Orgulho e Preconceito - A Continuação escrita por Clarinesinha


Capítulo 16
15 - Não há duas sem três




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/700593/chapter/16

Uns dias após o seu regresso a Pemberly, Lizzy teve uma visita que muito lhe agradou: a visita de Nelly e John, os netos de Mrs. Reynolds. E mesmo esta tentando evitar a euforia dos pequenos, eles entraram na casa como dois pestinhas cheios de alegria por poderem voltar a ver Lizzy. Darcy que estava com Lizzy, assim que os viu entrar, olhou para eles sério fazendo com que os dois logo parassem quase em sentido como dois soldados, levanto-se e saiu da sala.

Lizzy chamou-os então, e estes contaram tudo o que tinham feito durante aqueles dias, mesmo tentando dar a atenção aos dois pequenos, ela não conseguia tirar de sua cabeça a reacção do marido perante a entrada das duas crianças. Ambos queriam muito ter os seus filhos, mas porque não podiam amar aquelas duas crianças enquanto esperavam pelas suas. Depressa percebeu o porquê, Nelly e John eram simplesmente filhos dos empregados: Orgulho. Talvez fosse isso que impedisse Darcy de os amar, talvez o orgulhoso Mr. Darcy ainda não estivesse tão esquecido como Lizzy pensara.

As lágrimas começaram a cair-lhe teimosamente, porém quando viu já estava rodeada por dois bracinhos e duas mãos pequenas que lhe limpavam as lágrimas. Lizzy não pode deixar de sorrir, com aquele carinho de Nelly. E com um simples sorriso dela tudo melhorou, era tão bom sentir como uma criança nos pode salvar de uma escuridão...com apenas um gesto, um sorriso, uma palavra, um sorriso...e tudo se torna tão maravilhoso de novo. Passaram algumas horas brincando com as bonecas de Nelly e a carruagem de John, foram depois até ao jardim onde elas puderam correr, saltar, ser crianças.

Enquanto Lizzy passou toda a manhã e parte da tarde com as criança, Darcy tratava com Martin, de tudo o que tinham para fazer. Havia muita coisa para se tratar de forma a Darcy os poder ajudar. Ele sabia que tinha deixado Lizzy magoada com a sua atitude, mas Martin tinha pedido que apenas ele saberia do que se passava. Contudo, naquele dia, naquele momento ele decidiu que iria contar a Lizzy o que se passava, e disse-o a Martin.

No final do dia, depois de tanta brincadeira, correria e muitas histórias ouvidas, os pequenos estavam esgotados e foram com Martin e Mrs. Raynolds para casa. Darcy estava na sala acompanhado por Lizzy e Gerogiana quando esta se veio despedir. Georgiana aproveitou e também se recolheu, deixando o casal sozinho.

— Amanhã vou a Londres.- disse Darcy calmamente.

— Vais deixar-me sozinha de novo?

— Não vais ficar sozinha. Tens Georgiana, Mrs. Reynolds...e os netos dela...sei que ficas bem e distraída.

— Estou a referir-me a ti, vou ficar sem ti. Naquele quarto enorme, numa cama enorme...sem ti.

— Estás com medo?- pergunta Darcy com um meio sorriso nos lábios.

— Não. Mas vou sentir a tua falta. Vou sentir muito a tua falta...

— Não penso demorar muito tempo. Não consigo deixar-te durante muito tempo, sem ti é como se parte de mim faltasse.- e ao dizer isto aproximou-se de Lizzy abraçando-a...- Há algo que quero que saibas, e assim poderás perceber porque me afasto de ti de novo...- Lizzy olha para ele, mas nada diz...- É algo que se que te fará triste...mas...

— O que é? Fala comigo...estás a assustar-me?

— Calma. É sobre os Martin...ele veio falar comigo, aliás ele e Mrs. Reynolds. Vieram pedir-me ajuda, sabes que Mrs. Reynolds é importante para mim e para Georgiana, e não há nada que ela me pedisse que eu não lhe daria. - Lizzy assente.

Mrs. Reynolds estava na família de Darcy há mais de 60 anos, serviu ainda os avós de Darcy, viu o pai de Darcy nascer e crescer, formar a sua família. Viu este nascer, crescer, tornar-se responsável pela irmã ainda novo, Mrs. Reynolds era como uma avó, uma tia, uma mãe...tudo junto para Darcy. Darcy tinha crescido junto com a filha de Mrs. Reynolds, Nathalie. Tinham sido amigos desde muito pequenos até hoje, mesmo sendo aquele homem arrogante, frio, orgulhoso e cheio de preconceitos para o mundo, em Pemberley ele se transformava no Darcy que sempre fora desde pequeno. Lizzy sabia que para ele lhe estar a contar, não seriam boas noitícias...

— Eles vieram pedi-me ajuda, para a Natty...ela...ela...- Darcy deixa uma lágrima cair, Lizzy apenas o abraça...

— Ei! Podes contar comigo, sei que Nathalie é como uma irmã para ti...

— Ela está doente, os médicos de Longbourn não sabem o que ela tem. Ele está desesperado, ela está cada vez pior...já nem os meninos consegue ver.

— Por isso eles passam tanto tempo aqui com Mrs. Reynolds...para não verem a mãe doente.

— Sim. E eles gostam de ti, tu és...tens sido muito importante neste momento, mesmo sem saberes de nada.

— Eles sabem? Da mãe? Tu vais para Londres para os instalares?

— Sim. Eles sabem que a mãe está doente, mas ainda não sabem que vão para Londres. Quando me vieram ver eles pediram-me que para além de ajudar Nathalie, pediram que os meninos ficassem com Mrs. Reynolds, porém, eu acho importante para ela ter os filhos perto. Então vou com eles para os instalar, arranjar uma escola para os meninos e uma perceptora de forma a que Martin se dedique apenas a Nathy.

Neste momento é lizzy que começa a chorar...como se estivesse a limpara a sua alma. Afinal Darcy estava apenas triste pela amiga, e a tentar ajudar alguém. E ela o julgou, julgou as atitudes dele sem nem saber porquê. Afinal ela era tão ou mais orgulhosa que ele...afinal o seu Darcy era muito mais bondoso do que ela poderia imaginar. E sem nem avisar se atirou literalmente nos seus braços, abraçando-o, beijando-o onde podia...a cada dia ele mais a fazia apaixonar.

— Perdoa-me, por favor perdoa-me. Eu julguei-te sem mesmo antes te ouvir. Perdoa-me...

— Lizzy, não há nada a perdoar. Tu não sabias da verdade, sei que te magoei ao fazer o que fiz hoje de manha com Nelly e John. Mas olhar para eles fez-me lembrar de Natty e de mim quando pequenos, correndo por este corredores felizes por ir contar alguma coisa à minha mãe. Perdoa-me se não te contei logo, contudo...- Lizzy beija-o fazendo-o calar-se.

— Tu...és...o...homem...mais...maravilhoso...bondoso...e...generoso...que conheço.- Lizzy lhe dá um beijo por cada palavra que diz...- E eu Amo-te.

— Então não estás zangada por te ter escondido...por não ter confiado em ti...por...

— Não meu amor. Estou triste por Martin, por Nathalie, pelos meninos, por Mrs. Reynolds...mas estou orgulhosa por ti, por seres este homem com o coração do tamanho do mundo. Embora pouco o saibam de facto...- Abraçam-se cheios de um sentimento de carinho, cumplicidade, amor e paixão...foram-se deitar da mesma forma abraçados nos braços um do outro, olhos nos olhos sem necessidade de palavras pois como dizem os nosso olhos são o espelho da nossa alma.

Na manhã seguinte, quando esta acordou, Darcy já não estava ao seu lado. Soube quando desceu para o pequeno-almoço que ele partira ainda o sol não tinha nascido. Nessa manhã, Lizzy pouco comeu, ela não sabia o porquê mas o apetite de há uns dias atrás tinha simplesmente desaparecido e um mal estar estava a importuná-la. Decidiu ir dar um passeio, talvez um pouco de ar puro a fizesse sentir-se melhor.

Mrs. Reynolds ainda tentou que ela comesse mais alguma coisa, que ela estava pálida demais, mas simplesmente nada mais descia, talvez fosse por Darcy ter partido de novo, ou talvez por toda a situação de Natty. Como Georgiana ainda nem se tinha levantado, ela decidiu ir dar os seu passeio sozinha, pedindo a Mrs. Reynolds que avisasse a mesma onde ela estaria.

Quando Georgina acordou foi a vez dela ouvir de Mrs. Reynolds, que estava preocupada com Mrs. Darcy. Que tanto estava com uma fome de um leão como não comia nada, andava pálida, constantemente cansada embora não abdicasse dos seus passeios. Embora Georgiana tentasse negar, também ela já tinha notado que Lizzy estava diferente. Decidiu falar com Lizzy, tentar que ela lhe deixasse chamar o médico.

Assim que acabou de comer, decidiu ir à procura de Lizzy. E mesmo que ela não tenha tido exactamente onde estaria, se havia lugar que Lizzy gostava era de estar perto do Lago. Ela contara-lhe que fora ali que encontrara Darcy, aquando da sua primeira visita a Pemberley. Fora ali que tudo mudara para eles...assim que chegou perto dela, sentou-se ao seu lado.

— Bom Dia Lizzy. Porque não me esperaste para vir fazermos o nosso tão aguardado e maravilhoso passeio matinal?

— Bom Dia Georgiana. Desculpa, mas estavas a dormir...e estava a precisar de vir apanhar ar puro.- e após uma longa pausa entre as duas Miss Darcy atreveu-se a perguntar o que estava a preocupá-la.

— Lizzy. Posso fazer-te uma pergunta, e espero que não me leves a mal...

— Faz Georgiana, sabes que podes sempre perguntar-me tudo o que quiseres...

— Está...tudo bem contigo?- Lizzy olha para ela como se a tentar perceber o que ela queria dizer...- Quer dizer tens sentido alguma coisa?

— Estás a perguntar-me se me tenho sentido mal?- Miss Darcy assente...- Eu estou bem, de onde tiraste essa ideia que eu não estou bem?

— Mrs. Reynolds. Ela hoje estava a dizer que mal comeste, que anda pálida, e que tens outros dias que comes até não poderes mais...e eu também já reparei nisso...

— Eu estou bem. Hoje estou apenas preocupada com algumas coisas, só isso...e sinto falta do teu irmão. Mas vou ter que me habituar...então...

— Se me perguntares a mim, acho que Darcy não devia ter-te deixado sozinha. Mrs. Reynolds tem razão tu não estás bem.

— Georgiana. Asseguro-te que estou bem, tenho andado a comer muito mesmo nos últimos dias. Talvez todos estas viagens me tenham aberto o apetite. E hoje é só um dia difícil...e em relação a Mrs. Reynolds eu falo com ela para a descansar também.

— Darcy devia saber que tu não...

— Chega. Não quero que perturbes o teu irmão com algo que não existe, estamos entendidas.

— Sim. Mas afinal o que foi o meu irmão fazer a Londres agora, estivemos lá há uns tempos...

— Ele foi com Martin. A Natty está com um problema de saúde e sabes que para o teu irmão ela é como uma irmã. Ele foi para os ajudar à procura de um médico.

— Natty está doente? E eu aqui julgando o meu irmão...quando...quando ele é...Natty foi a minha preceptora, ela tomava conta de mim em pequena, brincava comigo...eu...eu...é grave...ela vai...

— Não sei. Os médicos aqui não diziam nada então o teu irmão decidiu levá-la para Londres. Ele foi com Martin tratar de tudo, para a levar a ela e aos meninos para lá.

— John e Nellie...eles não podem ficar sem a mãe...eu sei o que é ficar sem ela. Doí, doí muito...a saudade nos destrói aos poucos...todos os dias...

— Eles não vão estar sozinhos, eles tem o pai, a avó, e têm-nos a nós. E vamos ter esperança...que tudo se vai resolver e tudo não passa de um susto.

Georgiana ficou algo abalada com a notícia, Natty era uma irmã para ela, tal como para Darcy. Depois de receber a triste notícia, sempre que Mrs. Reynolds estava presente uma lágrima escorria-lhe pela face. Lizzy acabou por lhe dizer que talvez fosse melhor recolher-se, não queriam colocar Mrs. Reynolds mais triste.

Os dias iam passando, e quer Mrs. Reynolds quer Georgiana andava cada vez mais preocupadas com Mrs. Darcy. Esta continuava com uma cara pálida, tanto comia como um leão, como simplesmente não tinha apetite. Mas Lizzy continuava a afirmar para as duas que estava bem, que provavelmente não passava apenas de stress acumulado, nervos e ansiedade; o que muito provavelmente lhe estava a provocar uma infecção intestinal...daí a falta de apetite, palidez e mau estar.

Proibiu-as terminantemente de mandar qualquer tipo de mensagem a Darcy. Não o queria preocupado, e nem era algo tão grave para que o chamassem. Mrs. Reynolds concordou embora com protestos no início pois sabia que Darcy iria ficar zangado por não ter sido informado, mas Mrs. Darcy era a senhora de Pemberley por isso lhe devia obediência na ausência de Darcy. Porém Georgiana não estava assim tão certa, nem determinada em fazer o que Lizzy lhes pedira. Ela achava que Darcy devia sim saber o que estava a acontecer a Lizzy, contudo, quem acabou de levar a melhor foi Lizzy.

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Orgulho e Preconceito - A Continuação" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.