Safe & Sound escrita por Ana


Capítulo 2
Chapter One - The Chosen One


Notas iniciais do capítulo

HELLO EVERYBODY ♥
Primeiramente queria fazer um pedido pra vocês: lembram da Erica antes de ser transformada? Eu quero que vocês imaginem a Tessa antes de ser transformada daquele jeito e agora que ela já está transformada, imaginem-a como a Candice Accola em TVD.
Espero que gostem ^^



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/702764/chapter/2

CHAPTER ONE – THE CHOSEN ONE

“Lábios brancos, rosto pálido; respirando em flocos de neve.”

— Ed Sheeran, The A Team.


Tessa olhou-se no espelho mais uma vez, um pequeno sorriso dançando em seus lábios. Estava linda. Pela primeira vez não teve vergonha de usar todo aquele couro italiano.

Pegou seus óculos – que havia deixando descansar em cima da escrivaninha – e colocou-o, percebendo o quanto sua vista ficava embaçada. Retirou-o novamente e guardou na gaveta, torcendo para que sua mãe acreditasse que ela estava usando lentes de contato.

Levantou um pouco a camiseta e sorriu ao ver que a mordida não estava mais lá. Tessa sabia as consequências desde o começo, mas estava cansada de ser invisível, estava cansada de ser excluída. Se precisasse mudar para ser inclusa, ela faria isso. Ou melhor, ela já havia feito. Mas isso vinha com um preço. Não apenas os caçadores (Derek havia sido bem claro sobre isso antes de mordê-la), mas ela também tinha uma missão: precisava cuidar da outra nova aquisição da Alcateia, afinal, de acordo com Derek, um cuidava do outro. Eles eram, de uma forma completamente estranha, uma família.

Abriu a porta do quarto e saiu desfilando pela casa, entendendo pela primeira vez uma de suas frases literárias favoritas: nada menor que 18 centímetros. A sensação de andar de salto era maravilhosa.

— Que bicho te mordeu?

Olhou para a irmã. Olivia tinha apenas 15 anos, mas já era mais madura do que parecia ser. Olivia nunca havia conhecido o pai muito bem – não tanto quanto Tessa, pelo menos – mas ela sabia do que ele era capaz para mantê-las em segurança, mesmo que ele não estivesse aqui com elas. Na realidade, a compulsão do Senhor Adams por segurança foi o que acabou com o casamento dele. Ele destruiu a família dele aos poucos e, quando percebeu que não era isso que elas queriam, deixou-as partir. Simples e rápido.

Tessa poderia ter puxado mais seu pai nesse quesito, mas Olivia era completamente sua mãe: quanto mais pessoas ao seu redor, menor a chance de você ser estuprada. Era um ótimo dilema, Tessa tinha que admitir.

— Acordei de bom humor – respondeu simplesmente.

Olivia estreitou os olhos, observando a irmã da cabeça aos pés. Tessa não era feia, nunca havia sido. A questão era que ela costumava ser ignorada. Era quieta, inteligente, o tipo de pessoa que não se mistura e, com o tempo, isso acabou virando um tipo de problema para ela. Ela nunca chamava atenção e quando chamava acabava sendo humilhada.

Irônico, não?

— Tudo bem, então – Olivia deu de ombros — Só achei estranho você estar usando couro italiano e... Tá usando lentes de contato?

— Estou – Tessa respondeu — Vai querer carona para a escola? Se quiser, aproveite. Nunca mais vai acontecer.

Olivia sorriu, abaixando a cabeça enquanto pegava uma maça na fruteira.

— Essa é minha irmã – sorriu, irônica — A mamãe foi mais cedo para o hospital, vai pegar plantão hoje. Você precisa arranjar um emprego novo.

— Estou trabalhando nisso – Tessa sorriu – Agora vai se arrumar, saímos em 10 minutos.

Olivia sorriu, virando-se e caminhando em direção ao quarto. Olivia havia puxado sua mãe na aparência. Era uma garota extrovertida que chamava atenção em qualquer lugar que passava. Estava em um relacionamento sério há, pelo menos, dois anos. Sua mãe havia hesitado no começo, mas, com o tempo, acabou aceitando que o garoto era uma boa pessoa.

Ou pelo menos ela dizia aceitar.

Ouviu seu celular bipar e pegou-o em cima da mesa, vendo o nome do Isaac na tela. Sorriu antes de abrir a mensagem, lendo alto o que estava escrito.

“Algo aconteceu, preciso falar com você. Vejo você na escola – Isaac.”.

— Estou pronta.

Virou-se para Liv sorrindo e bloqueou seu celular.

— Ótimo, vamos.

...

— Mataram o seu pai?

Isaac tapou a boca de Tessa, assentindo logo depois. Havia acontecido na noite anterior, um pouco depois de uma briga que ele e seu pai tiveram, ou seja, seria muito fácil incriminá-lo.

— Eu acho que sim — respondeu — Se eu soltar a sua boca, você jura que não grita? — Tessa assentiu — Ótimo.

Isaac soltou a boca dela devagar, constatando que a mesma não iria gritar novamente. Tessa respirou fundo antes de falar novamente:

— O que o Derek falou?

— Disse que era pra eu fingir que não sabia de nada, voltar para a escola, esperar que descobrissem e inventar uma desculpa. Se não houvessem testemunhas da nossa discussão, não teriam como me colocar como principal suspeito — respondeu.

— E o que você vai fazer? – Tessa perguntou, caminhando calmamente ao lado dele.

— Primeiro eu vou pro treino de Lacrosse — falou — Depois eu vou orar para ninguém dar com a língua nos dentes.

Tessa revirou os olhos, mantendo-se em movimento.

— Tudo bem — sorriu, parando ao lado dele na porta do vestiário masculino — Vou estar na arquibancada se precisar de ajuda.

Isaac sorriu, olhando para algum ponto atrás dela por um tempo antes de abraça-la. Tessa sorriu ao soltá-lo e caminhou lentamente em direção á arquibancada.

Percebeu – e não foi apenas uma vez – que as pessoas olhavam para ela. Não sabia se o motivo era o tanto de preto que ela estava usando ou o chapéu – também preto – com o qual ela estava desfilando. Isso sem contar o colar de ouro que havia ganho de seu pai alguns meses antes da morte do mesmo.

Tentou se convencer de que as pessoas olhavam para ela por causa de seu sumiço de uma semana e não pela sua mudança, e manteve-se de cabeça em pé, sem sequer olhar para os lados.

Isso é, até esbarrar em alguém.

— Eu sinto muito!

Abaixou-se, começando a pegar os livros da garota e, ao reparar que ela fazia o mesmo, levantou a cabeça minimamente, encontrando o olhar meio perdido de Allison Argent. Sorriu para a mesma, entregando-lhe seus livros.

— Tudo bem — falou — Eu não estava olhando para onde andava.

Levantou-se, acompanhando-a, e sorriu após vê-la sorrindo.

— Você é a Theresa, não é? — Allison perguntou — Da minha turma de espanhol. Nós nunca conversamos realmente, conversamos?

— Não. — Tessa respondeu — Mas estou tentando mudar — estendeu a mão — Sou Theresa Adams, mas pode me chamar de Tessa.

— Allison Argent — Allison sorriu — Tem aula agora?

— Ah, não — Tessa negou — Vou ver o treino de Lacrosse. Prometi para o Isaac que estaria lá, apoiando ele.

— Você é uma boa amiga — falou — Se quiser, pode almoçar comigo e com a Lydia. Se você não estiver com o Isaac... Ou se você estiver, não sei. Fale para ele que eu desejei boa sorte.

Tessa sorriu e ficou observando enquanto via Allison se distanciar. Ela sabia – Derek também havia lhe alertado sobre isso – que Allison fazia parte de uma família antiga de caçadores – e, mesmo que ele não tivesse dito ela acabaria por deduzir devido ao significado da palavra Argent – mas, diferente do que Derek havia falado, ela parecia ser uma boa pessoa.

Mas não podia dar o braço á torcer.

Continuou seu caminho até o campo e sorriu ao encontrar Isaac um pouco afastado de todos os outros jogadores. Acenou minimamente para ele e pegou um livro dentro de sua bolsa, enquanto esperava que o treino começasse.

O que sinceramente não demorou muito á acontecer.

— Vamos lá! — o treinador gritou, logo depois de apitar — Em linha!

Tessa sorriu ao ver Isaac entrando em campo. Pensou no que uma garota normal – ou melhor, uma garota normal da sua idade – faria e, ao perceber que elas possivelmente gritariam o nome dele, resolveu ficar quieta.

Não servia para esse tipo de coisa.

Observou quando Scott se posicionou no gol e, após o apito do Treinador, correu até o primeiro garoto da fila, derrubando-o e cheirando-o. Cruzou as pernas, fechando o livro e observando mais atentamente o jogo. Reparou que Scott manteve-se fazendo a mesma coisa, mesmo sob as ameaças constantes do Treinador. Respirou fundo ao finalmente notar o que estava acontecendo. Ele sabia. Sabia que havia outro, só não sabia quem era. E estava bem disposto a descobrir.

— Isaac, sai daí agora!

Viu quando Isaac olhou para ela e negou com a cabeça, sua respiração estava pesada. Ele era o próximo.

— Se você ficar aí, o Derek vai te matar — abaixou a cabeça ao perceber que algumas pessoas a olhavam — Saia. Já. Daí.

Levantou a cabeça olhando para Isaac, que sequer olhava para ela. Respirou fundo ao ouvir o apito do treinador tocar e ver Isaac e Scott correndo um em direção ao outro e se chocando um com o outro logo depois. Fechou os olhos e colocou a mão na cabeça, pegando sua mochila e colocando nas costas, pronta para correr até o meio do campo e bancar a mãe responsável quando viu três policiais se aproximando de onde Isaac e Scott estavam. Sentou-se novamente, tentando concentrar-se para ver se conseguiria ampliar a audição. Nada.

Esperou Scott e Stiles chegarem ao banco e caminhou até eles, ignorando algumas pessoas que a chamavam, e sentando-se ao lado de Scott enquanto olhava atentamente para os policiais que conversavam com Isaac.

— O que houve?

Scott virou-se para Tessa, assim como Stiles e fez cara de confuso.

— Como assim? — perguntou.

— Olha, eu sei que você é um lobisomem, assim como eu sei que você sabe que o Isaac também é — falou — Eu quero saber o que eles estão falando.

Scott pensou em se fazer de desentendido, mas sabia que não funcionaria. Olhou novamente para os policiais antes de voltar a falar.

— O pai dele morreu — iniciou — Foi assassinado.

— Você acha que ele é um suspeito? – Stiles perguntou.

— Não sei, por quê? — Scott perguntou.

— Porque eles podem prendê-lo por 24 horas — Tessa respondeu, olhando para os dois por um segundo e pegando seu celular na bolsa, enquanto mandava uma mensagem para Derek — Bem na lua cheia.

Virou-se caminhando em direção á escola enquanto digitava a mensagem rapidamente.

Temos um problema, preciso de você – Tessa.”

...

Tessa entrou na delegacia. Quem a olhasse provavelmente pensaria que ela era apenas mais uma louca descabelada cujo um ente querido estava atrás daquelas grades naquele exato momento.

E, se parássemos para pensar, era isso mesmo que estava acontecendo.

A questão era que ela estava tentando ajudar Isaac antes que ela própria não pudesse mais se ajudar. Sabia que era noite de lua cheia e sabia que se não conseguisse tirá-lo de lá o mais rápido possível, ela mesma se juntaria á ele para atacar todos os que aparecessem na sua frente. Por isso, ela se sentia na obrigação de matar algumas aulas – as últimas, apenas – para resgatar o melhor amigo. Mas não era só porque ninguém notava ela, que os policiais não saberiam contar.

— Você não deveria estar na escola?

— Possivelmente — respondeu — Eu tenho quase certeza que sim. Mas meu melhor amigo está preso, e eu preciso muito falar com ele.

A mulher olhou-a atentamente antes de responder.

— Volte para a escola — falou — E quando suas aulas acabarem você vem e fala com seu amigo. Se ele for suspeito, ele vai ficar aqui por 24 horas e você ainda pode assistir pelo menos 02 aulas até lá.

Tessa respirou fundo, levantando a cabeça e sorrindo minimamente. Não podia se estressar.

— Não vai me deixar vê-lo mesmo, não é?

A mulher negou com a cabeça e Tessa estreitou os olhos. Pensou em todas as maneiras que poderia torturar a mulher a sua frente e se repreendeu alguns segundos depois, pensando que poderia ser a ação da lua cheia sobre ela. Respirou fundo, concentrando seu pensamento em maneiras de entrar lá e resgatar Isaac sem ser, de maneira alguma, julgada como cúmplice.

E então, por algum motivo estranho, viu fogo. Era como se a delegacia estivesse pegando fogo e, no centro dela, ela saía com Isaac. Ilesos.

— AH MEU DEUS!

Olhou novamente para a mulher e percebeu que a mesma tentava apagar uma chama que havia se acendido em uma pilha de papeis que estavam ao seu lado. Manteve-se paralisada, até recobrar a consciência e caminhar até a mulher, jogando água nas chamas, que rapidamente se apagaram.

Olhou brevemente para a mulher antes de virar, se retirando. Não sabia o que havia acabado de acontecer, mas sabia que algo definitivamente não estava certo.

...

— Tudo bem — falou, entrando no carro — Qual o plano?

— Conseguiu falar com ele? — Stiles perguntou, olhando no fundo dos olhos de Tessa, que negou — Como não?

— A recepcionista fez um discurso de que eu deveria estar na escola — revirou os olhos — Eu não voltei para a escola, mas pelo menos escapei do resto do discurso — virou-se para Derek — Qual o plano?

— Eu vou distraí-la — Derek falou, apontando para a recepcionista.

— Calma, calma, calma! — Stiles chamou, segurando-o dentro do carro — Você não vai entrar lá... Eu já tirei a mão.

— Eu fui absolvido — Derek falou.

— Você ainda é um suspeito — Stiles falou.

— Na verdade, ele foi absolvido — Tessa deu de ombros — Minha mãe trabalha na policia, e quando ela soube disso ela quase surtou. Ficou duas semanas falando que um cara que tenta assassinar crianças deveria apodrecer na cadeia — olhou para Derek — Minha mãe não é muito sua fã, sabe?

— Percebi — Derek falou, simplesmente — Como ela disse, eu fui absolvido. Sou inocente, e posso entrar lá.

— Você, inocente? — Stiles perguntou ironicamente — Ah, tá! — olhou para Tessa que deu de ombros e olhou novamente para Derek — Tudo bem, qual seu plano?

Tessa olhou para Derek, sorrindo. Possivelmente, ele não tinha um plano e a recepcionista provavelmente não ia se sentir distraída o suficiente se ela entrasse. Agora Derek... Era uma história completamente diferente.

— Eu vou distraí-la — Derek respondeu, simplesmente.

— E como pretende fazer isso? Socando a cara dela?

— Eu coloquei fogo na mesa da recepcionista hoje de manhã — Tessa murmurou, olhando para Stiles — Eu deveria ter pensado nisso. Bom plano.

— Sério? — Stiles perguntou, parecendo meramente incrédulo — Tipo, sério mesmo?

Tessa deu de ombros, voltando a olhar para Derek que não estava mais tão atento á conversa.

— E aí, qual o plano? — Stiles perguntou, novamente.

— Vou conversar com ela — Derek falou, irônico.

— Ainda prefiro a ideia de socá-la — Tessa sorriu, diminuindo um pouco o sorriso ao ver a feição de Derek — Ou não, sei lá, você que é o Alfa mesmo.

— Tudo bem — Stiles falou, virando-se novamente para Derek — Me dê uma palhinha. Vai começar com o que?

Derek fez uma cara de “isso não importa” e virou-se para Tessa, que sorria. Estava prestes a falar algo quando Stiles voltou a falar.

— Silêncio mortal, vai funcionar muito bem, mais ideias?

— Stiles, olha para a cara dele — Tessa falou — Homem novo, solteiro, bonito, eu já estou suficientemente distraída... — corou — Do que nós estávamos falando mesmo?

Derek revirou os olhos, enquanto Stiles olhava incrédulo para Tessa. Anotou mentalmente que a sinceridade era uma coisa que deveria filtrar na garota se eles decidissem manter uma amizade sólida.

Tessa virou-se para Derek, as bochechas um pouco menos vermelhas.

— Mais alguma ideia? — perguntou — Uma que nos envolva?

— Claro! — Derek sorriu — Eu posso socar a cara do Stiles.

Tessa trocou um rápido olhar com Stiles antes de sorrir e virar-se novamente para Derek.

— Conversar é um ótimo plano.

...

Stiles, Derek e Tessa caminharam lentamente em direção à porta. Derek, como sempre, mantinha sua pose extremamente confiante enquanto Stiles e Tessa tentavam fazer o mínimo de barulho possível.

Stiles olhou para Tessa, parecendo minimamente confuso. Pensou em fazer a pergunta que lhe assombrava, mas temeu que poderia despertar algo nela que ele não queria que fosse despertado.

Não ali, não agora.

Manteve-se em silêncio enquanto os dois ouviam a conversa entre Derek e a recepcionista e, ao perceberem que ela já estava devidamente distraída, entraram esgueirando-se pela delegacia.

Tessa tentou não pensar no que não estava acontecendo. Ela havia sido mordida. Confere. A mordida, assim como Derek havia dito, havia curado. Confere.

Mas ela não havia se transformado ainda. E a lua cheia estava a pino. O que queria dizer que ela deveria, sim, ter passado pela transformação e, possivelmente, deveria ter matado Stiles.

Mas nada disso havia acontecido.

Lá estava ela, humana, colocando fogo nos papeis da recepção com a mente.

— É aqui.

Olhou para Stiles que estava parado perto da parede, digitando uma senha em algo que parecia um interruptor. Pensou em comentar como tudo naquele lugar parecia antiquado, mas sabia que isso não ajudaria em nada.

E foi então que ouviu som de chaves.

— Ah não. — murmurou, saindo da sala — Agora não.

Correu pelo corredor ao lado de Stiles, observando cada corredor antes de se virar, prevenindo um possível encontro com algum policial ou, pior, com sua mãe.

Viraram em um corredor, dando de cara com um policial cuja perna estava servindo como aljava para uma flecha pela metade.

— Ah, eu... Estou procurando...

— Stiles — Stiles olhou para Tessa — Olha a perna dele.

Stiles desviou o olhar para a perna do homem, desviando o olhar para Tessa e, em seguida, para o homem novamente. Tentou correr, mas foi pego pelo homem, que o arrastou tampando sua boca.

Vocês podem estar pensando: o mais racional para Tessa fazer nesse momento seria, no caso, correr atrás de Derek e implorar por sua ajuda, considerando que ela não estava transformada, afinal, Tessa é uma garota inteligente e racional que pensa antes de fazer as coisas.

Uma dica: Tessa não é uma garota racional; ela não pensa antes de fazer as coisas. Principalmente quando isso envolve um amigo. Ela daria sua vida facilmente por um amigo.

Sem hesitação.

Marquem isso.

Correu atrás de Stiles, segurando-o pela perna e sendo arrastada junto com o mesmo para a cela onde Isaac deveria estar. Não percebeu quando Stiles ativou o alarme de incêndio e sequer reparou quando o homem o soltou. Estava muito ocupada olhando para um ponto fixo no local.

A porta da cela aberta. A cela onde Isaac deveria estar.

— Mas...

Não teve tempo de terminar de falar, Isaac já havia pulado sobre o homem, fazendo com que Stiles e ela se esgueirassem para trás da mesa. Parou para refletir no quanto estava sendo idiota afinal, assim como Isaac, ela teoricamente era um lobisomem. Desistiu de pensar assim no exato momento em que Isaac quebrou o braço do homem, batendo sua cabeça contra a parede.

Quem precisava lutar contra um lobisomem descontrolado, não é mesmo? Se um lobisomem descontrolado já estava dando tanto problema, imaginem dois lobisomens descontrolados.

Não, não imaginem. Por favor.

Tessa ouviu quando Derek pisou na seringa de acônito, destruindo-a, mas não se importava com isso. Importava-se apenas com o fato de que Isaac olhava para ela e Stiles de maneira completamente assassina.

Segurou o braço de Stiles, puxando-o para trás enquanto via Isaac irromper ferozmente na direção deles.

E então Derek rugiu.

Tessa pensou em se inclinar no lugar – assim como Isaac fazia do outro lado da sala – e sentiu a cor de seus olhos mudarem por um segundo, antes de voltarem ao tom normal. Trocou um rápido olhar com Stiles e levantou-se rapidamente, pondo-se ao lado de Isaac que tremia do outro lado da sala.

— Como fez isso? — Stiles perguntou olhando para Derek, que sorriu.

— Eu sou o Alfa.

...

Tessa olhou-se no espelho, concentrando-se em sua imagem. Pensou em desistir, afinal, nada havia acontecido.

Mas ela havia sentido – ainda que por um segundo – a cor de seus olhos mudarem. Derek havia falado como era a sensação. Ele dizia (com as palavras dele) que era como ter o poder correndo por suas veias. E ela havia sentido isso. Não apenas naquele momento, mas também quando ela colocou fogo nos papeis na delegacia – ou pelo menos ela achava que tinha sido ela.

Olhou-se novamente no espelho e sorriu por um segundo, desfazendo o sorriso no segundo seguinte ao não entender o que havia acontecido.

Derek havia lhe explicado os estágios pelo qual um lobisomem passava: os olhos dourados quando se é um beta que nunca matou ninguém; os olhos azuis quando se é um beta que matou alguém e olhos vermelhos para um alfa.

Mas seus olhos não estavam com nenhuma dessas colorações – antes estivessem.

Respirou fundo, buscando em seu celular um dos vários número que haviam em sua agenda. Sorriu ao encontrá-lo e pensou, por um segundo, se deveria seguir em frente com o que ia fazer.

Deveria.

Alô?

— Allison, é a Tessa — falou, um pouco nervosa — Preciso da sua ajuda.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Kisses :3