Rock the baby escrita por Nanahoshi


Capítulo 3
Verão


Notas iniciais do capítulo

OLAAAAAAAR MEUS LEITORES LINDOS!

Tudo bem com vocês?

Voltando aqui com att de RtB pq essa fic tá muito gostosa de escrever ♥ ♥ Socor eu tô mt empolgada por ter terminado o mangá e descoberto que Slam Dunk agora é meu anime;mangá favorito *-*Como eu escrevi na empolgação pode ter ficado meio corrido, mas espero de todo o coração que gostem ♥

Beijinhos meus amores!



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—Vou repetir pela terceira vez: eu não vou.

—Mas Mitsui... Olha, tudo bem você não querer sair com a gente depois da aula, mas fazer isso por causa da Akaoni? Você pirou?

O adolescente suspirou e se abaixou para apanhar duas bolas de basquete que continuavam jogadas no chão depois do treino. Que arrependimento ter contado sobre a promessa que fizera a Miyamoto Mika para os outros. Kida e Shoichi já tinham feito um estardalhaço quando ele oferecera aulas de basquete para Mika no dia anterior. Devia ter imaginado que ninguém entenderia.

—O nome dela é Miyamoto Mika. – ele resmungou colocando as bolas de basquete na caixa gradeada destinada a guardá-las. – E eu sinceramente não entendo essa implicância. Poxa, o que ela fez pra vocês?

Kaito, um garoto magrelo de cabelos espetados, estremeceu teatralmente e disse:

—Graças a Deus ela não fez nada com a gente. Mas você não ouviu os boatos? Ela já nocauteou quatro caras do clube de judô sozinha! Ela resolve tudo na base da porrada, Mitsui, você deveria saber.

O jogador revirou os olhos diante do comentário e arrancou o colete amarelo. Ignorando completamente o burburinho de seus colegas, Mitsui caminhou até o outro lado da quadra, onde depositou o colete dobrado sobre o banco de reservas. Segundos depois, quando virou-se na direção do almoxarifado, percebeu que eles o haviam seguido.

—É sério, Mitsui. – insistiu Kida sem se deixar intimidar pelo olhar irritado do amigo. – A Akaoni vai acabar quebrando você se ofendê-la ou fazer algo de errado. Já trombou com ela pelos corredores? A expressão dela é medonha!

"Medonha?", pensou Mitsui lembrando-se do sorriso de Mika.

Fora o sorriso mais genuíno que ele já vira no rosto de alguém. Fora um gesto tão espontâneo e puro... Exatamente como o de uma criança.

A verdade era que Miyamoto Mika já chamara sua atenção antes, quando ele a viu numa das fases do Campeonato Regional Junior de Karatê daquele ano. Um dos membros do clube de basquete estava de olho numa garota de outra escola que participaria do campeonato. Então, alguns membros do time se reuniram para acompanha-lo, aproveitando para dar uma olhada nas garotas que estariam por lá. O primeiro encontro de Mika com Mitsui foi rápido, mas marcante o suficiente para que ele jamais esquecesse o que viu...

Mitsui seguia pelo corredor lateral do ginásio para chegar às arquibancadas. Era lá que ocorriam as lutas, os tatames montados sobre o piso da quadra dividindo-a em quatro. O karatê, por ser uma arte marcial que remetia à tradição do país, chamava a atenção de uma generosa quantidade de espectadores, o que exigia o uso dos ginásios. Mitsui virou para a esquerda e perguntou-se se todos já tinham chegado. Pelos seus cálculos deviam ser quase quatro horas, então era de se esperar que eles já estivessem esperando-o nas arquibancadas. O adolescente caminhava calmamente, as mãos enterradas nos bolsos, a franja lisa balançando no ritmo de seus passos enquanto sua mente vagava. Subitamente, uma porta se abriu em seu caminho e ele viu um vulto esguio se precipitando para fora trajando um kimono impecavelmente branco. Percebeu logo de cara que tratava-se de uma menina pelo cabelo comprido e escuro preso num coque muito bem feito no estilo tradicional japonês. Ela ergueu as mãos e checou algumas bandagens que cobriam seus pulsos e dedos, respirando fundo logo em seguida.

Assim que ela deu o primeiro passo para virar na direção de Mitsui, uma nova porta se abriu e um garotinho de uns cinco anos saiu correndo aos berros pelo corredor. Era óbvio que não estava vendo para onde ia, pois segundos depois havia se precipitado na direção da garota de kimono e trombado com força em suas pernas. O menino caiu sentado no chão, finalmente abrindo os olhos ensopados de lágrimas. Ele analisou o obstáculo em seu caminho de cima a baixo, e assim que se deu conta que não era o que estava procurando, tornou a abrir o berreiro.

—Mamãããe! – ele chorava em desespero.

Entretanto, antes que ele tivesse a chance de gritar pela mãe novamente, a menina de kimono se agachou diante dele e pousou a mão enfaixada no topo de sua cabeça.

—Ei, ei. Fique calmo. — Mitsui ouviu-a dizer. - Não precisa chorar assim. Você se perdeu da sua mãe, é? 

O garotinho tinha parado de chorar e agora prestava atenção no que ela dizia. Esfregando o nariz todo melecado com as costas da mãozinha gorducha, ele assentiu. Sorrindo, a garota estendeu os braços e ergueu-o até que pudesse aninhá-lo em seu colo. Sua mão enfaixada subiu novamente para acariciar os cabelos castanhos e desgrenhados do menininho.

—Vamos procurar na arquibancada primeiro? – ela sugeriu num tom animado enquanto começava a caminhar na direção de Mitsui.

A garota começou a se aproximar, o que finalmente arrancou Mitsui de seu entorpecimento. Ficara tão absorto na cena que se esquecera que estava parado no meio do corredor. Torcendo para que ela não o tivesse notado, o adolescente refez sua postura despreocupada e voltar a caminhar, diminuindo ainda mais a distância entre eles. Por algum motivo, o coração de Mitsui se acelerou com a proximidade da desconhecida, e inconscientemente ele virou os olhos para observar seu rosto no momento em que eles se cruzaram.

Duas coisas o pegaram em cheio. A primeira foi a altura da menina. Ele tinha certeza que, pelo alinhamento dos ombros, ela deveria ser pouco mais de dez centímetros mais alta que ele. A segunda, contudo, foi a que cravou um olhar atônito e abobado no rosto de Mitsui. O olhar escuro que ela dirigia ao menino perdido misturavam duas coisas muito intensas: gentileza e dor. A gentileza preenchia seu rosto tornando-o extremamente suave, enquanto a dor se aprofundava como uma sombra em suas íris escuras.

"Por quê?", perguntou-se Mitsui assim que ela saiu de seu campo de vista. "Por que alguém tão gentil carregava uma dor daquela? E por que ela estava tão... exposta? Qual era o motivo?".

Com um sobressalto, Mitsui interrompeu sua caminhada e fitou o vazio. A garota era uma desconhecida. Ele nunca tinha visto aquele rosto... Então por que a expressão dela o marcara tanto? Por que todas aquelas perguntas?

Atônito e avoado, Mitsui retomou o passo e balançou a cabeça tentando espantar aqueles sentimentos confusos. Meia hora depois, ele já havia se juntado a seus colegas na arquibancada, que conversavam alegremente sobre todas as meninas bonitas que haviam visto no ginásio, incluindo as competidoras. Mitsui ouvia a conversa parcialmente: sua mente ainda vagava pelo corredor do ginásio revivendo a cena que presenciara com o garotinho e a menina do kimono. Dentre os comentários esparsos que captava, um lhe chamou a atenção:

—Ah, sabem quem está aqui também? – perguntou um deles num tom sombrio.

—Quem? – perguntou outro que parecia ser Kida.

—A Akaoni. – respondeu o primeiro com uma careta exagerada. – Ela veio quebrar todas que ela acha serem mais bonitas que ela.

Uma gargalhada fez o grupo vibrar, mas logo Shoichi estava dando um soco repreensivo no ombro do autor da piada.

—Ei! – ele acrescentou com um sorriso malicioso. - Se a Akaoni sequer sonhar que você anda tirando sarro dela, você já é um homem morto, meu chapa! - e o grupo barulhento de estudantes tornou a rir.

Mitsui inclinou a cabeça e fitou o teto distante do ginásio.

"Akaoni...", o nome ressoou em sua mente.

Mitsui só sabia quem era Akaoni pelos boatos. Nunca a encontrara de fato, ou pelo menos não a havia reconhecido caso a tivesse visto. Do pouco que sabia, Akaoni era o nome de uma menina medonha que estava no mesmo ano que ele. Aparentemente, ela nocauteara todos aqueles que a haviam contrariado ou se colocado em seu caminho, incluindo garotas que julgava serem superiores a ela. Em resumo, uma menina maluca que resolvia tudo na base da pancadaria.

Nesse instante, arrancando Mitsui de suas reflexões, uma voz começou a soar nos altos falantes:

—Declaramos iniciada a quarta rodada do Campeonato Regional Junior de Karatê. Para a primeira luta, receberemos Miyamoto Mika, representando a Takeishi Junior High e...

Um chiado vindo à sua direita fez Mitsui virar bruscamente o pescoço num sobressalto.

—É ela! – exclamou Shoichi. – A Akaoni vai lutar! Agora vocês vão ver que ela faz jus ao nome!

Os olhos de Mitsui se voltaram lentamente para o tatame, e assim que viu quem estava lá, deu um pequeno pulo na cadeira e se precipitou agarrando o encosto da cadeira à sua frente. O coque bem feito e as bandagens nos pulsos e nos dedos eram inconfundíveis.

"Miyamoto Mika... Ela é a Akaoni?", sua mente foi tomada pela visão do olhar gentil de Mika ao socorrer o menininho. "Mas isso... não faz sentido nenhum."

Desde então, Mitsui passou a observar Mika na escola, sempre fascinado com o contraste entre a lembrança que tinha de seu rosto e os boatos que a difamavam. Começou a prestar atenção naqueles que fofocavam sobre ela e, aos poucos, percebeu que grande parte do que se falava não passava de um exagero maldoso. Ninguém parecia ter conhecido Mika o suficiente para dizer com certeza se ela era tão ruim quanto diziam. Portanto, Mitsui decidiu que queria checar por si mesmo. Iria se aproximar de Mika para ver quem era a garota por trás do título de "Akaoni".

Contudo, não foi nada fácil. Sempre cercado pelos seus amigos e colegas de time, o estudante quase não tinha espaço para procurar por Mika em paz. Mitsui sabia que seria muito incômido procurá-la com algum deles por perto e, por isso, decidiu não arriscar. Além disso, ainda havia outro problema: nas poucas vezes que vira Mika na escola, teve a sensação de que a menina estava muito distante. Ela mal reagia às coisas que se desenrolavam ao seu redor, como se estivesse fechada numa casca invisível.

Como, então, ele se aproximaria dela?

Semanas se passaram e nada lhe ocorria para que pudesse avançar ou pelo menos começar a desenvolver uma estratégia. Contudo, sem aviso nenhum, a sorte lhe sorriu naquela tarde quente de quarta-feira. Quando Mitsui iria sonhar que Miyamoto Mika apareceria na loja de televisores que ele costumava ir para assistir jogos de basquete interessada no que via através da vitrine? Felizmente, a reação de Mitsui havia sido rápida. Assim que viu como ela arregalara os olhos diante das jogadas rápidas dos Chicago Bulls, a ideia dos treinos de basquete materializou-se com um estalo em sua mente. Sabia que pareceria estranho, mas não tinha tempo para pensar nos detalhes. Foi com muito alívio que ele recebeu o "sim" de Mika, sensação que foi logo substituída por um deslumbramento intenso diante do sorriso que ela abrira para ele.

Como alguém com aquele sorriso poderia ser medonho?

Bufando diante da insistência dos colegas, Mitsui seguiu marchando na direção do almoxarifado, entrou e pegou um esfregão para ajudar a limpar a quadra.

—Olha. – disse ele tentando intensificar o tom de ponto final na fala. – Ela não me parece ser tão assustadora quanto todo mundo fala. E puxa, o que custa dar umas aulas de basquete pra alguém que se interessou?

Os jogadores se entreolharam como se Mitsui tivesse pirado de vez. Como eles não falavam nada, o adolescente de cabelos escuros segurou o cabo de seu esfregão e seguiu para a quadra.

—Eu não vou morrer, gente. Mas, se eu não aparecer amanhã na escola, podem entrar em desespero. – ele acrescentou com um risinho de deboche antes de começar a esfregar o chão.

*

Alguns minutos depois, Mitsui saltou para fora do ginásio agitado e afobado. Olhou para os lados e se perguntou se Mika não teria desistido. Sentindo a ansiedade subindo por seu peito, o jogador começou a caminhar a passos rápidos na direção do pátio frontal da escola. Os comentários maldosos de seus colegas de time sobre Mika o preocupavam, pois trouxeram uma dúvida à tona que o incomodava desde que a encontrara no dia anterior. A garota poderia muito bem pensar que ele era como todos os outros. Afinal de contas ele andava com todas essas pessoas que falavam mal dela. Não seria surpresa se ela tivesse concluído que o convite de Mitsui fosse uma pegadinha de mau gosto ou uma oportunidade de bancar o descolado.

"Será que ela ficou mesmo para o treino...?", ele pensou flexionando os dedos das mãos de forma ansiosa enquanto caminhava.

Ao chegar ao pátio, olhou em volta. Havia vários grupos de estudantes aqui e ali conversando, seguindo para suas atividades vespertinas ou indo embora. Mitsui sabia que Mika estaria sozinha, então varreu o ambiente em busca de uma silhueta solitária. Ele quase não a viu, de tão escondida e camuflada que estava contra a cerca viva que havia num dos jardins da escola. De fato, o que o fez reconhece-la foi o coque preso com perfeição no topo da cabeça, o mesmo que ela usara no dia que ele a vira pela primeira vez. Ela trajava uma blusa branca que lhe caía em um dos ombros deixando à mostra as alças de seu top de ginástica azul marinho, combinando com o short três quartos que usava. Nos pés, tênis de caminhada brancos com detalhes em preto e roxo.

Um alívio imenso se espalhou pelo peito de Mitsui ao perceber que ela estava trajada para treinar. Com o ânimo completamente renovado, o adolescente se encaminhou rapidamente até onde ela estava sentada. Quando se aproximou um pouco mais, percebeu que Mika segurava um livro com uma das mãos e parecia estar bastante absorta em seu conteúdo. Mitsui diminuiu o passo e reduziu a distância entre eles silenciosamente, parando a alguns passos de onde ela estava sentada. Com um sobressalto, Mika ergueu a cabeça e encarou o rosto do recém-chegado. Um segundo antes de reconhece-lo, uma sombra de medo se estampo claramente em seus olhos, para depois ser substituída por uma versão mais amena daquele olhar gentil que tanto encantara Mitsui.

—Oi, Mitsui-san. – ela disse enquanto a gentileza de seu rosto se misturava com uma pitada de vergonha. – Eu não sabia que horas acabava o treino então fiquei aqui esperando.

O adolescente riu e balançou as mãos.

—Ah, desculpe! – ele disse um pouco envergonhado. – Eu deveria ter te avisado. Sempre acabo esquecendo de algum detalhe.

Mika sorriu e fechou o livro que ela pousara no colo ao notar a presença de Mitsui. O movimento chamou a atenção do garoto para a capa, e a primeira palavra que conseguiu ler foi "basquete". Piscando atônito, o jogador cravou os olhos no título e releu-o. Assim que conseguiu assimilar o assunto do livro, sua mão se ergueu inconscientemente e apontou para o objeto, fazendo a pergunta que ele foi incapaz de refrear:

—Que livro é esse?

Mika encolheu-se instantaneamente, cobrindo a capa com os braços e desviando os olhos para o chão. Como tinha a pele mais escura, era difícil perceber se estava vermelha, mas não havia dúvidas que a pergunta a deixara muito sem graça.

—A-Ah... – ela começou lutando para que o nervosismo não afetasse demais sua fala. – É que... Você foi tão gentil me oferendo aulas de basquete... e eu fiquei tão empolgada e... Preocupada de ser um fardo por não saber nada. Então decidi procurar algo que me ensinasse pelo menos a teoria do básico sobre basquete. As regras, os tipos de falta...

Mitsui piscou duas vezes enquanto a encarava completamente atônito. Entendendo erroneamente a expressão do colega de escola, Mika agitou as mãos e se precipitou para o lado, puxando a mochila na qual costumava carregar suas coisas de karatê para perto de si. Rapidamente ela afrouxou a corda que selava a bolsa e puxou um objeto redondo, colocando diante dos olhos de Mitsui.

—Eu também não queria que você se incomodasse em pegar as coisas da escola... Ou a sua própria bola. Então decidi comprar uma para usarmos nos treinos. Eu sei que não é profissional, mas para uma iniciante com eu, acho qu-

Ela não conseguiu terminar a frase pois Mitsui explodiu numa gargalhada. Mika não teve escolha a não ser encará-lo com os olhos arregalados enquanto imaginava o que tinha dito de errado. Depois de pouco mais de um minuto, o garoto finalmente conseguiu se acalmar, limpar as lágrimas que haviam brotado no canto de seus olhos e recuperar o fôlego para dizer:

—Puxa... Miyamoto, me desculpe. É que, sabe, eu estou muito feliz. Nunca imaginei que você ficaria tão animada com um convite simples desse. É tão bom encontrar alguém que quer mesmo aprender basquete!

A cara de espanto e insegurança de Mika mudou instantaneamente para uma de alegria misturada com acanhamento. Ela deu uma risadinha e pousou a bola no colo, sobre o livro.

—É que... Não sei dizer. Basquete me pareceu muito divertido. As jogadas são tão empolgantes! – enquanto dizia isso, as imagens do jogo que assistira do Chicago Bulls dançaram diante de seus olhos fazendo-os brilhar.

Mitsui riu apoiando as mãos na cintura.

—Com certeza! Quando começar a jogar, vai ver que é muito mais do que você imagina!

O sorriso de Mika se alargou, fazendo as bochechas de Mitsui formigarem um pouco. Meu Deus! De onde eles tinham tirado que aquela menina era uma espécie de demônio?

Abaixando-se um pouco, o adolescente pegou a bola das mãos da menina e firmou-a sobre o dedo indicador, dando um leve tapa para que ela girasse. Mika olhou-o, estarrecida.

—Incrível! – ela soltou sem querer.

Rindo, Mitsui disse:

—Já, já você também vai estar fazendo isso. – ele empurrou a bola para cima e deixou-a cair apoiada na palma de sua mão. Pigarreando, ele colocou-a debaixo do braço e explicou. – Vamos treinar na quadra pública que tem aqui perto. Eu tinha me esquecido que o time de vôlei usa a quadra nesse horário.

Mika balançou a cabeça e disse:

—Sem problema, Mitsui-san.

Girando o corpo na direção do portão, o jogador fez um sinal com a cabeça e sorriu.

—E então... Vamos?

Mika saltou de pé prontamente e quase derrubou o livro, pegando-o com um rápido reflexo do braço. Guardou-o às pressas na mochila esportiva, jogou-a sobre os ombros e avançou até parar ao lado de Mitsui.

—Vamos, sim. – ela disse ainda conservando o tom acanhado.

Eles começaram a andar para fora da escola. Depois de alguns segundos caminhando em silêncio, Mika virou timidamente o rosto na direção de Mitsui e perguntou:

—Mitsui-san... Tem certeza que me ensinar não é incômodo? Eu estou tomando do seu tempo pra...

—É claro que não, Miyamoto! – ele cortou-a num tom teatralmente exasperado. – Eu não te disse ontem que adoro fazer qualquer coisa que tem relação com basquete? Além disso eu não sou nem louco de deixar na mão alguém que quer aprender a jogar...

Mika sorriu de leve sentindo as bochechas esquentando. Nunca iria imaginar que as coisas poderiam mudar daquele jeito, principalmente por ainda estar na Takeishi Junior High. Não se sentia feliz daquele jeito há séculos.

—Ahm... Mitsui-san? – ela chamou depois de mais alguns segundos caminhando em silêncio.

—Hm? – o garoto voltou seus olhos escuros para a esquerda buscando o rosto de Mika.

—Obrigada.

Pego de surpresa pelo agradecimento, Mitsui se empertigou onde estava e virou bruscamente o rosto na direção oposta para esconder as bochechas vermelhas.

—Mas eu ainda não fiz nada! – exclamou ele tentando disfarçar o nervosismo.

—Fez sim, Mitsui-san! – rebateu Mika com um sorriso crescente no rosto. – Com certeza, fez sim...

O adolescente estava sem graça demais para perguntar o óbvio, então contentou-se em jogar a bola para cima para pousa-la sobre o indicador novamente. Foi nesse instante que ele percebeu o que o estava incomodando na forma como ela o chamava.

—Ah... Miyamoto. – ele disse dando tapinhas na bola de basquete.

Ela virou o rosto interrogativamente para ele.

—Eu não disse pra você me chamar de Mitsui?

A garota instantaneamente voltou os olhos para frente e se encolheu.

—Ah, desculpa! – ela disse apertando os olhos.

—Ei, calma! Não é pra tanto, haha...

Enquanto ouvia as risadas de Mitsui, Mika começou a tomar consciência do ambiente ao seu redor. A tarde se inclinava preguiçosa na direção do horizonte. Nuvens gordas de verão faziam sombras extensas sobre as ruas, e os alguns pássaros cantavam como se protestassem contra o calor. Todas essas sensações faziam-na sentir-se como se estivesse começando a submergir em um sonho.

Quando Mitsui contou sobre uma jogada patética que fizera uma vez durante um jogo, Mika se permitiu rir com vontade como não fazia há anos. Uma lufada quente de ar agitou os fios de cabelo que escapavam do seu coque e bagunçou os cabelos de seu companheiro, que protestou erguendo o punho contra o céu. A garota riu ainda mais e por um instante fechou os olhos sentindo a brisa que a rodeava.

Estava quente. Fazia sol. Era verão.

Mika gostava muito do verão.


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Notas finais do capítulo

E aí meus amores o que acharam?? Estão gostando?? Têm algum sugestão ou crítica ♥? Não se acanhem seus divos! Conversem com a Nana-chan!

Muitos beijos e até o próximo capítulo!