CHAPTER FIVE – THE COVEN

“Bem vindo á sua vida, não há como voltar atrás. Mesmo enquanto dormimos, nós vamos te encontrar.”

— Lorde, Everybody Wants To Rule The World.

— Oi, posso ajudá-la?

Rebekah sorriu momentaneamente enquanto olhava para a garota sorridente na porta. Estava cedo, ela tinha ciência disso, mas a garota não parecia se importar nem um pouco com esse fato. Na realidade, a única coisa com a qual ela parecia se importar era com a maquiagem não finalizada dela, já que ela mantinha a cabeça um pouco abaixada, com o rosto um pouco coberto.

Foi naquele momento que Rebekah se sentiu uma intrusa.

— Ah, sim — Rebekah sorriu novamente — Meu nome é Rebekah, eu conheci sua mãe na escola da minha filha e nós combinamos de conversar. Eu moro á duas quadras daqui e você deve conhecer minha filha, Theresa.

A garota levantou a cabeça rapidamente, observando atentamente cada traço de Rebekah como se o que ela havia acabado de falar fosse um absurdo. Rebekah - ou a mãe de Tessa, como Allison passou a chamá-la - parecia ter, no máximo, vinte e dois anos. Seu cabelo loiro caía como cascata por seu ombro e seus olhos eram tão verdes quanto os de Tessa. E, por mais que ela afirmasse veementemente que ela era, sim, a mãe de Tessa, a única coisa que Allison conseguia enxergar naquela mulher era, na melhor das hipóteses, uma irmã mais velha fingindo que era a dona da casa.

Era estranho, era realmente muito estranho.

— Allison? Quem está na porta?

Allison balançou a cabeça rapidamente, saindo de seu transe momentâneo antes de fazer sinal para que Rebekah entrasse na casa.

— É a Rebekah, mãe — Allison respondeu, por fim — A mãe da Tessie.

Rebekah sorriu abertamente ao ouvir o apelido pelo qual Allison havia chamado a filha. Ela sabia, sim, que Allison era amiga de Tessa – essa era uma coisa da qual Tessa nunca parava de falar – mas nunca havia chegado a imaginar que elas eram tão amigas assim. Rebekah sentiu-se feliz ao saber que a filha estava, pela primeira vez, se dando bem em algo.

— Ah! Olá Rebekah, como está?

Rebekah sorriu ao encontrar a imagem de Victoria Argent parada na escada com um enorme sorriso no rosto. Acenou com a cabeça rapidamente, apertando a mão estendida de Victoria logo em seguida. Viu que Allison ainda a observava e sorriu para a morena, entendendo o motivo de sua curiosidade. Ela era mãe de uma garota de dezessete anos – e de outra de quinze – parecia ter vinte e dois anos quando, na verdade, tinha duzentos e dez. Era, de certa forma, uma benção e uma maldição.

Por sorte, suas filhas não estavam fadadas á um destino tão horrível quanto o dela.

— Estou ótima, Victoria — sorriu, virando-se para Allison logo depois — Essa deve ser sua filha, estou certa?

— Ah, sim! — Allison sorriu — Desculpe-me por não ter me apresentado. Sou Allison Argent, a filha única.

Rebekah sorriu para Allison, apertando a mão estendida da garota. Sim, ela sabia quem Allison era, mas ela vinha de uma época em que as pessoas constantemente se apresentavam como se fosse a primeira vez que elas se viam. Era normal, de certa forma, Rebekah prezar a apresentação formal.

— Queria te apresentar meu marido e meu sogro, mas eles infelizmente não estão em casa — Victoria falou, virando-se para Allison logo depois — Está arrumada, querida, vai sair?

Allison assentiu, parecendo lembrar-se apenas naquele momento de sua maquiagem não finalizada. Respirou fundo e revezou seu olhar entre Rebekah e Victoria, que pareciam igualmente animadas com a possibilidade de Allison sair para que elas pudessem conversar á sós.

— Vou — Allison respondeu, por fim — Tessa vem me buscar, acredito que vamos ao shopping ou algo assim — sorriu — Agora, se me dão licença, eu preciso terminar minha maquiagem.

Victoria sorriu, assentindo, enquanto via Allison subindo as escadas correndo. Virou-se para Rebekah, um pequeno sorriso dançando em seus lábios, enquanto fazia sinal para que a mulher a seguisse.

— Garotas.

...

— Sabia que a sua mãe estava lá em casa?

Tessa arregalou os olhos, a respiração ficando descompassada enquanto ela dirigia rapidamente pelas estradas desertas de Beacon Hills.

Anastácia havia convidado Tessa para conhecer o Coven e, sabendo que a garota se sentiria mais segura com Allison ao seu lado, estendeu o convite para a morena também, que não hesitou em dizer sim. Allison não parecia nem um pouco nervosa com a situação em que as duas se encontravam, já Tessa parecia estar uma pilha de nervos desde que a possibilidade havia surgido. O pior havia sido esconder isso de sua mãe. Agora seria mais complicado ainda, considerando que sua mãe já havia se convidado para um almoço com a família Argent enquanto ela levava Allison para o mau caminho.

Theresa Adams era um caso perdido.

— Sabe o que ela estava fazendo lá?

— Ela disse que havia combinado de conversar com a minha mãe — Allison respondeu, dando de ombros — Minha mãe praticamente me expulsou da sala quando ela chegou — respirou fundo — Você acha que ela sabe sobre nós?

— Duvido — Tessa deu de ombros — Até onde eu sei, a minha mãe é humana.

— Até onde você sabe — Allison falou, simplesmente — Afinal, até onde sua mãe sabe, você também é.

 Tessa revirou os olhos rapidamente antes de voltar sua completa atenção á estrada. Quando Anastácia a convidou para conhecer o Coven, a única coisa da qual Tessa tinha certeza era da possibilidade de eles estarem se escondendo em algum lugar deserto ou, até mesmo, na floresta, onde não poderiam ser encontrados.

E foi exatamente por isso que se surpreendeu ao avistar o local que lhes havia sido indicado por Anastácia.

O local ficava no centro de Beacon Hills – ou, como todos gostavam de chamar, a parte mais rica de Beacon Hills – e poderia ser facilmente visto de qualquer montanha que Scott decidisse escalar. A casa era enorme, branca, com duas pilastras na frente da varanda. Anastácia encontrava-se sentada em uma pequena cadeira ao lado de uma garotinha – que poderia muito bem ter 150 anos, Tessa lembrou-se – enquanto lia animadamente um livro para ela, interrompendo a leitura no exato momento em que viu o carro de Tessa se aproximar.

Foi naquele momento que Tessa percebeu que estava incrivelmente animada.

Allison pareceu perceber o mesmo, já que apenas revirou os olhos e caminhou lentamente até a varanda, cumprimentando Anastácia com um leve aceno de cabeça, enquanto olhava ao redor. Não parecia surpresa e nem mesmo maravilhada com o que via. Na realidade, ela parecia incrivelmente indiferente á toda a situação.

— Bem vindas — Anastácia cumprimentou — Ao nosso quartel general e esconderijo não tão secreto. Espero, de verdade, que apreciem a visita.

Tessa sorriu para Anastácia e, após olhar brevemente para Allison e seu semblante nada satisfeito, virou-se novamente para a porta da casa, caminhando rapidamente ao lado de Anastácia.

...

— Bem vinda, Tessa. É um enorme prazer te rever por aqui.

Tessa sorriu para Dean enquanto observava-o caminhar até Anastácia lhe dando um leve beijo na bochecha e se retirando logo depois. Por um segundo Allison sentiu o impulso de perguntá-lo a idade dele e o motivo pelo qual ele parecia ligeiramente mais velho que Anastácia, mas desistiu de perguntar após vê-lo sair rapidamente da casa, como se quisesse evitar algum tipo de contato com as convidadas de última hora.

Isso era, de certa forma, bizarro.

— Sinto muito por Dean — Anastácia desculpou-se rapidamente — Ele recebeu uma ligação de última hora da escola pedindo que ele voltasse para aplicar uma prova no lugar de um professor que faltou, ou algo assim... Bem, ele não poderá continuar conosco. Deixem-me lhes apresentar alguns de nossos mui nobres alunos.

Tessa assentiu animadamente e Allison limitou-se a respirar fundo, absorvendo o impacto de estar dentro de uma casa cheia de bruxas. Estava pronta para segui-las quando sentiu seu celular vibrar em seu bolso.

— Alô?

Tessa virou-se para Allison, os olhos focados na amiga; reparou quando Allison fez uma careta e Tessa limitou-se a fazer um sinal, permitindo que, seja lá o que tivesse acontecido, era melhor ela ir descobrir. Allison apenas sorriu e correu para fora da casa, enquanto Tessa dava de ombros, virando-se novamente para Anastácia.

— Podemos continuar? — Anastácia perguntou, sorrindo.

— Claro.

...

— E aí, como foi?

Allison parecia bem, alegre, no mínimo. Tessa permitiu-se respirar fundo antes de responder.

— Foi bom — sorriu — Ana foi bem receptiva e os aprendizes são incríveis. Um dos aprendizes era lindo e eu tenho certeza que você gostaria dele.

Allison estacou no lugar, os olhos fixos em Tessa; Tessa sabia — e Allison sabia disso — que Allison ainda namorava Scott, mas isso não a impedia de jogar alguns verdes insinuando que Tessa deveria sair com alguém que não a fizesse guardar segredos constantemente.

E era por isso que Tessa não namorava. Namoros dão trabalho e, tirando seus poderes, Tessa sempre odiou coisas que dão trabalho.

— Você andou falando com a minha mãe?

— Te garanto que não — Tessa sorriu, aproximando-se de Allison — Mas a minha mãe falou com a sua, e a sua mãe foi bem direito ao perguntar para a minha mãe se eu havia lhe dito algo sobre Scallison — Allison riu — Minha mãe disse que não e me perguntou se eu sabia de algo e, consequentemente, eu disse que não — Tessa murmurou — Mas a minha mãe sabe quando eu minto, Allison, e não vai demorar muito para ela começar a me rondar sobre o assunto, então... Talvez seja melhor você procurar alguém por quem você não tenha que mentir — sorriu — Se quiser eu posso te apresentar o tal aprendiz, só pensa nisso, tudo bem? — Allison assentiu — Ótimo. Eu preciso falar com o Isaac e com a Erica, mas antes... O que o Scott queria ontem?

— Posso ir na sua casa? Aí eu te explico — Tessa assentiu, despedindo-se com um aceno de cabeça e voltando a caminhas — Ah, Tessa! — virou-se — Eu vou pensar no que você disse.

Tessa sorriu uma última vez antes de voltar a caminhar pelos corredores do colégio.