As coisas estavam andando bem entre eu e Yan. Nós estávamos namorando e achamos que já estava na hora de nossos pais receberem a notícia. Planejamos um jantar em minha casa, queria que meus pais soubessem primeiro.

Eles realmente ficaram um pouco assustados, porém não se importaram muito, visto que já sabiam que Yan era uma ótima pessoa e já desconfiavam sobre minha orientação sexual há muito tempo.

Nós ficamos felizes em saber que eles nos aceitariam, ficamos felizes por meus pais não nos julgarem e por eles desejarem nossa felicidade, felizes por ter apoio de quem realmente era importante.

Porém com os pais do Yan não foi assim. Ou melhor, com o pai dele exclusivamente.

Ele era muito preconceituoso e cabeça fechada, cogitando até mesmo o expulsar de casa, sendo impedido pela sua esposa.

— Querido, vamos o deixar seguir a vida dele, isso não é algo que se pode escolher! É algo que se nasce e não tem como mudar! – Disse, tentando acalmá-lo.

— EU NÃO ADMITO QUE UM FILHO MEU SEJA UMA BICHINHA! - Dizia furioso – E VOCÊ, CALA A BOCA MULHER! VOCÊ NÃO TEM OPINIÃO AQUI, EU SOU O CHEFE DA FAMÍLIA E EU MANDO. – Completou. - E VOCÊ, YAN, REALMENTE NÃO ESPERAVA ISSO DE VOCÊ. TE CRIEI TÃO BEM. ONDE FOI QUE EU ERREI? VOCÊ É UMA DECEPÇÃO NA MINHA VIDA, NÃO OLHE MAIS NA MINHA CARA!

Eu via Yan e sua mãe chorando. Acabei não me controlando, dizendo boas verdades pra ele, porém sem aumentar o meu tom de voz ou me exaltar. Eu não desceria ao nível dele.

— Que tipo de monstro o senhor é? Está satisfeito agora? Fazendo toda sua família chorar? Quem deveria ser a decepção aqui é você! Quem em pleno século XXI ainda tem um pensamento tão fechado como este. Amor é amor, independente do gênero. Você deve ter se congelado em uma cápsula e vindo dos tempos passados para ter um pensamento tão insensível e antigo como este. Eu realmente sinto pena de sua esposa, que conviveu tantos anos com você, deve ter sido bem triste pra ela ter de aguentar isto durante tanto tempo.  – Disse levantando da mesa, puxando Yan junto de mim, sem olhar nem mesmo uma vez para trás. Não queria encarar o olhar assassino daquele...

            - D-desculpe por isso Yan eu simplesmente não estava suportando mais…

— Na verdade, obrigado Lucas – Ele me disse secando as lagrimas de seu rosto e me puxando para um beijo calmo e sereno.

— Vou falar com meus pais que você vai dormir lá por algum tempo, aposto que eles vão deixar!! – Disse enquanto acariciava fios de cabelo prateados do meu amado.

— O-ok.

Chegamos em casa e explicamos toda a situação para meus pais, que vieram e deram um grande abraço em mim e no Yan, dizendo que ele poderia dormir ali quanto tempo fosse preciso, ou melhor, poderia até passar a morar ali se preferisse.

— E-eu vou ficar só durante alguns dias. Minha mãe já estava tentando se separar do meu pai há algum tempo. A verdade é que ela sempre suportou esse relacionamento abusivo por conta de terem tido um filho, que no caso sou eu, e... Comigo fora do caminho ela finalmente poderá se separar dele. – Dizia esperançoso e com um sorriso no rosto em perceber que a sua mãe já não precisaria mais aguentar aquele homem.

— Que bom! – Todos nós dizemos juntos, fazendo um bolinho em volta de Yan e o abraçando, realmente queria que ele se sentisse aceito.

E=~( Yan P.O.V On )~=3

Eu realmente me sentia em casa, e a família de Lucas era muito gentil, mas precisava discutir e arrumar tudo aquilo com minha mãe. Já percebi há muito tempo que ela não amava mais aquele homem, e só estavam naquele relacionamento por conta de mim e meu futuro.

No dia seguinte, tinha que resolver tudo aquilo. Ou melhor, eu iria, pensei confiante. Até que vejo Lucas chegar ao quarto, e então apagar a luz. Já era tarde, e nós deveríamos dormir.

— E-então... Vamos dormir Yan? – Dizia um pouco envergonhado

— Sim, vamos.

Ele veio até a cama e nos deitamos, acabamos abraçados e de conchinha, logo adormeci, era realmente ótimo ter meu amado meu seu lado, dava uma sensação de paz e segurança, era uma sensação simplesmente inexplicável.

Acordo no dia seguinte e fico feliz em ver Lucas ali, dormindo como um anjo em meu peito. Não queria acordá-lo aquilo parecia como um pecado, afinal, ele estava tão adorável... Fico feliz ao lembrar que hoje seria aniversário da escola e não haveria aula, e que poderia ficar ali com meu amado durante mais tempo. Mas então me lembrei do que acontecera no dia anterior, sentindo um leve incomodo, assim vendo Lucas despertar de seu sono, retomando assim um sorriso em meu rosto.

E=~( Yan P.O.V Off)~=3

— Bom dia, Bela adormecida! – Disse Yan enquanto me dava um selinho.

— B-bom dia, que horas são? – Perguntei ainda sonolento

— Hm... 11:16. – Dizia enquanto olhava para o relógio

— Vamos descer? Acho que minha mãe já fez café da manhã. E não é porque ela é minha mãe, mas ela é uma ótima cozinheira.

— Claro!

Descemos as escadas sentindo aquele delicioso aroma contaminar o ambiente onde adentrávamos.

— Bom dia Yan, bom dia Lucas! – Disse minha mãe sorridente – Querem tomar café?

— Ei mãe que história é essa de dizer o nome do Yan antes do meu? Estou ficando com ciúmes!...

— Hahahahah! Bom dia dona Daniella! Cuidado hein Lucas, vou roubar ela pra mim – Dizia rindo novamente.

— Pode me chamar de “Dani”, ou de “Mãe” se você preferir, “filho” – Dizia só pra me pirraçar.

Apenas rimos durante um tempo, minha mãe serviu a mesa e logo nos sentamos, sem meu pai, pois ele havia ido trabalhar, conversando normalmente, como uma família, afinal, Lucas agora fazia parte dela.

Após comermos Yan fez uma ligação. Ficou durante um bom tempo no telefone, o que me deixou realmente apreensivo, mas logo o desligou, dizendo assim que iria sair por um tempinho.

— Hey Yan, pra onde vai? – Perguntava com um tom de curiosidade, escondendo assim o meu ciúme.

— Eu vou... Conversar com minha mãe sobre... Tudo. – Ele dizia um pouco desanimado, mas logo se animara novamente, levantando sua cabeça e dando um grande sorriso.

— Eu não posso ir junto? – Queria estar ao lado de Yan, o apoiando a qualquer custo.

— Dessa vez não, é algo meio pessoal, mas você pode ficar aqui e esperar, por favor? – Ele dizia com uma expressão super fofa

— Claro! – Eu disse e logo Yan se virou, caminhando até a saída. – Eiii, Yan. – Eu dizia o fazendo virar para olhar o que era. – Boa sorte. – Eu disse logo o puxando pra um beijo que foi correspondido por parte dele.

— Obrigado Lucas, Eu realmente te amo muito, e sinceramente, depois desse “amuleto de boa sorte” eu realmente duvido que não dê certo. – Ele disse acariciando meu rosto enquanto ria.

— Então, até?

—Sim, até.