20 anos depois - A salvação da Escola Mundial escrita por W P Kiria


Capítulo 9
Capítulo 7




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“Está mais calma, Ali?” Perguntou Carmen, segurando a mão da amiga.

“To sim, Carmen, obrigada. E Bibi... Me desculpa pelo surto. Eu sei que você não fez por mal!” A morena se desculpou com a ruiva.

“Não tem problema, Alicia, de verdade.” A americana sorriu de forma doce. “Eu entendi que você só quis proteger as crianças de comentários maldosos.”

“É difícil diferenciar o que é brincadeira do que é maldade.” Concordou Valéria, picando a comida da filha.

“Já dizia minha avó: mulher se torna uma leoa depois que tem filhos.” Declarou Marcelina.

“Inteligente a sua avó.” Concordou Laura, mexendo no celular.

“Ué, você não vai falar que isso é tão romântico?” Zombou Maria Joaquina, dando um suspiro alto.

“Romance é para crianças idiotas, Majo, vamos combinar.”

“Quem é você e o que fez com a Laura?” Perguntou Margarida, chocada.

“A doce Laurinha teve seu coração quebrado tantas e tantas vezes que resolveu ser realista, meninas. Príncipe encantado não existe; vocês mesmas estavam reclamando dos maridos agora há pouco. O que me resta é aproveitar a vida, certo?” A outrora romântica explicou, dando um sorriso amarelo.

“Muita coisa mudou mesmo, hein?” Marcelina sussurrou para a cunhada, que concordou.

“Mais até do que a gente podia imaginar.”

“Hey, meninas, adivinhem?” Os rapazes voltaram para a área coberta, os casados indo até as esposas. “Vamos fazer um happy hour na 5ª feira.”

“Ah é, Paulo Guerra? E com a autorização de quem?” Alicia franziu o cenho, vendo o marido se encolher.

“Papai está ferrado.” Lucas riu baixinho.

“Não entendo o porquê desse drama todo.” Reclamou Koki.

“É porque você não tem filhos, cara.” Suspirou Mário, vendo o olhar da esposa.

“O último happy que vocês fizeram, o Daniel vomitou a noite inteira.” Carmen dedurou, vendo o marido encarar o teto. “Eu já tenho o Leo para cuidar, não preciso do pai do Leo também, né?”

“Relaxa, meninas, eles vão voltar inteiros.” Prometeu Jaime, aos risos. “E para provar isso, eles podem até levar o Lucas e o Leo, porque vai ser algo bem de boa.”

“Eba, posso ir mesmo?” O garoto mais velho pulou na cadeira.

“Prefiro que meu filho fique mais um tempo sem ouvir certas coisas, Jaime, valeu.” Alicia fuzilava o amigo, que apenas deu de ombros.

“Ai, gente, eu senti falta disso.” Garantiu Margarida, pendurada no pescoço de Jorge. “Dessas briguinhas, discussões, risadas. Nós passamos por tanta coisa juntos, né?”

“Acho que poucas pessoas tem o mesmo privilégio que a gente, de estudar com a mesma turma até a faculdade.” Concordou Adriano.

“E por mais que a gente odeie admitir isso, devemos esse fato a diretora Olívia.” Lembrou Davi. “Ela que sempre mexeu os pauzinhos, nos deixou juntos, expandiu a Escola Mundial para abranger mais anos. Do contrário, teríamos nos separados muito antes.”

“A diretora Olívia adorava todos nós.” Garantiu Carmen, emocionada. “Ela dizia que, apesar de sempre termos sido diabinhos, nós ensinamos muito sobre amizade, companheiros e perseverança para todos! Junto com a professora Helena, é claro.”

“Eu nunca mais vi ela depois da formatura.” Contou Jorge, pensativo.

“Acho que quase nenhum de nós vimos, cara.” Concordou Cirilo.

“E isso porque prometemos sempre visitar o colégio, né?” Maria Joaquina deu um suspiro.

“Mas a vida adulta tá aí pra isso, né?” Resmungou Laura, brincando com a comida em seu prato. “Destruir sonhos e ilusões.”

“Credo, isso tá muito depressivo.” Reclamou Paulo, encarando os amigos. “Nós todos estávamos nos adaptando a vida adulta, é comum perder contato ou deixar de cumprir promessas adolescentes. Não é fácil se tornar marido de alguém, e pior ainda se tornar pai de alguém. Mas isso não quer dizer que morremos, deixamos de sonhar e nem nada assim.”

“Nesse ponto o Paulo tá certo, gente.” Daniel concordou com o amigo. “Estávamos todos estudando, formando nossas carreiras e nossas famílias. Agora é que começa a parte boa, não é?”

“Esse é o espírito, Dan! Por isso você segue sendo nosso líder!” Jaime abraçou o amigo pelos ombros, fazendo todos rirem. “Ao invés de nos lamentarmos, vamos ver isso como um recomeço!”

“Aliás, Dan, pega os desenhos das meninas. Vamos rir todos juntos dos nossos sonhos malucos de criança.” Sugeriu Mário, e o amigo assentiu, indo para dentro de casa.

Logo, o grupo todo estava sentado ao redor da mesa da varanda, rindo alto com os desenhos e histórias antigas. Olívia, Isis e Leo já dormiam pesadamente no braço dos pais, enquanto Lucas e Sara já estavam manhosamente aninhados no colo de suas mães, quase dormindo.

“Ai amiga, que invejinha de você, com essas duas fofuras aí agarradinhas em vocês dois.” Comentou Maria Joaquina, encarando Alicia e Paulo e suspirando. Os dois estavam sentados um do lado do outro, o rapaz com o braço sobre o ombro da esposa.

“Tira os olhos deles, amiga, eles são meus. Faz um para você, essa é a melhor parte.” Todas as meninas riram, exceto Valéria e Maria Joaquina. Os meninos encararam Cirilo, penalizados.

“O que foi? A Ali disse algo de errado?” Perguntou Carmen, vendo o clima pesar.

A antiga patricinha se encolheu nos braços no namorado, que explicou novamente o que já havia contado aos amigos pouco antes. Ao fim, todas tinham os olhos marejados, e Bibi correu abraçar a amiga.

“Desculpa, Majo, eu não fazia ideia.” Alicia não conseguia se levantar porque Lucas havia acabado de dormir, mas queria poder ir abraçar a amiga também.

“Acho que isso é algum castigo, sabe? Todo mundo sempre disse que eu era linda por fora, e podre por dentro, por causa das minhas atitudes. Acabou que essa afirmação se tornou realidade.” Fungou a Medsen, sendo consolada por Cirilo. “E você não merece isso, meu lindo.”

“Maria Joaquina, nós já conversamos sobre isso.” Quem a repreendeu foi Valéria. “Não poder ter filhos não é o fim e nem significa que vocês não vão ser felizes. E ter filhos não significa que vocês vão ser, e você sabe que eu sou prova disso.”

“Obrigado pela parte que me toca.” Resmungou Davi.

“Maria, se você quiser, eu tenho um amigo que é psicólogo, e dos bons. Você pode conversar com ele sobre isso que está sentindo.” Sugeriu Marcelina.

“O Cirilo e meus pais querem que eu faça isso faz tempo, mas eu tenho vergonha.”

“Eu já te disse que, para mim, você continua sendo a mulher mais linda do mundo. E a única que eu já amei e vou amar por toda a minha vida.” A declaração doce de Cirilo lhe rendeu um beijo carinhoso nos lábios, enquanto Maria Joaquina se aninhava a ele.

“Sabem do que eu estava lembrando esses dias?” Perguntou Paulo, após um longo silêncio.

“E vem bomba.” Riu Koki, encarando o amigo.

“Do acampadentro.” Ele sorriu saudoso. “Especialmente daquele bailinho.”

“Alicia, acho que você tá precisando dar mais atenção para o seu marido. Ele tá um pouco carente, sabe?” Aporrinhou Mário, recebendo um beliscão da esposa.

“Eu dancei com o Dani nesse dia, deixei o Cirilo sozinho.” Lembrou Maria Joaquina, abraçando o namorado com mais força.

“Vocês todas estavam atiçadas no canto do pátio que eu bem lembro.” Comentou Jaime. “Até você, Alicia. Você, que era sempre molecona, tava olhando o Paulo com uma carinha...”

“Ela me desejava desde aquela época, tá ligado? Ninguém resiste ao Paulinho aqui!”

“Menos, Paulo Guerra, bem menos.” Suspirou Alicia, negando com a cabeça. “Acho que, de todos os casais aqui, nós dois fomos os únicos que dançamos juntos.”

“É porque vocês dois sempre estiveram destinados, Ali, não tem jeito.” Garantiu Valéria, vendo o casal trocar um selinho carinhoso.

“Eu tive uma ideia.” Daniel se levantou com Leo no colo. “Vamos colocar as crianças na sala.”

“Alguém pega a Isis para eu pegar o Lucas, a Alicia não aguenta mais ficar carregando ele.” Pediu Paulo.

“Dá ela aqui, cara.” Davi apanhou a menininha, seguindo Daniel para a sala. Ele até ia se oferecer para carregar Sara, mas Cirilo já estava levando a afilhada.

Quando voltaram do interior da casa, Daniel trazia um aparelho de som e o celular, no qual mexia.

“Ah, não acredito.” Carmen gargalhou da ideia do marido, enquanto os amigos percebiam qual era. “Vai colocar Restart de novo?”

“Acho que já passamos dessa fase, né? Vou colocar uma outra, que estava tocando quando vocês nos chamaram para dançar. My Girl, do The Temptations.

“Nossa, Daniel, essa música é da época dos meus pais.” Observou Jaime.

“Mas é linda.” Bibi suspirou.

“Bom, então se me dão licença, já vou tirando a minha garota para dançar de novo, para compensar ela pela outra vez.” Paulo foi o primeiro a se levantar, estendendo a mão para Alicia. “Vamos, Gusman?”

“Chamando com tanto jeito, Guerra, quem poderia recusar.” Ela riu, caminhando com ele até a beira da piscina. Ele enlaçou sua cintura e ela passou os braços por seu pescoço, os dois colando os rostos e começando a se mexer conforme a música.

“Que dançar, amor?” Pediu Daniel, abraçando Carmen pelas costas.

“Claro.” Ela riu, enquanto eles caminhavam abraçados daquela forma engraçada, até chegar na piscina e imitar os amigos.

Não demorou para Jorge e Margarida os seguirem, com Mário e Marcelina em seu encalço.

“E aí? Vai me dar a honra de dançar com você hoje?” Perguntou Maria Joaquina, abraçando o namorado.

“Você vai ser minha única parceira de dança pelo resto da vida.” Prometeu Cirilo, caminhando para a pista de dança com ela.

“Koki...” Bibi cantarolou e em um piscar de olhos o rapaz estava à sua frente. “Uau, ninja.”

“Quase isso.” Ele entrelaçou suas mãos, caminhando com ela para a pista de dança, deixando três homens e duas mulheres para trás.

“Olha, gente, não to nada afim de dançar, então fiquem à vontade.” Garantiu Jaime, esticando as pernas e deitando a cabeça para trás. Adriano e Laura se encararam e sorrindo cúmplices, correndo para a pista de dança juntos e deixando Davi e Valéria para trás.

“Amigos da onça.” Resmungou a jornalista, enquanto Davi ria baixinho. “Do que está rindo?”

“Na outra vez, você quase rasgou minha orelha porque não tinha te chamado para dançar.” Ela riu com a lembrança. “Aceita essa? Pelos velhos tempos.”

“Davi, eu acho melhor não.”

“É só uma dança, Valéria.” Ele levantou, estendendo a mão. “Vamos?”

“Tudo bem.” Ela cedeu, segurando a mão dele e indo para junto dos amigos na pista improvisada.

Logo Jaime levantou a cabeça, sorrindo para a cena que via à sua frente. Como seu pai sempre lhe dissera, tinha um coração tão grande que mal cabia no peito, e por isso desejava tanto ver aquelas pessoas felizes, o mais felizes o possível.

Havia tanto amor ali, entre aquele grupo e entre aqueles casais, amor esse que vinha se construído ao longo de vinte anos! Amores puros que se firmaram, cresceram e se multiplicaram. Amores que estavam sendo sabotados e precisariam de ajuda para se reerguer. Por isso havia proposto o pacto: sabia que juntos, eles conseguiriam!

“Gente, a música acabou.” Observou Adriano após um tempo, mas ninguém saiu da posição em que estava, se balançando em um ritmo gostoso.

“Então escuta ela dentro da sua cabeça, cara.” Sussurrou Davi, com Valéria bem junto dele.

“Porque a partir do momento em que a gente sair daqui, se rompeu a bolha.” Concordou Alicia, agarrada ao marido.

“E acabou tudo para sempre.” A observação de Carmen assustou a todos, especialmente quando ela começou a chorar e Daniel a abraçou.

“Aconteceu alguma coisa, Carmen?” Jaime veio da mesa depressa, vendo que todos os casais haviam se virado para a amiga, que era consolada pelo marido.

“Carmen...”

“Dan, eles precisarão saber uma hora ou outra.” Ela fungou, encarando os amigos à sua volta. “A Escola Mundial vai ser fechada. E só a gente pode impedir isso.”


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Notas finais do capítulo

E afinal tivemos nosso reencontro e a Carmen soltou a bomba. O que será que vai vir agora?
Quero desejar as boas vindas a todos, porque é muita gente, eu estou ficando perdida! Se pudesse, citaria um por um, juro, mas eu to bem perdida :s
Espero que tenham gostado do capítulo e nos vemos em breve!
Abraços!
WPKiria



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