Destiny and Doom escrita por KodS


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

A história está sendo repostada, espero que gostem, nenhuma grande alteração foi feita.



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Morgana havia caminhado por aquelas ruas vezes antes e mesmo assim tinha aquele formigamento nos dedos, um nó no estomago e uma vozinha em sua cabeça gritando para que fugisse, para que fosse para longe, mas de nada adiantava, ela estava determinada.

As portas do conselho estavam fechadas e provavelmente trancadas, mas isso não era empecilho, menos de meia dúzia de palavras e todos olhavam atônitos para a porta violada pelo vento selvagem e repentino e não demorou em que viessem deter a mulher.

— Venho no intuito de me render – falou alto quando entrou no recinto e se deparou no meio de homens que já se postavam para ataca-la – No entanto peço que eu mesma escolha minha sentença.

~~x~~

O dia seguinte amanheceu tenso, os sinos do castelo tocavam lenta e sinistramente anunciando uma sentença, o povo se reuniu em torno do palanque e, consequentemente, da fogueira que foram erguidos durante a noite e assistiu pasmo quando a bruxa fora escoltada, livre, pela multidão, não havia nada a prendendo, sem cordas ou guardas, apenas ela, elegante e incólume, mesmo em uma puída túnica creme e com os cabelos, antigamente longos e macios cachos negros, agora mau cortados e escondidos sob uma touca velha e suja como sua túnica, mesmo assim alguma coisa nela mantinha a antiga beleza de quando fora apenas a doce protegida de Uther.

~~x~~

— Morgana Le Fay –  falou Arthur com a rouquidão de quem está prestes a chorar, uma voz tremula e insegura – Acusada de bruxaria, traição e atentados contra o reino. Culpada pela morte do rei Uther Pendragon e de Sir Elyan – todos estavam boquiabertos quando o carcereiro incendiou a palha sob a madeira seca.

O fogo purifica” era o que diziam a ela e o que repetia para si mesma enquanto a garganta se fechava tornando impossível a passagem de ar e o fogo escalava seu corpo pálido. Ela podia sentir as olhos úmidos, não só pelas lágrimas, como pela irritação da fumaça que subia das chamas, mas não sentia as primeiras escorrer, não as deixava, tudo o que estava passando era necessário, era pelo bem de Camelot.

Na multidão seus olhos cruzaram com os de Merlin, agora uma alucinação ou uma miragem causada por sua loucura e o calor do fogo, sabia apenas que aqueles olhos a perseguiam aonde quer que você.

— Você podia ter escolhido algo mais leve – dissera ele quando fora vê-la na noite anterior.

— Qual o seu problema, eu o libertei, salvei Arthur e me rendi.

— Sabe que não posso vê-la arder, é demais para mim.

— Não se importou quando era envolvida em seus braços que sufocava. – a conversa morrera ai, como ela morreria no dia seguinte. Sabia que a lembrança de seu envenenamento era demais para o bruxo, a culpa ainda o corroia forte demais para ser ignorada, então apenas a deixou em sua escura e silenciosa prisão.

~~x~~

Agora eram as chamas em seu lugar, longos braços incandescentes em volta da incrível sacerdotisa de Avalon, sua amiga. Sim, era isso que ela era, não o que a nova religião tinha por bruxa, Morgana queria apenas a igualdade entre os seus e, como toda guerreira, resolveu buscar isso através da espada, agora queria apenas apara-la quando as cordas que a prendiam se soltaram e ela caiu para a frente, já estava morta há horas, há anos e por culpa dele.

— Morgana Pendragon – disse Arthur sobre o burburinho que invadia a multidão, quando levaram suas cinzas para o lago – Senhora de Avalon, bastarda de Uther, minha irmã e heroína por mérito próprio, que as águas te levem ao teu destino.

“ Que te levem de mim” pensou Merlin “E te afastem cada vez mais da maldição que fui em teu destino, meu amor”.

De volta ao castelo Merlin pegou a carta que Morgana havia lhe entregado alguns dias antes.

“ Te abandono hoje meu amor, para que amanhã possamos nos reunir, talvez do mesmo lado com destinos diferentes, ou talvez continuemos com nosso destino, talvez nossa sina nos mantenha afastados para a eternidade, mas te esperarei até o fim, aqui, em nosso pequeno lugar, lado a lado como os senhores que somos.

Não deixe que Camelot arranque de ti o que arrancou de mim, não deixe que tirem o orgulho de possuir sua magia, nem te tirem o amor que sentes por ela, não te esqueças que aqui, em Avalon, tu és o senhor da magia, um rei maior que Arthur e qualquer outro que possa vir a existir nas terras de Albion, Você é Emrys, o maior rei-bruxo que já pisou na terra.

Se hoje me rendo, lembre-se sempre que é por conta de suas palavras, tu és o único que sempre terá qualquer efeito sobre mim, mas não pense que estou lhe culpando, tu és o melhor homem que já conheci, o sempre simples e simpático Merlin, esperançoso que mesmo quando não quis esteve comigo, mesmo quando estava do lado contrario.

Sua eterna maldição e seu eterno destino, daquela que é o ódio para o teu amor,

Mas que te ama acima de tudo,

Morgana”

Merlin adormeceu com a carta abaixo do travesseiro, não poderia esquecer aquelas doces palavras de sua amada Morgana, mesmo que ela não estivesse com ele mais.

Sob a relva do parque escondido entre os gigantes arranha-céus da metrópole, se encontraram novamente os velhos amigos, não se viam a quase quinze séculos, mas não por isso o encontro teve menos intensidades, podiam não morar mais nos campos verdejantes de Albion, ou como era antigamente conhecido, as ruas acinzentadas da Inglaterra, mas sim entre os verdes campos do norte da Irlanda, nada alterava o fato de que o destino havia os feito se confrontar novamente, dessa vez não em uma caverna escura ou um calabouço, não como inimigos, mas como eternos amantes, não como seres escondidos, mas como lideres de todo uma religião eu renascia das cinzas eles.


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