Hermione andava de um lado para o outro, desesperada. Já havia se passado uma hora desde que haviam chegado a loja de George. Ron já deveria ter voltado. Fred II, o herdeiro de George, quem estava no comando naquele dia, estava sentado na mesa do pai, apenas observando enquanto batucava a mesa com um lápis.

"Por que eu não me lembro de nada?" Sussurrou Rose em um canto da sala, com a aliança de Scorpius em sua mão, observando o próprio nome nela seguida da data do casamento.

"Eu alterei suas memórias." O loiro explicou. "Você ia sofrer muito sabendo que eu estava em algum lugar longe de você."

"Eu sofri sem você..." Ela sussurrou.

"Eu sei..." Ele se aproximou e depositou um beijo na testa dela.

"Pode... Pode me devolver as memórias?" Pediu.

Foi então que Scorpius endireitou a posição e ficou pensativo por um tempo.

"Não posso." Respondeu

"Por que não?" Ela pareceu surpresa.

"As memórias... Estavam na casa."

"N..."

"Eu vou atrás dele..." Disse Hermione

"Não. Eu vou!" Rose se levantou imediatamente.

"Você fica. Eu vou." Disse Scorpius

"Nem pensar!" Rose se virou para ele. "Eles querem te matar. Você vai ficar aqui, acalmando minha mãe."

"Rose..."

"Sem mais." Ela lançou um olhar que o repreendeu de tentar sair dali e se virou para sair, mas Scorpius a puxou pelo pulso.

"Prometa que vai voltar." Pediu, hesitando de deixa-la ir.

"Eu vou."

A primeira coisa que Rose notou quando a poeira esverdeada abaixou foi o silêncio incomum da casa dos Potter.

"Al!? Alice!?" Chamou, saindo da lareira cuidadosamente. "Alguém em casa?"

Ela começou a caminhar pela casa e a cada passo seu coração acelerava ainda mais. Sua melhor escolha foi pegar a varinha, considerando a situação atual. De repente, uma mão tampou-lhe a boca, puxando-a para um canto na sala. Ela queria gritar, mas quando seu corpo foi girado em uma meia volta, seu coração tranquilizou-se. Ruivo, um tanto mais alto que as pessoas normais, os olhos claros cansados que havia visto muitas pessoas caírem durante a Segunda Guerra Bruxa. Era seu pai, Ronald Billius Weasley.

"Pai!" Ela abraçou-o com força.

"Shhh... Eles estão aqui." Ele disse em um sussurro quase inaudível.

"O que?"

"Eu ouvi um barulho na casa."

"Onde está Albus?"

"Eu não sei." Ele respondeu, olhando em volta.

"E Alice?"

"Ela e Prim saíram... Ela deixou um recado codificado na geladeira."

"Como...?"

"Albus deixou a capa com Alice quando foi para os Estados Unidos. Disse que se acontecesse algo estranho, ela deveria colocar a capa e fugir para um ponto de fuga"

"Ponto de fuga?"

"É o local onde eles deveriam se encontrar" Explicou. "Agora fique perto de mim..."

Segurando a filha pela mão, mantendo-a atrás de si, Ron começou a caminhar pela casa e a cada cômodo, ele lançava um feitiço revelador. Algumas coisas na sala se transformavam em outras, graças a quantidade de artigos mágicos que o casal colecionava e que precisava ser disfarçado dos olhos dos trouxas.

“Por favor… Por favor…” Disse a voz de uma criança quando eles passaram para a sala.

Rose parou por um segundo. Ela conhecia aquela voz com perfeição.

“Ártemis!?” Chamou ela.

“Quem?” Disse Ron.

“Mãe!” Gritou a menina. “Socorro!”

Antes mesmo que Ron pudesse impedir, Rose desviou dele e correu para o local onde vinha o som, mas algo a impediu de entrar no quarto. Batendo contra uma barreira de proteção, seu corpo voltou para trás e teria caído no chão se não fosse o pai que a segurou.

“O que diabos está acontecendo aqui?” Perguntou o ruivo.

“Ora, ora, ora...” Disse a voz de uma mulher dentro do quarto.

Os olhos de rose percorreram o local além da barreira invisível. Lá estava ela. Alta, bem vestida e com uma postura assustadora. Rose não tinha ideia de onde conhecia aquela mulher, mas lhe parecia muito familiar. E logo ao lado dela, estava Artemis totalmente suja. A aparência da pequena se assemelhava a de um Elfo Doméstico mal tratado, com roupas rasgadas e rosto sujo. Era possível ver perfeitamente por onde as lágrimas passaram e limparam o rosto.

“Mãe!” A garota gritou e correu para a porta, sendo barrada pela mesma proteção.

“Ártemis!” Rose novamente se aproximou da barreira, mas desta vez com mais cuidado. “Artie, não chora... Mamãe está aqui.”

“Mamãe?” Ron disse confuso. Se fosse em outra ocasião, ele certamente teria desmaiado.

“Esse é o vovô?” Disse a pequena tão suavemente que fez com que o homem sorrisse.

“É sim, querida...” E lá estava Rose em lágrimas novamente.

“Ok, ok... Já chega!” A mulher puxou a menina para longe da barreira. “O tempo de visitas acabou.”

“Onde está Spectrum? Artemis, onde está seu irmão?” Disse a ruiva.

“Ele está bem.” Disse a mulher, puxando a cadeira para sentar. “Agora, vamos conversar, querida.”

“O que você quer?” Rose gritou. “Me devolva meus filhos...”

Ron estava pensando sobre como deveria agir enquanto via tudo aquilo. Era informação demais para ele.

“Eu vou...”

“Você não vai nada, Weasley.” Gritou a mulher. Seu rosto ficando vermelho de raiva. “Se você quiser ter seus dois filhos de volta, vai ter que fazer o que eu mando.”

Rose ficou em silencio por um momento.

“Muito bem.” Continuou a morena. “Eu quero uma coisa simples de você... E vou te dar um prazo até que razoável.”

“Rose, não confie nela...” Pediu o homem atrás dela. Ele sabia muito bem que se tratava de uma Comensal e nada do que ela pedisse iria ser justo.

“Quieto, Weasley. Eu posso fazer sua netinha queria sofrer.” Ela apontou a varinha para a criança com um olhar ameaçador, mesmo que sorrisse. “Voltando a nossa conversa, Rose, querida...”

“O que você quer?” Gritou Rose sem paciência.

“Seu querido e amado marido, o pai de seus filhos... Scorpius Malfoy.” Concluiu. “Não é óbvio?”

“Por que vocês querem ele?”

“Olha, não vamos entrar em detalhes...” Ela se levantou e a barreira entre elas desapareceu, mas a varinha se manteve apontada para a criança. “Você tem duas semanas para entrega-lo... Caso contrário, o corpo de seu filho será entregue na sua casa. Acho que não vai se importar com isso, não é? Seu pai chorou sobre o corpo do irmão na Segunda Guerra Bruxa, ele vai saber como te ajudar.”

“Não!”

“Rose...”

De repente, a mulher apertava o rosto de Rose com uma das mãos, fazendo-a olhar no fundo de seus olhos. “E depois do seu precioso filho, sua filha vai cometer suicídio com apenas dez anos... Seu melhor amigo vai acabar louco no St. Mungus e... Você vai ter desejado que Scorpius Malfoy nunca tivesse existido.”

Um estranho barulho ecoou pelo corredor e a comensal soltou o rosto de Rose dando um passo para trás.

“Pense sobre isso.” Disse antes de desaparecer.

“Rose...” Disse o pai tão pálido quanto a filha.

“Mãe!” Gritou Artemis correndo em direção a mãe.  Ao menos a pequena havia ficado. Rose a abraçou com força. Era como se a loirinha fosse desintegrar a qualquer momento. “Mamãe! Mamãe... Como eu senti sua falta.”