ser firme, mas não parecia com raiva. Suas bochechas estavam coradas e ela tinha um sorrisinho no rosto, como quem está achando graça da situação.

— Evans, você é inacreditável. — James manteve contato visual com ela, aqueles olhos verdes o encantavam e ela nem tinha noção disso.

10... Marlene e Sirius começaram a contagem regressiva do jardim.

— Por quê? — Ela levantou uma sobrancelha, curiosa com a afirmação.

9...

— Não consegue — 8... — fazer nada sem — 7... — pensar muito antes! — 6... — Corra alguns riscos.

5... Mary e Peter acompanhavam a contagem.

— Ok. — Lily cedeu, pensando que era simplesmente para dar sorte para o novo ano. 4... — Mãos para trás. Nada de língua. — Ela apontou para as mãos de James, que ele automaticamente colocou para trás, entrelaçando os dedos nervoso. Ele tinha ficado um pouco triste quando ela não aceitou, mas agora que ela tinha concordado ele parecia estar a beira de um colapso nervoso. " Eu vou beijar Lily Evans! Eu vou beijar Lily Evans!".

3...

Eles viraram de frente um para o outro, o rosto dela queimava e ele sentia seu estômago revirando mais que um milhão de diabretes da Cornuália presos numa gaiola.

2...

Ela deu uma olhada rápida para o jardim. Ninguém estava olhando para eles. James aproximou seu rosto do dela, seus olhos castanho esverdeados se fecharam atrás das lentes retangulares de seus óculos.

1...

Ela fechou os olhos também, não acreditando que realmente estava fazendo aquilo até sentir os lábios macios de James nos seus. Sua boca tinha gosto de Fire Whiskey, enquanto James notou o gosto de hidromel quando abriu um pouco a boca e sentiu a ponta da língua dela. O beijo não durou mais que dois segundos, mas os dois sentiram um arrepio percorrer suas espinhas.

Os dois ouviram todos gritarem "feliz ano novo!" e se afastaram rapidamente, Lily ainda estava com a boca semi aberta, um pouco em choque. James sorria mais do que quando ele capturava o pomo de ouro na final de quadribol.

— Feliz ano novo, Lily.

— Feliz ano novo, Potter.


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Notas finais do capítulo

Nem sei dizer qual é minha parte preferida desse capítulo: tem a cena da Lily na biblioteca (eu imaginei a Bela entrando na biblioteca da Fera!!), tem o Sirius ganhando sua moto (eu pensei em mostrar como ele realmente é parte da família), tem Remus animadíssimo na festa, tem a bandeira branca para amizade entre James e Lily sendo levantada e tem O BEIJO.
Eu juro que tentei evitar, mas eu precisava fazer isso!

Me contem o que acharam, qual foi a parte preferida de vocês?

Eu estava pensando, qual é o dreamcast de vocês pra essa fanfic?

Beijos e até a próxima sexta!



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