W's escrita por Luana Almeida


Capítulo 19
Sentimentos e mudanças


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoas, como vão?
Fiz esse capítulo, seguindo alguns conselhos e algumas opiniões. O aumentei o máximo que consegui (para, desculpem a expressão sem graça, ''não encher linguiça''), e fazendo descrições melhores sobre o que o personagem está fazendo e seu pensamentos.
Adicionei POV's, para não ficar na mesmice e pretendo continuar assim.
Sugestões e críticas são sempre (sempre mesmo), muito bem vindos. Pretendo escrever assim por agora, e gostaria muito de saber o que vocês acham dessa ''repaginada''
Desde já, obrigada!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/701430/chapter/19

Sam’s POV

 

—Você e a Aurora – Dean me olhou enquanto dirigia, estava quieto a muito tempo na viagem – Vocês se acertaram?

—É – respondi, olhava a tela do computador ainda fazendo pesquisas – Não sei o que ela pensa agora.

—Como assim? - havia algo de curioso na frase.

—É que foi um beijo, eu não lembro nem como cheguei no sofá direito – o olhei me sentindo culpado.

—Você tem que dizer a ela – ele deu de ombros – Acho que ela pode pensar que vocês tem algo sei lá.

—Acho que não – eu realmente achava? – Antes de sair me deu um beijo no rosto e pediu que eu voltasse e trouxesse você, nós dois vivos – lembrei do sorriso que me deu antes de subir as escadas.

—Ah ela… – ele me olhou novamente – Pediu é? - reconhecia aquele olhar, era de um interesse significativo.

—Pediu – eu achei a atitude dela normal, mas Dean não parecia achar.

 

Dean continuou dirigindo sem dar uma palavra. Eu ainda estava pesquisando sobre os atentados na cidade onde iríamos resolver o caso, para ter certeza de que realmente podia ser um Wendigo, todas as características batiam com a descrição dos atacados ou dos que tinham entes desaparecidos. Resolver o caso, parece tão presunçoso, é como se nós fossemos chegar lá e sem dúvida alguma tudo ia ficar bem. No final sempre ficava, e isso também parece presunçoso, mas estou tão acostumado a matar essas coisas, leio tanta coisa diferente todo dia, que parece um trabalho comum como… Como o que? Isso não é um trabalho comum, não tem com o que se comparar.

 

Todos os dias, quando entrávamos no Impala, eu pedia, e depois de um tempo, não sabia se era para Deus, para que eu não voltasse sozinho de lá, nem que Dean tivesse que voltar sem mim. Caramba o que eu estou fazendo? Eu sabia, e ele já me provara várias vezes, que era capaz de qualquer coisa para que eu não morresse, só tinha medo que uma hora ele se fosse e eu ficasse, não seria justo, nem sei lá, normal?

 

—No que está pensando? - Dean me tirou do profundo pensamento.

—Em nada – me ajeitei no banco de couro, minhas costas doíam e o cooler do computador soprava quente e queimava minhas coxas.

—Fala sério Sammy – ele revirou os olhos e tamborilou os dedos pelo volante parecendo impaciente – Eu conheço você.

—Dean, eu estou melhor – fechei a tampa do notebook e o coloquei no banco de trás – Desde que ela chegou – não pude deixar de sorrir lembrando a cara de brava que fez quando coloquei seu ombro no lugar.

—Você não falou nada – ele encostou o carro em frente a um hotelzinho da cidade, um neon barato piscava ‘’vagas’’ e ao lado claramente se via o ‘’sem’’ apagado.

—Não achei que precisasse – porque ele era tão desligado? – Eu fui caçar com vocês no mesmo dia que não estava bem.

—Achei que queria espairecer sei lá, porque acha que foi ela? - ele me olhou bravo e gesticulou

—E porque não seria? Ela chegou e tudo começou a melhorar – parecia tão óbvio.

—Hm – foi só o que ele disse.

 

Por uns bons minutos ficamos dentro do carro em silêncio, Dean pareceu pensar no que dizer, mas quando ia falar, pareceu novamente voltar a pensar. Minha mente trabalhava em saber o significado daquele ‘’Hm’’. Uma ponta de ciúmes havia me pegado a ver a cena dele e de Aurora abraçados e dela triste e de Dean não parecendo diferente. Me senti meio, excluído, ela sempre estava sorrindo para mim, tirando o dia em questão que fechara a cara e não me dera uma palavra boa. Mas era só comigo, estava tudo bem entre ela e ele, e passei, quase que o dia todo, pensando no porque daquilo, até realmente lembrar do beijo e me tocar que era isso.

 

—Dean você ta afim dela? - a pergunta subiu pela minha garganta e escapou. Um ‘’não’’ girou em minha cabeça.

—Que? Ta maluco? - ele riu, pareceu forçado, mas dessa vez não consegui saber se era de culpado ou não.

—Sei lá você está todo estranho – engoli em seco, eu não queria ter aquela conversa. – Tá fazendo um monte de perguntas que normalmente não faria.

—Você não tá bem não, melhor dormimos logo – ele abriu a porta do carro e foi saindo.

—Dean – também saí do carro e dei a volta nele dando uma pequena corrida para alcançá-lo – Tudo bem, eu não vou ficar chateado se estiver.

—Não tem nada ver, ela não é sua, se estivesse ia te contar sem problemas, ou melhor, pegaria ela primeiro e depois te contaria – ele continuava andando e seus ombros se erguiam a cada pausa como se falássemos de qualquer assunto. Me incomodava ele não me olhar – Sabe que não me envolvo assim.

—Eu vi… - isso parecia tão infantil, mas sempre era sincero com Dean, tentava pelo menos – Vocês dois na sala, por isso a pergunta – coloquei as mãos no bolso da jaqueta, estava um pouco envergonhado.

—Fui te defender – ele se virou para mim, estava a pelo menos uns quatro passos de mim, e ainda não me olhava.

—Me defender de que? - eu ri ouvindo aquilo.

—Dela, ela estava chateada com você, vi como te tratou na garagem, só fui explicar umas coisas, ela começou a falar, eu também, e depois ela começou a chorar, acho que estava precisando desabafar – ele pensou – Parece que ela te faz falar o que normalmente não falaria.

—Tá – fiz o tom de ironia sobressair sem querer, ele não conversava comigo, mas com uma garota que mal conhecia sim, o.k.

—Tá o que? - ele me olhou confuso.

—Só tá – dei de ombros – Vamos nos hospedar – passei com ele me esquivando para que não batesse em seu ombro. Dean continuou parado lá até eu ouvir seus passos atrás de mim.

 

Não parei para pensar na continuação da conversa, ou nela em si. Fiz o check in do quarto, e assim que entramos nos jogamos na cama e dormimos pelas três horas que nos restava até as oito da manhã, hora que o parque abriria para continuarmos a investigação e provavelmente caçar aquele monstro. Eu estava cansado, e dormir três horas, eu tinha certeza, não faria com que eu descansasse, mas eu teria tempo para isso quando terminasse o trabalho, eu acho, eu esperava isso.

 

 

 

Aurora’s POV

 

—Castiel? - abri os olhos olhando em volta, por minha surpresa Castiel estava deitado ao meu lado olhando para o teto. Me sentei rapidamente.

—Eu estava cansado – ele se justificou. Suas mãos estavam sobre a barriga.

—Tudo bem – não estava tudo bem, ele estava deitado ao meu lado, e eu não o conhecia.

 

Que maldade podia haver em um anjo? Nenhuma.

 

—Não consegui curar isso – ele sentou-se na cama e apontou para minha perna, mantive os olhos nele tentando entender aquela situação – Estou um pouco… Como já ouvir Dean dizer, acabado – ele esticou os lábios em um sorriso forçado e culpado.

—Porque eu vivo desmaiando? - perguntei revirando os olhos, estávamos no quarto de Dean, mais uma vez mal iluminado.

 

Ele me olhou por um tempo, e eu sustentei seu olhar, depois de uns segundos arqueou uma sobrancelha parecendo um tanto confuso.

 

—Foi uma pergunta? - ele levantou os ombros e apertou os olhos como uma criança travessa recebendo o olhar duro de seu pai.

—Não – ele tinha olhos azuis profundos, e hipnotizantes – Castiel – era ótimo ter o que falar – Preciso que me conte algumas coisas – ele pareceu ponderar.

—Eu… - ele mordeu o canto da boca balançando a cabeça como se quisesse se livrar de algo – Não posso te contar nada.

—Como não? - murchei sentindo um arrepio, talvez de medo do que estivesse acontecendo, passar pelo meu corpo.

—Tem algo muito grande acontecendo no…

—Crowley esteve aqui – olhei minha perna, não havia percebido, mas ela estava totalmente branca – Você fez isso? - meus olhos saíram dela e foram para ele.

—Sim – ele prontamente respondeu – Eu… eu… - ele gaguejou – Estava um pouco machucado – um pouco? - E tomei a liberdade de passar aquilo que Dean passou uma vez em seu rosto, em um machucado que adquiriu em algum lugar.

—Castiel – o olhei – Calma – eu estava começando a ficar nervosa com seu nervosismo. Era um momento constrangedor e seria ótimo se alguém a mais estivesse lá. Castiel parecia estranho muito diferente de como o conheci.

—Tenho que ir – ele levantou e pareceu perdido – Ali – apontou para a porta e caminhou rápido até lá me deixando sozinha no quarto.

 

Eu fui até a porta com um pouco de dificuldade e a tranquei. Definitivamente, aquele não era o Castiel que eu conheci na primeira noite que encontrei os irmãos Winchester. Alcancei o celular sentindo o gelado da pomada na perna e em minha barriga, e aquilo era maravilhoso perto da dor que sentira a algum tempo atrás.

 

—Sam – falei assim que ele atendeu.

—Não é uma boa hora – Sam respondeu e ouvi um barulho de tiro que me assustou.

—Sam – tons de súplica e desespero saíram na frase.

—Agora pode falar – ele arfava e eu ouvia Dean xingando ao longe.

—O Castiel ele... – uma batida na porta seguido de um Aurora? me fez pausar – Ele está aqui e eu estou com medo – minha voz saiu como um sussurro.

—Medo? Do Castiel? - Sam riu do outro lado da linha. Mas meu silêncio o fez parar – Nós vamos voltar.

—Agora? - meu coração batia rápido com Castiel me chamando na porta – Onde tem uma arma em seu quarto?

—Está no meu quarto? - ouvia os passos dos dois ecoarem onde quer que estivessem.

—É uma longa história – não contaria o que houvera por telefone – Onde?

—Vai atirar em Castiel?

—Sam – fui rude – Onde tem uma porcaria de arma? - meu sussurro falhava e alternava entre uma voz mais alta, mas não o suficiente, eu achava, para Castiel ouvir.

—No criado-mudo, ao lado da cama, um desert angle – enquanto ele me dava a informação fui até o lugar e encontrei a prateada – Não atire no Castiel.

—Se ele piorar eu juro que atiro – desliguei o telefone sem esperar resposta, coloquei a arma no cós da calça que usava e o cobri com a camiseta.

 

Abri a porta devagar e ficamos nos olhando, Castiel não expressava nada, além de segurar um pequeno sorriso, aquilo me incomodava. Soltei o ar que segurava por uns segundos.

 

—Estava ocupada – sorri para não demonstrar meu medo.

—Eu fui ao banheiro – suas mãos estavam no bolso do jaleco cor de caramelo – Sabe se tem algo para comer aqui? - suas bochechas se tingiram de vermelho.

—Claro – ele pareceu tão inofensivo que aquela arma pesava mais que o normal no cós da calça.

 

Castiel me deu espaço para que pudesse passar. Caminhei pelo corredor e desci as escadas torcendo para que ele não visse o desert.

 

—O que anjos comem? - a frase não pareceu fazer sentido.

—Aquele… – ele pensou – Sanduíche.

—Se quiser ir a sala eu levo lá – me virei para a geladeira pegando os frios.

—A TV está lá, não é? - Castiel pareceu empolgado.

—Está – não havia reparado se realmente havia uma televisão na sala. Mas qualquer coisa para que ele parasse de me assustar.

 

Ele girou nos calcanhares e desapareceu da cozinha fazendo seus passos ecoarem pelo bunker. Fiz o lanche o mais rapidamente possível, e o nervosismo de ter que encontrá-lo só aumentava. Olhei o celular de segundos em segundos pensando se ligava para Sam novamente e implorava para que ele voasse até lá. Não passava das dez da manhã e o relógio parecia andar para trás.

 

—Está aqui – entrei na sala com dois sanduíches em um prato e um suco de laranja com limão. Me perguntei como elas estavam ali se só o que tinha por lá era presunto e queijo em fatias, além de um pão caseiro.

 

A cena era de Castiel deitado no sofá de lado com os braços cruzados em um sono aparentemente profundo, a TV exibia um programa de prêmios onde as pessoas eram questionadas e acumulavam valores e mais valores para no final irem para casa com eles.

 

Coloquei o lanche dele retirando o prato que Dean havia deixado ali na madrugada. Parei por um minuto lembrando de nossa conversa e me senti segura, como me senti na noite que ele prometera cuidar de mim. Olhei a serenidade no rosto de Castiel enquanto dormia e me senti horrível por portar uma arma e ter em mente que atiraria nele se precisasse. Ele era um anjo e eu jurava que ele não me machucaria, mas agira tão estranho, ele não era o Castiel que conheci.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!