Digimon: O Limiar de um novo mundo! escrita por Takeru Takahashi Usami WZD, Augusto Snicket


Capítulo 43
Capítulo 43: Chá ou café para conversar? - Parte Dois




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/703605/chapter/43

 

Quando as luzes se acenderam e a platéia avistou seu amado apresentador João, uma salva de palmas e gritos eufóricos foi ouvida. João sorriu sentado em seu sofá, ele já era famoso como um carismático apresentador, mas agora que também era ator da fic, tinha atraído muito mais fãs.

—João, autografa meus peitos! —Gritou uma fã da platéia.

—Ele não pode! —Gritou Taki e sem contar cerimônia tirou o sapato do pé e atirou na direção dela —Aquieta o fogo na sua piriquita, garota! O João tem namorado!

—Calma, amorzinho —Disse João o abraçando antes que outro sapato fosse arremessado —Você sabe que só tenho olhos para esse seu rostinho bonito —João deu um beijo no rosto dele e grande parte da platéia foi ao delírio com o fã-service, menos a garota que recebeu a sapatada.

—Eu sei que vocês devem ter muitas perguntas, queridos. Sinto muito por não poder vir no capítulo anterior e ter mandado no meu lugar aquele Pyomon metido a agente secreto. Eu estava muito ocupado nas filmagens, como viram no capítulo anterior e neste também, estive presente em 99% das cenas, ou seja, tem muita beleza pra se assistir! Não vou mais deixá-los esperando, vamos direto ao capítulo! —Um sapato voou da platéia e atingiu a cabeça do Taki que grita um audível : “Ai!” e depois vê uma garota dando língua e dedo pra ele. Ainda assim, o capítulo começou sem mais interrupções.

­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­­______________________________________________________________

— Então... – João começou. 

João, seu filho Pedro, Letícia, Wizardmon e os digiescolhidos estavam no belo jardim da União/WZD. Um clima apreensivo rondava a mesa que todos ocupavam; todos os olhares estavam voltados para o ser sentado à ponta da mesa, esperando uma resposta; Bucky se recusava a encarar aquele que dizia ser seu avô, então seu olhar se focava apenas em sua xícara e no rosto do seu pai. Pedro não sabia ao certo o que estava sentindo, seu Digimon estava postado ao lado “daquele ser” tal qual um guarda-costas, sendo que ele era o seu parceiro! Não daquele estranho!

Num suspiro João pensou no que iria responder e como iria responder. Afinal, ele já previra aquele momento, uma hora em que os humanos e sua tola capacidade de compreensão o causasse transtornos, então seu sorriso se fechou num único pensamento “Tolos humanos.”.

— Mais uma vez, sim eu sou João! – João olhou pela primeira vez deixando um relance de desprezo em seu olhar transparecer – Satisfeito?

—Prove! –Pedro ordenou enquanto segurava a xícara e tomava cautelosamente o líquido.

—Afes –João franziu a testa –Vocês humanos, sempre tão incrédulos! Quer uma prova? Ok! Eu sou João Pedro Jesus Oliveira WZD, 89 anos, era casado com Angélica Alves Lima, você é meu único filho biológico, Pedro Jesus Alves, eu sou dono de tudo isso aqui, quer algo a mais que isso?! – perguntou encarando Pedro.

—Coisas assim qualquer um pode saber! –Pink declarou –Ah, o capucchino está ótimo! Quero que diga algo que o firme como o verdadeiro João! O meu avô! Eu poderia entrar em sua mente e ver, mas algo insiste em bloquear minha passagem!

—Claro minha neta! –João gargalhou quase largando a xícara – Um sistema de segurança máxima instalado com sucesso! Um bom e belo trabalho de Wizardmon! Então você quer algo que firme né? Bucky! – chamou a atenção do garoto que se mantinha encarando a feição de seu pai – Você nasceu com um problema gravíssimo de saúde. Faltava um pedaço do seu coração. Eu usei minha velha máquina, a mesma que usei para trazer Wizardmon à realidade, e curei você, o tornando o meu experimento mais grandioso, embora agora eu note ser um tanto perigoso! Agora é o bastante? Pedro, eu o fazia escutar todas as aberturas dos meus animes favoritos quando sua mãe não estava em casa! Lucy, eu lhe dei dinheiro para pintar o cabelo de azul quando seus pais não deixaram! Pink, seu presente de 11 anos dado por mim foi um mangá yaoi que você guarda com toda a consideração debaixo da cama dentro de uma caixa rosa!

—Acho que agora você mais do que provou ser você mesmo! – Letícia ria diante da cara de espanto das crianças – Acho que até demais!

—Eu ainda não acredito! – Pedro bradou jogando a xícara contra o rosto de João, esta se espatifando e derramando o líquido ainda quente no rosto do moreno – Por mais que sejam informações de família, qualquer um pode ter acesso! Quem dirá que Letícia ou Wizardmon não leram nossas mentes e lhe passaram essas informações? Recuso-me a acreditar!

—Você meu filho... –João passou a mão pelo rosto sentindo o capucchino escorrer – Além de me atacar, sujou minha roupa! – mais uma vez ele mexeu suas mãos e a sujeira e os cacos da xícara o abandonaram como se nada tivesse acontecido – Isso é inaceitável! Quer uma prova realmente minha? Então ótimo! – João colocou dois dedos sobre seu olho os afundando e remexendo até que com um barulho de rolha saindo de uma garrafa, o moreno retirou seu olho e encarava fixamente Pedro – Veja tudo que se passou por aqui! Veja estas minhas memórias e diga se sou ou não seu pai!

            O vazio que se encontrava por trás daquele olho era imenso! Um turbilhão de imagens passava velozmente e Pedro só podia observar espantado e por mais que negasse, agora via que era impossível que aquele ser, por mais estranho e terrível que possa parecer, não fosse seu pai; algumas daquelas memórias só podiam pertencer a ninguém mais que o próprio João Pedro WZD. João recolocou seu olho, tinha mostrado o bastante para seu filho e algumas coisas ali não deviam ser vistas; Wizardmon pegou um lenço de cima da mesa e limpou o rosto do seu amigo que estava sujo do sangue que escorrera do olho, por mais que o fluxo vermelho se tornasse dados ao abandonar o corpo do moreno.

— E agora? – João afastou a mão do Digimon de seu rosto – Acredita que sou seu pai? Moleque teimoso! – virou o rosto emburrado – Antes que eu me esqueça, peço desculpas! – sua feição fechou-se em arrependimento – A sua costela...

—A costela que meu Digimon arrancou! – o rapaz se virou para Wizardmon contendo lágrimas nos olhos – Eu confiava em você Wizardmon! Como pôde me fazer isso? Qual o motivo? – o Digimon apenas suspirou e olhou para João que assentiu com a cabeça.

—Eu arranquei para trazer seu pai, o meu amigo e criador, de volta! – o feiticeiro falou, mas nenhuma emoção era perceptível em sua voz – Eu precisava de algo do mesmo DNA de João para a construção de um novo corpo, a única escolha foi você. Sinto muito por te provocar tanta dor Pedro. Eu também confio em você, eu fui seu parceiro anos atrás, mas isso foi mais do que preciso! – agora sim o Digimon demonstrou frustração, arrependimento, lamentação e tristeza.

—Sobre seu corpo – Hacko levantou-se e se pôs de frente com João – Se é uma máquina, qual o motivo de precisar de algo humano como uma costela?

—Peço para que se afaste, por favor! – João colocou a mão sobre o nariz – Seu odor humano chega a sufocar! Esse corpo não é apenas uma máquina, ele é mágico! Você sente as engrenagens e fiações? Mas se abrir meu corpo também verá um coração pulsante! Embora alguns órgãos tenham sido alterados ou construídos sinteticamente, mas em parte ainda tenho um pouco de humanidade dentro de mim, infelizmente – e mais uma vez o olhar de desprezo apareceu em sua face – Eu sabia que hora ou outra eu iria morrer, afinal, eu estava velho! Então pedi ao meu amigo aqui – apontou para Wizardmon – Para fazer o corpo Homo Digi Sapiens Sapiens perfeito para mim e que prendesse minha alma nele! Por isso sua costela foi necessária meu filho! Pois apenas algo do meu “próprio” DNA poderia comprovar que este corpo aceitaria meu espírito!

—Ele se superou – Letícia sussurrou – A maior loucura da sua vida não é migo? Esqueceu-se de dizer que agora você é provavelmente tão poderoso quanto Slash!

—Então significa que pode acabar com ele não é? – Hayaki perguntou esperançoso.

—Ora! Não se anime tanto garoto! Eu sou poderoso, mas não é pra tanto! – João corou ao admitir tal fato – Slash está com um poder um tanto mais acima do meu. Posso enfrentá-lo, mas não derrotá-lo!

—Ué! – Lucy tamborilava os dedos na mesa, um sinal de nervosismo – Qual a razão de ter voltado dos mortos se nem pode matar Slash?

—Minha cara humana, eu creio que se você tivesse uma penalidade demasiada sofrível para pagar por alguns pequenos erros cometidos num passado irrelevante, não iria querer continuar morta! – João apoiou o rosto numa das mãos enquanto estendia a xícara vazia para o feiticeiro que a encheu novamente – Eu acho que sou importante demais para pagar tais coisas! – bebeu calmamente.

—Mas se você cometeu esses erros, deveria pagá-los! – Bucky tentou gritar, mas sua garganta se fechou fazendo sua voz sair num sussurro quase inaudível se não fosse a mais nova audição apurada de João – A tragédia de 2042, por exemplo! Pessoas morreram por sua causa!

— Por um bem maior! – Wizardmon retrucou – João queria criar um mundo melhor!

—Wizardmon! – João chamou o Digimon, o moreno conhecia seu amigo o bastante para saber que ele se exaltaria assim – Os nervos, por favor. Bucky meu neto, as pessoas que morreram eram humanos sem valor! Foi um sacrifício digno, embora vulgar! E nem fui eu que as matei! – João deu de ombros – Foi culpa do nosso querido vilão Slash! Ele que fez as minhas criaturas se revoltarem.

—Mas nada disso teria acontecido se não tivesse as invocado! – Kitsu bateu na mesa – O erro maior foi seu!

— Hein? – João desdenhou um sorriso – Sua humana simplória, seu intelecto limitado não a permitiria entender todo o meu raciocínio! Para haver criação, a destruição precisar existir!

—Olha como se dirige à minha amiga! – Pink se levantou com os olhos brilhando e todas as xícaras se quebraram, os cacos afiados se posicionaram ao redor de João, Wizardmon e Letícia – Você fala como se fosse melhor que os humanos!

            Letícia olhou apreensiva para João. As coisas começavam a ficar perigosas para o trio, e por mais que seu amigo tivesse provado ser quem alegava a moça não via nenhum sinal de hesitação nos olhos das crianças e nem de preocupação nos olhos de Pedro; o rapaz parecia querer ver como seu pai iria se livrar dessa agora.

            —Acho que a situação não exige mais a minha presença! – Letícia focou nos cacos ameaçadores que a rodeavam – Migo, eu vou ver se o Grell precisa de mim, okay? Obrigado pelo café, Wizardmon, mas eu acho que pode melhorar! – por mais que a garota de cabelos rosa pressionasse os cacos contra Letícia, a moça piscou os olhos e desapareceu como se evaporasse.

— Voltando ao foco... – João permanecia calmo diante dos cacos – Wizardmon pode dar um jeito nisso? – tentou afastar um dos cacos que pressionava sua bochecha.

— Claro senhor! – Wizardmon mexeu seu cajado e todos os cacos começaram a girar em torno de si logo se esfarelando como poeira – Jeito dado!

— Obrigado! – o moreno voltou-se para a neta – De fato Pink, eu falo como se fosse melhor do que a escória humana, e de fato eu sou. Vamos ao seguinte fato, nenhum dos meus fiéis companheiros são humanos! Dead é um morto; Grell, um shinigami; Letícia, embora seja infelizmente humana, mas é imortal, o que a coloca num patamar superior! Até a própria Linx Tamaii não era humana! – gargalhou alto ao ver as caras de indignação e desprezo que recebia das crianças.

— Eu sou humano, pai... – Pedro balbuciou cabisbaixo chamando João assim pela segunda vez desde que ele voltara – O senhor me acha então... Inferior? – a dor era perceptível na sua voz e pequenas lágrimas já se formavam ao canto de seus olhos – A minha esposa é humana! Seus netos... Meus filhos são humanos! Minha mãe era humana! Somos inferiores para você? – Pedro já não continha as lágrimas e essas jorravam de seus olhos – Sua família é inferior?

— Pedro, essa é uma pergunta muito difícil de responder. – João suspirou. Por mais que quisesse se gabar, mas ele ainda era pai, avô e irmão! Ele ainda tinha sentimentos! Tudo bem que o seu desprezo ainda sobressaía, mas ainda assim.

— Difícil? – Stephen se levantou e caminhou até João, sendo barrado pelo cajado de Wizardmon – Olha aqui seu projeto de morto-vivo! Se eu fosse você trataria de me desculpar agora! Só por ter um corpo feito de sei lá o quê e poder fazer o que acha que quer, pensa que não dói em seu filho e em seus netos ouvir tais palavras? Na real, você nunca foi humano não é? Era apenas um monstro brincando no corpo de um! Não passava de um espírito louco que não quis largar a própria vida! – as palavras do garoto eram quase literalmente cuspidas a João.

— Você não sabe de nada! – João gritou e num instante o céu do jardim escureceu – Monstro? Louco? Haha, eu posso ser isso e muito mais! Quer provar para ver? – ao levantar seu rosto seus olhos faiscavam ameaçadores, seu cabelo ondulava violentamente ao redor de sua face – Vamos ver até onde você está apto para ser digiescolhido e de preferência namorado da minha neta!

— Senhor! – Wizardmon ergueu a mão em direção ao moreno – Não vale a pena! Por favor! Calma. – era sempre assim, uma via de mão dupla, os dois companheiros acalmavam um ao outro nos momentos de fúria – Lembre, ainda tem humanidade aí dentro! A mesma humanidade que fazia o senhor sonhar e investir nos seus sonhos!

            O Digimon via e sabia que faltaria bem pouco para seu amigo ultrapassar todos e quaisquer limites para resolver aquela conversa da maneira mais conveniente, por isso teve que apelar para as emoções de João; eles haviam crescido juntos, conheciam um ao outro como ninguém! O seu melhor amigo e senhor, o único que foi capaz de avançar pelos rumos do impossível, agora era o único ali que se tornara, por mais difícil que fosse admitir uma fera.

            — Claro Wizardmon! – João passou as mãos pelos cabelos os endireitando enquanto seu olhar voltava ao normal e o céu voltava a clarear – Desculpe-me, eu deslizei um pouco no quesito autocontrole! – sorriu fracamente – Stephen, durante toda a minha infância, eu fui um sonhador abandonado. Não havia quem ouvisse meus sonhos e não risse ou duvidasse de mim. Eu aprendi a desprezar os humanos! Eles me abandonaram! Só os Digimons me sobraram de companhia! Vê esse aí à sua frente? Foi o meu melhor amigo durante toda aquela época como é ainda hoje!

— Mas e sua família? – Hacko se pronunciou zangado – Se desde pequeno desprezava os humanos, como pôde constituir uma família humana?

— Eu ainda era um humano! – João jogou a cabeça para trás, suas emoções estavam confusas e a vontade de chorar batia aos seus olhos – Eu ansiava um amor e uma família!

— E agora que conseguiu tudo que queria se desfaz como se fosse um sapato velho? – Bucky gritou, sua voz saiu forte embora tenha lhe custado uma dor insuportável o fazendo tossir muito.

— Não! – João as deixou escapar. Lágrimas de ouro corriam sua face num misto do mais profundo arrependimento com a tristeza – É tanto que eu curei você Bucky! Eu o transformei num ser grandioso! Vocês são meus orgulhos, por mais que duvidem disso e esteja me custando um dor de cabeça que eu não deveria ter!

— Não sei se sou capaz de acreditar. – Miwa batia nas costas do amigo de leve tentando aliviar-lhe a tosse – Até as loucuras do Live fazem mais sentido do que isso tudo.

— Acho que tudo isso que estamos vivendo não passa de uma fanfic ou algo do gênero – Lucy esfrega as têmporas – É muita doidera isso! Somos crianças! Não temos que passar por tudo isso!

— Realmente não tem! – João enxugou as lágrimas – Mas é preciso, pois vocês foram escolhidos. – olhou para Wizardmon e num pedido silencioso o Digimon afundou em sua sombra. A sua presença física ali não era mais precisa – Mais alguém tem alguma pergunta para fazer, acusação ou sei lá o que for? – Stephen voltou a sua cadeira e levantou a mão – Nada surpreendente, pergunte.

— Você chamou o Bucky de “ser grandioso”. O que quis dizer com isso? – o garoto alternava o olhar entre Bucky e João. – Ele não é um monstro como você ou é?

— Stephen! – Pink o repreendeu lhe dando um cascudo – Só eu falo mal do meu irmão aqui!

— Sobre o Bucky. – João pôs a mão no queixo como se alisasse uma barba – Bom, ele é como eu sim, na questão de espécie. Infelizmente ele não herdou meu jeito de pensar ou de agir, algo que eu já esperava, por mais que eu tivesse tentado criar ele para tal coisa.

“Por isso sempre pedia para deixar meus filhos em sua casa quando eu e a Ster fossemos sair!” pensou Pedro chocado; mal sabia ele que João podia ouvir seus pensamentos facilmente e não se admirou nada ao ver que o filho descobriu isso justo agora.

— O meu filho. Quando o curou com sua máquina, o senhor disse que agora ele seria um ser superior. – Pedro esforçava-se para lembrar os mínimos detalhes daquele dia – Eu lhe perguntei com o quê tinha preenchido a parte que faltava do coração do Bucky, mas nunca me contara! – Pedro agora tremia um pouco ao fazer algumas ligações em sua mente e encaixando as últimas peças, principalmente pelo sorriso diabólico que surgiu no rosto de João – O que o senhor fez?!

— Eu não tinha como transformá-lo da maneira como eu me transformei, então com a minha máquina, eu criei um pedaço para se encaixar. Um pedaço de coração idêntico ao de Wizardmon! – João ria e do nada subiu em sua cadeira pondo o pé sobre a mesa – Parabéns Bucky, o seu coração é metade digital e metade humana! Você é um Homo Digi Sapiens Sapiens!

            Miwa imediatamente se afastou do amigo o encarando. Bucky não sabia como reagir; então era por isso que tinha explosões de poder quando estava com raiva! Por isso que matou Myotismon e Barbamon daquela forma! Tudo fazia sentido agora, mas uma coisa o incomodava: os olhares que recebia agora. Todos pareciam temer o garoto da mesma forma que temiam a João; Bucky tentou sorrir autoritário e passar a aura de que nada estava diferente, mas será que ele mesmo acreditava nisso? Será que não era só questão de tempo para que se igualasse ao seu avô e agisse como tal? Por mais que ele visse todos como seus escravos e ambicionasse dominar o mundo... Nunca seria capaz de desprezar seus amigos ou sua família! Não seria capaz de desprezar os humanos!

— Eu nunca serei como você, velhote! – Bucky sorriu desafiador e autoritário. Não iria se deixar abalar, não agora. – Seja lá o que eu for, o que sei é que irei dominar o mundo e o senhor será mais um escravo! – seu pingente brilhou dando forças à sua garganta.

— Não precisa ser como eu! – João deu de ombros descendo da cadeira – Só o fato de ter minha genética e ser da mesma espécie já é o bastante para mim. Meu plano está completo até aí.

— Que plano? – Hayaki perguntou desconfiado.

— Essa é uma boa pergunta, meu caro naturista! – João sorriu – Mas não posso responder! Acho que essa conversa já deu, hein? – o mesmo relógio de antes surgiu à sua frente – Olha só a hora! Devemos nos organizar sim? Vocês têm ferimentos para recuperar e eu tenho algumas coisas para analisar para decidir o próximo passo! – João foi andando até o portão o abrindo – Eu posso teletransportar vocês ao quarto, como agradecimento pelo papo agradável! – virou-se para as crianças e seu filho – Até mais tarde! E Pedro, eu só peço que... Reflita mais sobre essa nossa conversa. – olhou suplicante para o rapaz que apenas abraçou mais as crianças ao se aproximar – Um bom descanso.

 João acenou e num instante todos estavam de volta ao quarto, menos Pedro. Este fora mandado para um quarto ao qual vinha dividindo com a esposa antes do ressurgimento do seu pai; Ster ficou mais que surpresa ao ver o marido surgindo do nada em cima da cama, tanto que quase jogou o notebook que usava pela janela, mas logo se espantou com outra coisa: as lágrimas que corriam pelo rosto do marido. Num abraço tentou lhe acalmar, mas ela sabia que seria assim, desde o momento que seus filhos se tornaram digiescolhidos ela sabia que muitas lágrimas viriam e estavam ainda por vir, e numa oração silenciosa pediu proteção para todos, inclusive para o seu sogro, se é que ele tinha mesmo voltado dos mortos; então se pôs a fazer carinho nos cachos do marido, logo notando que ele pegara no sono pelo ronco profundo que deu, o deitou na cama pondo-se ao seu lado. Qualquer coisa, ela estaria ali.

O mais novo imortal observava a cena por detrás da porta, sem necessitar abri-la, e teve que segurar as lágrimas, “Afinal, o que eu fiz?” se perguntava. Tinha acabado de voltar do jardim, passara pelo quarto dos digiescolhidos e os viu com pesar tentarem pegar no sono. “Bom, ainda tem algo que preciso fazer!” e correu em direção à saída da sede, encarando o enorme letreiro com o nome União; João começou a flutuar e seus olhos brilharam fazendo as letras se despedaçarem e tomarem uma nova forma. Agora sim, chega daquela fachada! Um grande WZD estava estampado no lugar do antigo nome.

            — Feliz agora? ~ DEATH? – Grell voltava com algumas sacolas e presenciou tal mudança – Isso que você queria não é?

— Sim, Sutcliff. – João suspirou – Agora sim, as coisas vão finalmente começar!

            Continua...

            ______________________________________________________________

            —Eu já disse pra vocês o quanto me acho gato nas filmagens? —Perguntou João nos bastidores.

            —Pare de se achar tanto! —Repreendeu o Diretor subindo ao palco sendo recebido com aplausos —Pelo jeito também sentiram minha falta!

            —Pode continuar se iludindo —Desdenhou João.

            —Você quer voltar aos velhos tempos onde passávamos os capítulos brigando? —Desafiou o Diretor.

            —Meu bem, você sabe com quem esta falando? Agora sou mais que um apresentador, sou uma estrela! Talvez eu deva conversar com os autores sobre uma mudança na direção desse programa.

            —Pare de se achar dono do mundo!

            —Hum... Boa idéia, talvez essa seja minha próxima ambição.

            —Chega! Faz logo o encerramento!

            —Se não agüenta brigar, não suba na arena! Chispa do meu palco! —João suspirou e se voltou sorridente para platéia —Foi muito bom estar com vocês novamente, nos vemos no próximo capítulo! Espero que não demore muito! Kissus no heart!


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Digimon: O Limiar de um novo mundo!" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.