Simplesmente escrita por Helly Nivoeh


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoinhas!
Quem mais tá com saudade desse casal Pipopinha tão fofo?!
Só sei que eu não consigo ficar até janeiro sem eles!
Dedico esse capítulo à embaixadora, Dama do Poente, que me deu força para terminar esse capítulo e me ajudou recomendando infinitas músicas, além de ficar debatendo quais se encaixariam melhor. Obrigada!
Sugiro que escutem as músicas enquanto leem, é só clicar no título que redireciona para um janela com a música no youtube!
Boa leitura!
ATENÇÃO: O texto a seguir possui spoiler de capítulo futuros de Eu, Meu Noivo & Seu Crush.



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“Reconquistar Thalia”: esse era o título da playlist que tocava no computador de Nico naquele momento. Ao som de Back For Good, o moreno lhe ofereceu a mão com um sorriso galanteador e Thalia aceitou, revirando os olhos e tentando evitar o sorriso que surgiu em seus lábios. Ele a puxou para si, depositando a mão no centro das costas dela.

Thalia pode sentir os batimentos dele com a proximidade, o aroma natural misturado ao perfume do sabonete de limão, o calor que emanava do corpo dele enquanto rebolava a conduzindo com as melodias cantadas por Take That. Nico era um ótimo dançarino — Se houvesse como, Thalia agradeceria a sogra por tê-lo ensinado ainda na infância —, mas quase sempre se recusava a dançar, principalmente em público. Contudo, quando estavam só os dois, ele demonstrava toda a desenvoltura ao conduzi-la, e ela não ficava para trás.

Nico se afastou para girá-la e quando ela voltou ao passo básico, ele a apertou mais contra o corpo — sem machucá-la ou perder o ritmo —, rindo quando ela não conteve um suspiro. Thalia se lembrou da primeira vez que dançaram — Deuses! Fora um desastre! — e se viu rir.

— Um dracma por seus pensamentos. — Nico sussurrou no ouvido dela, antes de se afastar poucos centímetros, o suficiente para olhá-la nos olhos. Ele não se importava de ser de estatura mediana e Thalia alta (o que o deixava poucos centímetros mais alto), porque ele sempre podia se perder no azul elétrico sem ter que se importar com dores no pescoço.

— A primeira vez que dançamos. — Thalia admitiu, o observando sorrir mostrando as covinhas ao pensar naquela noite. — Você só faltou pisar nos meus pés.

— Eu fiquei tentado. — Nico riu e Thalia lhe deu um tapa no ombro, onde sua mão estava depositado. — Eu te avisei que era uma péssima ideia, tudo o que eu menos queria no mundo era dançar.

— Mas você fez de propósito! Só porque estava emburradinho.

— Eu não estava emburradinho.

— Amor, você vive emburradinho. — Nico fez um bico, mas decidiu revidar de outra forma. Ele a empurrou gentilmente, para que se afastasse e a puxou de volta enquanto o braço dele a envolvia pela cintura, de modo que encaixasse os corpos com as costas dela contra o peito dele. O italiano a balançou naquela posição, os lábios perto do ouvido dela.

— Eu adoro quando você me chama de amor. — sussurrou e Thalia ficou vermelha, como sempre acontecia quando ela o chamava, inconscientemente, por apelidos fofos. A Filha de Zeus sempre dizia que aquilo não fazia parte da sua personalidade, mas quando se está apaixonada, como não deixar escapar, né?

— Eu estava sendo sarcástica. — Se defendeu e Nico riu.

— Não estava não. — Antes que Thalia pudesse retrucar, Nico a fez girar novamente e retornaram ao passo básico, os olhos fixos uns nos outros. — Ainda não entendo porque você insistiu quando eu disse que era péssimo em dançar.

— Quando você mentiu, você quer dizer, né? — Nico não impediu o sorriso concordando, fazendo Thalia revirar os olhos. — Eu dizia a mim mesma que se eu sou capaz de ensinar Grover a dançar, você não seria problema.

Nico ficou sério de repente, fazendo Thalia franzir a testa preocupada. Antes que perguntasse o porquê, Nico resmungava:

— Não gosto desta história de você dançar com Grover. Eu sei que Grover é um cara legal, ou um sátiro legal, se você preferir, mas ele sempre teve uma queda por árvores e…

Thalia interrompeu a falsa crise de ciúmes com um tapa no braço, fazendo o marido gargalhar.

— Não me venha com mais brincadeira sobre eu ter sido um pinheiro. — Reclamou, fazendo um bico, o que fez Nico lhe roubar um selinho antes de retrucar.

— Por que não? É mais que justo! Toda vez que vamos ao mercado, você pergunta se quero levar todos os meus amiguinhos milhos.

Thalia riu, lembrando de tantas vezes em que pessoas lhe encararam quando ela implicava com o marido enquanto fazia compras.

— Como se, quando fomos comprar a árvore de natal, você não tivesse ficado flertando com os pinheiros! E depois falou que me confundiu. — Nico, desta vez, gargalhou em resposta, pensando que uma senhora havia até lhe perguntado se ele estava louco quando ele abraçou uma das árvores e perguntou se havia trocado o perfume.  — Sem falar que quase fomos expulsos quando você começou a me gritar como um louco, sendo que eu estava do seu lado, me procurando só pra dizer que havia me perdido no meio de tantos semelhantes!

Ele pensou em lembrá-la que, no ano anterior, ele havia lhe dado de presente um par de brincos com bolas grandes e vermelhas que, na verdade, não passavam de enfeites sobresselentes da árvore de natal em que ele havia colocado ganchos para virar um acessório. Também não lembrou do primeiro natal juntos, em que ele a havia envolvido em pisca-pisca. No natal, Nico ficava pior que os Stolls.

— Você não pode falar em expulsão! — Nico argumentou, tentando parar de rir— Lembra quando estávamos no McDonalds e você começou a gritar enquanto eu comia McNuggets que era um sinal do apocalipse?

— Isso não teria acontecido se tivéssemos ido no Burger King. — Thalia retrucou, tentando não rir com a lembrança que, aliás, era bem recente. Layla quase morreu de vergonha no dia, faltou pouco para não enfiar debaixo da mesa.

— Lia, toda vez que comemos frango você diz que é inversão da cadeia alimentar!

— E não é mesmo?

— Para de estragar o momento, Vita Mia . Esse papel é meu!

Thalia não retrucou. Aquilo era uma das maiores verdades do mundo. Ela amava o marido, mas ele sempre estragava os melhores momentos para depois fazê-los se tornarem ainda melhores. Era quase um dom. E ela o amava por isso.

Por esse motivo que “Back for Good” era a primeira música da playlist: Não importava qual fosse o erro que ele cometesse, não seria com a intenção de machucá-la, cada palavra que ele disse ou diria e a ferisse, ele pediria perdão e tentaria ao máximo reconquistá-la, ele lutaria por ela, lutaria para vê-la sorrindo e o socando de leve (ou não tão de leve), dizendo como ele era irritante antes de puxá-lo para um beijo que o deixaria como bobo.

Nico a amava mais do que conseguia perceber, mesmo em todos os anos juntos. Amá-la era uma ação que só crescia a cada segundo, o dia em que ficava sem um único beijo dela era como se seu coração se esquecesse de bater, era tão incompleto que ele não conseguia sorrir.

Contudo, mesmo com as brigas e teimosias, eles não desistiram um do outro, e não planejavam desistir, enfrentaram problemas para ficarem juntos e continuam a enfrentar para assim permanecer, mas, mesmo quando eles quem criavam essas dificuldades, lutavam para que tudo se acertasse, porque tudo o que menos queriam era machucar o outro.

— Agora eu estou curiosa sobre seus pensamentos. — Thalia comentou, o olhando nos olhos. Nico deu um sorriso de lado, mostrando uma das covinhas e ela teve que se segurar para não apertá-lo ou roubar um beijo.

— Quando dançamos no final da noite. — Ele admitiu, os pensamentos longe.

— Ainda não sei se agradeço Will pelo o que ele fez, ou se o soco. — Thalia sorriu, também se lembrando daquela noite tão incomum. Foi uma noite tão confusa que a marcara eternamente.

— Sabe que eu sempre sou a favor de você socar o Will.

— Por que você não diz o mesmo sobre Jason?

— Porque eu prefiro ficar um dia todo ouvindo uma briga da Annabeth com o Percy do que presenciar outra discussão sua com Jason.

— Ei!

— É a mais pura verdade. Vocês me deixam loucos!

Thalia ia retrucar, mas Nico a girou novamente e ela se deu conta de que a música havia mudado e o ritmo de Miracle of Love, que começava a tocar, era diferente de Back for Good.

— Isso é golpe baixo! — Thalia reclamou, reconhecendo as melodia de Eurythmics compostas em 1986 que haviam acompanhado o crescimento da Grace.

Houve uma época que ela odiava o single, mas só porque não conseguia acreditar em “milagres” e nem “amor”, em que a ideia de “o pra sempre, sempre acaba” habitava sua mente mais do que devia. Contudo, sua ideia mudou aos poucos, bem como o sentimento pela canção. Jason, Will e Nico a ensinaram que não só o amor existe, como de fato, faz milagres. Por causa dos rapazes ela encontrou uma família, um porto seguro para deixar cair as lágrimas escondidas por tanta dor e sofrimento que ela passou na vida.

Por muitos anos Thalia foi atormentada a noite pela sensação de solidão, pelos pesadelos de situações vividas na infância, pelo fantasma de todos que a abandonaram. Ela ainda não havia conseguido expulsá-los, mas era mais fácil sorrir no dia seguinte, tentar mais um recomeço, quando havia Nico para abraçá-la enquanto ela tremia de noite, deixando que toda sua fachada desmoronasse e a dor se sobressaísse por entre os escombros. Era mais fácil aguentar todo o peso nos ombros quando Nico a segurava e afastava o sentimento de solidão. Thalia ainda não acreditava no “pra sempre”, mas acreditava que, enquanto sua família estivesse ali, estava tudo bem.

— Se tratando de você, Vita Mia, — Nico respondeu, ainda a guiando pela dança. — Eu não me importo com golpes baixos, se for pra te fazer feliz ao meu lado.

Thalia riu e encostou a cabeça no ombro dele, se concentração na sensação do seu corpo reagindo a proximidade do dele, no cheiro de Nico, na respiração profunda e nas batidas suaves do coração. Se concentrou no conhecido, no estável, no amado. E viu toda a tensão dos últimos dias desaparecendo da sua alma ao constatar que Nico estava ali, pronto para amá-la e protegê-la. Por hora, não havia o que temer.

— Você é terrível. — Thalia sussurrou, deixando implícitas as palavras: “mas eu te amo por isso”.

— Eu aprendi com os melhores. — Nico respondeu, referenciando Jason e Will. E, em um timing perfeito, o telefone tocou.

Alarmado, Nico soltou Thalia e pegou o celular ainda sobre a cama, reconhecendo o número no visor antes de atender a chamada.

— Jason? Aconteceu alguma coisa? — Nico questionou nervoso, enquanto Thalia se juntava a ele.

— Não. — A voz do outro lado da linha respondeu. — Mas fico chateado que tenha me chamado de Jason.

Nico suspirou aliviado, enquanto se perguntava se devia socar Will pelo susto.

— Algum problema, Sunshine?

— Não posso ligar para meu melhor amigo? — Will reclamou em um tom familiar.

— Há uma hora dessa da noite? — Nico brigou, o que era estranho. Geralmente era ele quem levava bronca de todos. — Somos semideuses, Will, isso nunca é um bom sinal. E sempre é bom evitar tecnologia.

— Isso é só desculpa pra você não me ligar! — O Solace retrucou, apesar de não acreditar naquilo. Ele adorava drama.

— Não é mais fácil vir no meu apartamento que é do lado do seu? — Nico retrucou, sentando-se na cama. Pelo jeito, a conversa ia ser longa.

— É um pouco difícil quando você foi trancado pela própria filha, não? — Will, do outro lado da linha, perguntou em um tom sarcástico, enquanto observava Layla sorrir fofamente antes de correr para o quarto de Jason.

— Devo perguntar como sabe disso?

— Layla estava doce demais sobre dormir aqui. Essa pestinha puxou à você, não dá pra confiar sempre. — Will respondeu, fazendo Nico gargalhar. Apesar de chamá-la de pestinha, era visível seu amor por Layla.— Quer que eu solte vocês?

Nico olhou para a esposa parada ao seu lado, encostada no criado mudo e o observando, decidindo se valia a pena correr o risco de levar um soco se fizesse o que estava pensando. Antes que ele pudesse responder qualquer coisa, Thalia estendeu a mão, pedindo o celular. Ele a atendeu e ela levou o aparelho ao ouvido, dando um sorriso malicioso.

— Will, querido, — falou com a voz mais fofa que conhecia. — como vai?

— Thalia! — Will saudou, tentando segurar uma gargalhada. — Estou maravilhoso, mas acho que não tão bem quanto você.

— Não mais tão bem, querido. Estou com um problema, sabe?

— Você está ou Nico está? Porque, assim, acho que deve ter uma farmácia de plantão, se quiser, sabe?

— Ah, não. Nós definitivamente não temos esse problema. — Thalia respondeu e mordeu o lábio inferior, olhando sugestiva para Nico que não ouvia a conversa, mas podia ter noção do teor. — Você sabe qual é meu problema.

— Eu estou atrapalhando algo? — Will se deu por vencido, tentando não gargalhar.

— Sim e você sabe exatamente o quê. — Thalia retrucou, também tentando não rir da conversa e da expressão confusa de Nico. Ela adorava essas conversas com Will, principalmente quando Nico podia ouvir e ficava completamente vermelho e escandalizado. — Então, decida-se querido: ou você vem aqui se juntar a nós, ou passe a noite sendo a melhor babá do mundo para minha filhinha.

— Você não sabe como isso é tentador, Senhora Grace-Di Angelo. — Will retrucou, usando uma voz sexy. — Mas a companhia de Layla me é mais agradável. Posso dar chocolate pra ela?

— Só um pouco. — Thalia ponderou, sabendo que o “um pouco” de Will seria completamente diferente do seu “um pouco”.

— Feito. — Will sorriu antes de abaixar o tom para não correr o risco de Layla o ouvir. — Posso só fazer mais uma pergunta? — Como resposta, Thalia suspirou, sabendo que era inútil dizer não. — Ele está com uma cuequinha de caveira?

Thalia impediu a gargalhada, pensando na coleção de cuecas do marido. Por mais que ela, Will e Jason fizessem chacota, ele não desistia de comprá-las, mesmo quando Thalia roubava-as para si.

— Ainda não tive a chance de descobrir essa noite, querido. — A Grace-Di Angelo retrucou, lançando um sorriso malicioso para o marido antes de mudar o tom da voz, deixado-a rouca. — Mas, pode ter certeza de que, caveirinha ou não, ele não vai ficar muito tempo de cueca.

Nico ergueu a sobrancelha enquanto Thalia desligava o celular, ouvindo a gargalhada de Will.

— Levante daí, Grace-Di Angelo. — Thalia ordenou, segurando a mão do marido. Não havia sido só ela a alterar o nome com o casamento, afinal, Nico sempre se sentiu irmão de Jason mesmo, só faltava juntar os sobrenomes. — Você não pode abandonar a garota no meio da dança.

 


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Notas finais do capítulo

Pela data que essas músicas estouraram, eu imagino que devem ter sido trilha sonora da infância da Thalia. Foi um dos motivos que me levou a escolher.
Will é terrível, não?! E o que dizer desse casal que adora passar vergonha?
Dó ou inveja da Layla?
Espero que tenham gostado e que apareçam para dizer "oi!".
Enfim, obrigada por lerem!

Propaganda básica: Pessoinhas, deem uma chance para Fita Azul! Me salvem do flop! Obrigada desde já!