Better days. escrita por Jones
Notas iniciais do capítulo
Terceira do desafio. :p
Música dos maravilhosos, Passport to Stockholm - Better Days.
https://www.youtube.com/watch?v=s02xCD5mGdU
I'M RIGHT BEHIND YOU BITCH!
Você sabe que é pra você, Lu.
If you say the word I'll come running, nothing ever ends, better days are coming
You and me, who else could we need? Nobody.
Era a terceira tempestade de neve em quatro semanas.
A princípio, existe uma beleza quase que poética no inverno e nas árvores secas, para um florescer fantástico em abril e, a maneira a qual você pode associar esse poema ao quão etérea é a vida em si e em como os problemas que são grandes na nossa percepção são pequenos quando relacionado ao tamanho do universo, torna tudo ainda mais belo. Depois você vê que é tudo uma droga, inclusive o gelo que vai entrar nas suas botas e o ar cortante que fará parecer que você nunca usou um protetor labial na vida.
Gina odiava a neve.
Odiava quando as estradas eram obstruídas por aquelas montanhas de nada. Quando não conseguia sair de casa porque não tinha como abrir a porta, como deveria encarar Harry e aquele olhar de quem achava que estava sempre certo o tempo inteiro por vinte e quatro horas sem pausa.
Tinham brigado novamente, é claro. Era o que acontecia quando duas pessoas de gênio esquisito se uniam. Nos últimos tempos era inevitável que ao escutarem o nome um do outro não girassem os olhos porque um não fechou a pasta de dente, porque outra deixou a toalha molhada na cama, porque um estava sempre chegando tarde do trabalho, porque outra viajava o tempo inteiro com o time.
Porque eles estavam nessa de serem casados e saber que se amavam, mas não sabiam o que fazer.
— Talvez se você tivesse tirado a neve da entrada como eu te pedi, pudéssemos sair de casa. – Murmurou para a xícara de café.
— Certo. – Ele falou.
Era irritante a maneira a qual ele ignorava a discussão e continuava o que estava fazendo. Era terrível a maneira como ela sempre queria discutir.
— Quando começamos a ser esse tipo de gente que odiamos? – Ele perguntou, alguns minutos depois. – O tipo de gente que não pergunta mais como foi o dia do outro.
— Não sei. – Ela disse cansada. – Realmente não sei.
Ele a encarou por profundos e inteiros dez minutos, o que poderia ter sido desconfortável e esquisito. Mas ela o encarava de volta, o rosto impassível.
Entretanto, ali estava o olhar apaixonado que existia antes mesmo de ela saber o que era de fato ser apaixonada por alguém. Tinha algo nos olhos dela que o convencia de que ela faria tudo o que estivesse ao seu alcance por ele e Harry não sabia nem medir o quanto era capaz de fazer por ela, sabia apenas que se ela chamasse ele iria correndo até o infinito.
Não estavam correndo. Não estavam fazendo tudo o que estava ao seu alcance. Não eram eles mesmos.
— Quando deixamos de sermos nós mesmos. – Ela disse e ele desviou os olhos dos dela por dois segundos. – Lembra-se de que nós não nos víamos por semanas e quando nos encontrávamos não conseguíamos tirar os olhos um do outro?
— Lembro. – Ele sorriu, com a lembrança da vez que eles voaram por horas só para se verem no meio do caminho, na temporada em que o time dela estava na Austrália. Se viram por cerca de seis horas, dormiram por cinco. Mas estavam juntos.
— Eu sinto sua falta. – Gina disse enfim, após encarar sua xícara de café por mais dois longos minutos. – O tempo inteiro, não quero levantar uma discussão de estarmos trabalhando demais e quando vamos começar a ser uma família. Porque normalmente você que faz isso e eu odeio admitir que você está certo.
Ele encarou os olhos castanhos dela novamente.
Se arrependia de não olhar sempre da maneira que deveria para ela, como se ela fosse a coisa mais linda do mundo, porque de fato ela era. Não apenas pelos cabelos ruivos e as sardas sensuais, pelo corpo atlético ou o rosto mais bonito do mundo, mas também pelo olhar determinado e doce ao mesmo tempo, pela personalidade forte e delicada que a formava de maneira tão peculiar.
Nunca conseguiria desvendar Gina.
— Nós dois precisamos ceder. – Ela disse, com os cotovelos na mesa e uma mão apoiando sua cabeça. – Nós dois precisamos fazer dar certo.
— Sim. – Respondeu finalmente e sorriu mais uma vez. Era impossível não sorrir quando não apenas a via, mas olhava e admirava. Era difícil não sentir-se sortudo.
Quando ele sorria parecia que era capaz de brilhar mais que as estrelas no céu e ela se sentia uma adolescente novamente, com os hormônios a flor da pele e uma vontade latente de encostar os lábios aos dele só para sentir aquela eletricidade de quando eles tinham dezesseis e dezessete anos, antes de complicarem tudo com gênios difíceis e ambições que nunca os levavam para o mesmo lugar. Eles se amavam e era evidente para qualquer um, no entanto, talvez não para eles.
— Dias de neve. Você costumava adorar dias de neve. – Harry falou. – Eu gostaria de te fazer adorar dias de neve novamente.
—Você poderia começar me fazendo um chocolate quente. – Ela sorriu e mordeu o lábio inferior. – Com...
— Mais marshmallow que chocolate. – Ele riu.
Havia um tempo em que não a via mais sorrindo. Sentiu-se péssimo por um instante, quis fazer vinte xícaras de chocolate quente e todas as comidas que ela não sabia cozinhar, mas que ele sabia que ela adorava. Quis mover o céu, quis ser seu escudo, quis correr a milha extra que não vinha correndo a um tempo... Quis lutar por ela.
Enquanto o leite esquentava, andou até ela que ainda sorria e a beijou finalmente.
Por um momento tudo voltou ao devido lugar. Não como se o beijo magicamente curasse todos os problemas e as frustrações de não serem um para o outro o que gostariam de ser, mas como se ele lembrasse que melhores dias estavam por vir. Que se existisse essa história de “feitos um para o outro”, eles eram a definição.
Porque se eles tinham um ao outro, do que mais precisariam?
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