Nas areias,a paixão escrita por Any Marie Whitlock, Lady Shiuuuu


Capítulo 7
Capítulo 2




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—Oh,Jacob! Jacob,meu querido! Santo Deus! - gritava a Sra. Black em tal altura que o hospital inteiro podia ouvi-la.
—Calma,mamãe,eu estou bem. - respondia o rapaz,ostentando um curativo na cabeça. - Não foi nada. Só escorreguei e bati a cabeça.
—Jesus Santíssimo! E nós tão longe da civilização!
—Pare com isso,mamãe! Por favor! -protestou Jacob,torcendo para que ninguém ali entendesse sua língua.
Encostada perto da porta da enfermaria,eu observava a cena certa de que Jacob não tinha batido a cabeça coisa nenhuma. Ele havia levado uma pancada. Quando entrei em seu quarto para chamar a segurança vi que estava tudo remexido.Aquilo foi um assalto,isso sim. Só não entendia por que o rapaz não tinha dado queixa ou alertado o hotel. Alguma coisa ali não estava certa.
—Graças a Senhorita Swan,que me ajudou,agora esta tudo bem.
Eu sorri.
—Minha querida,nem sei como agradecer por ter salvado a vida do meu menino! Foi a providência divina que a colocou no mesmo corredor que nós!
eu sorri de novo. Salvar a vida? O homem só tinha um arranhão na cabeça! E um galo,evidentemente. Nada que resultasse em mais do que dois dias com dor de cabeça. Quanto exagero.
—Mãe...e o seu guarda-chuva?Onde esta?
—Sossegue...Aqui comigo. E o seu também! - respondeu a senhora mostrando os dois objetos ao filho.
Observei o alívio na expressão dele e fiquei intrigada. O que havia de tão especial naqueles guarda-chuvas? Pareciam normais...cabos redondos,feitos de madeira escura. O dela era azul e o dele,preto. Será que a Sra. Black e seu filho tinham alguma neurose que os obrigava a carregar aquelas coisas?
—Vamos embora daqui. - disse o rapaz,sentando na maca.- Venha senhorita Swan. Quero lhe pagar um café pelo trabalho que dei.
Ele me deu uma piscada com ar malandro que em nada combinava com sua aparência de "filhinho de mamãe".
Aliás,sem os óculos e com os cabelos desarrumados,Jacob Black era até bonito.Nada se comparasse ao meu príncipe do deserto,o homem dos meus sonhos,mais era bonito.
Sentados em um agradável restaurante,de onde recebíamos os sorrisos amigáveis das pessoas que ali passavam,eu saboreava tranquilamente meu café perfumado com essências,enquanto ouvia as reclamações da Sra. Black sobre o tratamento que o hospital dera ao seu filho.
O rapaz,por sua vez,parecia não prestar atenção a nada do que a mãe dizia e sondava o ambiente com o que me pareceu ser um olhar de espião.
—Então,senhorita Swan,o que faz em Londres? -perguntou ele de repente,interrompendo a enxurrada de reclamações da mãe.
—Trabalho com restaurações no Museu Britânico.
—Que interessante! - ele respondeu,parecendo realmente interessado. - Fale mais um pouco. Acho este tema fascinante.
—Não há muito pra dizer. Na verdade,eu trabalho realmente nos porões do museu,entre telas danificadas e documentos desbotados.
—E por que escolheu a África pra passear? Quer render suas homenagens ao colonialismo britânico?
Havia uma ponta de sarcasmo na voz dele ou teria sido impressão?
—Vim conhecer o deserto. Minha viagem começa pela Tunísia,mas pretendo ir até o Egito. E não acho graça nenhuma no colonialismo,se me permite falar. Além do mais,a Tunísia era colônia francesa,não inglesa. - respondi contrariada.
—Vai até o Egito pelo deserto? -espantou-se Sra. Black.
Eu ri.Bem que gostaria,mas era impossível. Ah seu eu soubesse o que me esperava...
Voltamos ao hotel e encontramos o guia da agência de turismo reunido com as outras pessoas que como nós,participariam da excursão.
—Sairemos amanhã pela manhã. Façam o desejum bem cedo. Temos que cumprir os horários,esta bem?
Nosso passeio começaria por Túnis e depois seguiríamos para o sul do país,visitando cidades antigas,mesquitas,museus e alguns monumentos e ruínas,ate chegarmos ao deserto.
O plano era nos juntarmos a uma caravana e passar uma noite entre o que a agência chamava de verdadeiros habitantes milenares. Mal conseguia controlar minha ansiedade. Algo me dizia que no momento em que colocasse meus olhos nas areias,algum poder especial tomaria conta de mim e eu seria levada para o mudo dos meus sonhos. Quanta besteira! Se eu soubesse o que realmente me aguardava,não sei se teria coragem de seguir em frente....
Notei,quando ia a recepção pegar minhas chaves,um homem alto e magro,vestido de negro, o rosto coberto por um véu que deixava apenas seus olhos escuros a mostra,aproximar-se discretamente de Jacob e com gestos discretos,riscar com o dedo alguma coisa na mão do rapaz. Como havia ainda vários turistas pelo saguão,acho que o gesto passou despercebido a todos. Menos para a Sra. Black que sorriu ligeiramente e cumprimentou a figura misteriosa.
Encantada de ver pela primeira vez o traje tamashek,acompanhei com interesse a cena que se desenrolava num canto do grande salão.
Jacob olhou o desconhecido e fez um sinal imperceptível com a cabeça. O outro se retirou em silêncio e naquele momento tive certeza de que havia algo muito estranho envolvendo Jacob e sua mãe. 
Incrível. Meu primeiro dia na Tunísia e eu já havia encontrado um mistério.


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