Nome e Sobrenome escrita por Temperana


Capítulo 1
Capítulo Único: Name and Surname


Notas iniciais do capítulo

Olá meus Docinhos!
Eu ia postar a one amanhã, mas digamos que a senhorita April Brooke é muito persuasiva.
Mais uma one hiccstrid. Espero que gostem! Até as notas finais...



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/702140/chapter/1

—Eu me entrego no lugar dela.

—Não faça isso, Soluço! – Astrid grita. – Não dê a ele o que ele quer!

—Eu me entrego, solte-a. É a mim que você quer.

—Não! Você não pode fazer isso!

Viggo encarou meus olhos como se soubesse cada um dos meus passos. Como havíamos chegado a essa situação? Astrid havia sido sequestrada e eu devia me entregar para que ela fosse solta.

Estava cansado dos jogos de Viggo com Astrid. Se eu acreditava na palavra dele? Claramente não, mas eu não tinha escolha alguma. Eu tinha que me entregar. Eu tinha que protegê-la.

—Você não me surpreende Soluço. Sabe qual é o lado bom de ser o vilão? Os heróis sempre agirão do jeito certo. Mas nós não temos esse código de conduta.

—Infelizmente eu reconheço a sua falta de palavra Viggo. Solte-a e eu me entregarei.

—Está certo, será do seu jeito.

Olhei para Astrid. Ela encarou meus olhos e deu um chute no guarda que a segurava. Banguela atirou próximo ao outro guarda. Astrid estava solta e os outros cavaleiros atacaram o navio.

Banguela sobrevoou próximo ao barco e pousou. Desmontei de Banguela rapidamente e busquei Astrid no caos que estava o convés. Ela esbarrou em mim e antes que eu pudesse atacar a reconheci.

—Que susto Astrid, vamos embora daqui.

Ela encara meus olhos. Ela parece querer dizer algo, mas hesita. Puxo sua mão e montamos em Banguela. O barco é queimado pelos outros cavaleiros. Posso ouvir Viggo praguejando pela nossa fuga dupla.

—Onde está Tempestade? – Astrid pergunta. Pelo seu tom de voz eu sinto que havia entrado em uma encrenca.

—No Domínio. Não arrisquei trazê-la, ela poderia estragar o plano.

—Claro, seu perfeito plano – reviro os olhos.

—Não vai me fazer discutir com você. Sabe disso.

Ela permanece quieta pelo resto do percurso. Eu não entendia por quê. Já havíamos sido sequestrados milhões de vezes (principalmente eu). E sempre conseguíamos resgatá-la ou ela soltava-se antes. Eu não podia entender por que ela estava tão estressada com isso.

Quando chegamos ao Domínio, ela desmontou e foi ver Tempestade. Suspirei.

—Algum problema Soluço? – Perna de Peixe pergunta. Encarei os Estábulos.

—Acho que sim Perna de Peixe – encaro seus olhos. – Não se preocupe, eu posso lidar com isso.

—Seu problema tem nome e sobrenome.

—Na verdade o problema não é ela, nunca seria um problema para mim. O gênio dela sim - ele riu.

—Como eu disse, nome e sobrenome.

*****

 

Astrid me evitou por exatas 6 horas. Não que eu estivesse contando é claro. E não que isso fosse exato também. Se eu tentei conversar com ela? Óbvio que eu tentei, mas quando Astrid queria ser invisível ela conseguia.

Desisti de tentar entender e andei até a praia. Já estava escurecendo, então Banguela me acompanhava ao longe. Fechei os olhos e inspirei o cheiro de mar. Era de admirar que alguém que cresceu em uma Ilha (cheia de água ao redor) gostasse tanto do mar. Mas toda vez que eu parava para admirá-lo, ele estava diferente.

—Então a Espinha de Peixe gosta do mar? – escutei uma voz.

Eu sorri. Nome e sobrenome.

—Habitat natural – eu respondo. Escuto a sua risada e abro os olhos. – A senhorita também gosta do mar?

—Coisa de criança. Me traz segurança.

—A mim também.

Encaro seus olhos. Ela faz o mesmo. Imagino se ela havia lido as minhas perguntas em meus olhos.

—Por que fez aquilo? – ela perguntou.

—Desculpa, fiz o que?

—Por que se ofereceu em meu lugar?

Eu troquei minha expressão para incredulidade. Ela não podia estar fazendo uma pergunta dessas. Ou ela podia? Tecnicamente Astrid poderia fazer o que quisesse comigo. Esse é uma das dádivas de estar apaixonado.

—Astrid, o que você está falando?

—Você ia se entregar, sendo que era isso que o Viggo queria? Dar ao Viggo o que ele quer não é uma opção. Você não imaginou o que isso traria de consequências para todos nós?

—Você está brincando. Só pode estar brincando. Astrid, eu não ia deixar que levassem você, se ele aceitava a troca. Se havia um jeito.

—Eu sei me defender muito bem, Soluço. Sabe disso. Sair dali não seria um problema.

—Estava fazendo um ótimo trabalho.

—Estava esperando pelo momento certo.

—Eu sabia o que eu estava fazendo.

—Não, você não sabia.

—Eu conseguiria me soltar depois. Além do mais, eu não podia te deixar nas mãos de Viggo.

—Somos cavaleiros, assumimos os riscos.

Nossa discursão não envolvia gritos ou qualquer outra coisa. Acho que isso fazia tudo ser pior. Desvio o meu olhar e encaro o mar.

—Não é disso que eu estou falando. Você não entende. Nunca entenderia.

—Você só pode estar brincando.

Ela anda até a minha frente, obrigando-me a encará-la. Eu solto um suspiro, ela estava com os braços cruzados.

—Você poderia tentar me explicar então – ela diz.

Eu descruzo os seus braços e ela não permite que eu solte suas mãos, entrelaçando-as.

—Eu não poderia deixar você nas mãos de Viggo mais uma vez Astrid. Desde o incidente com o barco. Desde... Eu não poderia deixar que ele te levasse.

—Somos vikings, é um risco ocupacional - eu sorrio. – Por quê?

—Eu não conseguiria perder mais uma pessoa que eu amo.

Sua expressão parecia surpresa.

—Eu nunca conheci a minha mãe. E com certeza eu a amava desde que nasci. Meu pai nunca me quis por perto e quando finalmente ele começou a acreditar em mim e conversar comigo novamente, eu vim para o Domínio. São perdas, cada uma com seu valor.

—O que você está dizendo? – ela diz em um sussurro.

—Que perder você iria doer. Que eu me apaixonei por você desde quando eu tinha 10 anos e só fazia besteira e você só fazia o certo. Que eu nunca deixei de amar você por um minuto sequer. Que eu não conseguiria imaginar um mundo sem você nele. Que perder a mulher que eu mais amo no mundo seria insuportável.

Ela solta suas mãos de mim e encara meus olhos sem dizer nada. Desvio meu olhar para o mar.

—Talvez você entenda agora.

—Definitivamente, eu entendo o que é estar apaixonada.

E então ela me beijou. Querido leitor, se você está lendo isso é porque eu estou vivo. Mas a questão é que eu pensei que iria explodir. Puxei sua cintura para perto de mim e sorri involuntariamente.

Ela encarou-me quando nos separamos. Ela sorriu.

—Eu sei que você foi a primeira pessoa a pôr um sorriso em meu rosto. A primeira pessoa que me fez derramar uma lágrima por um sentimento que não sabia qual era. A primeira pessoa que eu beijei. A primeira e única pessoa por quem me apaixonei.

Ela acariciou meu rosto.

—Então sim, Soluço. Eu entendo o que você quer dizer.

—E mesmo assim vai se arriscar ainda mais.

—Eu sou Astrid Hofferson, querido Strondus. Eu nunca me canso de arriscar.

—Infelizmente, a minha namorada vai ter que se arriscar um pouco menos, não vou permitir que algo ruim lhe aconteça.

—Então eu sou sua namorada?

—Só se você quiser.

Ela sorri e me abraça. Eu encaro o mar e fecho os olhos sorrindo.

Nome e sobrenome... Nunca seria a razão dos meus problemas.

*****

 

Se você olhasse para o lado, iria ver uma guerra. Dragões contra dragões. Humanos contra humanos. O Alpha morto e um novo “líder” à comando de Drago. Parecia uma loucura. Parecia o caos. O fim do mundo.

Eu poderia ter ficado calado, eu devia ter ficado calado. Se não tivesse ido até lá, ela estaria viva agora. Mas eu fui. Desafiei Drago. E ele mostrou o quanto de força tinha quando colocou o meu dragão contra mim.

—Soluço! – eu escutei sua voz. Sua voz que eu nunca iria esquecer.

Eu vi a morte. Ela estava em minha frente. Mas não era a mim que ela levaria. Ela levaria o amor da minha vida. Ela levaria Astrid de mim. Pois ela sacrificou-se por mim.

—Não, Astrid! – eu gritei, mas o disparo já havia sido feito.

Eu juro, por todos os deuses, que o que eu mais queria era trocar de lugar com ela. Queria morrer em seu lugar. Ou morrer junto com ela. Pois a dor que sentia era grande demais. Eu não conseguia suportar.

Corri até os escombros da explosão de Plasma de Banguela. Olhei seu corpo deitado no chão como se estivesse dormindo. Eu negava a mim mesmo que isso havia acontecido. Eu negava com todas as minhas forças.

Eu peguei seu corpo leve nos braços, passando levemente a mão em seus cabelos, vendo o sangue de sua cabeça mostrar-me a verdade. Verdade esta que eu nunca iria aceitar.

—Astrid não, por favor, fica comigo! Por favor, fica comigo! – eu digo, com meu rosto próximo aos seus.

Mas seus olhos nunca mais voltariam a se abrir. Eu nunca mais ouviria a sua voz. Eu nunca mais veria o seu sorriso.

—Astrid – eu balancei seu corpo mais uma vez, me recusando a acreditar.

Minhas lágrimas que não tinham mais controle embaçavam a minha visão. Sinto mãos tentarem me tirar de perto dela, mas eu resisti. Eu nunca deixaria ela.

—Não – eu sussurrei. Encostei meu nariz no seu, minhas lágrimas derramando em seu rosto. – Eu te amo, por favor, não me deixe.

E pela última vez em minha vida, beijei seus lábios. Os lábios que os deuses haviam levado de mim.

******

—Não! – eu gritei, finalmente acordando daquele pesadelo.

Em Berk normalmente não suamos. Provavelmente porque faz graus negativos todos os dias do ano. Mas eu acordei como se estivesse andado dentro de vulcão e voltado todo suado. E isso se chama desespero.

Levantei-me da minha cama, passando a caminhar de um lado para o outro. Eu odiava cada um deles. Queria acabar com eles, nunca mais sofrer com a possibilidade de perdê-la. Eu não aguentava mais isso, não aguentava passar noites pensando se algo havia acontecido com ela.

Esperei para ver se minha mãe havia escutado meus gritos. Aparentemente ela continuava dormindo. Banguela, porém, estava acordado, observando o meu andar desesperado. Ele olhava-me preocupado.

—Está tudo bem amigão, vou ficar bem – acariciei sua cabeça e ele esfregou sua cabeça em minhas pernas. Sorri. – Obrigado.

Passei o resto da noite sem dormir. Aliás, já fazia vários meses que passava as noites sem dormir. O produto disso? Olheiras, certas desatenções no período da manhã e um olhar de preocupação de Astrid.

Devo mencionar que ela não sabe dos pesadelos? Acho que é importante. Eu não queria que ela se preocupasse comigo, não faria isso com ela. Se eu devia contar? Bom, acho que sim. Minha mãe sabia deles e achava que já era demais. Mas não encontrava um modo de exterminá-los totalmente de minha vida.

Saí de casa e enfrentei logo cedo o frio e a neve de Berk. Caminhei rapidamente em direção à praia. Provavelmente seria mais frio lá, mas tive que encontrar paz no cheiro de maresia e no som das ondas batendo.

Parei em frente ao mar fechando os olhos. Senti o meu corpo cansado cobrando uma noite decente de sono. Senti minha mente retornando as imagens do pesadelo. Tudo parecia me torturar.

Suspirei.

—Então a Espinha de Peixe gosta do mar?

Eu ri. Dois anos antes estávamos em uma praia parecida com essa no Domínio do Dragão. E ela me perguntava a mesma coisa.

—Astrid Hofferson. Sempre sabendo exatamente onde eu estou.

Nome e sobrenome.

—Eu tenho os meus métodos – encaro os seus olhos e ela abraça minha cintura. Ela olha para o mar e eu a abraço, encostando minha cabeça na sua. – Bom Dia.

—Bom dia milady. O que está fazendo acordada tão cedo?

—Não consegui dormir. Tempestade estava com um problema na asa e levei-a cedo aos Estábulos. E antes que pergunte, ela logo ficará bem.

—Fico feliz com isso, de verdade.

—Sei que sim. A pergunta certa é: por que o senhor está de pé tão cedo?

—Ah, você sabe, bem... Coisas de líder.

—Sei, coisas de líder – pelo tom de voz dela, eu pagaria por esse comentário. Nada sutilmente. – Se você está fazendo “coisas de líder” – ela fez aspas com uma das mãos – por que está na praia e não fazendo algo?

—Eu...

—E você sabe que na vila ninguém acordou além dos vigias dos estábulos e que provavelmente você não fez nada por lá ainda – ela me pergunta. – Então por que você não me diz o que está acontecendo?

Ela encara meus olhos. E, pelos deuses, eu juro, como eu queria agradecer por vê-los de novo. Eu poderia nadar no Mar Barbárico com o risco de morrer para ver seus olhos de novo.

—Eu tive alguns problemas.

Ela tirou suas mãos de volta de mim. Eu segurei sua cintura e não deixei que ela fosse embora.

—Eu tenho pesadelos. Pesadelos todas as noites que não me deixam dormir. Que não me dão um minuto de sossego. Então eu acordo e não posso dormir mais. Não sei por que eu tento. Se eu sei que eles vão voltar e me amedrontar ainda mais.

—Por que não me contou antes, Soluço? Eu poderia te ajudar.

—Você não poderia me impedir de sonhar.

—Ora, você me conhece o bastante. Astrid Hofferson pode fazer qualquer coisa se alguém a desafiar.

—Esqueci esse detalhe – eu sorrio. – Estão piorando. Cada vez mais reais. Como se eu estivesse acordado.

—O que você sonhou essa noite que te tirou da cama tão cedo?

—Não quero falar sobre isso.

—Talvez falar ajude, Soluço.

—Não quero reviver o que passei naquele sonho. Não quero pensar em te perder novamente – encaro o mar.

—Hey – ela puxa delicadamente o meu rosto para que eu encontrasse seus olhos. – Eu te amo está bem? Você nunca irá me perder. Nunca.

—Eu também te amo e é por isso que eu me preocupo tanto com você.

—Eu sei, cavaleiro de dragões. Mas tudo vai ficar bem, ouviu?

—Sim senhora.

Ela sorriu e me beijou. Eu sorri. Ficamos por um tempo olhando as ondas quebrando. Sentia os braços de Astrid ao redor de mim. Coloquei minha mão no bolso. O anel estava nele.

Se aquele seria o momento certo eu não fazia ideia. Mas, eu queria arriscar. Passei minha vida inteira arriscando. Não seria diferente agora.

—Pode me responder a uma pergunta?

—Fiquei preocupada – ela encarou meus olhos. – Você perguntando algo para mim?

—Como você é chata.

—Você me ama.

—Tem razão. Mas vai me responder ou não senhorita?

—Tudo bem, eu respondo então.

—Então. Quando estávamos em uma praia parecida como essa, brigando pela quadragésima vez na vida – ela riu – eu percebi uma coisa. Que eu nunca na vida poderia ficar longe de você. E que eu te amava mais do que a mim mesmo.  – Astrid encarou meus olhos. – Então, eu te pergunto: você se casaria comigo?

Astrid separou-se de mim e encarou os meus olhos.

—O que você está dizendo? – ela sussurrou.

—Eu esperava que você me respondesse, não fizesse outra pergunta – sussurrei.

Ela sorriu e vi uma lágrima saindo de um dos seus olhos. Enxuguei-a preocupado e segurei sua mão.

—É óbvio que eu aceito. Acho que você não precisaria perguntar.

—Provavelmente você perguntaria antes.

—Provavelmente.

Eu a beijei. A beijei como se minha vida pudesse estar simplesmente completa. E descobri que não teria mais problemas com pesadelos. Nunca mais. Não quando Astrid Hofferson aceitou casar-se comigo.

Astrid Hofferson.

Nome e sobrenome.

Bom, agora ela mudaria o seu sobrenome.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Gostaram?
Deixem um comentário, só pra eu saber se vocês gostaram! Eu amo ver cada um de vocês demonstrando carinho!
Mais ones estão por vir (eu acho). Por que eu estou com uma ideia em mente, mas estou tentando desenvolvê-la da melhor forma possível!
Agradeço imensamente por quem comentar, favoritar e recomendar minha fanfic!
Mil beijos Docinhos, até a próxima!
Temp