Well I'll never be a stranger

(Nunca serei um estranho)

And I'll never be alone

(E nunca estarei sozinho)

Wherever we're together

(Onde quer que estejamos juntos)

That's my home

(Esse é meu lar)

~

Will correu até a arena, onde Nico dava aula de esgrima para um grupo de campistas mais novos.

— NICO! – ele balançava no ar dois envelopes que tinham acabado de chegar pelo correio. – Universidade de Nova York! – falou Will, exibindo um largo sorriso ansioso.

O filho de Hades passou a espada que segurava para uma garota e disse a todos:

— Pratiquem em duplas os movimentos de ataque que mostrei... Eu volto para recolher os corpos – Acrescentou, fazendo os semideuses, a maioria campistas de primeiro ano, darem risadinhas nervosas.

— Aqui, vamos abrir juntos – Will lhe estendeu um dos envelopes assim que ele chegou mais perto.

Nico fez sinal para que se afastassem um pouco primeiro, e eles foram até as árvores perto dos estábulos dos pégasos. Assim que pararam sob um conjunto de nogueiras, Will imediatamente voltou a atenção para seu próprio envelope com dedos meio trêmulos enquanto Nico abria o seu com bem menos entusiasmo.

Sr. di Angelo, ficamos felizes em informar que...

Foi tudo que ele leu antes de dar um suspiro, voltar a dobrar o papel e levantar os olhos para Will, que já o encarava com um sorriso enorme de felicidade e expectativa, pronto para comemorar. O sorriso murchou ao ver a falta de expressão no rosto de Nico.

— Você não...?

Nico apenas estendeu o papel a ele, que abriu imediatamente, correndo os olhos pelo que havia escrito.

— Você também foi aceito! Nico...

— Parabéns... – Nico finalmente falou. – Tenho certeza que vai conseguir ser aceito em medicina também e logo estará assinando atestados médicos reconhecidos legalmente...

Ele procurou esboçar um sorriso, mas Will não se deixou enganar.

— Nico, qual o problema?

— Não tem nenhum problema – Nico deu de ombros. – Vamos só seguir com o plano de mudar para Nova York...

— Você... – Will o observava cauteloso. – Ainda acha que deveríamos estar indo para Nova Roma, não é? Você não quer ir para a NYU...

Nico sacudiu a cabeça de leve, mas passou a encarar os próprios pés.

— Nico, por favor, fale comigo!

Will levou uma mão ao braço dele num gesto de apoio. Nico tinha se acostumado a desabafar com Will. Will ouvia e entendia. Will se importava. Muito. Ele tentou expressar o que sentia.

— Eu... Eu... – Nico agitou as mãos, procurando as palavras. Por fim, admitiu: – Acho que estou com medo...

— Travis, Clarisse e vários outros já se formaram em universidades comuns e ainda estão vivinhos. Parece que os monstros não gostam tanto de semideuses mais velhos... E depois do problema com Apolo, nunca mais tivemos muitas ameaças...

— É, é... Você já me disse isso umas dez vezes – Nico revirou os olhos.

— Então do que exatamente você tem medo?

— Acho que... Tenho medo que as coisas mudem – Nico falou para os pés. - Os últimos anos no acampamento... Eu passei a considerar este lugar minha casa.

Will soltou um “Ah...” de compreensão, mas Nico continuou:

— Sei que estamos ficando muito velhos para isso aqui. É hora de encontrarmos nosso caminho lá fora de qualquer jeito, mas... Agora que chegaram essas cartas... Sinto que não estou pronto ainda... A ideia de ir embora me dá medo – Os ombros de Nico tinham desabado. Ele se sentia um tanto envergonhado pela confissão.

Will o trouxe para perto num abraço. Eles só ficaram assim por um tempo, até que Will disse:

— Sei muito bem o que você quer dizer. Para mim também não vai ser nada fácil me despedir do acampamento, mas... Não precisamos pensar nisso de um jeito tão definitivo. Estaremos em Nova York, ninguém pode nos impedir de visitar quando estivermos com muita saudade... Despedidas são sempre difíceis, mas temos que pensar nas coisas boas que virão... – Ele se afastou para completar, com as bochechas corando ligeiramente, mas o olhar firme: - Eu sinto que sempre terei um lar enquanto estivermos juntos.

Nico voltou a baixar os olhos por um instante, também corando, um sorriso se formou em seu rosto.

— Vamos ver como vai ser quando estiver tendo que me aguentar o tempo todo sob o teto do mesmo apartamento.

Will deu uma risadinha.

— Eu mal posso esperar.

Nico inspirou profundamente.

— Então... NYU.

— NYU! – Will repetiu, empolgado. – Vai ser bom, eu sinto isso!

Nico encarou seu rosto sorridente por uns segundos. A ideia de ter uma vida com Will fora do acampamento não era nada ruim. Pensar nisso também o fazia sentir um pouco de medo, mas este não era nada comparado à alegria que o futuro prometia.

— Me desculpe por fazer um drama sobre isso – Nico disse.

— Nah... Não seria você se não houvesse drama envolvido.

Nico bateu no ombro dele de brincadeira.

— Eu tenho que ir... Antes que tenha mesmo que recolher algum corpo da arena.

— Tudo bem. Eu tenho que contar para todo mundo!

Nico revirou os olhos mais uma vez para o entusiasmo de Will, só para não perder o costume, e deu meio passo na direção do caminho de volta para a arena, mas voltou-se novamente para Will e puxou o namorado para um beijo rápido em que os dois puderam sentir os sorrisos um do outro.

— Vejo você no almoço.