Deep Six - Novos Horizontes escrita por Gothic Princess


Capítulo 7
Capítulo VII - Confiança zero


Notas iniciais do capítulo

Hello, heroes!! Mais um lindo capítulo com final que vai levar a outro beeeeem emocionante. Queria que o título desse fosse "Zero trust", mas como coloquei tudo em português até agora vai ficar assim mesmo.

Espero que gostem!!



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Kevin ficava impressionado em como sempre que ele precisava fazer algo importante, alguém da sua equipe quase era morto. Ele e Apolo haviam voado às pressas para Gotham naquela noite, extremamente preocupados depois de receberem uma ligação de Scott dizendo que Grace e Mel haviam se ferido em uma missão contra Zeus e dois novos vilões.

— Scava, onde eles estão? — Kevin perguntou assim que entraram no elevador.

— Enfermaria, andar da sala de treinamento — a voz robótica respondeu e assim que as portas se abriram, os dois andaram rapidamente até a enfermaria, logo vendo Scott parado ao lado da porta.

— Elas estão bem? — Apolo perguntou e, antes que o atlante pudesse responder, todos ouviram a voz da Wayne.

— Me explica de novo como isso pôde acontecer! E, Cassandra, se você tentar colocar essa bolsa gelada na minha cara de novo vou te matar!

— Ela tá reclamando, deve estar ótima — Scott andou para mais perto das duas heroínas, que estavam sentadas em macas distintas.

— Seu maxilar quase saiu do lugar, precisa colocar gelo! — Cassy rebateu e a mais velha arrancou a bolsa de gelo das mãos da irmã e a colocou em seu queixo para fazê-la calar a boca.

— Você é mais rápida do que o Zeus, não importa o que aquele imbecil fale ou faça, ele não é mais veloz do que você — Melissa voltou a falar com Grace, que tinha seu tronco enfaixado e estava de pernas cruzadas sobre a maca ao lado. — Como ele conseguiu te pegar?

Grace engoliu seco e mordeu levemente o lábio inferior, pensando numa resposta.

— Então… Eu meio que caí e ele… Foi mais rápido… Dessa vez — ela coçou a nuca.

— Não é uma desculpa para ser pega de surpresa. Por sua causa eles fugiram! — Melissa retrucou e a loira franziu o cenho.

— Para de dizer que foi minha culpa porque eu não tive culpa! Foi mal por errar de vez em quando, sou uma meta-humana que erra como qualquer ser humano. Mas se acha que prendê-los é tão mais importante do que a minha vida, deveria ter deixado o Zeus me cortar em pedaços!

Dizendo isso, ela correu para fora da enfermaria e Scott lançou um olhar de desaprovação para Mel.

— Não precisa desse estardalhaço todo Mel — Apolo tentou acalmá-la, sabendo que a morena estava com raiva. — O que eles levaram de tão importante?

Essa pergunta pareceu fazer uma luz se acender na cabeça dela e aumentar ainda mais sua irritação, fazendo-a se virar para Tony, que estava sentado em uma cadeira do outro lado da enfermaria e mexia em seu celular.

— Você! — ela gritou e ele olhou em sua direção. — Acha que pode sumir do nada e simplesmente brotar dizendo o que precisamos fazer?!

— Está mesmo descontando sua raiva em mim porque levou uma porrada no rosto e não conseguiu revidar? — o detetive questionou e ela arremessou a bolsa de gelo na direção dele, não acertando por pouco quando ele se esquivou.

— Calma, Melissa — Kevin a repreendeu.

— Eu deveria estar com raiva, já que fizeram exatamente o que eu mandei não fazerem, que era não deixá-los conseguir os diamantes — Tony se levantou, um tom sério em sua voz.

— Roubar é errado, entendemos, mas não entendi essa irritação toda por causa de diamantes. Quero dizer, já roubaram coisas mais perigosas antes — Scott disse, sabendo que essa também era a dúvida dos outros.

— Descobriu algo que não sabemos nesse tempo que ficou incomunicável? Com sempre faz quando vai tentar descobrir alguma coisa, devo acrescentar — Cassy cruzou os braços.

— Primeiro, não estou falando com você — o detetive olhou brevemente na direção da mais nova, que revirou os olhos. Ninguém ficou surpreso com o comentário, já que os dois nunca haviam se dado muito bem desde a formação da equipe. — Segundo, descobri que outra joalheria foi roubada no mesmo dia em que aqueles três vilões que deram uma surra na equipe roubaram o banco. Mais diamantes sumiram daquela vez e de forma discreta, pois não queriam que soubéssemos que precisavam dos diamantes.

— Se tiveram tanto trabalho para esconderem isso de nós da primeira vez, por que não criar uma distração novamente? — Apolo perguntou.

— Talvez estejam sem tempo, talvez precisem dos diamantes agora. Ainda não tenho certeza, mas se eles precisavam deles era para algo importante.

— Tony, sei que está com raiva de mim por não ter contado que eles estavam na cidade, mas fiz isso porque da última vez que se viram você tentou explodir o Jeff — Cassy falou e ficou irritada ao perceber que ele ainda a ignorava. — Para de ser infantil e fala comigo!

— Quem são essas pessoas que voltaram? — Kevin perguntou.

— Ninguém  — o detetive respondeu.

— Jeffrey e Janessa Crane, os filhos do Espantalho — Melissa retrucou. — Eles voltaram há alguns meses e o Bertinelli só soube agora.

— Então os Crane estão trabalhando com os Luthor? — Apolo lembrou-se da garota chamada Jane que estava com Amanda na Universidade de Metrópolis alguns dias antes.

— A Jane provavelmente, não posso dizer o mesmo do Jeff. Ele fez algumas coisas erradas no passado, mas nada comparado ao que os Luthor ou a Duela fizeram  — Cassandra argumentou. — Ele nem sabe lutar porque é pacifista.

— Não acredito que ainda defende esse maldito depois do que ele fez! — Tony exclamou, ignorando o fato de estar ignorando ela.

— Não estou defendendo, estou falando a verdade! — ela rebateu no mesmo tom.

— Odeio me intrometer nessa conversa, mas a Cassy tem razão — Melissa recebeu olhares surpresos de seus amigos.  — Eu conheço o Crane e ele nunca machucou uma mosca. Além disso, é muito orgulhoso para trabalhar como minion dos Luthor.

— Claro que vai defender o ex-namoradinho, é outra coisa que você e sua irmã tem em comum, além de serem ingênuas para certos assuntos — Tony rebateu e Scott arregalou os olhos.

— Espera, a Mel já namorou outro cara? Achei que só o Apolo era paciente e legal o suficiente para aturar ela  — o atlante recebeu um olhar de Kev que dizia “Agora não é hora para brincadeiras”.

— Está levando o que aconteceu para o lado pessoal então consegue enxergar que pode estar errado! Não pode simplesmente prender alguém sem provas e ele não tem histórico criminal nenhum — Cassy disse.

— Tem razão, é pessoal. Por isso não precisam se preocupar porque vou achar as provas que preciso para colocá-lo na prisão sozinho — o detetive se virou na direção da saída para ir embora da enfermaria, parando ao sentir uma mão em seu ombro.

— Não precisa fazer tudo sozinho, foi exatamente para ajudarmos uns aos outros que  formamos a equipe  — Kevin falou. — Somos seus amigos, pode confiar que vamos estar do seu lado mesmo que algumas opiniões sejam divergentes das suas.

— Já confiei em pessoas antes. Não deu muito certo — Tony deu mais um passo para frente, tirando a mão do líder de seu ombro. — Esse é um dos motivos para eu nunca contar meus planos a ninguém, da última vez eu terminei coberto de sangue… E não era o meu sangue.

— Está deliberadamente dizendo que não confia em nós? — Cassandra já sabia a resposta.

— Precisamente — ele nem se virou quando disse e foi embora.

O silêncio reinou na sala alguns segundos depois que ele saiu, até Scott resolver perguntar.

— Por que esse ódio todo pelo Crane?

— Ele acha que o Jeffrey matou o primeiro Questão — Cassy respondeu, suspirando e sentando-se ao lado da irmã na maca.

— E matou? — Apolo arqueou uma sobrancelha.

— Ninguém conseguiu dizer, não haviam provas.

— Mesmo assim, não deveriam tomar o lado do suspeito de ter matado um membro da Liga — Kevin encarou as duas.

— Todos são inocentes até que se prove o contrário — Mel se levantou e massageou o maxilar, que ainda doía.  — Mesmo assim, não estou do lado de ninguém, só fiz um comentário.

— Tenho a impressão de que esse assunto ainda vai nos dar dor de cabeça num futuro bem próximo — Apolo disse, mais para Kevin do que para os outros.

— Enquanto estamos em relativa paz, é melhor ir falar com a Grace, Mel — Kev cruzou os braços e a morena bufou.

— Por que eu?

— Porque foi você quem gritou com ela, e foi você quem deu a entender que uma missão besta era mais importante do que a vida dela… Quer que eu continue? Posso fazer isso a noite toda  — Scott ironizou.

Melissa teria trincado o maxilar se ele não doesse tanto. Se deu por vencida e mandou Scava chamar Grace. A velocista chegou à enfermaria um minuto depois.

— O que foi?  — a loira perguntou, seus braços cruzados e sua expressão ainda séria.

— Me desculpa por falar que a missão era mais importante que a sua vida e por gritar com você. Com certeza teve um motivo para você ter caído e eu não tenho o direito de te julgar — as palavras saíram de forma monótona e quase automáticas, tornando a desculpa extremamente fria.

Grace, porém, pareceu não ligar, pois abriu um sorriso e abraçou a morena.

— Eu sabia que tinha sido só da boca pra fora, Mel. Todos nós sabemos que quando está com raiva você fala muitas coisas que não quer, já estamos acostumado!

— Se me conhece tão bem assim, sabe que não sou fã de abraços — Melissa deu dois tapinhas nas costas da amiga e ela se afastou.

— Bem melhor — Kevin sorriu. — Acho que todos precisamos disso. Essa responsabilidade de sermos heróis está nos deixando tensos demais e estamos descontando uns nos outros.

— O que sugere que façamos para mudar isso, então? — Scott perguntou.

§

Kevin não sabia se aquela seria uma boa ideia, na verdade esperava que fosse. Com os membros do DS ficando cada vez mais distantes uns dos outros por conta de brigas bobas, ele sugeriu que todos os heróis fossem para um festival que acontecia em Metrópolis em homenagem ao Superman. Na noite seguinte ao incidente com os diamantes, todos concordaram com a ideia e foram para a cidade vizinha.

O Parque Centenário, o maior parque público da cidade, estava lotado de atrações e barracas para entreter as pessoas que vinham para o evento. Logo o próprio Superman apareceria e o prefeito da cidade faria um discurso, mas até lá, os heróis tinham tempo o bastante para se divertirem um pouco.

— Fico feliz que tenham conseguido vir — Kev disse para Natasha e Joe, que haviam acabado de chegar.

A thanagariana mantinha suas asas bem próximas ao seu corpo para não chamar atenção, e não recebia tantos olhares por pensarem que aquilo era só uma fantasia. Joe usava roupas civis e uma jaqueta de couro azul, seu anel nunca deixando seu dedo.

— Precisávamos de um tempo, os Stormwatch estão mesmo com muito trabalho lá em cima — o Azul sorriu.

— Se precisarem de alguma ajuda, é só chamar — Kate se aproximou deles.

— Aposto que vamos precisar logo — Natasha olhou em volta e seus olhos pararam em uma garotinha baixa com olhos grandes e castanhos e cabelos cor de chocolate que a encarava. Ela não devia ter mais do que seis anos de idade e parecia fascinada pelas asas da alienígena.

— Você tá fantasiada de anjo? — a garotinha perguntou, curiosa.

— Não — a thanagariana já havia ouvido aquilo antes, mais especificamente quando Scott tentara lhe dar uma cantada. — Minhas asas são de verdade.

— São mesmo? — a jovem se aproximou e acariciou as penas brancas da mesma. — Elas são lindas!

Kevin e Kate sorriram enquanto Joe segurava a risada ao perceber a expressão atônita da amiga alien.

— Eu tenho asas assim na minha fantasia de anjo, mas eu posso tirar elas. Se você tirar as suas vai doer? — a menina inclinou levemente a cabeça para o lado e Natasha se curvou até ficar mais ou menos da altura dela.

— Imagine como seria se arrancassem seu braço. Isso é o que eu sentiria se tirasse minhas asas, uma dor insuportável e excruciante, e muito sangue ia jorrar também, não só o meu, mas de quem tentasse tirá-las de mim — a resposta havia sido tão fluída e tranquila que os três heróis só perceberam o que ela havia dito tarde demais, ficando boquiabertos.

Eles viram o lábio inferior da garotinha começar a tremer e seus olhos se encherem de lágrimas, e então ela começou a chorar muito alto, parecendo desesperada e com medo que Natasha fosse realmente arrancar seu braço.

— Boa, Nat... — Joe deu um tapa na própria testa.

— Ela perguntou, eu só respondi! — a garota alada se defendeu, não entendendo o motivo do choro.

— Eu dou um jeito nisso — Kevin olhou para os lados até encontrar Melissa e Apolo andando na direção deles. — Mel, pode dar uma ajuda?

A Wayne andou até o amigo com um algodão-doce nas mãos, comendo-o com o namorado. Assim que ouviu os choros da criança, ela fez uma careta, a mesma que fazia sempre que ficava perto de algum bebê ou criança.

— Pode fazer ela parar de chorar? — o Kent a viu se virar rapidamente da direção da garotinha e colocar o algodão-doce na frente de seu rosto.

Assim que abriu os olhos, a menina parou de chorar e lançou um olhar de dúvida para Mel.

— Pega logo e para de chorar, isso me irrita — a morena disse e a garotinha sorriu, pegando o doce.

— Obrigada, moça! Vou dizer para a minha mãe que você é muito legal e bonita — a garotinha saltitou para longe e Apolo deu um beijo na bochecha da namorada.

— Você é ótima com crianças — ele comentou e ela revirou os olhos.

— Não, você é. Eu só dou coisas para elas para que saiam de perto de mim.

— Deveria dar umas dicas para a Nat então, ela é péssima com crianças — Joe cutucou a amiga com o cotovelo.

— Olha se não é a minha garota favorita! — eles ouviram Scott e logo o atlante estava ao lado de Natasha. — Sentiu minha falta?

— Se tocar em mim eu te jogo naquela fonte no meio do parque — ela o viu dar um passo para o lado por segurança. — E não, eu não senti sua falta.

— Ah, para, sei que sentiu. Ficamos quase uma semana sem nos vermos, eu senti a sua — ele sorriu e ela estreitou os olhos.

— Não estava beijando uma garota ao lado daquela barraca há um minuto atrás?

— Estava, mas o fato de eu ter dispensado ela e vindo ficar com você mostra o quanto é importante para mim, certo? — Scott ergueu as mãos e Natasha sentiu muita vontade de acertar um soco na cara dele.

— Quer outro algodão-doce? — Apolo perguntou para a namorada, os dois ignorando a discussão que começara entre Natasha e Scott.

— Não, mas quero outra coisa que é doce — ela sorriu e o puxou para um beijo.

Os dois foram separados quando Cassandra passou no meio deles e abraçou Joe.

— Ai, ainda bem que você chegou! Eu estava segurando um candelabro gigante aqui, todos os casais vieram e o meu Greg ainda está em missão — a Wayne mais nova choramingou.

— Não somos tão ruins assim — Kate abraçou Kevin de lado, encostando a cabeça no ombro do maior.

— Se beijam a cada dois minutos, são sim. E a Grace e o Ethan são pior porque nem se beijam e nem sabem que se gostam.

— Não entendi sua lógica, Cassy — Kevin riu da amiga.

— Pra resumir, estou cansada de ser vela. Vamos em alguma tenda de jogos — Cassy puxou Joe na direção de uma barraca de tiro ao alvo e Natasha foi logo atrás, querendo se afastar de Scott.

Grace e Eth haviam subido na roda-gigante média que havia sido erguida perto da estátua do Superman.  Os dois adoravam alturas e não paravam de se balançar no banco em que estavam sentados.

— Vão nos expulsar daqui a pouco — o moreno comentou.

— Nem ligo, isso é muito legal! — Grace sacudiu as pernas e deu um impulso forte para frente, quase fazendo o banco da roda-gigante, que por acaso estava bem no alto, girar.

Por um segundo eles ficaram estáticos, olhando para baixo com os olhos arregalados, até que o banco voltou ao normal e ambos suspiraram aliviados. Depois de alguns segundos após a quase queda sem dizer nada, ele se virou para ela.

— Quer fazer de novo?

— Claro! — a loira continuou a dar impulsos com o moreno e já conseguia prever que eles cairiam dali em questão de minutos, mas que seria uma experiência incrível.

Yuki havia acabado de ganhar um ursinho azul de pelúcia em um jogo de tiro ao alvo, e assim que o homem da barraca lhe entregou o brinquedo, ela o deu para Damian.

— Não era eu quem deveria te dar essas coisas? — o moreno sorriu, passando o braço por cima dos ombros dela enquanto andavam pelo parque.

— Já que sou alérgica à flores, bichos de pelúcia e quase tudo que os namorados deveriam dar para as namoradas, posso pelo menos te dar um ursinho — ela segurou a mão dele que estava sobre seu ombro e olhou admirada para seus arredores.

Ela nunca havia ido a um festival daqueles, não com tantas pessoas nem com tantas atrações. Estava se divertindo muito com seu namorado e seus amigos, mas queria que todos estivessem ali.

— Uma pena o Tony não poder vir, deveria ter insistido mais — ela disse, casualmente, percebendo que Damian ficou um pouco mais tenso com a menção do detetive. — O que foi?

— Hum... — o maior desviou o olhar para algumas árvores.

— O que foi esse "hum"? — ela conteve o riso, sabendo exatamente o que era.

— Você passa muito tempo com ele.

— E daí? Você passa muito tempo com suas irmãs e não me vê reclamando.

— Elas são minhas irmãs — ele parou de andar.

— E ele é meu amigo, qual o grande absurdo nessa situação? — ela o encarou, esperando uma resposta.

Damian se afastou um pouco dela para poder encará-la.

— Não é nenhum absurdo. O problema é que as vezes ele age como se gostasse de você, e não apenas como um amigo.

— Ele só faz isso porque quer te provocar e porque você é facilmente irritável — a oriental deu uma leve risada, colocando ambas as mãos nos ombros do namorado. — Se parar de entrar na pilha, ele vai parar de te provocar. E mesmo que ele continue, saiba que você é meu namorado e eu te amo. Entendeu?

O moreno pareceu voltar a relaxar após ouvir as palavras da jovem e deu um sorriso de canto, assentindo com a cabeça e depositando um beijo suave nos lábios dela.

— Também te amo, floco de neve — ele segurou uma das mãos da oriental e se preparou para continuar a caminhar, porém a sentiu puxá-lo na direção oposta.

— Dami, vamos tirar uma foto — ela o levou até uma cabine de tamanho médio e ele pareceu incerto se aquilo era uma boa ideia. — Já namoramos há meses e não temos uma foto juntos. Por favor, só essas quatro.

Ele suspirou, dando-se por vencido e entrando na cabine com ela, sentando-se no banco acolchoado e colocando uma nota de cinco dólares dentro da máquina. Quando ia apertar o botão para tirar as fotos, ouviu a voz de Cassy.

— Dami, Yuki, vamos comer algo no... — ela abriu a cortina, depois de ver os dois entrando ali, e viu o que eles iam fazer. — Nossa, vão tirar uma foto? Beleza, vou chamar o pessoal.

— O quê? — Damian indagou.

— Gente, vamos tirar foto! — a Wayne mais nova gritou.

— Odeio foto — ouviram a voz de Melissa se aproximando.

— Queria mesmo uma foto da equipe — Grace pulou para dentro da cabine.

— Esse negócio só tem capacidade para cinco pessoas — Ethan argumentou, também entrando.

— Se cabem cinco, com certeza cabem mais cinco — Scott disse.

— Natasha, abaixa essas asas! — Kate reclamou quando uma delas acertou seu rosto.

— Não quero sentar do lado dela — Melissa cruzou os braços, referindo-se a Kate.

— Não começa — Apolo retrucou e ela bufou.

Damian estava com muita vontade de sair com Yuki e derrubar a cabine com todos eles dentro, mas percebeu que a namorada estava se divertindo com a situação e ficou na sua.

Depois de muitas reclamações e empurrões, os heróis terminaram dentro da cabine com Kevin, Damian e Apolo sentados no banco acolchoado, Kate, Yuki e Melissa sentadas nos colos de seus respectivos namorados, Cassy sentada no colo da irmã e Grace no colo de Kate. Ethan, Natasha, Scott e Joe se apertaram na parte debaixo de maneira que também aparecessem na foto e então o Lanterna Azul apertou o botão.

Quando saíram, Cassy foi a primeira a pegar o papel com quatro fotografias que havia saído da máquina. Ela não aguentou e começou a rir, entregando a foto para Kevin que a mostrou para os outros.

Na primeira foto todos haviam sorrido e apareceram perfeitamente, mesmo que apenas os rostos de Kev, Apolo e Damian tenham aparecido. Na segunda, Grace, Cassy e Scott havia aproximando o rosto da câmera e feito caretas, cobrindo os rostos dos outros. Na terceira, Melissa está dando um tapa na nuca da irmã depois da brincadeira, Grace caiu em cima de Ethan e todos riam da expressão constrangida do Palmer. Na última, todos os casais haviam se beijado e, quando Scott tentou fazer o mesmo com Natasha, ela lhe deu um soco no rosto, fazendo Grace, Joe, Cassy e Ethan rirem.

— Essa doeu — Scott massageou a bochecha direita.

— A foto pegou um ângulo ótimo desse soco! — Grace apontou, ainda rindo.

— Não foi o que planejei, mas até que não foi tão ruim — Yuki olhou para o namorado, que deu de ombros.

Todos ouviram o som de alguém falando num microfone e todas as pessoas presentes começaram a ir em direção à estátua do Superman no meio do parque.

— Ele chegou! — Kevin anunciou e os heróis se dirigiram ao pequeno palco montado ao lado da estátua.

Melissa, porém, parou de andar ao ver uma sombra passar perto deles e se esconder atrás de uma das barracas. Ela estreitou os olhos para poder ver melhor e teve certeza de que a mesma sombra correu rapidamente para trás de outra barraca.

— Mel, vamos? — Apolo voltou para buscá-la.

— Podem ir na frente, preciso checar uma coisa — ela o viu concordar e se afastar com os outros. Também viu que Damian olhava em sua direção e parecia perguntar se ela estava bem. — Já alcanço vocês.

O mais velho, então, se virou e seguiu os outros.

Ela aproveitou que todos haviam ido ver um dos maiores heróis do mundo e correu até onde havia visto a sombra. Agora não havia ninguém ali, nem um rastro na grama de que alguém tivesse pisado naquele local há alguns segundos. Ainda não acreditando que havia sido apenas algo de sua cabeça, a Wayne se afastou mais da festa, indo na direção da parte mais escura do parque que não estava sendo iluminada pelas lanternas coloridas.

Ficou um tempo encarando a escuridão para tentar ouvir algo, uma respiração, passos, qualquer coisa...

Nada foi ouvido.

Ela sentiu-se frustrada por um momento, até sentir a presença de alguém atrás de si e se esquivar para o lado. Uma lâmina longa passou de raspão por seu braço e ela rapidamente se virou para trás, vendo uma figura com roupas de ninja pronta para atacá-la novamente. Parecia ser um homem alto e forte, e ele não tinha intenção de apenas feri-la.

A Wayne deu um pulo para trás quando a lâmina desceu mais uma vez na direção de sua cabeça, entrando em posição de defesa e se preparando para lutar contra aquele cara. Ele girou a espada, que mesmo com pouca luz ela pôde distinguir e ver que era uma katana, e começou a desferir diversos ataques, fazendo a heroína recuar consideravelmente.

Assim que as costas dela bateram no tronco de uma árvore, Melissa pensou rápido e se esquivou mais uma vez, fazendo a katana ser enterrada fundo na madeira. Outra lâmina surgiu, algo parecido com um punhal, e esta veio na direção da barriga dela. Por sorte, ela percebeu a tempo e segurou a mão do homem, tentando impedir que ele a furasse.

Sem aviso, o ninja foi puxado para trás e ela viu seu irmão acertando um chute em cheio no rosto dele, o empurrando para longe dela. O inimigo se recuperou em segundos e começou uma luta contra Damian, que bloqueava todos os ataques do outro e não parecia nem estar se esforçando para isso. Quando Melissa pensou em ajudar, viu o Wayne mais velho conseguir derrubar o ninja de joelhos e envolveu um dos braços ao redor de seu pescoço, usando a mão livre para manter a cabeça dele parada.

Os olhos da morena se arregalaram quando viu o que ele ia fazer e ela correu na direção dos dois.

— Damian! — assim que ela berrou, o mais velho virou o pescoço do homem com tamanha força que quase pode-se ver o mesmo girando 360 graus.

Ela parou em estado de choque e surpresa quando o corpo inerte caiu no chão. Olhou para o irmão e ele não parecia perturbado com o que havia acabado de fazer, a única coisa que podia ser vista em seu rosto não era remorso ou nervosismo, só raiva e impaciência.

— Ele te feriu? — a voz dele a fez sair do estado de choque.

— Por que fez isso? — ela perguntou, sua voz baixa.

— Responda a pergunta.

— Não, você responda! — ela gritou, sua respiração começando a ficar levemente alterada.

— Lembra-se de quando nossa mãe disse que haveriam consequências se não voltássemos com ela para Nanda Parbat? — ele não a esperou responder, pois sabia que ela se lembrava. — Ela tem mandado membros da Liga dos Assassinos para matar os heróis do DS desde que foi embora.

A notícia a acertou como uma bomba no peito.

— Então ele é...

— Um assassino que veio aqui matar você, ou outro herói que veio conosco para o parque. Venho impedido eles de se aproximarem e o único jeito de fazer isso é matando eles.

— Vem matando pessoas esse tempo todo? — ela realmente não esperava por aquilo.

— Se estivessem vivos, voltariam para tentar de novo.

— Por que não nos contou?! Acha que nenhum de nós sabe se defender? Somos heróis, pelo amor de Deus!

— Porque reagiriam da forma como você está reagindo agora — ele respondeu, calmamente. — Eu preciso fazer isso e vocês não entenderiam.

— Precisa matar pessoas para sentir-se bem? — Melissa ficava mais assustada conforme a conversa tomava rumo.

— Não sei o que nossa mãe fez comigo, mas eu sinto a necessidade de matar. Você também deveria sentir, só que aprendeu que era errado e conseguiu acabar com esse lado da sua personalidade. Infelizmente é tarde demais para mim — ele não parecia chateado com isso, só indiferente.

— Prometeu para mim e para a Cassy que não mataria mais, prometeu para o nosso pai e para os heróis do DS! Se tivesse falado que tinha esse problema, poderíamos ter ajudado você a...

— Teriam mesmo? — ele se aproximou da irmã, vendo-a dar dois passos para trás para se afastar dele. — Sou um psicopata, um monstro que mata porque gosta. A única coisa que me torna menos pior do que a Filha do Coringa é que eu mato para proteger aqueles que amo.

— Psicopatas não podem amar...

— Eu amo você, a Cassy, a Yuki. Porém não sinto nenhum tipo de afeição com os outros membros da equipe e só não deixo que morram porque vocês ficariam abaladas. Entenda que tudo o que faço é por causa de vocês — ele estendeu a mão para tocar no ombro da menor, mas ela deu um tapa na mesma e recuou ainda mais.

— Isso não justifica matar, não tem o direito de tirar uma vida porque simplesmente teve vontade! — ela passou a mão no rosto, tentando clarear seus pensamentos. — Foi por isso que apareceu todo machucado naquele dia na base? Matou outro membro da Liga dos Assassinos naquele dia?

— Sim, mas os ferimentos não foram causados pelo homem que matei naquele dia — ele ia explicar sobre a garota coruja que o atacou, mas Melissa o cortou.

— Não acredito que fez isso... Damian, quantas pessoas você matou desde que entrou para a equipe?

— Vinte e três — ouvir isso fez o sangue sumir do rosto da jovem e ela ficar pálida. — E nossa mãe continua mandando mais, não sei quando ela vai desistir.

— Como pode falar isso com tanta tranquilidade?!

— Mato desde que tinha cinco anos, não é novidade. Agora, não quero que conte o que viu para a Cassy, nem para a Yuki — ele andou até o corpo e o colocou sobre o ombro direito.

Melissa se controlava para não socar a cara dele ou sair correndo e se afastar o máximo possível daquele estranho que ela achou que conhecia.

— Quando ela vai parar de tentar matar os heróis do DS? — ela questionou, um nó se formando rapidamente em sua garganta quando ele lhe lançou um olhar incerto.

— Quando voltarmos para Nanda Parbat — ele a viu balançar a cabeça em sinal de negação. — Só finja que não viu isso e volte para a sua vida normal, estava tudo bem até você me ver matando esse assassino.

— Não posso esquecer! Meus amigos correm o risco de serem mortos por nossa causa e meu irmão é um serial killer! — ela berrou, com raiva. — Vou dar um jeito nessa bagunça sozinha. Não vou contar nada para os outros, mas você perdeu totalmente a minha confiança!

— Melhor do que perder vocês três — ele disse e virou as costas para ela, andando pelo parque na direção do estacionamento, tentando não ser visto.

A Wayne se encostou no tronco de uma árvore e caiu sentada no chão, suas mãos segurando sua cabeça firmemente enquanto tentava processar tudo o que havia acontecido. Ela precisava achar uma forma de fazer aquilo para, porém tinha medo que se as "vítimas" de seu irmão parassem de aparecer, ele acabasse tendo que matar inocentes.

Damian jogou o corpo em uma lata grande de lixo ao lado do estacionamento, sabendo que o encontrariam logo e não conseguiriam identificá-lo. Seria enterrado como indigente e a notícia acabaria sendo mais chocante por não ser em Gotham, pois lá assassinatos ocorriam frequentemente.

Ele se preparou para voltar para o parque, quando passou por sua moto e viu uma pena cinza presa a mesma. Ele a pegou e olhou em volta, sabendo que aquele era o mesmo tipo que a garota coruja havia deixado com ele quando lutaram. Avistou alguém vestido completamente de preto do outro lado da rua e sentado em uma moto, o encarando fixamente.

Demorou para ele perceber que se tratava da mesma garota com máscara de coruja que ele havia enfrentado, porém não demorou para ele colocar seu capacete e subir em sua moto, acelerando na direção dela.

A Talon também acelerou em sua moto e dirigiu na direção de Gotham, passando pela ponte que ligava as duas cidades com um Damian muito irritado na sua cola. Ao chegarem à cidade sem lei, como todos a chamavam, ela começou a entrar em diversas ruas que cortavam caminho para Downtown, e o moreno a seguia sem perdê-la de vista.

Assim que virou na esquina de uma rua sem saída, Damian parou sua moto e viu a da garota coruja jogada de qualquer jeito no chão. Olhou para baixo e viu que a tampa de um bueiro fora aberta e não pensou duas vezes antes de entrar ali. Assim que entrou no esgoto, viu seu alvo passar correndo por si e foi atrás dela, querendo obter respostas ou só matá-la por tê-lo vencido da última vez.

Os dois correram por quase um quilômetro até entrarem em uma sala completamente escura. O Wayne não conseguia ouvir nem ver nada, até com seu sentido de audição sendo extremamente bom. Se concentrou o máximo que pôde para ouvir e, nesse momento, várias luzes se acenderam, revelando que ele estava dentro de um labirinto.

— A Corte das Corujas resolveu testá-lo, Batclaw — ele ouviu uma voz feminina dizer e olhou para cima, vendo a garota coruja de pé no alto de uma das paredes do labirinto. Ela retirou sua máscara, revelando seus longos cabelos ruivos e sua pele extremamente pálida. — Agora, sobreviva.

Damian ia responder, quando vários Talons surgiram do nada e encheram os corredores do labirinto.

— Espero sinceramente que consiga — a garota disse e pôs novamente sua máscara, se misturando aos outros Talons.


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Notas finais do capítulo

Corte das Corujas, yeah!! Não poderia deixar de incluir esse bando na fic porque eles são uma peça chave para a história de Gotham City e para tretas também. Uma obs importante: Sei que no filme Batman vs. Robin o Damian se envolve com a Corte das Corujas e esse foi um dos motivos para eu fazer isso aqui também, massss a minha versão vai tomar rumos diferentes em muitos aspectos, então quem assistiu o filme não vá pensando que sabe tudo, hein hehehe. Ah, e a ficha da Talon ruiva vai estar no tumblr logo!!

Obrigada por lerem!! Me digam se estão gostando nos comentários ou pelo tumblr mesmo, não tenham medo de mim, pessoal, sou muito legal.

Un beso mis amores :*