Orgulho e Preconceito - A Continuação escrita por Clarinesinha


Capítulo 12
11 - A Inexplicável Explicação




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/700593/chapter/12

A carta de Fitzwilliam para Darcy não demorou muito a chegar, mas nela vinham ideias e conceitos que Darcy nunca pensara que este tivesse. Darcy leu e releu a carta do primo sem conseguir encontrar uma razão que fosse para aquela atitude. Quando Lizzy entrou para o chamar para almoçarem, encontrou-o a andar de um lado para o outro, murmurando algo que esta não percebia. Chegou-se perto dele, colocando as suas mãos sobre os seus ombros.

— Darcy, que se passa? Pareces enervado...diria mesmo furioso...

— Estou...estou isso tudo. Não consigo perceber, li e reli esta carta e ainda assim não consegui perceber...

— Perceber o quê? E essa carta é de quem?

— Fitz...esta carta é de Fitzwilliam. E eu não consigo perceber uma frase do que aqui está escrito. Isto que está aqui não é o meu primo...não é o meu irmão de coração...

— Darcy. Não estás a exagerar, afinal o que escreveu ele para te deixar assim...

— Exagerar!?- Darcy dá a carta para que Lizzy a pegue...- Lê tu e depois diz que eu estou  a exagerar.- Lizzy hesitou um pouco, mas Darcy olhou para ela como que a confirmar que ele queria que ela a lesse, e assim Lizzy fez.

"Caro Darcy,

Sei que a notícia já te chegou através de uma carta de nossa Tia, sei que talvez te espante esta minha atitude, e talvez até te tenha desagradado. Contudo, se me deres uma oportunidade, gostaria de me tentar explicar, se é que existe uma explicação lógica para o que aconteceu.

Quando saí de Londres para ir para Netherfield, a Tia fez-me uma proposta, e essa proposta seria casar-me com Anne. Na altura, pensei que seria um bom casamento, Anne não tem maldade nela, e sabe bem que este casamento seria apenas para fazer a Tia feliz. E para mim, sabes bem que nunca pensei em casar, em amores...assim disse à tia que depois do Natal falaríamos melhor sobre o assunto, ao contrário do que possas pensar nada ficou confirmado.

Porém, um anjo fez mudar todos os meus planos. Quando cheguei a casa de Bingley e vi Alice, tudo o que eu planeara se alterou. Tudo o que eu precisava estava ali à minha frente. Sim o teu primo apaixonou-se..."

— Darcy, ele apaixonou-se por Alice. Eu sabia que ele não ia continuar com esta história de casamento...eu sabia...

— Continua a ler Lizzy, por favor...

"O meu coração ficou preso em Alice Gardinner: doce, meiga e simplesmente linda. Sei que para muitos ela é demasiado nova para casar, talvez sim. Mas eu estaria disposto a esperar o tempo que fosse para a ter. Contudo, nunca nada é como queremos, e antes do baile recebi um chamado da Tia a pedir, ou a ordenar, que fosse ter com ela a Kent uma vez que esta queria anunciar oficialmente o meu noivado com Anne.

Naquele momento, já nem me lembrava do noivado com Anne, eu sinceramente acho que tive uma amnésia momentânea durante os dias que estive aí. Escrevi à tia dizendo que não me casaria com Anne, que um casamento sem amor não era o que queria para mim. Mas sabes tão bem como eu como por vezes Lady Catherine de Bourgh pode ser cruel."

— A tua tia obrigou-o, eu tenho a certeza...

— Continua Lizzy...

"A Tia ficou furiosa como bem podes imaginar, e com autorização do Kevin conseguiu cancelar todas as minhas contas. Eu estava sem poder mexer em nada, para tudo teria que ter a autorização do meu irmão. Escreveu-me então dizendo que só deixaria Kevin desbloquear tudo se cumprisse o combinado e casasse com Anne, caso contrário eu ficaria sem nada."

— Darcy, eles...eles podem fazer isto?

— Sim, infelizmente Kevin como filho mais velho e herdeiro do Tio Conde pode fazer isso.

— Mas isso é cruel, é...

— Chantagem. Sim, mas ele sabia que poderia contar comigo...eu estaria aqui para o ajudar...não havia razão para se curvar perante a minha tia e o meu primo.

— Darcy. Sei que sempre o irias apoiar, mas coloca-te no lugar dele...

— Lê o resto Lizzy...

"Fui para Kent depois de falar com Alice, e saber que era correspondido me incentivou a lutar. Porém quando lá cheguei e me deparei com a minha situação...decidi aceitar o que o destino me reservava. Que futuro eu daria a Alice sem nada para lhe dar? Que vida teríamos nós? Como podes ver foi por a amar que a deixei, foi por a amar que renunciei a mim mesmo um amor.

Assim Darcy, como podes ver é a pensar em Alice que me entreguei nas mãos da Tia e do meu irmão. Eu teria duas hipóteses: casar com Anne e tornar-me o mais infeliz do mundo mas rico, ou não casar mas não poder ficar com o meu amor...porque eu nunca poderia fazer isso a Alice. Eu nada lhe tinha para oferecer, assim seria infeliz de qualquer forma.

Sei que vens a Kent, a tia já me confirmou, e espero nessa altura poder falar contigo melhor. Talvez tentar explicar-te o que eu mesmo não consigo explicar a mim mesmo.

Do Teu Primo e Irmão, Coronel Fitzwilliam."

— Ele ainda espera explicar-me...- Lizzy interrompe Darcy.

— Fitzwilliam ama Alice.- diz Lizzy com lágrimas nos olhos...- Ele a ama, sente-se nas suas palavras, na forma como se sacrifica...e de certa forma Darcy...ele está à espera que tu o ajudes Esta carta é um grito de ajuda...

— Não sei...achas mesmo...- Darcy senta-se junto de Lizzy e olha para ela..

— Sei que não conheces o suficiente de Alice, mas com o pouco que tens convivido com ela...será que ela não te lembra ninguém?

— Na verdade...sempre achei que ela era uma mistura tua com Jane. A tua determinação com a calma de Jane.

— Então...será que não sabes que para Alice o que importa é o coração, ela ama o Fitz pelo que ele é. Não pelo que ele pode ou não ter...e...eu sei de uma forma para tudo isto acabar bem...

— O que estás a pensar Lizzy? Às vez tenho medo dessa tua cabeça...- Elizabeth olha para Darcy com um ar de menina emburrada...- Não me faças esse bico, diz lá o que estavas a pensar.

— E se falássemos com Alice? Talvez se Fitz soubesse que Alice o amaria mesmo sem ter nada ele desistisse desse casamento, e se nós os ajudássemos de alguma forma...

— Estás a armar-te em casamenteira ou em cupido?- eles olham-se e riem-se ao mesmo tempo...- Achas que os teus tios iam aprovar...Alice ainda é tão nova...

— Não sei, talvez essa seja a parte mais difícil. Mas podíamos tentar...

— Quando é que queres ir a Londres? Temos que nos preparar...

— Amanhã ou depois, falaria com os meus tios e depois iria ter contigo a a Kent.

— Tenho uma ideia melhor, eu irei contigo. Eu conheço melhor Fitz, posso talvez dar mais segurança ao teu tio em relação ao meu primo. Georgiana iria ter connosco a Londres uns dias mais tarde e iríamos todos para Kent assim que ela chegasse.

E assim ficou combinado, partiriam daí a dois dias rumo a Londres para em conjunto levar a Julieta ao Romeu, ou seja, levar Alice a Fitz. 

Partiram bem cedo para Londres, Mr e Mrs Gardinner sabiam já da sua vinda a Londres uma vez que Lizzy os informou sobre a sua ida. Contudo, não mencionou a razão da visita. A viagem foi algo silenciosa, pois ambos os viajantes estavam algo nervosos com toda esta "missão". Chegaram a Londres já a noite caía, assim decidiram deixar a visita aos Gardinner para o dia seguinte.

E tal como planearam na manhã seguinte à chegada estavam à porta dos tios de Lizzy. Os mais novos estavam eufóricos por rever a prima, e foi a muito custo que Mrs. Gardinner conseguiu acalmar os dois mais pequenos: Rob e Katie. Já Alice e William cumprimentaram os dois e logo entraram.

— Minha querida Lizzy, como estás? Foi uma surpresa saber que virias a Londres.

— Estou bem Tio. como teremos que ir para Kent, pedi a Darcy para passar por Londres para vos ver.

— Mr. Darcy, agradeço por esta visita, Lizzy é mais que uma sobrinha.

— Mr. Gardinner. Não tem o que agradecer, eu gosto de agradar a minha esposa.

— Tia.- Lizzy abraça agora a tia enquanto o tio fala com Darcy...- Espero que tenha recebido a minha carta?

— Sim Lizzy, e o que me escreveste preocupou-me um pouco, não sei como o teu tio vai receber essa vossa ideia.

Depois de todo aquele reboliço da chegada, Lizzy e Darcy conseguem finalmente ficar a sós com Mr. e Mrs. Gardinner. Explicam-lhes por fim a razão por estarem ali, o que Fitzwilliam escrevera e o que pretendiam fazer, se eles lhe dessem o seu consentimento. Mrs. Gardinner embora já tivesse conhecimento de parte do que ouvira manteve-se calada, Mr. Gardinner andava de um lado para o outro com a carta que Fitzwilliam tinha escrito a Darcy. Lizzy esboçou um leve sorriso ao ver o tio ter a mesma atitude que o seu esposo ao ler a mesma.

— Tio, sei que Alice sofreu com o suposto afastamento do Coronel, mas conheço-o o suficiente para lhe garantir que se ele se afastou foi por a amar.

— Tu chamas a isto amor? Ele vai-se casar com outra, e tu dizes-me  que ele ama a minha filha?! Que tipo de amor é este Lizzy? Não, mas o que me estás a dizer e a pedir é inaceitável...

— Tio, se Fitzwilliam se vai casar, se ele vai levar este casamento ridículo para a frente, e porque não quer que Alice seja infeliz. Ele ama-a o suficiente para se afastar para que ela escolha alguém que possa satisfazer todos os seus desejos...

— Não, está fora de questão Lizzy. Alice sofrerá agora, mas um dia tudo isso passará, uma dia ela irá encontrar alguém que que a mereça e a faça feliz.

— Tio, Alice está a sofrer porque pensa que o seu amor não é correspondido, mas ele é. Pelo menos ouça-a, ela tem pelo menos o direito de saber que o seu amor é recíproco.

— Para quê? Para sofrer ainda mais, para saber que ele a ama mas vai-se casar com outra...

— Para poder amar, para poder de alguma forma ter esperança que o homem que ama ainda pode ser seu.

— Robert...- Mrs. Gardinner, que até ai se tinha mantido em silêncio, chama o esposo...- Pelo menos ouve a nossa filha. Não custa nada ouvi-la...

— E depois Lizzy, quando essa esperança se acender no coração de Alice, quando tempo ela terá que esperar...se é que essa esperança valerá de muito...

— Se eu conseguir o que quero...dois ou três dias, mas vais depender de Alice e de si meu Tio.

— De mim? Como assim...Lizzy o que é que essa cabeça andou a maquinar?

— Tio, se Fitzwilliam souber que Alice não o ama pelo que ele pode ou não lhe oferecer, que o ama pela pessoa que ele é, eu sei, sinto que ele desiste deste casamento...eu tenho a certeza.

— Não sei Lizzy, não quero Alice a sofrer...mas também acho que ela ainda tão nova para casar...

—Tio, ninguém aqui está a dizer para casar Alice com Fitz. Estou a pedir que os deixe amarem-se sem barreiras...se e quando Alice se sentir pronta e o tio permitir então eles casam.

— Bom é melhor falar com ela primeiro, antes de pensarmos em noivados ou casamentos...e se ela o quiser ainda, apesar de tudo o que ele a fez passar, eu não me oponho a esse amor, mas eu vou querer falar com esse Coronel...

Tocaram à sineta, e logo apareceu uma criada a quem  pediram que chamasse Alice. Esta encontrava-se numa outra sala com os irmãos, assim que a criada lhe passou a mensagem, Alice seguiu como lhe ordenaram. Quando entrou, viu o pai de pé junto da lareira, a mãe sentada na cadeira habitual e os primos dum maiple.

Todos olharam para ela, mas era no pai que o seu olhar se fixou. Alice sabia bem que quando o pai se mantinha junto da lareira, rigído, olhar sério mas altivo...boa coisa não estava a acontecer. Mr. Gardinner pediu calmamente para que a filha se sentasse, e assim Alice o fez, pediu-lhe ainda que lhe respondesse a algumas questões que este tinha, ao que esta de novo consentiu.

— Alice, sabes porque te chamámos aqui?- esta nega, pois de facto não tinha ideia do que se passava...- Sabe que tanto eu como a tua mãe queremos o melhor para vocês quatro?- Ela assentiu...- E que não gostamos de forma nenhuma de vos ver sofrer, aliás nenhum pai ou mãe gosta...

— Eu sei disso meu pai, e quero que saiba que sou feliz...

— Deixe-me acabar Alice...agora vem a pergunta mais difícil. Alice, todos os que estão aqui perceberam que algo se passava entre você e o Coronel...- Alice ficou de repente aflita, ela não queria falar sobre isso, doía muito saber que ele nunca seria dela...- no entanto ele foi-se embora. Alice, sentes alguma coisa pelo Coronel?

— Sim...- diz ela com o seu olhar baixo, não tirando os olhos do chão. Não queria que ninguém visse a tristeza que lhe ia na alma.

— Alice, o Coronel vai-se casar...ele andou a brincar com você, com os seu sentimentos...

— Não. Ele em momento algum me enganou. Eu sei que ele se vai casar, mas também sei o porquê de ele aceitar esse casamento. Ele escreveu-me a contar...não me sinto magoada nem traída...se sofro é porque o amo, mas tudo irá passar com o tempo. Não dizem que o tempo cura tudo...

— Alice...- Mr. Gardinner percebe então que a sua menina virou uma mulherzinha, que já não é mais a sua princesa...- Se houvesse uma forma de consegui reverter todo esse casamento, tu estarias disposta...

— Sim...sim meu pai. É tudo o que mais quero...

— Lizzy...- Mr. Gardinner virou-se para a sobrinha...- dou-te permissão que leves Alice contigo até Kent.- Alice olhou do pai, para a mãe, para Lizzy...sem perceber o que se passava. Até que Mr. Gardinner lhe deu a carta que Fitz escrevera a Darcy.

— Achas que ele desiste, se eu for ter com ele...se eu...

— Sim. Fitz só precisa de saber que tu o amas acima de todo o dinheiro que ele possa ou não ter...ele só precisa de colocar o seu orgulho de lado...e saber simplesmente pedir ajuda.

Alice, nada mais disse abraça-se ao pai, que lhe retribui. Ficou assim decidido ainda nessa manhã que partiriam assim que Georgiana chegasse a Londres, ou seja, daí a uns dois dias. Miss Gardinner contava os dias, as horas, os minutos...para poder estar diante do seu amor. Lizzy e Mrs. Gardinner sorriam da sua ansiedade.

No dia da partida para Kent, Mr Gardinner despediu-se da sua Alice, de Lizzy e de Darcy. Este último garantiu-lhe que Fitz viria falar com ele assim que conseguisse organizar toda a sua vida, claro que com uma pequena ajuda sua. Lizzy prometera à tia que ficaria longe de Alice quando esta fosse ao encontro de Fitz. Assim partiram os quatro felizes...mas também apreensivos.

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Orgulho e Preconceito - A Continuação" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.