Em 17 anos de vida eu fiz muita merda pra irritar Dianna, como ser expulsa duas vezes de escolas particulares, pichar muros em protestos idiotas que eu nem sabia pra que eram, transar com três caras diferentes na mesma festa, sem nem perguntar seus nomes e usar drogas no calor de outras ocasiões. É claro que a maioria dessas coisas eu não contava nem pra própria turma que fazia comigo, senão já teria parado em algum reformatório, além do mais, sem relações emocionais é muito mais fácil se desprender. Só que em todos esses anos, mesmo com tudo isso, essa era a primeira vez em que seria presa.

Levando em conta tudo, talvez eu nem me importasse, mas quando meu pai não quis nem olhar nos meus olhos ao pagar minha fiança e me levar pra casa, eu desejei que ele me desse uma surra a me tratar daquele jeito.

— Você disse que só daria uma volta. – Dianna começou quando chegamos em casa, se levantando e Eddie fechou a porta atrás de si, escutando ao meu lado – Eu confiei em você, te deixei sair. Aí o telefone toca e advinha? A polícia me diz que minha filha estava envolvida com uso de drogas numa festa de praia às onze da noite. – seus olhos, agora bem perto de mim, cintilavam, arregalados, prestes a brotarem lágrimas enquanto sua voz aumentava o tom em cada palavra. – Como você acha que eu fiquei? – eu levantei os olhos, mas não abri a boca – Responde! – ela gritou.

— Orgulhosa? - ironizei. Não tinha medo dela, pelo menos, não mais. – Sua filhinha tá seguindo os seus passos.

No momento seguinte eu só senti minha bochecha arder com o tapa que veio.

— Hipócrita. – acusei, falando baixo, ainda olhando pra ela.

— Hale, não fala assim com sua mãe. – Eddie ordenou, no mesmo tom e eu o encarei, perplexa – Vai para o seu quarto. Agora!

Depois de dois segundos de choque eu acabei obedecendo, batendo a porta atrás de mim com força.

— Merda! – joguei meu abajur contra a parede, quebrando-o e me sentei no chão, escondendo o rosto contra as pernas.