Desde que eu descobrira que meu pai estava certo e não era maluco, eu tinha viajado no tempo muitas vezes. Tinha aprendido a usar este dom ao meu favor, e sempre que alguma coisa dava errado ou não me agradava eu voltava no tempo e corrigia tudo até as coisas ficarem do jeito que eu quisesse.

Por ser o único filho daquela geração que tinha este dom, meu pai me fez prometer que não contaria nada a ninguém e eu gostei da ideia de poder ter algo com que somente eu dividia com meu pai. Sim, era egoísta, mas quando você tem seis irmãos com as idades muito próximas da sua você iria sentir um pouco a falta de atenção. Atenção, a minha ultimamente estava voltada para uma única coisa. Ou melhor, pessoa.

Lilá Brown era a melhor amiga da minha irmã, assim como a Gina ela também era um ano mais nova do que eu. Aquela garota era linda, simplesmente linda. Seus cabelos lisos e loiros eram enormes, seus olhos azuis eram claros como o céu numa tarde quente de verão, seus lábios rosados a faziam parecer uma boneca e ela tinha muito mais corpo que Gina. Não que eu ficasse reparando na minha irmã, mas ela era uma magrela que mesmo se esforçando para engordar não aumentava muito mais que algumas gramas na balança. Porém Lilá não era gorda, ela tinha um corpo esbelto. Os seios fartos e o bumbum arrebitado a tornavam a visão do meu paraíso, e principalmente o personagem principal dos meus sonhos.

Gina tinha convidado Lilá para passar o resto do verão conosco. Dois meses na incrível presença daquela maravilhosa loira, eu estava apaixonado por ela e acho que ela também devia sentir alguma coisa por mim já que sempre que podia ela se insinuava pra mim discretamente. O verão com ela em casa foi tão bom que só me dei conta de que devia abrir o jogo com ela na última noite em que passaria na nossa casa, e assim eu fiz.

Sai do meu quarto em direção ao que ela estava ocupando nos últimos dois meses, bati na porta — Sim, eu sempre bato na porta! — e obtive a permissão para entrar. Acho que ela não esperava que fosse eu, pois a encontrei com seu minúsculo e extremamente justo babydool e a posição em que ela estava na cama não favorecia muito a minha sanidade.

— Oi Rony. Pode... Pode se sentar. — ela disse sentando-se e colocando uma almofada sobre as pernas para cobri-las.

— Oi Lilá. — eu disse indo me sentar ao lado dela — Quero falar umas coisas com você.

— Umas coisas sobre amor? — ela perguntou e eu quase pulei da cama, ela lia pensamentos?

— Não é nada sobre amor... — tentei desconversar, mas... Espere aí, esse era o único momento que eu tenho pra falar com ela! É agora ou nunca! — Na verdade é sim... Lilá, você tem me deixado maluco esses dois meses que está aqui. Seu jeito, suas coisas, seu corpo, você inteira está me enlouquecendo! Eu estou apaixonado por você e quero saber se você quer ficar comigo?

— Não. — O QUÊ? — Rony, a Gina me pediu para que eu te visse como um irmão e apenas isso. Ela não quer ser uma garota que perde a melhor amiga pro irmão, e fala sério! Você vem falar sobre isso comigo só na última noite? Deveria ter vindo antes, quem sabe poderia ter tentado me conquistar e tudo mais...

— Ter vindo aqui antes? — ela assentiu — Tem certeza? — ela assentiu novamente — Ok, então. Virei aqui antes.

Logo me levantei e fui direto para o meu quarto, deixando-a sem entender nada para trás. Tudo bem, se ela queria que eu viesse antes eu iria. Entrei dentro do meu guarda-roupa e em questão de segundos eu já estava com outras roupas, numa noite mais quente e abafada. Eu estava no meio do verão. Saltei para fora do guarda-roupa e fui direto ao quarto de Lilá, e assim que ela me deu permissão para entrar eu já desembuchei tudo.

— Lilá!

— Boa noite, Rony!

— É o seguinte: você é linda, encantadora, maravilhosa e eu estou apaixonado por você! Não me importo com o que a Gina te disse sobre mim ou sobre o amor, mas eu quero ficar com você! Você quer ficar comigo? — ela tinha ficado corada, mandei bem!

— Nossa Rony, uau. Eu não sei o que te dizer... — diga que sim! — Tenho uma proposta pra você.

— Proposta? Que proposta?

— Tente me conquistar. Tente me conquistar e na última noite você volta aqui e veremos o que acontecerá ok?

— Última noite? — perguntei incrédulo, ela só podia estar de brincadeira comigo!

— Sim, última noite! — ela disse isso e esticou-se para beijar o canto da minha boca — Agora acho melhor você sair, assim não teremos problemas!

Me levantei irritado, até tentei falar alguma coisa, mas eu estava irritado demais para isso. Sai do quarto dela e bati a porta com força. Porque ela não me deu um fora logo antes? Ou melhor, um mês depois? Falei com ela na última noite e ela disse que preferia que eu tivesse falado antes, falei com ela antes e ela disse que preferia que eu falasse depois. Não dá pra entender as mulheres!

Voltei para o meu quarto e fui direto para o guarda-roupa, voltei para o final do verão. Saltei para fora do móvel e joguei-me na minha cama. Se Lilá não me quis antes ou depois, agora seria eu que não queria ela.

(...)

Quando o verão acabou eu comecei a trabalhar. Tinha arranjado um emprego em Londres, seria meu primeiro como advogado depois de ter me formado. Eu estava bem empolgado com tudo, pois eu começaria a ter meu próprio dinheiro. Como morávamos em Harlow, eu teria que me mudar para Londres. Não era uma cidade tão longe assim, cerca de uma hora e meia de carro, porém aí estava o X da questão. Eu não tinha um carro, e era um trajeto cheio de pedágios então meu pai decidiu que falaria com um grande amigo dele que morava lá.

Bem, no final das contas tudo deu certo. Eu iria para Londres morar com este amigo do meu pai que se chamava Remo Lupin, ele era um dramaturgo bem sucedido por lá, o que significa que eu nunca tinha ouvido falar dele já que não sou muito ligado nessas coisas, mas meu pai me deixou bem claro que ele preferia ser chamado somente de Lupin, então coloquei isso como uma de minhas notas mentais.

No dia em que eu me mudei, mamãe e Gina fizeram um grande drama, mas logo papai e eu nos livramos delas e ele me levou para Londres. Me apresentou ao tal Lupin, até que ele era um cara bacana. Depois de muito tempo meu pai foi embora e Lupin me mostrou meu quarto e o resto da casa e no final pedimos pizza para o jantar.

Acordei cedo no dia seguinte para ir ao serviço. Tive que usar o metrô, o que foi bem estranho porque eu nunca tinha andado de metrô sozinho. Assim que cheguei, um advogado que parecia ter a minha idade foi encarregado de me orientar em tudo que eu fizesse, seu nome era Harry e ele me dissera que estava lá há um ano e meio. Também conheci um amigo dele, ele se chamava Neville e ao contrário do tal Harry ele era bem mais descontraído e extrovertido.

Notei que lá quase não haviam mulheres, parece que no mundo do direito não existem muitas mulheres e a maioria das que trabalhavam lá eram mais velhas ou casadas. Ou seja, lá se iriam meus planos de arrumar uma namorada.