Too Close escrita por ladywriterx


Capítulo 4
Inimigos


Notas iniciais do capítulo

HEY HEY!!! Saindo do hiatus ressurgindo das trevas. Tive uns meses turbulentos, mudanças, faculdade, exame de bioquímica HAHA. Mas voltei, e lá vamos nós.



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Ela se sentia engolida pela cama, pelos travesseiros e roupa de cama. Parecia que podia deitar ali e sumir. Virou-se gemendo para encontrar a cama vazia ao seu lado. Estava acostumada. Londres, Asgard, Jotunheim. Talvez pudesse contar nos dedos quantas vezes tinha acordado e ele ainda estava ao seu lado. Ele parecia não dormir, quase não sentia sono, enquanto ela podia deitar em qualquer lugar e dormir. Sorriu com aquela constatação, antes de se espreguiçar e se colocar em pé. Loki estava na sala da pequena casa, braços cruzados enquanto encarava a janela, com a feição preocupada, o suficiente para deixá-la em alerta.

—O que foi? — Fenrir estava deitado na frente da casa, quieto, as orelhas em pé como se também estivesse preocupado com algo.

—Alguém veio pela Bifrost e chegou perto demais daqui.

—Thor? — Ele deu de ombros, sem responder. Já estava ao seu lado, também olhando para fora. Sabia que Loki não gostava daquilo, da situação em que estavam. Ele gostava da liberdade, e ali ele se sentia preso. Nem ela gostava, e estava acostumada a uma rotina chata de trabalho, casa, casa, trabalho. Não conseguia imaginar o que ele pensava, como estava se sentindo, apenas sabia que, se pudesse, ele mudaria aquela situação.

—Pode não ser nada.

Loki gostava de poder e de se sentir no controle. Ali eles tinham tudo, menos o controle da situação. Não sabiam quanto tempo ficariam ali, isolados de todos, e de algumas vezes podia sentir que ele se arrependia. Não de ter matado Odin, mas ele se arrependia. Ele ficava frio e se distanciava por algum tempo, para depois tudo voltar a normal sem ter nenhum tipo de explicação. Aquilo a irritava, mas conseguia entender o porquê dele se sentir assim.

—Já tomou café? — Perguntou para ele, sem saber como estava seu humor naquele dia. Descobriu quando ele virou-se para ela, e, com um quase sorriso, assentiu com a cabeça. — Bem, eu estou morrendo de fome. — E virou-se para seguir até a cozinha.

Percebeu como a postura dele mudou assim que deu as costas para janela e como as sobrancelhas se ergueram quando os olhos focaram em algo lá fora. Deixou a fome de lado, olhou por cima dos ombros e viu Thor se aproximando, com uma feição preocupada. Boa coisa não podia ser, então deixou o café da manhã para depois, e esperou ansiosamente pelas batidas fortes na porta. Foi Sigyn quem se estendeu até a porta, destrancando-a e abrindo-a para dar espaço a Thor passar, ocupando mais espaço do que aquela casa parecia ter.

—O que aconteceu? — Thor pareceu recuar, sem saber como falar, talvez até surpreso pela reação de seu irmão, tão ríspido. Ele saberia, é claro, que havia um motivo para que ele fosse visitá-los em Vanaheim. Decidiu ser rápido e, como se estivesse tirando um curativo, apenas respirou fundo antes de soltar.

—Amora.

Amora. Aquele nome ecoou em sua cabeça algumas vezes antes que pudesse perceber que seu rosto tinha se contorcido numa careta. Tinha ouvido aquele nome algumas vezes, da boca de Loki, sussurros pelo castelo de Asgard e não gostava do que aquilo causava dentro de si. Sabia do passado dele, assim como ele sabia do seu, mas isso não impedia que algo lá dentro se acendesse e a deixasse preocupada.

—O que tem Amora? — A voz dele parecia ainda mais na defensiva.

—Apareceu em Midgard. Atacou os Vingadores. — Sigyn foi a primeira a perceber um sorriso de canto, quase orgulhoso, que apareceu no rosto de Loki, e não gostou do que viu.

Se alguém tivesse perguntado há algum tempo para ela como ela se sentiria ao ouvir falar, ou ver, alguma das mulheres do passado de Loki, ela provavelmente diria que não a afetaria. Estaria pagando sua língua naquele momento, porque sentia algo que não podia explicar crescendo dentro de si. Com uma respirada mais funda, virou-se para sair dali.

—Não tenho nada a ver com isso. — Loki tinha percebido a mudança súbita no humor de Sigyn, e queria acabar logo com aquela conversa para poder acalmá-la.

—Não estou te culpando, Loki. Só você sabe deter ela. — Da cozinha, Loki ouviu um barulho mais alto da porcelana batendo contra a mesa. Thor parecia não ter notado nada, mas aquela atitude de Sigyn só o deixava ainda mais preocupado.

—O que ganho com isso?

—Liberdade. — Queria aceitar, mas lembrou-se da mulher na cozinha, agora provavelmente furiosamente esperando aquela conversa acabar.

—Preciso falar com Sigyn. — Antes que Thor pudesse responder, o deus virou e foi até a cozinha, fechou a porta e colocou um feitiço para que o outro não pudesse ouvir. — O que foi?

—Nada. — Ele rolou os olhos e cruzou os braços. Não disse mais nada, apenas esperou, porque sabia que ela respiraria fundo, do jeito que estava fazendo naquela hora, antes de começar. — Você mudou ao ouvir o nome dela.

Ele quase achou graça da atitude dela, mas se conteve. Sabia que a reação dela ainda era melhor do que ele próprio teria se os papéis se invertessem. Apesar disso, sentia o ar a sua volta mais pesado, como se Sigyn tivesse se controlando para não ficar ainda mais irritada. Foi a vez dele respirar fundo, vendo ela voltar a andar pela cozinha para terminar de preparar seu café da manhã.

—O que você quer que eu faça? — Ela só deu de ombros enquanto abria a torneira e encarava a água que caia na caneca.

—Faça o que quiser.

—Pare com isso, Helena. — A deusa virou-se para ele e se encararam por alguns segundos em silêncio. Ela sabia que era em vão todo aquele ciúme, que estava criando caso a toa, mas não conseguia parar de pensar em Loki com outra. Passou a mão pelo rosto tentando tirar todas aquelas imagens de sua mente antes de voltar a repetir, dessa vez de modo mais suave.

—Você que sabe, Loki. Thor veio pedir a sua ajuda, você que deve decidir se vai ou não.

—É Midgard. — Ela assentiu com a cabeça.

—Eu sei.

—Teríamos a liberdade.

—De novo, eu sei. Mas não posso te forçar a fazer alguma coisa que você não quer.

Loki sabia que, lá dentro, ela queria dizer para ele aceitar, para, pelo amor dos deuses, saírem daquele lugar. Não aguentavam mais, precisam respirar outros ares. Além disso, sabia que ela sentia falta de sua família, da vida que tinha antes. Era difícil que ela reclamasse de algo e podia imaginar que nada daquilo estava sendo fácil para ela. Os dois ficaram em silêncio por um tempo, sendo quebrado apenas pelo barulho de Mjolnir encontrando o chão na sala, mostrando que Thor começava a ficar impaciente. Ele quebrou a distância em alguns passos, passou a mão pela cintura dela, trazendo-a para um abraço.

—Nós vamos para Midgard.

—E Fenrir? — Loki suspirou.

—Busco ele assim que as coisas se estabilizarem, sabe que não teremos uma boa recepção. Melhor evitarmos chegar com um lobo gigante.

Helena estava animada que quase não conseguia parar quieta. Estava voltando para Midgard, para Terra. Talvez conseguisse escapar e visitar seus pais, seus avós, Hannah e John. Talvez pudesse se sentir completa de novo ao estar lá. Os segundos entre Thor chamar Heimdall e ele abrir a Bifrost pareceram infinitos, assim como o tempo que passou no turbilhão entre Vanaheim e Midgard. Odiava aquilo. Fechou os olhos, tentando evitar a tontura que sentia. Assim que abriu, estava em sua terra. Sentia-se quase conectada com tudo ali, até a atmosfera era diferente. Apesar disso, não reconheceu onde estava. Um campo aberto, com uma construção ao fundo, um grande A na faixada.

—Bem vindos ao centro de treinamento dos Vingadores. — Thor disse, quase animado. Loki, ao seu lado, gemeu, sem vontade de continuar. Foi Sigyn que o incentivou, apertando sua mão para que continuasse a seguir seu irmão.

Os Vingadores, dessa vez, estavam avisados que chegaria, com mais duas pessoas. Não houve alarme, Homem de Ferro não chegou, em alta velocidade, pronto para explodi-los. Todos provavelmente estavam na sala de reuniões, aguardando o retorno de Thor com os dois. Loki sabia o que o aguardava: julgamentos, caras feias, surpresa. Aquilo não o deixava confortável, e mantinha uma postura quase dura durante todo o trajeto. Helena sabia o porquê dele estar assim, lembrava do que tinha acontecido alguns anos, e, apesar de estar feliz de estar de volta a Terra, entendia todos os motivos de Loki para querer evitar aquilo de qualquer jeito.

Até Thor tinha notado que talvez não fosse a melhor hora para tentar ser amigável com seu irmão – podia sentir o clima pesado que vinha dos dois ao seu lado, mesmo que a mão de Sigyn estivesse fortemente entrelaçada com a de Loki, dando um suporte emocional que sabia que os dois precisavam.

—Você tem noção que eu vou ter que reportar isso para Ross, não tem? — Ao virarem o corredor, foi a primeira frase que ouviram, de uma quase exaltada agente. Ela não parecia nada feliz, os olhos ardendo, irritada.

—Eu sei, Lewis. Mas, no atual momento, não tem nada que a gente possa fazer. — Ela parecia frustrada, passou a mão nos cabelos soltos deixando o ar sair devagar. — Eu posso falar com Ross.

—Ele vai chegar aqui com um batalhão, Steve! — Os três deuses sabiam muito bem do que eles falavam. — Se você falar com ele, pior ainda. Acha que ele me colocou aqui por quê?

Os Vingadores não tinham chegado a um consenso sobre a vinda de Loki, apesar de Thor ter tentado argumentar que nada aconteceria, que tudo estava sobre controle, que eles podiam confiar. Até citou Sigyn, porque sabia que ela não sairia de perto de Loki tão cedo. Aquilo só rendeu uma risada irônica de Natasha, dizendo que havia escutado aquele mesmo discurso sobre a deusa da fidelidade alguns anos atrás, e ela tinha a cicatriz para mostrar que talvez também não fosse uma boa ideia. Eliza foi a segunda a se manifestar contra, reclamando que eles estavam tornando seu trabalhando impossível. Porém, enquanto uma metade tentava mudar a ideia da outra parte, Thor tinha saído com a aprovação de Rogers para trazer os dois, que agora estavam ao seu lado, bem irritados.

A discussão calorosa de Eliza e Steve continuou mesmo que a maioria já estivesse aceitando a situação. Agora estavam do lado de fora, e Lewis perdia cada vez mais sua paciência. Seu trabalho não era fácil – e agora ele queria tornar tudo ainda mais difícil. Já era complicado o suficiente tentar convencer o governo dos Estados Unidos que, hey, está tudo sobre controle, temos pessoas com superpoderes nesse lugar, mas eles estão prometendo que vão se comportar e que os treinamentos mais pesados que do exército não são para dominar o mundo.

E, talvez, o motivo dela estar irritada demais com Steve fosse porque não era apenas um relacionamento profissional. Aquilo se refletia em todos os ramos da sua vida. Iria dormir e ficaria lembrando da briga. Se encontrariam nos corredores e o silêncio constrangedor estaria ali, incomodando-a. Todos sabiam, teria que enfrentar o olhar julgador de Romanoff, as piadas de Stark, as risadas de lado de Wilson. Respirou fundo e passou as mãos no rosto, tentando se controlar, mas não conseguiu e desatou a falar.

Rogers sabia. Podia sentir que frustração dela ia muito além da dor de cabeça que aquele trabalho estava gerando. Por isso, ficou quieto enquanto ela soltava as últimas palavras de que ele não fazia ideia como aquilo se tornaria um problema internacional. Até ela parar de falar, olhos verdes focados no corredor a sua frente e ele virou-se para ver o motivo. Loki parecia perigoso. Os olhos azuis gelados pareciam cortar quem encarasse tempo demais, contrastando com a mulher que vinha ao seu lado, com calorosos olhos castanhos, curiosa demais. E os dois vinham de mãos dadas, próximos. Sigyn, capitão deduziu depois de ficar tempo demais encarando a pequena demonstração de afeto dos dois deuses a sua frente. Thor parecia quase envergonhado, apesar da postura diplomática.

—Conversamos depois. — Eliza sussurrou, desviou o olhar e se virou para entrar na sala, querendo se ver o mais longe dali possível. Ele ainda tentou estender a mão para tentar segurá-la e se impediu quando viu que ela balançou a cabeça negativamente. — Depois, Steve.

—Loki. — Cumprimentou-o com um leve aceno de cabeça

—Rogers, essa é Sigyn. — Foi Thor que apresentou-a para ele. Ela tentou soltar um sorriso tímido, dando um passo a frente e estendendo a mão para o cumprimentar.

—Steve Rogers. — Sigyn conteve a leve excitação que passou por ela enquanto eles se cumprimentavam. Ouvia histórias sobre ele enquanto crescia, em Nova York não teve a oportunidade de vê-lo, mas, se tivesse o visto, provavelmente não se lembraria. Estava anestesiada naquele dia. — Obrigado por virem.

—Vamos logo com isso. — Ela sabia que estavam fora da zona de conforto, que Loki tinha que reviver todo aquele período que tinha ficado em custódia do Outro e Thanos. A mente dele não parava. Revivia cada segundo e só conseguiu ter um pouco de paz quando sentiu que Sigyn voltou para o seu lado, entrelaçando as mãos, lembrando-o que, apesar de tudo, estavam juntos, estavam bem e isso que importava.

O clima na sala de reuniões continuava pesado. Visão estava calado, no canto da sala perto da cadeira de Wanda que encarava os recém-chegados com expressão fechada. Sigyn evitou contato visual com Natasha, quase envergonhada do que tinha feito quando tinham se encontrado. Ela se encolheu mais para perto de Loki, intimidada.

—Agora que todos estão aqui… — Stark levantou a mão, interrompendo Rogers.

—Vamos só falar do elefante na sala? Pra gente superar logo, porque não to conseguindo lidar com tudo isso. — E apontou para as mãos juntas dos dois deuses. Loki só deixou o ar sair numa lufada ruidosa. O silêncio voltou a reinar na sala. Eliza encarava a parede da sala sem expressão nenhuma.

—Supere, Stark. Até os mais malvados têm sentimentos. — Os olhos de Eliza e Loki se encontraram, perigosos. — Acho que já ficou claro que eu estou totalmente contra essa… Coisa.

—Com quem você acha que está falando? — Sigyn apertou ainda mais a mão dele, tentando controlá-lo. Rogers suspirou ao seu lado, talvez começando a se arrepender de sua decisão. Já era difícil controlar os vingadores, e, agora, tinha dois deuses de Asgard a mais, um deles tinha causado uma destruição em massa em Nova York e dado uma baita dor de cabeça.

—Eliza… - Steve apertou os olhos, cansado. A agente pareceu se encolher com aquela advertência. — Tony, pelo amor de deus. — Era difícil tirá-lo do sério, mas toda aquela comoção estava começando a cansá-lo. Queria resolver aquilo, queria não ter que lidar com mais nada. — Vamos ter tempo para entender tudo isso mais tarde.

—Qual é o problema com Amora? — Loki foi objetivo depois de mais alguns segundos de silêncio.

—Invadiu a base ontem, tentou atacar Visão. — O deus encarou o homem no canto da sala, quieto demais. De algumas vezes, passava a mão na gema em sua testa. Franziu o cenho, reconhecendo a presença que emanava em ondas fortes da pedra.

—Isso por acaso…?

—Do seu cetro, sim. — Tony respondeu, tirando os pés da mesa e focando na expressão confusa de Loki que logo se transformou em preocupação. — O que foi, Rock of Ages?

—Isso se chama Gema da Mente. Foi como consegui controlar a mente de Gavião. Chamamos de Joias do Infinito. Tesseract é a joia do espaço, por isso abria portais e permitia a passagem de um mundo para o outro.

—O que são Joias do Infinito? — Helena lembrava vagamente ter lido sobre aquilo um dia em Asgard.

—No começo do universo, quatro entidades cósmicas, Entropia, Infinito, Morte e Eternidade, reuniram os elementos mais poderosos em pedras. Várias civilizações possuíram essas pedras durante todo o curso da história. O Tesseract, do espaço, sempre esteve em poder de Asgard e foi com ela que conseguimos construir Bifrost. — Todos pareciam quietos, prestando atenção na voz poderosa de Loki que agora ecoava pela sala. — Metade delas está perdida. Joia da Alma, do Tempo e do Poder. A outra metade sabemos onde está: A do Espaço, em Asgard, a da Realidade sob proteção do Colecionador e a da Mente. — Apontou para a gema amarela na testa de Visão.

—E o que elas fazem?

—Uma pessoa normal não consegue nem segurar essas gemas tamanho o poder. Elas criaram o Universo, e elas tem o poder de reverter isso.

—Era o que você queria, então…? — Sigyn travou junto com Loki. Sabia que nunca fora o plano de Loki. Fora torturado, preso numa terra que não conhecia ninguém e não tinha ninguém para ajudá-lo. Sabia que ele não conseguiria falar, preso dentro das próprias memórias que o levavam a um lugar sombrio que conhecia bem.

—Não. Thanos queria. — Ela se pronunciou e ouviu Eliza soltar o ar. Percebeu também Wanda se movimentar no canto da mesa, virando-se para encarar Visão.

—Thanos? — Thor parecia desconcertado também. — Nas minhas visões causadas por Maximoff vi uma manopla, com essas joias.

—Manopla do Infinito. Tem uma réplica dela nos cofres de Asgard. — Loki finalmente conseguiu sair do transe que se encontrava. — Se Amora está trabalhando com Thanos, acho que vamos ter problemas com a segurança, aliás. — A reação do deus dos trovões foi apenas suspirar. Sabia que não poderia ficar ali para sempre, manter Loki e Sigyn em sua visão. Asgard teria seus próprios problemas em pouco tempo e, como rei, tinha que se certificar que estava tudo em ordem.

—Vamos do começo. Quem é Amora? — Sam Wilson de algumas vezes se arrependia demais de ter se juntado aos Vingadores. Tinha tido loucura demais para seus anos, podia estar aposentado, ganhando dinheiro do governo para apenas ficar em casa, mas não. Não conseguia ficar parado. Podia se arrepender do que estava perguntando, mas a curiosidade era maior que ele.

—Amora é uma ex-namorada. — Sigyn se controlou, manteve o rosto impassivo sem esboçar nenhuma reação. — Foi banida de Asgard há algum tempo, fazia centenas de anos que não ouvia sobre ela.

—E foi banida para onde? — Deu de ombros, não sabia, não perguntou para Odin, e, depois de um tempo, tinha deletado-a de sua memória para, realmente, não ter que ficar se martirizando por tudo aquilo. E depois que havia conhecido Sigyn então...

—Irmão, você por acaso não mostrou para ela a passagem da Bifrost? — Como uma criança acuada, quase sumiu ao lado de Sigyn antes de responder.

—Talvez? — Thor fechou os olhos, sem saber como resolver aquela bagunça com mais uma feiticeira a solta pelos reinos que sabia sobre as passagens, que já tinha causado tanta dor de cabeça antes daquilo.

—Vamos resumir, então. — Natasha falou pela primeira vez naquela reunião, se arrumando melhor na cadeira. — Amora é ex-namorada de Loki que viaja pelos mundos a mando de Thanos atrás dessas gemas, seja lá o que for isso, e que, basicamente, deu vida para Visão. Então agora ela vai continuar voltando aqui até conseguir roubar a gema de Visão e estamos ferrados? — Loki apenas assentiu. — Estamos ferrados.

—E essas joias perdidas? — Foi Steve que perguntou, agora seu rosto tinha uma pequena ruga demonstrando preocupação. — Quem é Thanos e ele pode já estar com essas joias?

—Ele é um dos titãs do espaço que, como vocês podem deduzir, quer destruir o universo. E, enquanto estava com ele, ele ainda não tinha nenhuma, a não ser a da Mente, que… Bem. Ele deve estar bem puto agora.

Eliza estava em seu quarto e preenchia o relatório furiosamente. Loki. No Centro de Treinamento. E não era o tipo de informação que podia omitir – como sempre omitia alguns pequenos incidentes. Era grande, importante. Parou no meio de uma palavra, já irritada demais para continuar. E ainda tinha Steve. Tinha agido como uma idiota com ele, exigindo demais enquanto ela mesma queria distância, não queria por rótulos em tudo aquilo. Soltou um grunhido em frustração. Para melhorar tudo, no quarto a sua frente estava Loki e Sigyn, quase como uma sombra, uma presença que não a deixava descansar. Abriu e fechou a mão em punho algumas vezes, se preparando para voltar a digitar, quando seu telefone tocou. E conhecia bem demais aquele toque.

—Secretário Ross. — Tentou parecer normal, até mesmo animada.

—Não recebi seu relatório de hoje ainda.

—Porque ainda não está pronto. — Ela só queria descanso, coisa que não teria, principalmente sob àquelas circunstâncias.

—O motivo da demora…?

—Muita coisa aconteceu hoje aqui, estou tentando deixá-lo o mais fiel possível.

—Agente Lewis, você sabe… — Ouviu duas batidas suaves na porta. Sabia que, provavelmente, era Steve, o único que vinha a essa hora em seu quarto.

—Tenho algo a fazer. Em uma hora você vai ter o relatório pronto. Tchau. — Desligou o telefone rapidamente, antes que explodisse de raiva. Levantou-se de sua cadeira e abriu a porta do quarto, irritada.

—Acho que vim num momento ruim.

—Estamos num momento ruim, Rogers. — Se encostou no batente da porta, cansada. Não estava com pique, nem humor, para ter uma DR com Capitão América naquele momento, principalmente porque sabia que tinha sido infantil ao não saber separar sua frustração pessoal da frustração profissional mais cedo e ter descontado tudo nele no meio da confusão. Ele olhou para dentro do quarto, encontrando o notebook aberto. — A gente conversa outra hora.

—Eliza…

—Boa noite. — Virou-se para fechar a porta, impedida pela mão forte de Steve a segurando.

Não tinha sido fácil para ele também. Aquele dia tinha começado estranho, acordado no meio da noite com uma mulher estranha querendo ferir Visão, agora tinha mais dois deuses de Asgard no centro e toda aquela confusão que tinha que lidar. No topo de tudo aquilo, tinha Eliza, seus sentimentos e a personalidade nada fácil da agente. O silêncio entre os dois era quase constrangedor.

—Você está brava comigo? — Ela suavizou um pouco a expressão, desmontou um pouco a pose que tinha. Negou com a cabeça. Não era com ele que estava irritada.

—Não. É com toda essa situação, comigo mesma também. Não estou no clima de conversar agora, Steve.

—Tudo bem. — Capitão ficou sem saber o que fazer. Voltaram a se encarar com um silêncio quase constrangedor. Eliza não queria admitir, mas sentia um desejo que não entedia do toque dele, e só do toque. De um abraço, um carinho. E se odiava por estar imaginando aquilo. — Esfrie a cabeça e depois resolvemos isso, então.

—Vai ser difícil tendo que lidar com Ross. — Mesmo desejando aquilo, se surpreendeu quando, depois de um sorriso de lado quase divertido, ele se inclinou para ela, segurou seu rosto e depositou um beijo no topo de sua cabeça.

—Mande ele me ligar, qualquer coisa. Boa noite.

Não conseguiu responder, atônita. Ficou parada, na porta do quarto, enquanto Steve virava as costas para ir até seu quarto. Piscou algumas vezes, tentando sair do transe que se encontrava, algo dentro dela formigando de um jeito que nunca tinha sentido. Ele, depois de pouco mais de um mês, tinha conseguido mudar algo dentro de Eliza que nem ela conseguia entender. Soltou um gemido frustrado antes de se virar e fechar a porta, sabendo que não teria escapatória a não ser apertar enviar naquele relatório e ver seus minutos de paz acabando enquanto esperava a ligação desesperada de todos os órgãos de segurança dos Estados Unidos.


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Notas finais do capítulo

Pronto, gente. Espero que entendam que eu precisei desse tempo e que, mesmo que demore, eu volto. Como estudo integral e etc, provavelmente as atualizações realmente vão demorar de um mês a um mês e pouco. ♥ Mas eu sempre volto.



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