—Rosalie? –a voz de Emmett soou confusa e distante.

            A loira o encarava e por alguns segundos acreditou estar em mais um de seus pesadelos desde que deixara o pais. Era Emmett ali, na sua frente, com a camisa esticada em seu peitoral largo e as covinhas que ela tanto amara. Era Emmett o único homem que havia amado, e o único que a fizera em pedaços que nunca mais tinham sido unidos.

            Alguns passos mais distante Jasper e Alice observava a cena estático, toda a alegria e o alívio de instantes atrás abandonados. A Cullen observava a cena com esperança enquanto Jasper esperava que a irmã desse um tapa na cara daquele ali e saísse.  O loiro se preocupava acima de tudo, porque sabia que a garota ainda amava seu amigo e sofria porque tinha consciência que nada na vida dos dois tinha conspirado para que desse certo. Ele não queria que sua irmã sofresse novamente.

            Emmett estava parado, ainda segurando o braço da mulher que amava, os cabelos dela, afagando suavemente sua mão. Ainda não conseguia acreditar que ela estava ali. Instantes atrás ele tinha desejado aquilo, que ela de certa forma encontrasse seu caminho de volta para ele... Agora lá estava ela, parada a poucos centímetros de distância de seu corpo, mas quando seu olhar encontrou o dela, soube que ela não poderia estar mais distante. Algo em seu olhar fez com que se sentisse sujo e fez com que deixasse sua mão cair inerte ao seu lado.

            Algumas pessoas que passavam por ali encaravam o casal com certa curiosidade, mas seu interesse durava apenas alguns instantes até que algo nas vitrines ao redor chamasse atenção.

            Rosalie sentia milhares de sentimentos, a maioria deles ela tinha guardado tão profundamente em seu coração que doía senti-los novamente de maneira tão crua. Sentiu quando o toque do rapaz deixou seu braço. Seus olhares ainda conectados. Ele parecia ainda mais lindo do que quando fora para a Europa, embora ela duvidasse que isso fosse possível na época. Em silêncio ela procurava as palavras certas, não sabia se elas existiam, porém as procurava. Seu coração queria que ela pulasse em seu braços o beijasse, como havia desejado por aquilo.... Seu razão por outro lado, desejava virar seu rosto para longe do olhar dele, para um lugar seguro onde ele não pudesse mais machuca-la.

            Durante o tempo que a loira travava uma luta interna e Emmett parecia paralisado, os olhos azuis da garota avistaram o casal um pouco atrás de Emmett, eram os únicos que pareciam prestar atenção à aqueles instantes estagnados. Estavam com a respiração entalada em algum lugar em seus pulmões e não precisou de muito mais para que Rosalie perceber que não tinha sido uma coincidência. Eles não haviam acabado de chegar e se depararam com aquela cena, eles estavam ali desde antes. Jasper e Alice tinham levado Emmett até ela. Apesar de saberem como se sentia a respeito, mesmo sabendo que ela não o queria por perto, eles havia feito aquilo. Como puderam?

            Rosalie queria sair correndo daquele lugar para qualquer destino onde as lágrimas que ameaçavam brotar em seus olhos não pudessem ser vistas. Porém ela sabia que se fizesse aquilo, se desse as costa à todos e simplesmente saísse por aquelas portas, nada daqueles quatro anos teria valido à pena. Nenhum sacrifício, nada na distância que havia imposto, apenas nada teria feito sentido. Tinha que ser mais forte. Ela tinha duas escolhas à sua frente e ela escolheu a mais difícil. 

            Quando a loira desviou o olhar do casal e o voltou para o rapaz a sua frente, ela sabia que estava pisando o que restara do seu coração, mas estava em paz por saber que ela finalmente estava fazendo aquilo.

            -Olá, Emmett. – cumprimentou ela, encarando frente a frente o seu passado.

            O rapaz piscou alguns segundos, atordoado, antes de finalmente responder.

            -Rosalie, você voltou... – foi tudo o que conseguiu expressar. Alice e Jasper soltaram uma respiração pesada ainda observando os dois.  Sabiam pelo olhar da loira que eles deveriam ter uma conversa para esclarecer as coisas mais tarde. Por hora, deixariam que os dois dissessem o que quer que fosse que esperaram quatro anos par falarem.

            -É, há algumas semanas. – ela comunicou e se sentiu orgulhosa de si mesma por ainda ser capaz de falar, uma vez que o ar lhe parecia tão difícil de respirar.

            Emmett a encarou um pouco sem saber o que lhe dizer. Rosalie estava ali, na sua frente, depois de quatro anos afirmando que havia voltado há algumas semanas enquanto às suas costas estava sua irmã que agora, pensando bem, sabia de tudo, sabia o quanto ele a amava e sabia que a loira tinha voltado, e ninguém tinha falado nada para ele. Absolutamente... nenhuma dica, nenhum toque... Ele se sentia traído. 

            - Você... Está de passagem? – questionou, talvez fosse isso. Ela tinha voltado apenas para um passeio e ninguém quisera dar esperanças falsas a ele. Só o quiseram proteger.

            -Não, eu vou morar aqui. Esse é o meu país. –ela respondeu com mais firmeza do que era necessário, porém tentava convencer a si mesma.

            E com aquelas palavras todo o mundo de Emmett saiu da sua base, foi como se o planeta de repente saísse de sua orbita.  Ele tentava associar que ele havia sido traído pela sua família e que Rosalie estava finalmente de volta. Era muita coisa para absorver em poucos segundos.

            - E como vai? –perguntou ele, sentindo que a pergunta saiu estúpida dado os fatos que a afastaram, tentou formular outra pergunta. – E.... como foi o tempo fora?

            A segunda pergunta tinha sido ainda mais estupida, porém ele não sabia o que fazer direito. Suas mãos suavam e sua mente estava a mil por hora.

            -Interessante... –a loira respondeu um tanto confusa, sentido que o seu auto controle começava a falhar. Ainda conseguia ver o irmão e a namorada um pouco atrás de Emmett, conseguia ver o olhar de desculpa que lhe lançavam e aquilo estava sendo demais para ela.

            Foi para a sorte dos quatro que o celular da loira começou a tocar tirando todos da bolha atemporal que criaram. A loira olhou o visor do celular e viu que era o número da corretora de imóveis.

            - Eu... tenho que ir... tenho uma reunião agora. –a loira mentiu com dificuldades. Ela obviamente não tinha nada pois tinha combinado de almoçar com o irmão, mas a àquela altura isso era o que menos lhe importava. Ela precisava sair dali.

            -É.. claro, é claro. Devíamos nos ver qualquer dia... Acho que precisamos conversar. –Emmett respondeu parecendo finalmente retornar a seu corpo.

            Rosalie ficou tensa com a proposta, tudo que ele pudessem ter para conversar tinha ficado há quatro anos. Ela não conseguia ver como ter aquela conversa depois de tanto tempo pudesse melhorar em algo. Entretanto ela queria ir embora.

            -Claro, me liga. –falou forçando um sorriso, mas antes que a loira lhe desse as costas o rapaz segurou seu pulso a fazendo voltar.

            - Poderíamos jantar hoje.  –propôs.

            -Claro. –respondeu ela e em seguida puxou uma boa quantidade de ar para os pulmões, na vã tentativa de se acalmar. Tentou se convencer que era o certo a se fazer, era a conversa que faltava para pôr um ponto final na sua história com Emmett.

            - Te busco às oito? –Emmett sugeriu surpreso por ela ter concordado.

            - Te encontro no restaurante de sempre, se ainda se lembra qual é.  –ela negou. – Eu... preciso mesmo ir.

            Emmett observou enquanto a loira saía a passos apressados para fora do shopping.  Ele havia encontrado Rosalie, ela tinha voltado... E eles iam jantar juntos, a loira não tinha deixado ele ir busca-la, mas já era um começo.

            Rosalie caminhava pelo estacionamento apressada até chegar à segurança de seu carro. Na segurança do seu veículo era difícil acreditar que tudo aquilo tinha realmente acontecido há poucos segundos. A loira tentou entrar em um acordo com si mesma. Se ela fosse ao jantar e tudo ocorresse bem, ou seja, se conseguisse agir naturalmente e finalmente superá-lo, ela ficaria nos EUA e toda sua jornada na Europa tinha sido o suficiente, porém se ela fraquejasse, se ela por um só instante fraquejasse... voltaria para a Alemanha no próximo voo e reconstruiria sua vida por lá, definitivamente.

            Emmett esperou até que a loira sumisse de vista e então, sem olhar para trás, atravessou as portas automáticas.