Secrets escrita por K Valentine


Capítulo 5
Chapter IV




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/701569/chapter/5

Depois que Adam deu carta branca para a criação da empresa, começamos os preparativos. Mas é claro, havia condições.

Ivy não ficará exposta e evitará ao máximo viajar. Caso a marca participe de desfiles em semanas de moda internacionais, ela mandará um representante. O relacionamento dela com os clientes deve ser estritamente profissional. Não poderá dar abertura para que eles saibam de nada relacionado à sua vida pessoal. As finanças da empresa deverão ser documentadas em relatórios e enviadas ao Boss, mensalmente para que ele revise e também uma relação de todos os nomes dos clientes. Os horários de trabalho de Ivy deverão ser conciliados com suas atividades do dia-a-dia, para que não deixe de exercer nenhuma delas e suas férias devem bater com as do marido. Ela sempre deve voltar para casa junto e no mesmo horário que ele. E, por último, ainda que esteja trabalhando agora, não pode ter um celular.

Nunca vi um ser humano gostar tanto de impor suas vontades que nem o Boss. Ele realmente gosta de ter o controle de tudo, sempre. Inclusive da vida dela.

Eu estava muito animado para voltar para o mundo da moda! Ivy no início ficou com o pé atrás, mas aos poucos foi se rendendo e ficando animada também. Mal posso esperar para ver a reação das pessoas ao verem as novidades da nova grife de roupas.

Ele contratou um consultor para nos ajudar a montar tudo da forma correta. Dessa maneira, criamos a marca HERSCH. O nome é uma abreviação do sobrenome de Ivy. Isso ocorreu porque o consultor nos orientou a desvencilharmos de Mayvic, pois o sobrenome do Boss já estava ligado a um ramo completamente diferente do nosso e essa diferença era necessária para que não houvesse confusão no mercado.

Adam disponibilizou uma certa quantia (bem grande, diga-se de passagem) em dinheiro para que pudéssemos aplicar na empresa. Nesse ponto, ele foi bem generoso. Ele também comprou um prédio recém construído que ficava perto da Mayvic Enterprises, na região central de Los Angeles e nós nos instalamos lá. Cada andar será um departamento diferente. O último, junto com a cobertura, ficará o escritório de Ivy, o meu e a sala de reuniões. Algumas obras foram feitas para atender as nossas necessidades. Mobiliamos e decoramos cada canto do nosso jeito! Posso afirmar que os ambientes ficaram maravilhosos e super sofisticados!

Empresa pronta, faltava agora os funcionários. Eu e o consultor fizemos uma lista de tipos de profissionais que deveriam ser contratados e a quantidade de cada um deles. Assim, anunciamos no jornal e na internet a nossa procura para que as pessoas pudessem enviar seus currículos até uma data pré-estabelecida.

E assim foi feito.

Eu, que era a pessoa que mais entendia do assunto, fiz a triagem dos currículos e selecionei quem iria passar pela entrevista conosco. Foi um trabalho árduo, mas conseguimos terminar com louvor e tenho certeza que contratamos os melhores e mais qualificados.

Depois que os funcionários estavam devidamente contratados, Ivy fez questão de convocar uma reunião com todos, para que pudesse se apresentar e passar as diretrizes da empresa. Ela achou que essa seria uma forma deles a conhecerem ao menos um pouco e de poder expressar o que ela esperava de cada um em sua respectiva função. Assim, demos largada aos trabalhos na HERSCH, com alvo no público feminino.

***

Dois anos se passaram e ao decorrer desse tempo a marca foi crescendo a cada dia mais. Tanto, que o nosso próximo passo é começar a investir na criação de sapatos, acessórios (como bolsas e jóias) e em cosméticos (como esmaltes e batons).

Éramos um sucesso no mundo da moda, como eu previ no passado. Com nossas criações diferenciadas conseguimos um lugar de destaque no mercado e os lucros iam às alturas (algo que agradava e muuuito o Boss). Tudo que lançávamos, esgotava em questão de horas. Num primeiro momento, fizemos parcerias que permitiam algumas lojas venderem nossas roupas. Mas depois, abrimos as da própria marca por toda a América e Europa.

Ivy é uma profissional super competente, que aprendia as coisas com facilidade e rapidez, dando o melhor de si sempre. Pude perceber que ela estava visivelmente melhor e um pouco mais feliz, por se ocupar com algo em que se sentia útil de alguma forma. Mas ainda assim estava vivendo a vida que Adam queria, sob suas regras. Isso era o que a incomodava mais e a única coisa que eu não podia intervir.

Meu salário havia crescido ainda mais. Se eu ficasse apenas na HERSCH, era suficiente para me sustentar e ainda sobrava dinheiro para as minhas três próximas gerações. Mas eu tinha um compromisso e não o largaria jamais. Se tornou parte de mim e já não vejo minha vida sem meu trabalho junto com os Mayvic.

Pela manhã, após suas aulas de idiomas, eu a arrumava e nós sempre íamos juntos para a empresa. Naquele dia, Ivy foi calada e pensativa durante todo o caminho. Quando chegamos ao seu escritório, ela tirou o casaco e se virou para mim. Estava com uma expressão preocupada.

— Aconteceu alguma coisa – pergunto.

— Preciso de um favor seu... – ela me olha, visivelmente aflita.

— Sim, qualquer coisa que você quiser.

— Certifique-se, sem Adam saber, se meus pais estão recebendo a pensão que ele prometeu.

— Claro, vou dar um jeito de descobrir isso... Mas por quê?

— Estou preocupada... Adam não me deixa falar com eles há mais de um mês e eu tenho medo deles estarem passando dificuldades.

Adam que intermediava o contato entre eles, de duas em duas semanas. Mas por algum motivo, agora estava acontecendo isso. Ivy tinha medo que ele parasse de ajudar seus pais. Assim todo o seu sacrifício não fazia sentido e nem valia a pena.

— Se isso for confirmado, - ela continua. – precisamos dar um jeito de desviar dos lucros da HERSCH sem Adam perceber e enviar essa quantia a eles.

— Vamos descobrir o que está acontecendo primeiro e depois tomamos providências, se necessário.

— Tudo bem. Muito obrigada, Ludo. – ela me abraça. – Não sei o que faria sem você ao meu lado.

— Estou com você até o fim!

— Agora vamos ao trabalho, pois temos muitas peças para fazer hoje!

***

Bill andava de um lado para o outro, preocupado com os preparativos do novo álbum da banda, já que a data do lançamento estava chegando. O novo cd já tinha nome, se chamará Kings of Suburbia. As faixas já estavam prontas, mas precisavam fazer a sessão de fotos do encarte e escolherem as roupas que usariam durante a nova turnê, que será no ano que vem. Isso tudo estava o deixando preocupado, pois o tempo passava e não tinham nada definido ainda.

Ele estava no estúdio junto com Tom, que ajustava os últimos detalhes das novas músicas com Georg e Gutav. Enquanto isso, esperavam a chegada de David Jost para darem início a uma reunião. Como o manager demorava, Bill decidiu ir até uma banca de jornais e revistas perto dali, para comprar algumas que pudessem lhe gerar boas ideias de looks. Quando voltou, começou a folheá-las. Um uma delas, estava um editorial de moda que chamou sua atenção. As roupas eram femininas, mas o conceito era diferente de tudo que ele já havia visto até hoje.

— HERSCH. – lê o nome da marca. – Interessante... – diz consigo mesmo.

Alguns minutos depois, finalmente aparece quem estava faltando.

— Meninos, vamos lá? – convoca a todos, que saem em direção à sala de reuniões.

Os cinco se sentam numa mesa redonda. Bill levou as revistas com ele.

— E então, vamos confirmar algumas coisas e decidir outras. – Jost continua. – O lançamento do álbum será oficialmente no dia três de outubro. Posso fechar essa data?

— Sim, está ótimo. – Tom responde.

— E a nova logo da banda será a última que vocês escolheram mesmo, ou ainda estão em dúvida?

— A gente entrou num consenso ontem e será aquela mesmo, Jost. – Georg informa.

— Beleza, vou mandar colocar nos banners anunciantes de merchandising, junto com a data.

— Bom, agora vamos falar da sessão de moda do encarte do álbum. Bill?

Como Tom, e os G’s não entendiam nada de moda, sempre deixavam essa parte nas mãos do gêmeo mais novo. Ele decidia o que marca ou estilista era melhor e eles só palpitavam nas roupas que iriam usar.

— Eu andei pesquisando e gostei de uma marca chamada HERSCH, que é de roupa feminina. Queria entrar em contato com eles para saber se estão dispostos a abrir uma parceria conosco e lançarem roupas masculinas também. Acho que será uma boa para os dois lados e...

Enquanto Bill falava, David ficou pensativo.

— Espera aí... – o interrompe. – Como é o nome da marca mesmo?

— HERSCH. – ele repete.

— Sim... Eu conheço muito bem!

— Como assim? – o vocalista questiona, espantado.

— Essa marca é do meu amigo Adam Mayvic! Eu cheguei a ir no coquetel de lançamento, faz um tempo já...

— Aquele milionário casado com a moça bem mais jovem que você nos apresentou há tempos atras? – Tom pergunta. Ele lembrava.

— Sim, esse mesmo!

— Nossa, que coincidência! – Gustav enfim se pronuncia.

— Coincidência e ótima notícia, Jost! Intermedeie nosso contato então, por favor! Tenho certeza que com sua influência, conseguirei meu objetivo. – Bill pede.

— Ele não tem cara de que é entendido do ramo da moda. – diz o guitarrista.

— Na verdade quem toma conta da empresa é a Ivy, sua esposa.

Ivy. Esse nome ecoou na mente de Tom e ele se lembrou do exato momento que a viu pela primeira vez.

— Menos mal, ela não tem cara de ser mais maleável que ele... Acho que vai ser mais fácil lidar, pois mulheres são mais abertas ao diferente. – Bill comenta.

— Mas e se ela for aquelas dondocas insuportáveis? – pergunta Georg.

— Não é. Tive a oportunidade de conhecê-la um pouco mais. Ela é super gentil e agradável. – conta o manager. – Uma ótima pessoa, de verdade.

— Se ela é isso tudo, porque casou com um idoso?

— Ele não é idoso, é só um ano mais velho que eu! Você que é um moleque! – David repreende Tom e ele ri, junto com os outros.

— Mas o cara tem idade pra ser pai dela!

— Isso tem mesmo, Tom. – concorda Bill.

— Eu não sei! Talvez eles se gostem de verdade, porque não me parece que ela tenha dado o golpe do baú nele. Ivy é uma pessoa muito simples e humilde. Só de conversarmos, deu para perceber. Não fica se gabando de nada, diferentemente do Adam.

— Enfim, você pode fazer isso que eu pedi?

— Posso sim, Bill. Amanhã vou até a casa dele para conversarmos.

— Fechado.

Depois de mais alguns detalhes ajustados, a reunião se deu por encerrada. Assim que estavam saindo da sala, o celular de Tom toca. Ele se afasta do grupo para atender. Os meninos seguem para onde estavam anteriormente e arrumam suas coisas. Já que o trabalho por ali acabou, vão embora para casa.

— Quem era? – questiona Bill quando o irmão volta.

— Ria. – responde, não muito animado. – Ela está vindo para Los Angeles hoje e quer jantar mais tarde naquele restaurante que ama.

— Ela é cheia de frescura, sempre... Aquele restaurante é horrível. – ele faz careta. – Aposto que vai chegar ostentando um botox novo. – ri debochado e Tom o olha feio. – Você vai sair mesmo?

— Vou tentar enrolar, porque tudo que eu quero hoje é descansar. Preciso muito dormir.

— Bora, gente? – Georg se aproxima dos dois.

— Vamos sim, Tom precisa se arrumar pois hoje tem visita. – Bill olha para o irmão, que fecha a cara.

— Ria tá vindo? – questiona o baixista.

— Na mosca, Gê! A musa de cera chega hoje ainda. – o vocalista provoca e sai correndo e rindo quando Tom ameaça bater nele.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Secrets" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.