The Words escrita por Sunrise


Capítulo 6
Outtake 5


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo e no prazo. O ano está bem maluco, assim como nossa Lisbon. O capítulo de hoje foi influenciado por uma prima querida que "surtou" durante a gravidez. Ah, esses hormônios! Divirtam-se.



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Patrick Jane cochilava tranquilamente em seu sofá na sede regional do FBI em Austin, enquanto Teresa Lisbon Jane bufava chateada com o relatório de despesas da unidade em que trabalhava. Os números não batiam e a última coisa que ela queria era entregar um relatório errado ao setor financeiro.

"Quanto mais você brigar com este relatório, mais frustrada vai ficar." A voz do seu marido saiu divertida ao contrário do cenho desconcertado da agente.

"Você bem que poderia me ajudar, ao invés de cochilar pela quinta vez."

"Segunda." Disse já sentado no sofá e virando-se para ela.

"Pfss. Até parece."

Jane se levantou e se aproximou da mesa. "Vamos lá. Quanto mais cedo domar isso, mais cedo iremos almoçar. Tem um pequeno bistrô logo na esquina e estou louco por uma comida italiana."

"Nada da comida da Sra. Rodriguez?"

O mentalista fez uma careta. "Por quase três semanas comemos comida mexicana. Ainda não enjoou?"

A agente fez um muxoxo. "Tem razão. Vamos experimentar algo novo."

Jane suspirou. "Se quiser, posso pegar alguma coisa para você e passo no bistrô depois."

"Está tudo bem. Comida italiana não vai me matar."

Algumas horas depois, Lisbon permanecia emburrada. Sua luta com o relatório ainda não havia terminado e os números pareciam tomar vida e se multiplicarem de forma anormal. E mais um suspiro desanimado fez a agente sair de sua mesa e se dirigir ao banheiro.

Não foi surpresa que seu marido acabou encontrando a morena em lágrimas próxima a pia.

"Shiii. Está tudo bem."

"Está tudo bem o cac*te." Teresa assou o nariz. "Não consigo fazer nada direito. Semana passada refiz o relatório do caso Thompson três vezes. TRÊS VEZES! Esses hormônios estão me matando e me transformando numa burra sentimentaloide de araque. E pior, ontem chorei porque um dos suspeitos pediu para ligar pra mãe para ela não ficar preocupada."

O mentalista voltou a abraçar a esposa e sussurrou palavras de carinho enquanto sua esposa chorava copiosamente. Este lado dela o fazia sorrir, era uma vulnerabilidade que não aparecia com muita frequência em Teresa. E ele também apreciava.

"Vamos fazer o seguinte." Ele tirou um lenço de papel do aparador na parede e enxugou carinhosamente o rosto de sua amada. "Pegue sua jaqueta e vamos caminhar pelo parque aqui ao lado. Respirar um pouco de ar puro, acalmar os seus hormônios e, quando voltarmos, pegamos o relatório e acabamos ele."

"Jane." Ela o olhou séria. "Pare de me tratar como uma imbecil."

A agente abriu a torneira, lavou o rosto e puxou o papel-toalha enxugando o rosto.

"Teresa."

"Vá se ferr*r."

Ela precisava de espaço. Sua mente gritava para ele não interceder. Patrick sabia que quando nervosa, a morena não poupava a língua e sua irritação com ele pode demorar por muitas horas.

E se uma coisa que ele tem aprendido deste que seu relacionamento com Teresa se transformou em sua nova vida, o consultor não se arriscaria em contrariar ainda mais a mulher.

~.~.~.~.~.~.~

Flashback

Ele bateu a porta vermelha da casa dele. Não ousaria usar a chave ainda. Afinal, ela foi clara em manter a distância desde que ele voltou de sua escapada, a viagem ao Grand Canion.

Não havia desculpa. Jane sabia. Mas ele precisava sair. Michelle Vega tinha uma vida inteira pela frente. Uma distração e a jovem agente foi ceifada de muitas oportunidades, levando consigo seus sonhos e um futuro que jamais se realizaria.

O medo de perder Teresa estava ali. Bem a sua frente, quando visitou o leito de morte de Vega. Era um futuro tão claro e tão frio, que o mentalista sabia não está preparado para rever. Para sentir tudo novamente.

O frio. A apatia. O vértice da imobilidade. A loucura. A raiva. O medo. A incompreensão. O mundo ruim e tão real que pode tocar a qualquer um.

"O que faz aqui, Jane?" Teresa o atendeu ainda com a roupa de trabalho.

"Não posso deixar as coisas como estão. Teresa, eu..." As palavras sempre se continham quando eram ditas a ela. Logo ele que tinha uma habilidade muito afiada em convencer as pessoas. Mas Lisbon aparentava não se influenciar por ele. Isso desde o início.

"Já jantou?"

Jane balançou a cabeça de forma negativa. Ela deu um passo para trás e o permitiu entrar.

Os dois seguiram até a cozinha, onde a agente estava terminando de preparar um sanduíche para ela. Os ingredientes estavam dispostos sob a mesa e ela retomou seu lugar, segurando a faca.

"O de sempre?"

Ele apenas assentiu e foi preparar seu chá. O silêncio era nauseante. Diferente do que estava acostumado quando ambos realizavam as tarefas domésticas juntos.

"Eu sinto muito." Patrick resolveu quebrar aquela barreira. "Magoei você novamente."

Lisbon permanecia calada, terminando de fechar o recipiente com queijo.

"Mas não menti quando disse que voltaria. Eu... Ok, entendo que ter saído daquela forma do funeral de Vega não foi algo justo. Mas... Não consegui ver, não... Teresa, eu vi você naquele caixão. E simplesmente não aguentei."

A morena o olhou compassivamente e saiu de sua cadeira até a dele. "Eu compreendo seu medo, Patrick. Mas já conversamos sobre isso."

"Eu sei. Eu sei. Mas..."

"Ei." Lisbon tocou o rosto dele.

Jane se levantou e a puxou em um abraço forte. Os dois suspiraram aliviados que sua conexão ainda era forte e sentida naquele pequeno espaço. Quando Teresa deslizou um de seus braços pelas costas dele, o mentalista não pensou duas vezes.

Os olhos se encontraram com o delas, pedindo permissão para tocá-la novamente. E sendo respondido, ele tomou seus lábios em um beijo que prometia zelar pela confiança de que juntos ultrapassariam qualquer dificuldade.

O som do celular de Lisbon quebrou a harmonia da cozinha. Ela pediu desculpas e foi atender. Seu rosto disse tudo ao retornar, o trabalho chamava.

"Precisamos ir. Wylie foi atacado."

A fisionomia preocupada também tomou o consultor, mas antes que Teresa saísse, Jane segurou sua mão, puxando-a para si.

"Estamos bem?"

"Sim." Ela dei um beijo suave nos lábios dele. "É um começo. Mas precisamos..."

"Yeah. Eu sei. E vamos."

Teresa saiu para sala e Jane, antes de segui-la, pegou o sanduíche feito e desligou a chaleira que começava a apitar.

~.~.~.~.~.~.~

Os dois seguiram para casa dela em silêncio. Teresa ainda continuava calada e Patrick parecia evitar qualquer tipo de contato para não irritá-la ainda mais.

Cada um se encarregou de sua rotina e quando a noite finalmente chegou, a agente sabia que tinha estourado sem necessidade. Seu marido já estava deitado, lendo um livro antigo de contos policiais. Ao se deitar, ele fechou o livro e se dirigiu para apagar a luz.

"Não, Patrick. Pode continuar lendo."

"Você tem certeza? Posso ler lá na sala."

"Está tudo bem." Teresa deitou-se de lado, olhando para ele. "Desculpa por hoje. Não sei o que anda acontecendo comigo. Tudo me irrita. Não posso sair em campo, vivo sentada naquela cadeira horrível, tenho fome a toda hora... Ah, Jane. Mais três meses a frente e tudo que eu quero é que isso termine."

O mentalista sorriu e a puxou para um abraço melhor. A tensão no corpo dela se esvaiu ao sentir que ele a desculpou.

"Não é só seu corpo que está mudando, Teresa. Sua mente também. É normal se sentir desta forma." Sua voz rouca a confortava. "É por isso que estou aqui, parceira. Quando tudo estiver insuportável, você pode descontar em mim."

"Rá, hilário."

"Bem, pense que esta é a forma de você descontar sua frustração durante os anos de nossa parceria na CBI."

"Shush." Os dois sorriam quando um movimento abalou a ambos. "Oh."

"Isso foi..."

"Oh meu Deus."

Teresa se sentou apoiada a cabeceira da cama, com suas mãos e a de Jane na sua barriga de seis meses. Uma nova ondulação fizeram os dois sorrir em sintonia.

"Acho que alguém não gosta quando discutimos." O sorriso bobo dele fez Lisbon tocar sua mão.

"Ou não está muito feliz saber que seus pais são melosos quando fazem as pazes."

"Quieta, mulher. Meu filho está se comunicando."

"Ah é! Meu filho quer que você fique calado e traga um burrito lá da cozinha."

"Agora?"

"Com certeza."

Jane levantou-se suspirando. Ao apontar para barriga, saiu resmungando. "E você fique quieto até eu chegar."

Quando o marido de Teresa desapareceu pela porta, a agente sorriu ao sentir o movimento em sua barriga novamente.

"Acho que com dois pais teimosos, você não poderia ser diferente." Ela alisou a barriga e sentiu novamente um pequeno chute. "Também amo você, bebê Jane."

 


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Notas finais do capítulo

Ah Teresa, mulher difícil de escrever!!!! Espero que estejam curtindo assim como eu. Sei que daqui a 15 dias tem mais. E um capítulo bem maior. Por que será? É só aguardar. Até breve.



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